Brincadeiras à parte – Muitas pessoas tendem a levar obras desse gênero sério a demais. Yuragi-Sou no Yuuna-San dificilmente se tornará um mangá sério, que discutirá grandes temas com os seus espectadores, muito menos, desenvolverá mistério que sejam realmente dignos de comparação com obras como Twin Peaks, Psicose e Seven. Isto não significa que a obra não seja boa no que propõe: Entregar cenas engraçadas de semi nudez aos seus leitores que estão “afamados” por um fã-service bem articulado, ou talvez só estejam afamados mesmo por fã-services, seja bem adicionado ao roteiro ou não. De qualquer modo, a minha análise irá caminhar entre os dois mundos: Por um lado analisarei a obra por seu estilo, pelo que se propõe, mas também não irei aceitar grandes furos no roteiro ou cenas forçadas, só para que mais “peitinhos” apareçam.
O mangá começa apresentando imediatamente o seu protagonista, Fuyozora Kogarashi – E ao mesmo tempo, sem perder muitas páginas, o autor também apresenta a casa amaldiçoada que seria um dos elementos mais importantes na história – É interessante perceber como Tadahiro Miura consegue entender muito bem o público que lê a série: Enquanto algumas séries o desenvolvimento mais lento é premiado, adotar um desenvolvimento mais rápido em “ecchi”, é uma escolha muito acertada. Logicamente, existe uma grande diferença entre um desenvolvimento rápido, que tenta entregar imediatamente ao público o que ele procura, e um desenvolvimento confuso que de maneira estabanada entrega aquilo que o público procura. Tadahiro Miura consegue nas suas páginas entregar um desenvolvimento claro e simples.
Foram necessárias somente dez páginas para apresentar o simplório conceito da série: O protagonista, desemprego e desabrigado, aceita dormir em uma casa amaldiçoada por um fantasma que foi assassinada brutalmente. O motivo pelo qual o protagonista aceitou essa casa (gigantesca e luxuosa), é porque não havia nenhum dinheiro no bolso, além disso, por ter habilidades sobrenaturais e ser acostumado a enxergar fantasma, a existência de um espirito que vaga pela casa não o preocupava realmente. O autor deixa muito claro neste rápido desenvolvimento que a história do mangá é realmente simplória. Sejamos sincero, é praticamente uma desculpa (muito bem armada) para que as mulheres comecem, por engano, a mostrarem os seus peitos. De qualquer modo, o fato do autor querer focar imediatamente no “ecchi”, não significa que o mistério da morte de Yuragi não tenha me chamado atenção, muito pelo contrário, fiquei curioso em saber mais sobre este acontecimento.
Entrando na casa, uma das primeiras ações de Fuyozora é justamente ir nas termas, relaxar e descansar, e é neste momento que o autor começa a mostrar o motivo desta série ter sido aprovada pelos editores: Uma bela fantasma aparece nua (e censurada), pronta para tomar um banho termal delicioso. Sem perceber a presença do protagonista nas fontes termais, ela começa a relaxar e descansar, enquanto limpa o seu belo corpo com seios avantajados. O protagonista vendo a situação de uma mulher entrar na piscina em que ele estava se banhando, fica paralizado, até o momento que consegue reagir (gritando e escapando do local). A situação se torna uma confusão só, Fuyozora desesperado pensa em exorcizar o fantasma, mas por não conseguir bater em uma garota, não realiza a sua ação. Já a fantasma, ao perceber que Fuyozora realmente a esta vendo, joga vários objetos nele, fazendo-o desmaiar. Esta semana serviu para apresentar de uma maneira engraçada a protagonista, e mesmo eu não sendo tão fã desta estratégia clichê, devo assumir que levando em conta o estilo mangá, funcionou muito bem.
Logo após, Tadahiro Miura apresenta as demais personagens que vivem na casa, mas sem desenvolver-las de maneira alguma. São todas personagens femininas com fenótipos diferentes, a estratégia é bem simples, agradar todos os gostos possíveis. O objetivo adotado pelo autor também é claro, mostrar aos leitores que existe outros fantasmas vivendo ali, e que serão de extrema importância na continuação da história, mesmo que neste primeiro capítulo não fazem quase nenhuma diferença para o desenvolvimento do roteiro. Chegando à pagina 25, por isso, metade do primeiro capítulo, Yuragi-Sou no Yuuna-San ainda não tinha conseguido me convencer, por mais que o mangá não tenha sido de desagrado, também não conseguiu me cativar. O tédio me consumava -Yuragi-Sou no Yuuna-San tem um público muito específico, e por mais que antigamente eu gostava de muitas dessas obras deste estilo, atualmente não conseguem me agradar mais tanto assim. A série poderia estar até apresentando um desenvolvimento justo e inteligente, mas por causa dos meus gostos pessoas, não conseguiu me agradar tanto quanto agradaria uma pessoa que já tem simpatia pelo gênero.
Bem, após dar uma “pitada” de ecchi e apresentar os personagens secundários, o autor começa a focar no que realmente importa, por isso, no desenvolvimento sobre o estado espiritual de Yuragi, e como o protagonista poderá ajudar-la. É neste momento, focando sobre o “arrependimento” da fantasma protagonista que Tadahiro Miura começa a mostrar realmente pelo que veio. Podemos dizer que as últimas vinte páginas do mangá são realmente focadas em aproximar os dois personagens: Primeiramente Tadahiro Miura faz com que os dois personagens tenham uma conversa realmente reveladora e importante, que acaba aproximando os dois. É realmente muito importante este dialogo, pois dará um motivo pelo qual o protagonista salvará de ser enviada para o mundo dos “mortos”. Logicamente, como o mangá é um ecchi, o autor faz questão que mesmo aconteça algo que faça o protagonista praticamente tocar os seios de Yuragi – Talvez esta tenha sido a cena de “ecchi” mais mal adicionada neste primeiro capítulo, ficou claro que o autor só a adicionou para assim dar uma cena engraçada.
Por fim, aparece um sacerdote na casa que decide enviar Yuragi para o mundo dos mortos, para assim descansar em paz ou mesmo reencarnar em uma nova vida, contudo, Yuragi ainda vê sua vida como incompleta, por isso o sacerdote mesmo usando toda a sua habilidade e técnica não consegue enviar-la para o mundo dos mortos. A ajuda de Fuyozora também é essencial para salvar a “alma” da personagem, que estava preste a ser enviada para o mundo dos mortos (Seja o paraíso ou o inferno). Toda a cena tem uma grande carga emocional (mesmo que passe longe de emocionar), e acredito que esta seja a sequência que mais consegue unir um bom ecchi com um bom desenvolvimento de personagens, não deixando os personagens presentes caricados e também não fazendo que o “ecchi” parecesse forçado. A verdade é que Yuragi-Sou no Yuuna-San entregou um roteiro que mesmo seja simples, tem o seu grau de profundidade, e caso o autor saiba desenvolver, podemos ter cenas que podem ser emocionantes e belas de se ler. Eu disse que o estilo não iria permitir que a história desenvolvesse assuntos profundos, mas posso me enganar, caso o autor tenha coragem, Yuragi-Sou no Yuuna-San tem capacidade de desenvolver temas realmente belos.
Mesmo a série não chegando nem perto de responder o mistério que mais chama atenção, que é quem matou Yuragi e também o motivo pelo qual ela acabou sendo assassinada, podemos dizer que o primeiro capítulo do mangá é suficiente bom para conseguir sobreviver na série e atrair vários leitores que gostam da temática. O autor entrega um desenvolvimento de personagens interessantes, desenvolvendo a relação entre os dois protagonista de maneira sentimental e bem coesa. Yuragi-Sou no Yuuna-San é daqueles mangás que não vão nunca agradar o público em geral, a prova é que não conseguiu me estimular a ler os demais capítulos, pois eu não faço parte dos leitores que gostam do gênero. Devemos lembrar que mangás deste gênero são direcionados a um público específico, no caso, adolescentes que estão com o hormônio a flor da pele, ou mesmo adultos que se sentem atraídos por mulheres mais “fofas” e “frágeis”, o que é muito comum no Japão principalmente. Todos tem direito de não gostar de Yuragi-Sou no Yuuna-San, contudo devemos assumir que a série entrega o necessário para agradar aqueles que gostam deste gênero. É uma obra muito competente, com personagens interessantes, personagens secundários que podem se demonstrar importantes, uma história com um bom mistério e razão, uma comédia engraçada e um ecchi que em grande parte das cenas foi muito bem adicionado.
A verdade é que sabemos muito bem que séries neste estilo raramente apresentam personagens femininas realmente fortes, além disso todas as cenas de ecchi são por acaso, com as personagens femininas mostrando seus peitos ou calcinhas sem na verdade quererem, isso porque a sociedade japonesa é extremamente machista e purista, mostrar uma mulher que realmente quer mostrar seus peitos ou mesmo as calcinhas seria inaceitável, poucos autores tem coragem de quebrar essa barreira cultural. Deste modo, os autores de ecchi devem continuar apostando na sexualização no acaso ou a sexualização não intencional. Este ecchi “fragilizado” não me agrada, prefiro muito mais aquelas histórias ecchis que tem personagens femininas com atitude e que se sexualizam porque querem. Deste modo, por mais que a história tenha seus pontos positivos, e que eu acredite que tem todos os elementos necessários para ser um grande sucesso na Weekly Shonen Jump, o mangá não agradou os meus gostos, e deste modo, as minhas primeiras impressões são negativas. Eu não continuarei a ler Yuragi-Sou no Yuuna-San, quem sabe, futuramente eu não acabe dando uma nova oportunidade.