O último mangá da leva de Janeiro 2020.
Para completar os três mangás lançados nessa leva, tenho que analisar o B-Shounen mágico, Majo no Morobito, conhecido no ocidente como Guardian of The Witch. Lembrando que esse mangá é o terceiro lançamento de uma leva que também foi composta por UNDEAD LUCKY e MASHLE, dois mangás que parecem ter tido uma boa recepção por parte do público.
Estou avaliando se fazer o “Vale a Pena Ler” de Agravity Boys, já que é uma série que desperta a curiosidade de muitas pessoas. Porém, isso é um papo para o futuro, agora vamos concentrar nossas atenções na terceira e última série da leva de Janeiro 2020 da nossa querida e amadíssima Weekly Shounen Jump.
PREMISSA
Escrito e desenhado pelo novato Asahi Sakano; Majo no Morobito é ambietando em um mundo no qual os demônios tomaram se tornaram uma grande praga. A cidade de Berne, como várias outras cidades, vive cercada de muros para se proteger dessas criaturas obscuras, e cada uma dessas cidades possuí uma bruxa que serve para proetger a cidade dessas maléficas criaturas. As bruxas utilizavam seus grandiosos poderes mágicos para eliminar qualquer ameaça de invasão. A história segue Manasfa, uma poderosa bruxa, e Fafner, o seu incrível guardião.
A série é uma B-Shounen tradicional ambientado em um mundo mediavel, no qual os poderes mágicos, criaturas do mal e grande espadachins são uma “normalidade”. O autor utiliza da comédia para guiar a história, mas é realmente secundária, diferente de UNDEAD UNLUCKY, no qual a comédia é bem mais presente. Inclusive a obra carrega um peso dramático um pouco maior que sua companheira de leva, mas nada que deixe a série extremamente “dark” ou pedante.
NARRAÇÃO
Majo no Morobito é uma série com premissa interessante; que acaba sofrendo com a inexperiência do seu autor. Os seus dois primeiros capítulos são os melhores da série até agora, e juntam algumas qualidades que parecem ter sido esquecidas nos capítulos seguintes. O autor, Asahi Sakano, nos dois primeiros capítulos desenvolve bem o protagonista e também o universo da série, principalmente as questões políticas que circundam o universo de Majo no Morobito. Deixando os leitores curiosos sobre vários aspectos da obra.
É importante dizer que mesmo assim o universo não parece tão inovador, porém é bem apresentado e tem potencial para se tornar algo mais complexo, no caso o autor decidisse realmente desenvolvê-lo (o que não está realmente acontecendo, por enquanto). Os personagens também não foram desenvolvidos bem: Sim, conhecemos o objetivo principal do protagonista, mas além disso, o que realmente conhecemos dos três protagonista da história? Conhecemos o suficiente da personalidade de Manasfa, a bruxa?
Eu vejo realmente pouca personalidade e profundida em Manasfa, e NENHUMA personalidade na companheira que a segue, que serei sincero, não faço a mínima ideia do seu nome, mesmo ela estando presente nos sete primeiros capítulos. Os seus objetivos podem até ser entendidos, mas não conseguem mesmo assim convencer. Muitos podem argumentar que são só sete capítulos, porém os editores muitas vezes decidem se uma série será cancelada após três capítulos, imagine depois de sete? Uma série novata que não convence já está no lixão, com seu papel sendo reciclado para ser aproveitado pelas séries da próxima leva. Um autor deve demonstrar personalidade e saber desenvolver bem os seus personagens principais já nos sete primeiros capítulos para conseguir sobreviver na WSJ.
O combate que vemos na segunda metade do primeiro volume (Capítulo 4 até o 7) é bem dinâmico, com vários poderes agradáveis, mas por não termos nenhuma ligação com os personagens (já que não foram bem desenvolvidos) não me despertou nenhum grande estimulo emotivo; O desenvolvimento de Asta em Black Clover e Deku em Boku no Hero Academia são bem mais articulados que o desenvolvimento de Fafner em Majo no Morobito; no capítulo sete já temos uma grande simpatia (ou ódio) por Asta e Deku, já que conhecemos bem seus defeitos, suas qualidades e principalmente a sua história de vida. Sobre Fafner conhecemos realmente pouco.
Deste modo o autor até entrega uma batalha bem desenhada, com poderes “legais” e cenas divertidas, mas que não passam nenhuma emoção. Este é o grande problema de Majo no Morobito, não é uma série ruim, muito pelo contrário, tivemos séries B-Shounen muito piores na revista (Golem Hearts, Red Sprite, Iron Knight…), porém poderia chamar mais atenção se tivesse mais cuidado com esses elementos. Praticamente somente os dois primeiros capítulos realmente desenvolveram a série, o universo que a circunda. E repito, isso me deixa muito triste, pois a série tem um grande potencial e poderia se tornar algo muito interessante, e entendo quem está gostando de Majo no Morobito, pois vendo esse potencial, a série parece mesmo atraente.
ARTE
Arte de Majo no Morobito não pode ser espetacular, mas é realmente muito boa: Asahi Sakano tem uma arte própria, que consegue passar uma grande identidade, e que de certo modo, lembra os mangás do começo dos anos 2000. O autor consegue passar muita uma identidade “suja” na arte, como não tivesse sido desenhada em uma tábua digital, o que deve agradar os leitores mais puristas, que não gostam de artes mais modernas.
Porém mesmo assim eu acredito que o design de “Majo no Morobito” não apresente nada de realmente criativo, mesmo que tecnicamente bom; parece uma mistura de Black Clover, Fairy Tail e vários mangás gêneros que acabaram sendo cancelados com menos de 30 capítulos. É importante deixar claro: Majo no Morobito não é desenhado mal, simplesmente não consegue entregar nada que realmente deixe o leitor surpreso. Tudo parece ter sido já visto em um outro mangá.
Deste modo, o seu universo até agora não parece realmente tão interessante, os seus dois primeiros capítulos despertaram a minha curiosidade, mas do terceiro ao sétimo a série avançou realmente bem pouco, e entregaram simplesmente o básico; um bom universo é composto por um roteiro interessante e uma arte criativa e bonita. Sim, eu sei, existem vários mangás que inicialmente entregavam o simples e clichê (quando o assunto é roteiro), que depois conseguiram se tornar séries bem interessantes (Black Clover é um grande exemplo), porém normalmente séries com tais defeitos tendem a afastar os leitores e acabam fracassando.
RECEPÇÃO DO PÚBLICO
Muitos antes de ler uma série querem saber se o mangá será cancelado ou sobreviverá: Ainda é cedo para termos uma resposta realmente concreta, porém tudo indica que Majo no Morobito será cancelado. As suas posições na TOC começam a ser bem baixas e os editores da Weekly Shounen Jump tem outros mangás novatos mais lucrativos.
Porém a série ainda tem chance de mudar o seu destino: O seu primeiro volume deve ser lançado no começo de maio e no caso consiga vender bem, as chances que os editores mudem de ideia e iniciem a classificar bem a série é alta. Deste modo, não podemos dizer que Majo no Morobito é um cancelamento certo. Se você só lê uma série bem recepcionada; recomendo esperar as vendas do seu primeiro volume antes de começar a ler.
CONCLUSÃO
Majo no Morobito é uma série com potencial, mas que provavelmente não irá para lugar nenhum; o autor errou feio em não desenvolver bem o mangá nos primeiros capítulos e o resultado é uma popularidade baixa. A sua arte pode até ser interessante, mas não consegue carregar a série: Tem mangás que conseguem conquistar vários leitores por causa da sua arte maravilhosa. Claramente não é o caso de Majo no Morobito, que mesmo sendo muito bem desenhado, peca por sua falta de criatividade.
Eu acredito que o mangá é um ótimo começo para um autor que claramente tem potencial e pode voltar para a revista com um segundo projeto ainda melhor: O mangá pode justamente se tornar o Zombie Powder de Kubo, o Sensei no Bulge de Horikoshi, o Hungry Joker de Tabata. É uma possibilidade. De qualquer modo, por enquanto tudo indica que Asahi Sakano entrará no “Hall” dos mangás que foram cancelados com poucos capítulos (Se a situação não mudar nas próximas semanas, o que é improvável, mas não impossível).
Concluindo; não é um problema gostar de Majo no Morobito, a série não é péssima, somente que ainda não é o suficiente para sobreviver na maior revista do Japão – Se fosse lançada em uma revista mais “boa” e com mais mangás “medianas”, como a Sunday atualmente (que tem obras fantásticas, mas sofre por ter muitos mangás do nível de Majo no Morobito), talvez a veríamos sobreviver. Eu não diria que não recomendo a leitura de Majo no Morobito, não é que seja um mangá que você irá se arrepender de ler, você pode até gostar. Tem várias pessoas que estão gostando de ler a série, porém, eu acredito que você poderia usar seu tempo em outra série.
Nota: 5.0 / 10