A Shonen West retorna com a estreia de DOIS NOVOS MANGÁS e um One-Shot espetacular!
TOC Shonen West #02
01. Fablend c01 (Capa)
02. Blue Steel c02
03. Kintsugi Warrior c01 Parte 2
04. Bulls Eyes c01 Parte 1
05. Alice Amino (One Shot)
Estou de volta com a segunda edição da Shonen West – Se na primeira edição dediquei mais tempo comentando as séries lançadas, desta vez quero focar em tratar a revista como fazemos com outras já conhecidas, comentando a TOC e, principalmente, a votação do público (por isso esperei uma semana para comentar essa edição).
Para quem ainda não conhece, a Shonen West é uma revista SHONEN ocidental (por enquanto mais focada no público brasileiro, mas com planos de expansão internacional), que lança mensalmente 5 séries. Para ler suas edições, é necessário assinar a revista por uma quantia bem modesta, apenas 5 reais por mês. Sinceramente, acho que esses 5 reais são um valor baixo para a qualidade oferecida. Mesmo que cobrassem mais, eu pagaria.
Além de poder ler a revista e acessar todos os capítulos anteriores, o assinante recebe algumas moedas que podem ser usadas para votar nas séries preferidas. Vi um comentário no Twitter dizendo que a adoção de um sistema de votação seria uma tentativa de “COPIAR O PIOR DA WEEKLY SHONEN JUMP” – Um sistema de votação não significa necessariamente que a Shonen West cancelará as séries menos votadas de maneira dura e cruel. Trata-se de um sistema que permite identificar as séries mais populares, premiar as mais queridas pelo público e, principalmente, criar um envolvimento dos leitores com a revista.
Quando Nagano decidiu criar a Weekly Shonen Jump, trouxe com ele um sistema de votação já usado na revista mensal Shonen Book – conhecida como “Proto-Shonen Jump”. A Shueisha e a Weekly Shonen Jump estavam em desvantagem em relação às revistas semanais Shonen Magazine e Shonen Sunday, que já tinham maior respeito do público e dos autores (que preferiam trabalhar nessas publicações já consolidadas). No entanto, além da habilidade de Nagano em encontrar novos talentos, o sistema de votação ajudou a DESENVOLVER a revista.
Foi ao dar ao público o poder de decidir quais mangás manter que a Weekly Shonen Jump conseguiu construir uma Line-Up de alta qualidade, tornando-se, com o tempo, LÍDER DE MERCADO. Essa decisão, voltada para auxiliar nas decisões editoriais, também ajudou a criar um forte vínculo entre os leitores e a revista, que passaram a se sentir valorizados. Até hoje, a revista mantém essa tradição, e por isso continua liderando o mercado. Repito, a Shonen West não precisa adotar a crueldade da Weekly Shonen Jump, mas o sistema de votação é uma excelente ideia para fazer essa empreitada dar certo.
Resultado da Votação de Popularidade
Observando os mangás bem avaliados, podemos destacar os principais lançamentos desta edição. O mangá de abertura, “Fablend”, na minha opinião, entregou o melhor capítulo das duas edições. Sua premissa é simples, mas a quadrinização transforma o desenvolvimento em algo mágico. Destaco o traço do autor, que mistura elementos ocidentais e orientais para criar algo ÚNICO. Com a padronização dos animes em relação aos traços, muitos não percebem como NOS MANGÁS uma arte que não só é complexa, mas também autoral, pode atrair mais leitores.
Os últimos pilares da Weekly Shonen Jump estão longe de ter uma “estética anime” tradicional ou de seguir a ideia padrão de como um anime deve parecer: Jujutsu Kaisen, Kimetsu no Yaiba, Boku no Hero Academia, Ansatsu Kyoushitsu, Haikyuu!!, Toriko, Bleach, Naruto, Tennis no Ouji-sama, One Piece, Yu-Gi-Oh, Hoshin Engi, Rurouni Kenshin, Slam Dunk, Yu Yu Hakusho e Dragon Ball foram pilares da revista entre 1990 e 2024… E todos têm traços únicos, técnicas de quadrinização distintas e uma narrativa autoral.
Com olhos grandes e expressivos, que lembram as pinturas de Margaret Keane, mas em versão mangá, Fablend combina isso com sombreados e uma quadrinização dinâmica, tornando a leitura fluida e visualmente agradável. A obra é um grande deleite para os leitores, e não é à toa que está entre as mais votadas. Sim, é comum que o mangá de abertura receba mais votos (algo também comum na Weekly Shonen Jump), mas os votos de Fablend são fruto de sua qualidade inegável. Acredito que, mantendo sua autenticidade, Fablend irá longe.
Logo depois, tivemos Blue Steel com seu segundo capítulo. A série, que foi a mais bem recepcionada no primeiro volume, caiu para a quarta colocação. Não acredito que houve uma queda na qualidade. Como mencionado em Bakuman, e como observei em mais de dez anos analisando revistas japonesas (quase todas agora utilizam o sistema de votação), os primeiros capítulos costumam ser muito bem recebidos. Portanto, é normal que séries como Blue Steel e Kintsugi Warrior tenham posições um pouco inferiores. Ainda assim, Blue Steel continua excelente e acredito que no próximo capítulo veremos a obra melhorando de posições.
Em terceiro lugar, tivemos a segunda parte do primeiro capítulo de Kintsugi Warrior. A arte do autor permanece extremamente profissional, e a história avança de forma interessante, desenvolvendo os personagens, sem ainda revelar os mistérios que os cercam. É interessante ver a construção visual do mundo: Não sei se é intencional por parte do autor, mas a fusão entre estéticas ocidental, brasileira e oriental cria um visual único. Os personagens vestem-se de maneira muito “brasileira”, mas parecem estar em um mangá japonês.
Os cenários também refletem essa dualidade, oferecendo uma experiência única ao leitor: Como, por exemplo, um templo japonês com o “Guerreiro de Cerâmica” (usando uma Armadura Samurai) que, no entanto, possui objetivos de cenários que lembram as fantasias medievais ocidentais. Essa fusão enriquece a história e me fez achar Kintsugi Warrior ainda melhor. Ainda tenho algumas reservas quanto ao ritmo de Kintsugi Warrior, mas comparado ao primeiro capítulo, gostei muito mais deste já que vemos a incrível construção do mundo do autor.
Depois, temos a apresentação de duas novas histórias: Bulls Eyes e Alice Amino, ambos mangás de ação e aventura, focados em magia. Sobre Bull’s Eyes, mostrou um pouco de seu universo e desenvolveu os personagens com uma boa dose de comédia. Como foram poucas páginas, não deu para imergir totalmente em seu universo, mas eu acredito que o segundo capítulo entregará algo mais substancial.
Já Alice Amino apresenta um One-Shot sólido, com uma protagonista muito carismática. Mesmo não esperando muito, para mim, foi o segundo melhor mangá da edição, atrás apenas do incrível Fablend. O público também concorda com isso, como vemos o grande destaque entre Fablend e Alice Amino em relação aos demais mangás da edição, que foram todos bons.
Minha maior crítica à revista no momento é a semelhança entre as obras, que parecem relembrar os mangás de aventura dos anos 80 a 2000. Dos cinco mangás desta edição, todos são focados em aventura ou ação. A questão é que Shonen não significa necessariamente mangás de luta ou aventura, mas uma demografia voltada para adolescentes, que têm gostos variados. Observando os primeiros mangás em ordem de leitura da Weekly Shonen Jump, podemos notar algo:
TOC Weekly Shonen Jump #39/2024
Jujutsu Kaisen c267 (Capa, Página Colorida de Abertura e Anúncio de FIM em 5 Capítulos)
Akane Banashi c123
ONE PIECE c1124
SAKAMOTO DAYS c179
Boku to Roboco c198
Exorcist no Kiyoshi-kun c09
Kagurabachi c46
WITCH WATCH c168
Dokudoku (One-Shot)
Notamos a presença de cinco mangás de ação e três não focados em ação. Akane Banashi está entre Jujutsu Kaisen e One Piece para dar ao leitor uma pausa entre gêneros. Akane Banashi, mais voltado ao drama, evita a sensação de que a revista “é sempre igual”. Em seguida, temos dois mangás de ação, quebrados por um mangá de comédia, que novamente oferece um “ar de novidade” ao leitor.
Voltamos a dois mangás de ação, seguidos por outra PAUSA com Witch Watch e Dokudoku, um mangá de comédia e um One-Shot de romance, que trazem variedade. Normalmente, os editores utilizam Ao no Hako (no lugar de Dokudoku, One-Shot da mesma autora), um romance que faz muito sucesso entre os adolescentes. Assim, uma revista diversificada atrai novos leitores, e espero ver a Shonen West se tornando cada vez mais variada, com mangás de romance, esporte, comédia e drama. Atualmente, só temos um mangá desse gênero na Line-Up, que é o ótimo Tamers.
A Shonen West é liderada por um Editor-Chefe muito competente, Maurício Ossamu, que entende o mercado de mangás melhor do que eu. Tenho certeza de que ele está aberto a receber histórias de TODOS OS GÊNEROS – o importante é que sejam Shonen. Portanto, se você é um autor de comédia, esporte, romance ou qualquer gênero fora do Battle-Shounen, não se desanime em enviar sua obra. Tenho certeza de que, se for boa (e isso é o mais importante), eles darão um Feedback positivo.