Briga de Rua!
Finalmente estreou a série mais esperada desta leva, Ultra Battle Satellite, o mangá que prometeu trazer uma boa pancadaria para a Shonen Jump – Quem teve o duro trabalhar de traduzir o mangá para português e fez isso com excelência, foi a colega de todos os leitores de mangás, Kyodai Scans. Agradeço profundamente por traduzir o primeiro capítulo do mangá.
Ultra Battle Sallite, também chamado de UBS, é o quarto e último mangá da nova leva da Weekly Shonen Jump, o autor é um novato dentro da revista, porém já havia lançado alguns one shots anteriormente, o mais chamativo deles foi Abaremashira, onde inclusive o autor reaproveitou o design do personagem principal. Mesmo sendo novato, será que o mangaká nos entregou um bom primeiro capítulo? Vamos ver.
Já na primeira página, o autor fez questão de explicar o universo do mangá, que é sinceramente, muito simples. Um magnata pensando no lucro, decidiu criar um sistema mundial de lutas ruas, e logo entendemos sobre o que será o mangá, briga de rua – O tema é muito interessante, por mais que não seja inovador no universo dos mangás, na Shonen Jump podemos considerar um assunto novo, já que o tema foi muito, mas muito pouco abordado dentro da revista. O motivo? Talvez é um estilo que pegue um público mais maduro, mangakás que apostam em briga de rua, preferem ir em revistas seinens, como a Young Jump.
Logo após a rápida apresentação do universo, o autor nos faz conhecer o protagonista, Jin Matsuriya, um lutador de kickboxing, porém que não consegue se adequar as regras do esporte, assim sendo conhecido como o “Rei da Trapaça”… Achei bem interessante o fato dele ser um lutador trapaceiro, espero que o autor saiba aproveitar muito bem este seu “apelido”, por mais que alguns mangás vão de contra a essa moda, como Boku no Hero Academia, está cada vez mais popular os anti-heróis, já que são bem mais humanos que de fato os heróis.
Jin é desclassificado da competição após dar uma cabeçada no seu adversário, o que é totalmente contra as regras do esporte. Isso piora ainda mais o seu nome, que já estava bem sujo. O seu amigo Porky deixa bem claro que é melhor Jin desistir de se tornar um esportista, pois nenhum torneio convidaria um “desgraçado trapaceiro” como ele. Logicamente, ele entra em desespero e tem um ataque de raiva, pois percebe que talvez seja privado de fazer o que mais gosta, que é lutar.
Assim, para desafogar sua raiva, vai chutar uma arvore, lá ele encontra uma personagem bem interessante, uma garota bem bizarra, apelidada carinhosamente de Boneca de Vodu, a aparição da personagem é bem misteriosa, deixando a entender que ela tem alguma relação com a organização UBS, provavelmente tem a função de recrutar lutadores para a competição. Na verdade, a sua parição não foi muito importante na história, com pequenas alterações, o autor apresentar a história tendo o mesmo resultado final, sem nenhum problema, mas a presença da personagem adicionou muito no aspecto da criação do universo e da personalidade do autor.
A bizarrice da Boneca de Vodu deixa o leitor curioso, que fica louco para saber mais dela, qual é a sua função dentro do UBS, entre outras dúvidas que surgem. Além disso ela tem uma personalidade bem “lolita” que consegue agradar bastante os admiradores de garotas “kawaii”. Pensando somente na praticidade do roteiro, a personagem não foi muito útil, mas a sua criação foi uma jogada genial para adicionar uma dinâmica diferente ao primeiro capítulo – As caras e bocas feita pela garota são simplesmente fantástico.
Jin finalmente chega em casa, assim conhecemos outra personagem que apareceu só por duas páginas, a irmã do protagonista. Quando eu vi a irmã pulando nele, pensei que seria mais uma daqueles personagens que gritam “Nii-san” e parecem que tem problemas mentais de tão retardadas, fui surpreendindo, a Rin é uma bêbada, e sua pequena participação já me fez cair na gargalhada. Estou achando interessante como os perfis dos personagens fogem do comum, temos a boneca de vodu bizarra, a irmã bêbada, o melhor amigo interesseiro e o protagonista anti-herói. Até agora, não tivemos nenhum personagem que correspondesse aos clichês da Shonen Jump.
Em casa, Jin encontra um celular da UBS, mas inicialmente não acredite na história que vê… Foi neste momento que o seu antigo rival, Hayakawa, o manda um recado, sobre uma luta de rua – Imediatamente Jin relacionou esta proposta com o celular, assim parte para encontrar o seu rival. Acho interessante desta semana, porque percebemos que por mais que o protagonista odeie Hayakawa, os dois tem uma relação de amizade. Isso é confirmado quando o protagonista encontra o seu “amigo” espancado, estendido na parede. Logo Jin entende que o inimigo é um dos participantes do UBS, assim o protagonista decide vingar o seu amigo.
Até o momento Ultra Battle Satellite apresentou bons personagens com uma história pífia – Mas isso não me incomodou, diferente da maiorias dos mangás, obras que seguem o estilo “briga de rua” não precisam ter uma história cativante, e sim bons motivos para acontecer lutas emocionantes. Neste primeiro capítulo, o autor nos entregou um bom motivo para o protagonista entrar em uma luta. Quando finalmente começou a luta, o momento mais esperado por todos, a série começou a andar, a surpreender. O autor não desenvolveu o inimigo, como aconteceu no primeiro capítulo de Hinomaru Zumou, assim não tivemos tempo para odiar-lo, mas toda a emoção da luta foi por causa dos golpes brutais utilizados por Jin.
O autor, Utsumi Yuusuke, também conseguiu nos entregar ótimas sensações de movimento no combate, assim dando ainda mais emoção ao combate. Ao meu ver o ponto mais forte foi a cena em que Jin quebra o dedo do seu adversário, achei bem interessante a técnica utilizada e a consequência do golpe, onde o adversário simplesmente perde o controle, assim agindo de forma totalmente inconsequente. No final das contas, vimos o protagonista simplesmente humilhando o seu adversário, como é de costume no primeiro capítulo de uma série de luta… Podemos dizer que já é clichê termos um inimigo que seja o melhor e depois o protagonista demonstra que é melhor, simplesmente humilhando o seu adversário no combate.
O que me deixa preocupado em relação a este primeiro capítulo é o excesso de violência, o mangá apresentou cenas muita sangrentas e chocantes, isso pode afastar o público que tem o estomago mais leve e não gosta de toda essa violência – Atualmente na Jump só temos uma série que é bastante violenta, que é Gintama, mas em nenhum momento Gintama chegou ao nível de Ultra Battle Satellite… Eu gostei da brutalidade da obra, mas devemos ver se os japoneses também vão gostar deste elemento. Outro ponto que pode pesar no mangá é a motivação e objetivo do protagonista, não são convincente, tudo bem ele estar lutando porque gosta (E porque precisa de dinheiro), mas então, o que ele pretende alvejar? Qual é o sonho dele? Falta um objetivo e uma motivação convincente ao protagonista, algo que te faça de fato torcer para que ele veja cada batalha e chegue no topo do classificação.
No fim, Ultra Battle Satellite nos apresentou um ótimo primeiro capítulo… Todos os personagens que compareceram neste início foram bem divertidos, um elemento importantíssimo para qualquer mangá de luta (Já que tu deve se importar com ao menos 1 personagem que esta lutando), entregou um protagonista muito simpático, mesmo que sem nenhum objetivo claro, e também, por último, porém mais importante, nos entregou um combate emocionante, com técnicas interessantes e cenas memoráveis, porém mesmo assim não daria como certo o sucesso do mangá, por mais que ele te agrade no primeiro capítulo, ao meu ver, a ausência de um objetivo no protagonista e o fato da história ser muito simples pode fazer que o mangá não conquiste tantos votos assim, repito, para mim neste estilo de mangá a história é secundária, não é muito importante, porém devemos lembrar que tem muita gente que dá importância a uma história complexa e bem desenvolvida.