O estranho e “creepy” Saburo Kono.
A dupla Kaiu Shirai (Roteirista) e Posuka Demizu (Arte) voltaram a revista para lançar um novo One-Shot, muito interessante, e que pode vir a se tornar uma nova série na revista. Como ultimamente estou tentando também cobrir os One-Shot lançados na revista, decidi escrever uma pequena “Crítica” sobre essa nova obra. É importante dizer que não irei escrever uma crítica “comum”, com o objetivo de avaliar se a obra é simplesmente boa ou ruim, meu objetivo é apontar os pontos de força da série e os pontos mais fracos, que devem, na minha opinião, serem corrigidos para que a serialização seja um sucesso.
Sabemos muito bem que na Weekly Shonen Jump ter lançado um mangá de grande sucesso, não garante que sua obra seguinte venda bem: Masashi Kishimoto (Samurai 8) aprendeu muito bem essa lição. Deste modo, a próxima série da dupla Shirai e Demizu devem ser tão boa quanto Yakusoku no Neverland, para assim agradar o público da revista e garantir a própria sobrevivência. É justamente por isso que decidiram lançar um One-Shot, ao invés de pular diretamente a uma série, que pode terminar como grande fracasso, caso tenha elementos que não agrade os leitores da revista. O One Shot, intitulado “Spirit Photographer Saburo Kono”, conta a história de um estranho fotografo que tem como profissão e habilidade, fotografar fantasmas. A série foi lançada na MangaPlus em inglês, para ler clique AQUI. Ainda não conheço nenhuma scan que traduziu o One-Shot para a língua portuguesa.
O One-Shot começa nos apresentando um garoto que vive ao lado de um apartamento amaldiçoado – Várias pessoas tentam viver nesse apartamento, mas acabam indo embora após alguns dias, por causa da presença de um fantasma – Esse fantasma seria, supostamente, de uma garota que cometeu suicídio, pulando da bancada do seu apartamento. Tudo mundo quando um dia aparece no apartamento um estranho fotografo, que trabalha justamente em tirar fotos de espíritos. O fotografo, Saburo Kono, decide pedir ajuda a esse garoto, já que depois dois dias vivendo nesse apartamento, ainda não tinha visto a presença do fantasma.
Com o garoto no apartamento, o fantasma finalmente decide aparecer, deixando o garoto desesperado. O fotografo, por um motivo desconhecido no momento, obriga o garoto a confrontar esse fantasma, e nessa situação de estresse, o garoto acaba dizendo a verdade: O fantasma era de uma jovem garota gentil que o ajudava sempre. Um dia de chuva, o garoto estava pensando em cometer suicídio, pulando da bancada do seu aparamento, e essa jovem mulher tentou salvá-lo, mas acabou escorregando e caindo da bancada. O garoto se sentia extremamente em culpa por tudo que aconteceu e por ter “levado a óbito” uma sua amiga.
Porém, quando o fantasma se aproxima do garoto nesse confronto, ao invés de atacar o garoto, decide abraçá-lo e revela que está feliz pelo garoto ainda estar vivo. Depois pede para que ele continue sorrindo e vivendo, pois não tem nada a se ganhar com a morte. Tudo que o fantasma precisava era na verdade poder dizer adeus ao garoto e ter a certeza que ele ainda estava vivo, era isso que a prendia ao mundo humano. Depois de dizer suas últimas palavras, o fantasma da jovem garota, partiu em forma de borboleta para o além.
O One-Shot tem vários elementos que podemos considerar bem interessantes: O primeiro é o “Falso” uso do Exorcismo. Spirit Photographer é um mangá de exorcismo, muito na moda atualmente, que não é um mangá de exorcismo: É um mangá no qual o protagonista tem como objetivo trazer a paz ao espírito, levando-o ao além. O segundo elemento é que a história tem um bom potencial para se tornar um mangá de investigação interessante e assustador. Se os autores não se limitarem a um caso por capítulo, e decidiram criar casos que podem durar inclusive um inteiro volume, poderemos ver histórias grandiosas e complexas surgindo.
Sabemos como o Kaiu Shirai sabe criar mangás de suspense e sabe criar várias cenas de investigação interessante: É o momento de utilizar todas as lições aprendidas no primeiro arco de Yakusoku no Neverland. A revista atualmente não tem nenhum mangá de investigação, e Spirit Photographer pode ser uma boa adição para esse genêro. O terceiro elemento é justamente a arte da série que continua tendo uma ótima qualidade: Eu não acho que a história deve se tornar um mangá de investigação leve, algo parecido com Detective Conan, na minha opinião o mangá deve continuar beirando o público Seinen – Ter a mesma intensidade que tinha Yakusoku no Neverland – E colocar espíritos assustadores e perigosos pode ser realmente algo que adiciona a série. A Posuka Demizu tem uma arte que consegue equilibrar delicadeza das cenas mais emocionais e mais metaforicas, com a dureza das cenas mais assustadoras e horripilantes.
Os elementos que na minha opinião devem ser mudados são: O primeiro é o protagonista. O caso, na minha opinião, acabou sendo muito interessante e teve uma ótima mensagem, porém, a qualidade do One-Shot vem realmente desses pontos, não realmente por causa de Saburo Kono. Se em uma história, o protagonista leva o “nome” da história, ele deve ter uma personalidade mais marcante, ao invés de ser simplesmente uma pessoa estranha. Atualmente, Saburo Kono não consegue sustentar a história sozinho, muito pelo contrário, ele acaba tirando um pouco da intensidade do One-Shot.
Talvez adicionar alguém que trabalhasse junto com o protagonista, poderia dar um dinamismo maior para a série. É importante também nessas séries de investigação que tenham personagens secundários recorrentes interessantes, para assim prender bem o público. Raramente um mangá de investigação é realmente centrado unicamente no protagonista, mesmo o investigador tendo um papel essencial em todos os capítulos. Atualmente com o protagonista que a história tem, eu não conseguiria ver Spirit Photographer sobrevivendo na revista, se tornaria um cancelamento de dois ou três volumes, infelizmente.
O segundo problema desse One-Shot é a durabilidade: Os autores, na minha opinião, podem tentar expandir o universo um pouco mais para dar uma ideia de algo maior na história. Não precisa criar uma liga de super espíritos ou algo do gênero, mas criar um grau de perigo para cada fantasma, daria uma curiosidade aos leitores em conhecer espíritos mais perigosos. E quem sabe não adicionar também outros elementos sobrenaturais que combinem bem com a história, elementos que derivam da própria mitologia japonesa, e não só espíritos de mortos. Existem várias criaturas mágicas que compõe a mitologia oriental.
Eu não diria que a falta desse elemento específico (universo pequeno) é um problema do One-Shot, pois não é, já que o One Shot deve ser realmente uma história completa e fechadinha, e vamos ser sinceros, a dupla conseguiu criar uma história rápida e coesa, porém, seria uma pena se esses elementos que aumentaria a grandiosidade da história, não fossem presentes na série. Esse elemento, consequentemente, aumentaria também a durabilidade da série, que poderia ter entre 4 e 6 anos.
Um terceiro elemento que deve ser adicionado na série, que é natural que não seja presente nesse One-Shot, é a sensação de perigo. A história como eu já disse antes, deve ter uma grande variedade de fantasmas, e na minha opinião, alguns deles devem forçar o protagonista a estar realmente em perigo: E devem de certo modo desperta tensão e medo ao leitor. Talvez o protagonista seja sempre um personagem calmo, mas quem sabe seu ajudante não acabe em uma situação realmente de quase morte? Eu realmente acho que o mangá vai precisar de momentos de ação e tensão – E eu acho que esses momentos podiam ser apresentados já no primeiro capítulo da série, para começar chocante os leitores.
Atualmente Spirit Photographer é uma boa história, com potencial para ter casos interessantes, mas o material apresentado ainda não é bom o suficiente para conseguir sobreviver em uma revista com um público tão exigente. É importante dizer que a história seria mais destinada ao 52% do público que tem mais de 18 anos, e não no público mais adolescente, que tende a adquirir obras mais leves. Por isso, é importante que os autores tenham claro o público que querem alcançar e produzam uma história chocante para esse público, que tradicionalmente, tende a ser mais exigente que o público adolescente. Spirit Photographer precisa de um melhor protagonista e de uma história que deixe os leitores mais tensos enquanto leem. Se esses problemas forem resolvidos, podemos ver um grandioso retorno da dupla.
Antes que vocês me perguntem: “Cadê a Jump GIGA Parte 2?” Eu pensava em lançar hoje, mas queria aproveitar um pouco o “hype” do novo One-Shot da dupla Shirai e Demizu, por isso vou adiar para a próxima quarta – Já que amanhã teremos um “Artigo Especial”, que na minha opinião é muito interessante e pode criar boas discussões.