Dois em um.
Dessa vez eu irei fazer uma “primeiras impressões” diferente: Por motivo de tempo (O Analyse está tendo tantas matérias semanais que está quase impossível fazer alguma matéria fora do “esquema”), percebi que seria bem melhor fazer as análises dos novos mangás em uma matéria só, dividindo em duas partes, do que lançar, por exemplo Mononofu hoje e adiar por tempo indeterminado a análise do outro mangá.
Deste modo essa matéria será um pouco diferente das anteriores, primeiramente eu irei comentar sobre “Mononofu”, a nova série do autor de Kurogane, simplesmente por fato do mangá ter sido lançado primeiro. Logo após, irei comentar sobre a segunda série que foi lançada na Weekly Shonen Jump nessas últimas edições, a comédia Samon-Kun wa Summoner. Os dois mangás foram traduzidos e editados de forma EXCELENTE pela CD Scans, por isso, recomendo vocês darem uma olhada no site deles e se gostaram de um desses dois mangás, não se esqueçam de apoiar a scan que está trazendo eles para vocês.
Mononofu (De Ikezawa Haruto).
O primeiro mangá desta leva foi Mononofu de Ikezawa Haruto, não é a primeira vez que o autor lança um mangá na Shonen Jump. O seu primeiro e único mangá lançado foi Kurogane, uma obra sobre Kendo que tinha uma grande semelhança com a antiga série de Takeshi Obata e Yumi Hotta, o famoso “Hikaru no Go”. Após o seu mangá ser cancelado precocemente, o autor volta para a revista com um mangá de “Shogi”, que deverá de qualquer modo não lembrar Hikaru no Go, além de entregar um roteiro emocionante e cativante. Será que o autor conseguirá este feito?
Todo este primeiro capítulo foi focado no protagonista, chamado de “Shinobu Takara” – Um garoto muito focado em seus objetivos que tem um grande problema com o “tempo”. Ele simplesmente não consegue raciocinar de maneira rápida, porém, mesmo demorando muito tempo para achar uma resposta, quando consegue achar-la, é quase sempre certa. Todavia, por causa desse lento raciocínio, Shinobu foi considerado uma pessoa “burra” e “incompetente”, sendo julgado e maltratado por todo mundo, inclusive pelo seu pai e sua madrasta.
As primeiras páginas do mangá, fazem questão de mostrar parte deste passado do protagonista. Demonstrando de modo eficiente como ele é lento em encontrar respostas e como esse problema o prejudicarou na vida, principalmente em relação a conseguir entrar em um colégio de alto nível, já que no momento de fazer a prova, Shinobu não conseguiu responder as questões a tempo, assim pegando uma nota baixíssima (38 de 100). Neste ponto devo assumir, este primeiro capítulo de Mononofu é muito interessante: Muitas pessoas tem a mania de “exaltar” o Japão, ignorando quanto a sua sociedade é problemática. A pressão que a família inflige aos jovens, é gigantesca, o falimento no Japão, não é tolerado. Deste modo o país tem uma alta taxa de suicídio, principalmente entre os mais jovens, que por não aguentar mais a pressão, preferem acabar com suas vidas do que continuar sendo uma a ovelha negra da família.
Contudo, por causa de um simples “acaso”, a situação de Shinobu parece que começará a melhorar. Ao tentar encontrar um apartamento perto do seu colégio, o personagem principal se inscreveu em um que era destinado para os praticantes de “shogi” (Que podemos chamar de xadrez oriental). Ao saber do engano, Shinobu imediatamente quis ir embora do apartamento, inclusive os moradores não aceitavam a possibilidade de ter um não-jogador com eles, no entanto, quando o “líder” revelou que caso não tivessem mais um inquilino, todos os outros teriam que pagar uma mensalidade muito maior, assim deste modo todos alegremente deram as boas vindas para o protagonista da história.
Nesse exato momento Ikezawa tinha duas claras opções, desenvolver os companheiros ou continuar desenvolvendo o personagem principal, a sua decisão foi a número “B”, desenvolver o protagonista. Como? Shinobu, decide explicar sua situação aos seus colegas de apartamento, que imediatamente notam a seriedade da situação de Shinobu, como o estigma de derrotado esta influenciando negativamente na sua visão sobre si mesmo. Para ajudar-lo, o líder decide ensina-lo um pouco como jogar Shogi. O seu objetivo é claro, ver quanto inteligente Shinobu Takara é e ao mesmo tempo provar para o protagonista que ele não é tão inútil quanto ele pensa que é.
É nesse momento que para mim, Mononofu dá uma pequena tropeçada. O mangá ia se desenrolando de uma maneira clara e orgânica, porém Ikezawa Haruto deveria apresentar ao leitor o esporte “shogi”, entretanto a apresentação não foi tão “orgânica” quando deveria ser – O autor usou vários quatros para tentar explicar como funciona o “shogi”, se aproveitando do fato do protagonista também ser um iniciante no esporte, contudo, a explicação quebrou totalmente o ritmo do mangá. Esta primeira partida (Não foi bem uma partida de shogi, mas podemos dizer que foi uma joguinho dinâmico entre o líder e o personagem principal) não foi nem um pouco emocionante, muito pelo contrário, foi tão didático e sem “alma”, que até mesmo no momento em que o protagonista consegue resolver o problema complexo, não nós deixa surpresos ou animados, simplesmente passa em nossas cabeças “Poxa, que legal”. O mangá neste momento me lembrou muito o finado “Takujou no Ageha” que entregou uma história divertida e uma partida de tênis de mesa sem nenhum atrativo (Ageha terminou sendo cancelado com apenas 3 volumes lançados).
Logo após a partida, felizmente Ikezawa Haruto conseguiu fazer com que a história voltasse a ser bem mais orgânica e não tão travada quanto foi na partida de “shogi”. O autor decidiu focar no drama pessoal do protagonista e como o feito dele ter conseguido resolver a problemática imposta o deixou mais animado. Finalmente após ser insultado, esnobado e humilhado, Shinobu Takara encontrou um lugar onde as pessoas o apoiam, como sua falecida mão fazia. Deste modo, o personagem principal de Mononofu, com um grande sorriso no rosto revela ao seus colegas de casa uma “bomba”, após somente um jogo, ele decidiu que será um jogador doe “shogi”. O que faz com que comece essa fantástica jornada do protagonista rumo ao estrelado.
Mononofu entrega um bom primeiro capítulo, o protagonista tem um drama bem profundo que fará com que muitos jovens japoneses se identifiquem com ele. Todavia, ao meu ver, o mangá pecou nessa primeira partida, ao invés de demonstrar ao público como o “shogi” é emocionante, o autor focou em explicar de maneira travada e nem um pouco emocionante como funciona o esporte, resumidamente, ele não fez com que o leitor se interessasse pelo jogo de tabuleiro. Acredito que nos próximos capítulos, Ikezawa conseguirá trazer os elementos necessários para deixar as partidas de “Mononofu” bem emocionantes, mas avaliando este primeiro capítulo como um mangá de esporte devo assumir minha decepção com a nova série do autor, que aliás, pelo menos conseguiu fazer com que eu não me lembrasse de Hikaru no Go.
Samon-Kun wa Summoner (De Numa Shun).
Acredito que Samon-Kun wa Summoner pode ser simplificado em uma frase, contraditório, porém muito utilizada: “Si vis pacem, para bellum” (Se queres paz, prepare-se para a guerra). Logicamente esse proverbio é relacionado ao fato de que se você quer te a paz, terá que fazer a guerra forçada com seus inimigos, o que é extremamente contraditório e não deixa de ser um velho duplipensar que vem sendo usado na humanidade à muito tempo. Entretanto, no caso de Samon-Kun wa Summoner, usarei essa frase de modo muito mais superficial, se a Sakura quer a paz, ela terá que se preparar para guerra que o Samon irá trazer.
Samon-Kun wa Summoner é a primeira série do novato Numa Shun, que já havia lançado na Weekly Shonen Jump uma mini-série de três capítulos que teve uma recepção mediana. Mesmo assim, os editores viram o potencial no autor, assim decidiram dar a chance para que o autor pudesse lançar uma série na revista – E não é que pelo menos a ideia da série era mesmo boa? Um invocador que decide levar uma garota pura para o inferno, porque o seu excesso de bondade lhe incomoda. Para isso, Samon deve fazer com que Sakura se torne uma pessoa má. Por mais que a ideia seja boa, será que Numa Shun conseguiu executar-la bem no primeiro capítulo? Veremos.
A história começa com a protagonista contando um pouco do seu passado para explicar como chegou ao inferno – Por mais que não seja nem um pouco inovador o uso de um narrador personagem que vai contando aos poucos o seu passado (Aliás em um livro, por exemplo, é o modo mais simples de escrever uma história), acredito que no caso de Samon-Kun foi uma ótima decisão do autor, pois aos poucos vai dando uma dinâmica muito boa a história. Vamos na ótica da “pura sakura”, como Samon era um garoto infernal. Aliás, vemos já nas primeiras páginas como “Sakura” é uma pessoa boa e amada, eleita a presidente da sala, foi ela que por livre e espontanea vontade foi dar as boas vindas para o estudante Samon, que logo que ouviu quanto Sakura era “boa”, decidiu que iria levar-la ao inferno.
O motivo pelo pessoal glorificar tanto a Sakura, é bem “creep”, a garota segurou o vômito do colega com as mãos e logo após perguntou se ele estava bem, sem se preocupar que suas mãos estavam cheia de vômitos. Por causa disso, todos os estudantes começaram a comparar a protagonista a “Buda” e transformar ema uma verdadeira santa (Os japoneses AMARAM as piadas da comparação com buda), essa comparação levou Samon aos nervos, porque ele odeia ver pessoas que são “santas” e muito boas. O motivo deste ódio do antagonista é em nenhum modo revelado, mas acredito que o autor fará questão de revelar ao público futuramente, quem sabe, caso a série sobreviva, em um grande arco onde conheceremos mais sobre Samon.
Após ser apresentado o motivo pelo qual o antagonista odeia a nossa protagonista, Numa Shun decidiu demonstrar como Samon irá infernizar a vida de Sakura, invocando vários monstros que corromperão a sua alma e ao mesmo tempo quase a levará a morte (Digo quase, porque ela só pode morrer quando se torna uma má pessoa, para assim pode ir ao inferno) – Após isso o “plot” será desenvolvido por vários e vários capítulos, provavelmente em algum momento tendo uma grande mudança, por exemplo, com uma chegada de um outro invocador que pode se tornar um grande inimigo para “Samon” e etc.
A verdade é que Samon-Kun wa Summoner entregou um capítulo muito engraçado na minha singela opinião, em uma primeira leitura achei bem “mediano”, mas após reler-lo, me acabei de rir com várias piadas que antes, eu não havia achado graça. O ponte forte da história são três: O primeiro o humor negro (bem leve) que o autor adota, fazendo assim várias referência a entidades religiosas. O segundo a personalidade de Sakura que fica assustada com tudo que acontece ao seu redor e ao mesmo tempo mantém sua bondade, e por fim os rostos que os personagens fazem dependendo da cena, o autor consegue desenhar várias expressões engraçadas que conseguem fazer com que o público se acabe de rir com um simples quadro de reação.
Logicamente o humor é algo muito pessoal e provavelmente o mangá não agradará a todos, porém para dar certo, Samon-Kun wa Summoner não precisa agradar a gregos e troianos, e sim somente aos gregos. O primeiro capítulo é muito engraçado, tem ótimas “gags” e os dois personagens principais são bem carismático, inclusive eu fiquei triste só de pensar que Sakura estava contando a história do inferno (Teoricamente), já que gostei tanto dela que não gostaria que Samon concluísse o seu plano maligno com sucesso. Contudo, uma série não se baseia no primeiro capítulo, nem mesmo os editores levam em consideração a recepção de somente um capítulo, é necessário que os próximos capítulos sejam tão engraçado quanto esses. Se o autor conseguirá realizar este feito? Só lendo os próximos capítulos para saber.