Takujou no Ageha é um dos mais novos mangás da Weekly Shonen Jump, lançado na edição 51 do ano de 2014, foi acompanhado por mais dois colegas novatos, E-Robot, lançada na Edição 52 de 2014 (Ultima do ano) e Gakkyuu Houtei lançado na edição 01 de 2015, de todos este mangá é o que tinha menos possibilidade de ser traduzido, justamente por ser um mangá de esporte, mas por nossa sorte temos umas das maiores companheiras de leitores enlouquecidos de Mangás, a Kyodai Scans, que trouxe o mangá, caso você ainda não tiveram lido o mangá, leia agora clicando aqui.
Ageha é um mangá escrito e desenhado por Furuya Itsuki e tem o claro objetivo de se tornar a terceira grande força na área dos esportes na Shonen Jump, ao lado de Haikyuu!! e Hinomaru Zumou. O problema é que para um mangá conseguir este feito, não é necessário só ter uma partida emocionante, que logicamente é elemento mais importante em um mangá de esporte, mas também ter personagens e uma história interessante. Será que Ageha conseguiu apresentar estes elementos? Vamos lá.
Começamos o mangá com uma engraçada conversa entre o diretor do colégio e o personagem principal Ageha, como já foi usado em outras obras, o personagem principal é um japonês que aprendeu suas técnicas no exterior e agora esta voltando ao Japão… No caso o motivo da volta de Ageha para o Japão é um pouco diferente, ele esta voltando a sua terra natal para poder aprender mais sobre o esporte, assim se tornando um jogador mais forte no futuro. O jeito que o diretor tentou convencer o protagonista foi bem engraçado, mas no final o amor ao Ping Pong foi mais forte que o “Pong Pong” dos peitos.
Logo após uma rápida introdução a Ageha, o autor muda o núcleo para Ririka Otsuka que já sabemos que será a fiel companheira do protagonista por toda a saga, como sabemos? O autor deixou isso claríssimo na página colorida de abertura. Ririka é uma menina vaidosa que não se importa para o negócio de tênis de mesa do seu avó, que já foi um dos campeões mundiais de tênis… Ela só se importa em ser a garota mais querida pelo homens da escola e no futuro se casar com um homem rico.
Porém, de repente ela se encontra com o protagonista, um homem que é tão apaixonado pelo esporte Ping Pong que não quer pensar em nenhuma garota (Só não quer, porque pensar ele pensa). Isso deixou Rikira muito assustada, porque foi o primeiro homem que ela conheceu que não tentou seduzi-la, que não se apaixonou por ela… A garota, vaidosa, deste modo decidiu que irá fazer tudo para que o protagonista, Ageha, se apaixone por ela. As cenas em que ela utiliza seus aparatos de sedução são bem, mas bem engraçados e me fizeram rir, e ainda por cima cumpriu muito bem o seu proposito: Fazer o público rir e ao mesmo tempo desenvolver a interação entre os dois personagens.
Mesmo usando as suas melhores técnicas, ela não consegue seduzir o nosso “herói” (Ageha) que estava pronto para seguir em frente ignorando a garota, é nesse exato momento que chega Miyaji um personagem que abandonou o tênis para seguir loucamente Rikira – Bem, o autor utiliza ele para demonstrar a diferença de uma pessoa que nunca amou o esporte de verdade para outra pessoa que ama mesmo o esporte, Miyaji é um personagem que largou o Ping Pong por uma garota e que no combate que acontecerá nas páginas futuras, estará disposto a trapacear para poder vencer por ela, demonstrando ser alguém totalmente sujo e disposto a fazer tudo por Rikira -.
Miyaji explica ao protagonista que todos na escola são loucos por Rikira, caso ela não seja legal com Ageha, todos farão questão de infernizar a sua vida, não deixando ele inclusive jogar tênis. Mas o nosso “herói” não se intimida, porque poderá jogar tênis de mesa/ping pong fora do colégio, mas o fato de Miyaji ter abandonado o esporte por uma garota o deixou bem incomodando, assim ele desafia Miyaji para provar como é importante e “legal” o esporte. Para dar mais tensa a disputa, Rikira faz uma aposta, se Ageha perde não poderá mais jogar tênis no colégio – E para estimular Miyaji, ela promete o beijo ao vencedor.
Deste modo começa o jogo entre Miyaji, o desistente e Ageha Hanazono, o amante – A batalha entre os dois protagonista na mesa de tênis era o ponto principal da história, o que todos simplesmente esperavam. Se lembrarmos de Cross Manage, era um mangá incrível, mas pecava pelo fato de ter muitos poucos jogos, diferente de um Kuroko no Basket que desenvolve a história através dos jogos, por isso é necessário para que um mangá de esporte faça sucesso, ter uma partida emocionante, logicamente não é o único ponto que o mangá precisa focar, mas não deixa de ser o principal.
Já no início percebemos a superioridade do personagem principal perante ao seu inimigo e acredite isso não mudou nada ao longo da combate, o autor Furuya Itsuki, deixa claríssimo a superioridade de Ageha perante Miyaji. O que deixa o combate muito, mas muito sem graça… Vamos aos detalhes, quanto é bem desenvolvido o inimigo, ver o herói superando-o com facilidade é incrível e emocionante, como aconteceu com Hinomaru Zumou. Porém quando o vilão não é bem desenvolvido, não faz o público pegar ódio dele, ver o herói superando-o com extrema facilidade é chato, sem graça, e foi isso que aconteceu com Takujou no Ageha, foi isso que também aconteceu com Tokyo Wonder Boys que exagerou na habilidade dos protagonistas.
Por isso a partida foi um desfile de Ageha, muito, mas muito sem graça, onde ele vai mostrando sua habilidade bem “overpower” por toda a habilidade, nunca perdendo a postura, tudo que acontecia na batalha foi previsível, e não te faz dizer “UOU” em nenhum momento. Lembra a reação que tu teve quanto viu Hinomaru recebendo golpes e se mantendo em pé? Então, com certeza a sua reação com o combate de Ageha foi muito menor.
Outro erro do jogo ao meu ver, foi revelar que ele era um dos alunos do jogador avó da Rikira – O autor jogou aleatoriamente o avó na escola, o personagem simplesmente caiu de paraquedas no local e fez aquela super revelação que surpreendeu Rikira e fez Miyaji pegar a raquete alterada para tentar vencer de qualquer jeito. Primeiramente, não era preciso ele saber disso para pegar a raquete, acredito que o simples fato do personagem estar perdendo já justificaria a trapaça. E segundo foi algo totalmente previsível (Acredito que todos que lerem já imaginavam que ele seria o aluno do velho) que foi colocado como fosse uma grande revelação.
Acredito que funcionaria melhor se Miyaji começasse a trapacear por estar perdendo, já que é simplesmente natural, mas no final perdesse mesmo assim. Rikira volta para casa, conversa com seu avó e quando vai tomar banho por acaso encontra Ageha que desmaia com a descoberta (Como aconteceu), assim aparece o avó, Rikira pergunta: “Chama a polícia, esse maldito tarado invadiu meu banheiro, vó”, o avó responde: “Calma netinha, ele é meu novo aluno, vou ensina-lo a melhorar no Tênis de Mesa” (Não precisava dizer que é campeão, porque já é dito no começo da história), aí ela pergunta, “Mas porque ele esta na nossa casa”, assustada e por fim o avó da noticia que ele não é só um aluno, e também o noivo dela, deixando tudo muito mais fluído.
Falando em ele ser o noivo de Rikira, além de estarem obrigando a tadinha a ter um casamento forçado, ao estilo Japão antigo, me lembrou Nisekoi e acredito que qualquer leitor da Shonen Jump deve ter lembrado Nisekoi, pois o mangá usou este “plot twist” no final do seu primeiro capítulo, como Takujou no Ageha usou. Não foi uma estratégia inteligente, usar a mesmo choque de narrativa usado pelo seu companheiro de revista, mas vamos ver como o autor irá desenvolver isto.
Voltando ao combate, por mais que ele tenha sido previsível e sem nenhum momento emocionante que te faça levantar da cadeira, a luta foi bem animada, deu para perceber que o autor tem a técnica para desenhar mangás no estilo. O fato dos poderes de Ageha terem sido exagerados poderiam ser motivos de crítica (É humanamente impossível ele ter corrido para o fundo da arena para pegar a bola sem ninguém ter visto, talvez em uma arena menor poderia, mas naquelas proporções é impossível), mas quando o mangá decide ser exagerado desde o começo isso não é um defeito, é um estilo, do mesmo modo que nunca criticarei Prince of Tennis por isso, não posso criticar Ageha pelo mesmo, devemos manter uma coerência, então se o autor decidiu seguir essa linha, o respeito. Logicamente, se a obra for como Sporting Salt que tentar passar um ar realista e depois vem com uma coisa totalmente fora da realidade, é outros 500.
O que faltou de fato na batalha foi a emoção e a imprevisibilidade nos acontecimentos, foi tudo muito previsível, parecendo que o autor não queria arriscar ou talvez não sabia como arriscar. Até as cenas de ecchi que foram melhor que a batalha, inclusive achei um dos pontos fortes do mangá, conseguiu colocar um ecchi bem divertido de se assistir e que combinou com o roteiro, não ficou algo totalmente fora do contexto, como tivesse sido jogado ali somente pelo fanservice, muito pelo contrário foi bem encaixado, gostei do ecchi.
No final das contas Takujou no Ageha é um mangá que tem dois protagonista interessantes que podem trazer interações engraçadas, tem um traço bem desenhado, mesmo que não seja nada de fantástico e um ecchi de qualidade… Isso seria ótimo para um mangá de comédia, mas Takujou no Ageha não é uma comédia, é um mangá de esporte sério, e no quesito transposição da emoção de uma partida de ping pong, o mangá falha, não consegue te deixar animado, isso acontece principalmente pelo fato do vilão ser desinteressante, o autor não fez questão de desenvolve-lo como se deve.
O futuro de Ageha é totalmente incerto, dependerá de como o autor irá fazer os próximos combates, se conseguirá finalmente acertar neles, iremos ver Takujou no Ageha indo longe na Weekly Shonen Jump, porém se não conseguir trazer boas partidas de tênis de mesa, o seu futuro é muito, mas muito claro, o cancelamento.
Caso ainda não tenha lido o capítulo, vá ler AGORA na Kyodai Scans.