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Nada de anime para Akane Banashi, má recepção de B no Sensei, e por fim o sucesso de Madan no Ichi e a crise nas vendas de vários mangás nos levam a fazer uma pergunta: “Estamos migrando para um novo normal?”
Takadai no Gekkousou (Página Colorida, 47 páginas, one-shot de Nabe Hideaki, Segundo Participante da JUMP PROJECT 2025)
Prévia da Weekly Shonen Jump #14 (03/03/2025):
MANGÁS NÃO RANQUEADOS
Como essa TOC, novamente, tivemos poucas informações novas, irei dedicar o espaço para comentar sobre o sucesso de Madan no Ichi e a dificuldade de várias séries em venderem acima de 20 mil cópias – não só na Weekly Shonen Jump, como no mercado como um todo. Vou dedicar também um rápido espaço para comentar sobre Akane Banashi e os três últimos colocados da TOC.
Abrindo pelos mangás não ranqueados, tivemos mais uma capa de Akane Banashi sem o tão esperado anúncio do anime. Parece que a obra vai anunciar tarde, como aconteceu com Sakamoto Days, quando tiver entre três anos e meio e quatro anos de vida. Nesta edição, tivemos página colorida para Ao no Hako, comemorando a ótima recepção do anime, que está sendo um grande sucesso comercial no Japão.
O departamento da Shonen da Shueisha (que inclui Jump + e Weekly Shonen Jump) está com muitas dificuldades em lançar as adaptações em anime dos mangás cedo (com menos de três anos de vida, como acontecia no passado), o que está prejudicando bastante o sucesso dos seus animes. Nesse sentido a Kodansha está bem a frente. Esperamos que ao menos o estúdio escolhido para Akane Banashi seja bom.
Sobre a recepção de B no Seisen, posso dizer que a série não chamou a atenção do público japonês, tendo baixas visualizações nos dois primeiros capítulos. Assim, vou esperar o terceiro capítulo para recolher o máximo de visualizações possíveis – mas tanto a sua temática de piano quanto sua arte, que, como Hakutaku, não pareceu atrativa para o público, foram cruciais para o desinteresse dos leitores pelo mangá.
Eu não considero um erro gigante tentar apostar em mangás com estética diferente do que é “normal” atualmente: O público claramente não está aberto para obras com nível artístico e as características de Hakutaku e B no Seisen, que lembram mais as obras dos anos 2000. Contudo é válido sempre testar obras desse tipo, para ver se talvez, uma estética mais retro não acabe agradando a nova geração. O importante é após um ou dois testes, não cometer o erro de lançar um mangá com “Cara dos anos 2000” novamente.
ANÁLISE DA TOC:
Começando a TOC, após algumas semanas nas últimas colocações, Madan no Ichi voltou ao topo, conquistando a primeira colocação na TOC pela segunda vez desde sua estreia. Claramente, os editores decidiram promover a série agora por causa do lançamento do seu segundo volume no Japão, que chegará às lojas no começo de março. É previsto que Madan no Ichi, nesse novo volume, consiga vender entre 50 e 75 mil cópias em um mês, confirmando-se como o maior sucesso de 2024.
Os demais mangás, Choujun!, Exorcist no Kiyoshi-Kun, Himaten e Shinobigoto, parecem estar com muitas dificuldades para superar a marca de 20 mil cópias. Essa realidade não é exclusiva da Weekly Shonen Jump, mas também do mercado inteiro, que está enfrentando cada vez mais dificuldades para vender acima dessa quantidade nos volumes físicos. São resultados considerados fracos, mas, em breve, devem se tornar a norma.
Você pode estar se perguntando se essas vendas se converteram para o digital, mas esse também não é o caso. Quando analisamos as cópias em circulação, percebemos que as séries atuais têm menos cópias em circulação do que as da década passada ou do período da pandemia. A realidade é que os mangás, em geral, estão vendendo menos volumes.
Isso não significa que as editoras estão lucrando menos obrigatoriamente: elas estão tentando compensar seus lucros através da expansão internacional e também por outros meios digitais ou entradas indiretas, como produtos derivados, assinaturas (de aplicativos e revistas), royalties, entre outros. Assim como aconteceu entre os anos 90 e 2000, estamos testemunhando uma nova migração no modelo de negócios.
Isso significa que os volumes agora se tornaram um método incorreto para avaliar a popularidade de uma série? Não. Ainda é totalmente válido medir a popularidade de uma obra pelo desempenho dos volumes, contudo, as novas séries parecem vender cada vez menos. Existe até a possibilidade de nunca mais termos uma revista na qual a maioria de suas séries vendam acima de 40 mil cópias por volume.
Períodos de transição como esses (nos quais as vendas estão se reduzindo) são caracterizados justamente por meses e anos em que as novas séries tendem a enfrentar, gradualmente, mais dificuldades para alcançar os resultados que antes eram considerados normais. Ainda existem obras que conseguem, mas a quantidade tem diminuído cada vez mais. Ao mesmo tempo, não se pode imediatamente normalizar esse novo range de valores, pois ele pode ser consequência de uma crise temporária e não de um período de transição mais longo (a entrada em uma Nova Era).
Em nível prático: Choujun! Chojo-Senpai vender abaixo de 15 mil cópias no volume 4 é considerado ruim, mas talvez seja o “novo normal”. A questão é que não podemos afirmar isso ainda, pois não há certeza se o mercado está, de fato, passando por uma transição ou se estamos apenas em um período de crise causado pela incapacidade de lançar séries mais atrativas. Talvez um pouco dos dois? Pode ser, mas ainda não sabemos a intensidade desses fatores.
Ao analisarmos a situação da Sunday, Magazine, Jump SQ, Jump+ e Magazine Pocket, concluímos que os números alcançados por Madan no Ichi em seu primeiro volume são realmente impressionantes. Os resultados de Kagurabachi e Ruri Dragon, vendendo acima de 140 mil cópias sem anime, são ainda mais espetaculares considerando o estado atual do mercado. São números que nenhum mangá da Magazine e Sunday consegue atingir sem uma adaptação para anime. Todas essas revistas e plataformas enfrentam extrema dificuldade para encontrar títulos que vendam acima de 40 mil cópias.
Não estou dizendo que Choujun!, Exorcist no Kiyoshi-Kun, Himaten e Shinobigoto venderem entre 10 e 19 mil cópias seja um resultado aceitável: eles precisam melhorar suas vendas para atender aos padrões estabelecidos. O que estou afirmando é que essa dificuldade pode ser parte de um período de transição, no qual há uma diminuição gradual nas vendas de mangás. Atualmente, vender entre 21 e 30 mil cópias é considerado mediano, sendo “aceito” na revista, mas não celebrado. É possível que, em breve, esse valor caia ainda mais.
É possível, mas não uma certeza. Tendências podem ser revertidas.
Por isso, caso dois desses quatro mangás consigam alcançar a marca de 21 a 30 mil cópias, devem conseguir se manter vivos na revista por mais tempo, garantindo até mesmo uma sobrevivência em longo prazo. Repito: não é uma certeza, mas há chances reais de que esse seja o necessário para garantir uma longevidade semelhante à de Undead Unluck e Yozakura-San. Cada um deles deve lutar para superar a marca de 20 mil cópias, sem precisar atingir o nível de grandes sucessos como Madan no Ichi.
Para você, qual dessas quatro séries tem maior potencial para sobreviver?
Comentando rapidamente sobre o Bottom 5:
Quem viu as últimas três colocações pode estar preocupado com Syd Craft, Kill Ao e Nue no Onmyouji. Eu diria que vocês só devem se preocupar realmente com Kill Ao, que está mostrando sinais claros de que sua história pode estar caminhando para uma conclusão. As demais séries ainda não deram indícios de encerramento nem apresentaram posições constantemente baixas que as coloquem em risco real de cancelamento na próxima leva.
Não estou dizendo que Syd Craft não será cancelado entre abril e maio, apenas que, por enquanto, não vimos um desempenho que indique essa intenção por parte dos editores. Talvez, com o passar das semanas, a situação mude.