Ao voltarem a cena do crime, encontram o demônio que havia matado os jovens. Este demônio havia matado o guarda que estava “protegendo” a área de curiosos, imediatamente este demônio decide atacar o nosso trio de protagonista, Kagami reage invocando uma sua outra criatura, Rashoumaru. Esta criatura/Shikigami que tem um design bem interessante começa a lutar contra o demônio que parece uma marionete. É muito interessante este aspecto que Kagami possa invocar vários monstros que o auxiliam, já que assim o autor pode adicionar no futuro vários outros shikigamis a “família”, além dos três que conhecemos esta semana – E é muito provável que o autor faça isto, em quase todos os mangás onde existe “invocações”, vemos o protagonista aprendendo aos poucos a invocar novas criaturas e assim aumentando a sua família (Isso vai de mangás como Fairy Tail a Sakura Card Captor).
A volta de Iwashiro.
Finalmente os mangás da nova leva estão chegando, o primeiro de todos é Kagamigami, do criador de Psyren, Toshiaki Iwashiro – Dentre todas as estréias, de fato este mangá era o mais esperado de todos, por adotar um estilo que não esta presente com excelência na revista, que é o de investigação, por ter o nome de Iwashiro, que é amado por muitas pessoas e por ter um one shot que foi muito bem aceito tanto aqui no Brasil (Traduzido pela Kyodai Scans) quanto no Japão.
Quem nos deu este incrível privilégio de poder ler esta obra em nossa língua mãe, foi a Conexão Diária, que já elogiei bastante aqui no Analyse It quando eu fazia minhas análises semanais de Iron Knight, que também foi traduzido por eles. Recomendo vocês não perderem tempo, caso não tenha ainda lido Kagamigami, vá no site deles ler imediatamente.
Kagamigami já começa nos entregando uma página colorida muito enigmática, a obra nos apresenta um mundo pós-apocalíptico, onde tudo esta destruído. O narrador, muito sentimental, ao meu ver um bicho de pelúcia, lembra de dias que passou com uma pessoa – Assim, conversando com o leitor este narrador que esta em forma de alma, decide contar a história sobre um bravo shikigami, provavelmente o protagonista desta história.
Logo após esta primeira página colorida, saltamos para a página do assassinato, o primeiro caso do mangá, onde temos um jovem sendo decapitado por um demônio no parque Sakuragamori, uma clara referência ao seu one shot “Sakuran”, é bom eu já avisar, este primeiro capítulo tem várias referências a Sakuran, além de vários elementos terem sido reaproveitados. Então, este assassinato já de imediato despertar interesse ao leitor, pelo fato do monstro soar muito curioso, dá para perceber pelo seu rosto bem de “marionete” que terá alguma coisa por trás deste massacre, não será simplesmente um demônio que matou alguns adolescentes baderneiros.
Toshiaki, após apresentar o caso, nos apresenta a heroína, também presente em Shikigami: Twilight Days, desta vez o autor decide dar um foco muito maior ao personagem, apresentando mais dela, outra decisão acertada, o autor se aproveitou do fato que os japoneses gostaram muito da personagem, para dar mais enfoque nela, tentando garantir já alguns votos. Conhecemos um pouco do seu passado, descobrimos que ela tem poderes de “traçar” o caminho dos objetos, ao toca-lo conseguia ver uma linha de luz que a guiava até o patrão do objeto, por causa deste “dom” ela conseguiu achar vários cachorros e crianças perdidas, assim sendo considerada uma heroína na cidade em vivia, porém, ao crescer, a protagonista que se chama Mako Miyoshi, perdeu esta habilidade, por razão desconhecidas.
Deste modo, agora ela vive como uma detetive fracassada, sem conseguir encontrar nenhum emprego. Ao meu ver este caso de assassinato na televisão, Mako Miyoshi decidiu ir investigar, não porque de fato se interessava em saber quem matou os jovens, e sim porque viu neste caso um modo de criar nome na área dos investigadores, assim conseguindo respeito (e dinheiro). Toda esta apresentação da personagem que durou cerca de 8 páginas, foi muito bem articulado, nos entregando páginas bem desenvolvidas e quadros que passavam de forma limpa e clara a personalidade e intenção da personagem, demonstrando que o autor havia segurança no que queria mostrar.
Enquanto Miyoshi procurava um modo de poder acessar a cena do crime, já que o policial não deixou ela entrar normalmente, por não acreditar na história que ela era uma detetive, a garota encontrar um menino que estava fazendo uma macumba das pesadas (Invocando altas criaturas mágicas). Falando sério, Miyoshi encontra quem será o protagonista desta história, Kagami, um garoto que é um usuário de Shikigami, por isso consegue invocar criaturas de “outro mundo”. O primeiro encontro entre os dois foi bem divertido, teve uma dose ecchi, quando um dos monstros subiu pelas suas pernas e deu para ver a calcinha de Miyoshi, mas em grande parte foi bem articulado, tendo somente um defeito:
Demos para perceber que Miyoshi não sabia o que era um shikigami, mas percebemos nas páginas onde chega outro membro dos shikigamis que os policiais os médicos convivem normalmente com as criaturas fofinhas que Kagami invoca, me fazendo crer que os shikigamis já estão bem estabelecidos na sociedade japonesa presente neste mangá, como Miyoshi, uma investigadora que esta sempre com a TV ligada não conhece a existência de pessoas com tamanha habilidade? Logicamente Toshiaki Iwashiro fez que ela desconhecesse os shikigamis para que Kagami pudesse explicar para ela e também para o público o que são os shikigamis, uma estratégia aceitável, mas que não deixa de ser um pequeno furo de roteiro.
Imediatamente também conhecemos o terceiro membro do trio, Haku, um Shikigami em forma de raposa. O personagem é extremamente reclamão e ao mesmo tempo bem tarado, uma personalidade que me agradou bastante e também conseguiu me fazer dar muitas risadas ao longo de todo o capítulo. De fato, Toshiaki Iwashiro nos entrega três personagens carismáticos que já nas primeiras páginas tem uma interação muito boa, formando um trio bem equilibrado, onde você consegue gostar igualmente de todos os participantes.
Kagami, sem medo de algum de mostrar suas habilidades para uma total desconhecida, vai revelando como “investiga”. O protagonista fez um contrato com almas que estão presas neste mundo, elas saem procurando objetos para o nosso herói, estas almas são extremamente fofas e acredite, tem um potencial comercial bem maior que a raposa Haku, que também tem um apelo comercial alto (Dá para ver que o autor se preocupou em adicionar vários elementos que podem fazer o público gamar nos personagens, com certeza Iwashiro não quer ter um outro Psyren). Estas criaturinhas saem a procura dos objetos e encontrar uma lâmina tripla de se barbear, que pode ter sido usado para praticar este assassinato.
Após esta rápida cena de investigação, o autor decide desenvolver um pouco mais o protagonista, Kagami, mostrando as suas origens e como é antiga a sua relação com Haku. O nosso herói tem o sonho de ser tornar o maior Shikigami do mundo, e este objetivo despertou um grande interesse em Miyoshi, pois ela também tem o sonho de se tornar a maior investigadora do mundo. Assim, o autor vai aumentando o laço entre os dois personagens, mostrando que no final das contas, eles são bem parecidos um com o outro.
Rashoumaru vai lutando contra o demônio, enquanto Kagami grita para Miyoshi escapar, a garota percebendo todo o clima, decide que não irá abandonar Kagami e fará de tudo para ajuda-lo, assim milagrosamente consegue liberar a sua antiga habilidade de traçar os objetos, conseguindo traçar o caminho até o dono da lâmina. Olha, ao meu ver este foi mais um pequeno tropeço, o autor simplesmente faz que a protagonista, após anos sem conseguir utilizar a habilidade, consiga deste modo. Não tem explicação lógica para esta semana, o autor simplesmente utiliza do clichê que por causa de toda a emoção do momento, a personagem conseguiu liberar a sua força oculta, um clichê muito utilizado nos ambientes Shounens (Black Clover que também é deste leva utiliza a mesma estratégia) e que sinceramente, quando não é bem colocado, se tornar um ponto negativo. Neste caso, achei que o autor quis forçar demais a barra, não conseguir sentir uma naturalidade neste retorno da sua habilidade, deste modo, foi um pequeno tropeço.
Mesmo com este pequeno tropeço, a história conseguiu manter em pé. Miyoshi segue este caminho de luz que a leva até o dono da lâmina, um cientista maluco que revela seu objetivos imediatamente para a garota – Chegou a ter ser um pouco ridículo a cena, a nossa heroína encontra o vilão, que imediatamente vai revelando todos os seus planos e habilidades, a primeira frase no encontro dos dois foi: “Alguém me ensinou a como usar três lâminas e um Shikigami”. Fica claro após esta sequência onde o autor esta deixando de desenvolver cenas de conexão (Tanto a volta do poder da Miyoshi quanto o encontra dela com o vilão foram bem apressados) para que consiga respeitar a quota de 50 páginas imposta pela Jump no primeiro capítulo.
O cientista maluco tenta maluco tenta atacar Miyoshi, que é defendida pelas criaturas fofinhas (Que mesmo lutando continuam extremamente fofas, tenho certeza que se este mangá vingar, a Jump venderá milhares de pelúcias deles). Percebendo que não conseguirá vencer-la, o cientista decide escapar, Miyoshi continua a persegui-lo, em uma ação totalmente incoerente por parte do personagem, mas que entendemos o motivo, logicamente, a heroína esta dominada pela vontade de resolver este caso, assim arriscando até a sua própria vida para que este objetivo seja cumprido. Enquanto Miyoshi sobia as escadas para alcançar o vilão, o Shikigami/Demônio do vilão corta esta escada, fazendo que a nossa heroína caia do prédio.
Neste momento, acontece a cena mais emocionante do mangá, Kagami se funde com Haku (A raposa/kitsune) e os dois se tornam um só. Assim, o protagonista consegue salvar a sua nova amiga, e logo após utilizando o seu poder adquirido com a fusão, consegue matar o shikigami inimigo. Miyoshi aproveita o momento e dá uma voadora na cara do cientista maluco, derrubando-o inconsciente no chão, assim, o trio finalmente consegue resolver o caso, matar o demônio e por fim prender o responsável pelo crime. Claramente, toda esta cena de batalha foi desenvolvida as pressas, o desenvolvimento do cenário da luta foi extremamente confuso, reparem entre a página 33 e 35 que a protagonista (Miyoshi) passa por no minimo, 4 cenários diferentes. Reafirmo, isto provavelmente foi porque o autor teve que respeitar uma quote de páginas impostas pela Shonen Jump, claramente, o mangá precisava de entre 5 a 8 páginas a mais para conseguir ter um desenvolvimento menos apressado.
Por fim, Miyoshi pensando egoistamente na sua carreira de investigadora, decide convidar a dupla Kagami e Haku para viverem na sua casa, uma cena que ao meu ver foi muito emocionante, pois se conectou com o inicio do mangá – Percebemos que o mangá irá sim ter uma grande história de amizade, não será um romance como muitos pensam, mas sim uma grande amizade, três pessoas que juntam viverão uma grande aventura e se divertirão muito juntos, mas parece que a história talvez não tenha uma final tão feliz, já que o narrador nos esta contando sobre esta aventura em uma terra que não tem quase nenhum sobrevivente.
Então, Kagamigami não se demonstrou ser um mangá de investigação, na verdade, este primeiro capítulo foi um B-Shounen com alguns elementos de investigação, não é um ponto negativo este, porém significa que a obra disputará votos com os demais B-Shounens da revista e não com Gakkyuu Houtei que é um mangá de investigação, como nós pensávamos. Logicamente esta ausência dos elementos de investigação neste primeiro capítulo seja por causa da necessidade do autor apresentar a relação entre os trio já neste primeiro capítulo, assim focando em outros pontos.
Dá para ver que claramente Toshiaki Iwashiro preferiu desenvolver os personagens, uma decisão ao meu ver acertada, mas lógico, isto custou o desenvolvimento do caso, que praticamente não teve nenhum desenvolvimento, pulamos da apresentação diretamente para o encerramento, e também custou o desenvolvimento da batalha do encerramento do caso que também foi muito apressada. Isto faz que não tenhamos um primeiro capítulo sensacional, como foi exemplo o de Kingdom, mas mesmo assim o autor conseguiu nos entregar uma estréia de alta qualidade.
Eu sinceramente, votaria no primeiro capítulo do mangá pelo que me foi apresentado. Os problemas presentes no capítulo, repito, foram causados pelo fato do autor ter que fazer em 50 páginas o desenvolvimento do caso, dos personagens e do combate, assim ele preferiu jogar em escanteio o “caso”, entregar uma luta satisfatória e nos dar um desenvolvimento fantástico do trio… Assim, não entregando um capítulo perfeito, porém muito bom que faz que você consiga se simpatizar pela história e também pelos personagens, de fato Kagamigami te dá uma vontade enorme de ler o capítulo seguinte. Quem sabe, este seja o primeiro grande sucesso de Toshiaki Iwashiro.