Essa história é antiga, e já contei várias vezes, mas aproveitarei este momento para recontar-la: Muitos devem ter reparado que o “ícone” do Analyse It é a expressão de Izuku (Deku) na capa de estréia de “Boku no Hero Academia” na Shonen Jump. Os novos leitores podem pensar que utilizo este “ícone” como um modo de atrair leitores ou se aproveitar do sucesso da série, mas não é. Quando “Boku no Hero Academia” foi lançado, o Analyse It usava como ícone o símbolo padrão do Blogger. Deste modo, decidi que eu devia personalizar o ícone do blog. Sinceramente eu não sabia qual imagem eu deveria colocar, e após horas pensando e não encontrando nenhuma imagem perfeita, cansado e irritado, decidi simplesmente colocar como ícone a capa da edição mais nova da Shonen Jump. Esta edição era justamente quando “Boku no Hero Academia”, e a partir daquele momento Izuku se tornou o mascote do Analyse It.
O engraçado é quando “Boku no Hero Academia” foi lançado, poucas pessoas realmente acreditavam que a série conseguiria fazer sucesso: O autor vinha de dois fracassos, sendo um deles” Sensei no Bulge”, que era um mangá realmente péssimo. Deste modo quando a Shonen Jump anunciou que lançaria um terceiro mangá do autor, e pior este mangá era uma adaptação de um one shot bem fraco lançado em 2009, a maioria pensou que viria mais um fracasso. Eu, me incluo neste grupo, que mesmo colocando a imagem de “Deku” como ícone do Analyse It, não acreditava no potencial da série (Inclusive apostava que o seu companheiro de leva, “Yoakemono”, faria sucesso). “Boku no Hero Academia” acabou se tornando um grande sucesso e praticamente deu um soco no estomago de todo mundo.
Resumidamente, os primeiros minutos do anime foram infinitamente melhores que as primeiras páginas do mangá, contudo, na minha opinião, os produtores do anime cometerem imediatamente um erro em relação a algumas cenas seguintes: Toda a cena que desenvolveu a relação entre Bakugou e Izuku foi esticada e realçada de maneira desnecessária – Conseguiram fazer Bakugou parecer um personagem mil vezes mais insuportável do que no mangá (Se você lê o mangá sabe muito quanto o personagem consegue ser insuportável em certos momentos, por isso podemos dizer que é um grande feito por parte do estúdio consegui torna-lo ainda mais insuportável). Isto aconteceu por dois simples motivo: Como já citado, Bakugou foi extremamente insuportável, mas principalmente, as “gags” utilizadas para amortizar o “bullying” de Bakugou não funcionaram, não conseguirem fazer rir, por isso, toda a cena ficou com uma carga bem mais pesada do que deveria ser.
Felizmente, a qualidade do episódio aumentou enormemente após toda essa sequência. Seguindo a própria cronologia do mangá, após vemos como Izuku é “bulinado” por não ter individualidade, nos apresentam um dos motivos pelo qual o personagem continua a não desistir; fazemos uma pequena viagem no tempo a sua infância, e descobrimos que o protagonista sonha em ser um super-herói antes mesmo de completar quatro anos de vida, vendo em “loop” infinito as cenas em qual, o seu herói preferido, All Might salva várias pessoas. Logo após assistimos a cena em qual ele descobre que não terá nenhuma individualidade, fazendo inclusive a sua mãe chorar, pois teoricamente o seu filho não poderá conseguir o próprio sonho. Toda esta cena, inclusive a da mãe pedindo “desculpas”, se tornou tão emocionantes por dois motivos: O primeiro, menor, mas importante, que foi toda a situação (Vemos a mãe chorando, Izuku perguntando se poderia se tornar um super-herói e etc), mas o principal elemento que faz chorar é a trilha sonora: O “Bones” que para mim é um dos melhores, se não o melhor, estúdio neste quesito, entrega uma música que dá uma aflição tão grande, que tu poderia conseguir chorar vendo um espetáculo da Carreta Furacão.
A trilha sonora em geral foi de altíssima qualidade. Se uma música triste conseguiu emocionar no momento a mãe de Izuku começa a pedir desculpas. Quando o mesmo começa a ser sufocado pelo vilão, alguns segundos após, e comece a pensar que morrerá, a trilha sonora entrega uma música tão tensa e pesada, que consegue musicalmente passar a sensação de aflição ao espectador. Muitas pessoas não conseguem reparar neste detalhe, mas o estúdio através da música, de um complexo instrumental, conseguiu guiar as suas sensações ao longo do tempo – Acredite, muitas das suas emoções, seja de animação, tensão, tristeza ou mesmo risos, foram guiados pela trilha sonora fantástica que o estúdio “Bones” apresentou neste primeiro episódio. E é justamente por este motivo que muitas dessas cenas conseguiram ficar bem mais emocionantes que no mangá. Em “Kekkai Sensen” e “Fullmetal Alchemist” o estúdio já havia entregado trilha sonora de tamanha qualidade, por isso, por mais que eu tenha me saboreado com esta, não foi uma surpresa.
Voltando a comentar sobre a cena em que Izuku é atacado, naquele momento temos uma pequena apresentação do que será a personalidade de All Might, e parece que o estúdio conseguiu deixa-lo ainda mais hilário (Congratulações tanto ao dublador quanto ao próprio estúdio que deu as diretivas ao dublador). Se o estúdio está acertando com o desenvolvimento de Izuku (no mangá o personagem no primeiro capítulo era chato demais, já no anime eu consigo entender a sua personalidade e crio uma empatia), com All Might conseguimos simplesmente criar empatia na primeira cena em que o vemos de verdade (não por filmagens ou sombras),. Principalmente porque o seu encontro com Izuku teve tantas “gags” bem articuladas e implementadas que simplesmente é impossível não ter uma boa impressão sobre o personagem. Parecia que All Might está tão acostumado em ser super-heróis, em ter que agir se modo heróico e continuar a dando entrevista que estimulem o povo a agir de maneira correta, que fica repetindo aquelas frases de brinquedos de supermercado. Por exemplo, mesmo Izuku não tendo feito nada para ajuda-lo, All Might repete constantemente que está grato por sua ajuda. Acredito que o desenvolvimento do mesmo nos próximos dois episódios será de altíssima qualidade, o anime, como no mangá, conseguirá explorar bem este lado “heroico” de All Might, e conseguiremos nos conectar ainda mais com o personagem.
E para não dizer que só fiz elogiar o primeiro episódio (Mesmo que apresentei pequenas críticas a certos pontos, inclusive a personalidade de Bakugou), devo dizer que fiquei realmente decepcionado com a qualidade da animação. Comparando a última animação de sucesso do estúdio, Boku no Hero Academia apresentou uma qualidade inferior à “Kekkai Sensen” – Enquanto “Hero” nos entregou algumas cenas bem desenhadas, mas que em nenhum momento me fez brilhar os olhos. “Kekkai Sensen” a cada minuto me entregava uma cena realmente fantástica, que faziam meus olhos não só brilharem, mas lacrimejarem. E por mais que o anime teve um roteiro realmente confuso, a sua arte era indiscutivelmente belíssima – Por causa disso eu esperava que o estúdio entregasse uma arte tão boa quanto a de “Kekkai Sensen”, mas infelizmente isto não aconteceu. “Boku no Hero Academia” não entregou um produto de “ruim” qualidade, teve uma animação boa,, mas vindo do estúdio “Bones”, se somente boa é estar abaixo do seu potencial. Espero que nos próximos episódios tenha uma melhora, mesmo que isto seja raro (O primeiro episódio tende ser o melhor em quesito animação).
O primeiro episódio do anime de Boku no Hero Academia foi de ótima qualidade. O estúdio preferiu adotar um desenvolvimento bem mais lento, e ao invés de cortar certos cenas do primeiro capítulo do mangá, preferiram expandir todas as cenas, não esquecendo de nenhuma (uma decisão raríssima quando se trata de adaptação de um quadrinho para desenho animado). Com esta decisão, alguns problemas do primeiro capítulo conseguiram ser sanados. A personalidade de Izuku se tornou menos “chata”, ao termos mais tempo de tela para se conectar com o personagem, enquanto no mangá por não termos tanto “tempo” para criar uma conexão, acabamos nos entediando com a sua fraqueza. Enquanto, a extensão das cenas trouxe outros problemas, como por exemplo, Bakugou acabou se tornando mais insuportável, e mesmo eu goste bastante do personagem, naqueles minutos fui tomado por uma sensação de “ódio” e “angústia”. Colocando todos os acertos e erros na balança, para mim, o anime teve um ínicio com um saldo bastante positivo, e com certeza continuarei acompanhando os próximos episódios.
Minha única dúvida após este primeiro episódio é se ele foi realmente bom para aqueles que não acompanham o mangá: O primeiro capítulo do mangá nunca foi realmente chocante, por isso pode ser que a decisão de estender-lo faça que o público que não conhece a obra decida abandonar-la por não achar-la interessante o suficiente. Acredito que teremos a resposta desta dúvida nas próximas semanas.
Anotações do Caderno: Eu estou simplesmente viciado na música de encerramento. Também gostei da abertura, mas a canção de encerramento me pegou de jeito. Ouvindo em “loop” infinito.