A história já começa com uma página colorida interessante, que desenvolve o ponto central da trama do primeiro capítulo: a relação entre o protagonista e o seu pai. Acredito que esse elemento, que vou ir comentando ao longo da análise, foi um dos pontos melhores desse primeiro capítulo, e justamente pelo autor ter começado a desenvolver-lo desde a primeira página que o resultado acabou sendo positivo. O autor tinha dois modos de deixar esta relação tocando desde o primeiro capítulo; a primeira é a adotada nesse capítulo, por isso, de desenvolver desde o início. A segunda, seria apresentar uma personalidade do personagem, mas deixar como um mistério porque ele age desse modo, no caso tão benevolente com seus amigos, e nas últimas páginas revelar que é por da sua relação com seu pai falecido, mas adotar essa estratégia, além de ser mais arriscada, mudaria totalmente a narrativa do primeiro capítulo, deste modo, acredito que o autor desenvolveu muito bem esse elemento.
Após as páginas coloridas, a história realmente dá início, tendo como o objetivo apresentar o personagem principal e sua visão sobre as duas personagens secundárias – logo nos primeiros diálogos (entre o protagonista, Yuiga Nariyuki, e o leitor, também conhecido como “você”), o autor, Tsutsui Taishi, decide mostrar que o personagem principal da sua história será um garoto prodígio, que tem como objetivo demonstrar as suas habilidades para as outras pessoas. Podemos dizer que Yuiga Nariyuki quer brilhar e ter, de certo modo, quer atrair holofotes – e mesmo isso sendo uma ação totalmente narcisista, o motivo pelo qual ele quer tanto “aparecer” é convincente; garantir um bom futuro, com um bom emprego, em uma boa universidade, para assim poder sustentar, sem algum problema a sua família. O problema desse seu objetivo, de ser o melhor aluno da escola, é que tem duas meninas que ele considera verdadeiras gênios.
O autor foi bastante inteligente, como nas páginas seguintes descobriremos que na verdade essas duas personagens tem problemas em certas disciplinas, para dar uma pequena surpresa aos leitores e também ao protagonista (o humor do primeiro capítulo se baseia nessa surpresa), ele decidiu que seria melhor apresenta-las nos olhos de Yuiga Nariyuki, porém, o protagonista tem uma visão parcial e distorcida das duas garotas; Ogata, uma garota de estatura baixa, que pega sempre as notas mais altas que matemática e física, deste modo, podemos dizer que é um gênio dos cálculos. A outra garota é a dorminhoca Furuhashi, que escreve uma história emocionante em apenas dez minutos, deste modo, podemos considera-la um gênio da poética e dos romances. Enquanto a apresentação de Ogata, no meu ponto de vista, foi normal, devo dizer que aquela de Furuhashi foi simplesmente hilária, e a reação do professor chorando deve ter feito muitas pessoas caírem no chão de tanto rir.
Em seguinte, o autor desenvolve um pouco mais o “background” por trás do esforço do protagonista, Yuiga, e sua relação com seu pai falecido. são praticamente duas páginas e meias, que conseguem eficientemente conectar um pouco mais os leitores a situação complicada no qual Yuiga vive. Pela história se tratar na vida real, podemos dizer que situações como essas são bem mais simples de serem aceitas pelos leitores – um dos grandes problemas quando um autor escreve a sua história, é conseguir conectar o público leitor à problemática que atinge o personagem principal. Uma história ambientada em um mundo fantástico ou em um mundo futurístico, por mais que a problemática seja muito parecida com alguma que vemos já na atualidade, infelizmente tendemos a se conectar um pouco mais difícil, pois nossa mente involuntariamente, para aceitarmos vários elementos que podem não ser críveis, realiza uma suspensão de descrença. A consequência é talvez tu aceite a história, mas não consiga realmente se conectar tão facilmente quanto uma história que já é ambientada nos dias de hoje. Quando vemos uma situação como a de Yuiga, tendemos automaticamente a fazer vários paralelos com pessoas que vimos (realmente ou na TV) que sofrem dos mesmos problemas.
Logo após, tivemos a grande reviravolta da história, quando o diretor chamada o protagonista para revelar se ele conseguiu a nominação VIP, e faz uma proposta que firmará o rumo que essa história irá tomar. A sua proposta é muito simples: “tu poderá ganhar a nominação VIP para entrar em uma ótima universidade, SE, conseguir ensinar as duas garotas, previamente apresentada, as matérias que elas tem dificuldade”. Nesse momento, entendemos (ao menos no meu caso) a situação, e quando é revelado que o gênio dos cálculos vai mal na literatura e o gênio da poética vai mal nos cálculos, não somos pegos de surpresa, porém, o humor relacionado a essa cena continua funcionando, pois o protagonista é pego de surpresa e entrega ao leitor várias reações hilárias. Inicialmente Yuiga pensa que seu trabalho será muito simples, pois como tem ao lado dois gênios (sério, está na hora da gramática aceitar “gênio” em feminino também, pois é um saco se referir somente à pessoas geniais como masculino), simplesmente não terá que ensinar nada à ela. Pode deixá-las estudarem sozinhas e sua vaga na universidade está garantida:
É nesse momento que ele descobre que na verdade elas querem ingressa na universidade em um curso que vai totalmente contra ao talento naturais delas. Para dar um pouco de dramaticidade ao problema, o autor cria uma situação no qual as duas garotas já foram abandonadas por vários outros tutores, e agora se sentem “burras e inúteis”, e acreditam, que como os outros tutores, o protagonista também desistirá delas – é um “plot” muito comum nos filmes e séries sobre estudantes delinquentes, e de certo modo também vimos o mesmo em Ansatsu Kyoushitsu, no qual o professor Koro tinha que ensinar os piores alunos do seu colégio a serem assassinos (mas acaba ensinando-os a se tornar ótimos alunos e passarem no vestibular) – Essa cena é muito importante, pois é vital para “emocionar” o leitor no clímax desse primeiro capítulo. E mesmo o autor constantemente trazendo cenas engraçadas, já que a história é principalmente uma comédia, quando trouxe cenas mais dramáticas, mesmo não chegando a emocionar, funcionaram bem (o que já é o suficiente).
Com a confirmação que as duas garotas não vão bem nas disciplinas que querem cursar, e não conseguindo ensina-las a matéria, de nenhum modo, o protagonista decide propor que elas simplesmente cursem – a reação de Furuhashi e Ogata são bem extremistas, gritam dizendo que ele planeja abandona-las, como os outros fizeram, e depois, as duas, saem correndo, esquecendo os seus cadernos. Sinceramente, em minha opinião, essa cena, mesmo sendo o clímax do primeiro capítulo, não funcionou muito, pois a reação das personagens foram exageradas demais, desproporcionais ao comentário do protagonista, mas pelo menos o desenvolvimento do acontecimento foi interessante: Tsutsui Taishi, corretamente, utilizou a problemática para demonstrar: um pouco do passado do protagonista, sua relação com seu falecido pai, sobre como ele se esforçou para se tornar o “gênio” que é. Deste modo, entendemos o motivo pelo qual o protagonista irá criar uma empatia pelas garotas e tentar ajuda-las, passando inclusive toda a noite a pensar em um modo para ensinar-las
Então, após todos esses acontecimentos, Yuiga encontra um modo para ensinar-las, e elas ficam extremamente agradecidas. É nesse momento que o autor decide colocar todo o FANSERVICE que estava faltando na série (sinceramente, para mim foi os editores que o obrigaram, pois essas duas cenas que citarei foram muito aleatórias); a primeira é dele percebendo como as garotas são bonitas (para assim criar um pouco de romance na história) e a segunda é justamente essas duas garotas nuas, se vestindo para ir para o colégio, uma cena gratuita, que não acrescenta nada na história, mas serve para agradar aqueles que estavam esperando um pouco de “ecchi” vindo da história. Sinceramente, para mim essas duas cenas foram mal desenvolvidas e aleatórias, contudo, devo admitir que deve conseguir agradar o público alvo da série, por isso, considero uma tentativa de ganhar votos válida e eficiente.
Boku-tachi wa Benkyou ga Dekinai, me surpreendeu, pois, além de não ser nada do que eu esperava (tinha certeza que seria um protagonista medíocre e genérico, e por incrível que pareça, ele é um dos pontos mais interessantes do primeiro capítulo). A sua comédia funciona muito bem, e todos os personagens apresentados no primeiro capítulo me soaram simpáticos. A arte da série também é muito boa, mesmo não sendo nem um pouco original, contudo para uma série desse gênero, o mais importante é entregar uma arte considerada limpa e kawai, do que realmente entregar uma arte única. Por fim, acredito que Boku-tachi, pelo que apresentou no primeiro capítulo, tem o potencial de ser uma boa comédia com vendas sólidas, e se os próximos capítulos conseguirem manter a qualidade desse primeiro, a sua sobrevivência na revista é quase certa.
Nota (levando em conta seu gênero): 7.5 / 10