Bem-vindo a história!
Eu havia outros planos de postagem para hoje, mas quando vi que a Kyodai traduziu o primeiro capítulo de Innocent, adiei todas as postagens possíveis e reservei esse domingo para as primeiras impressões deste maravilhoso mangá.
O roteirista e desenhista é Shinichi Sakamoto, um mangaká já bem respeitado no meio (Tem várias outras já lançadas desde os anos 90), a sua obra mais popular no ocidente é Kokou no Hito que saiu em 2007. Mas ele há várias outras obras bem conhecidas no oriente.
Por isso pegamos a obra de um autor já muito experiente que tem de tudo para trazer um mangá ainda mais único e de boa qualidade – O que comprovamos já pelas primeiras páginas lidas, o traço de Sakamoto de imediato nos surpreende pelas grande feminilização dos personagens (Soando homossexuais muitas vezes) e pela incrível gradação na obra, a passagem do branco ao preto é fantástica.
Outro ponto que chama bastante atenção nossa é a ambientação, é raro encontrar mangás que se passam as vésperas da revolução francesa (Livros e HQ já é bem comum, inclusive temos livros famosos que foram escritos ao longo da revolução ou logo após, como por exemplo Os Miseráveis). Isso porque os japoneses tendem a estudar muito mais a sua cultura que a ocidental (Quando estudam, focam mais na primeira e segunda guerra mundial, quando de fato, um acontecimento no ocidente começou a influenciar no Japão).
No período do final do século 18, o Japão ainda era muito, mas muito feudal, vivendo ainda na hierarquia dos samurais e entre outros. Deste modo, por mais que talvez uma notícia sobre uma revolução da “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” chegasse ao país, não havia impacto algum – O japão não sentiu o impacto desta mudança, até o Brasil que já fazia parte ativamente da economia global, sentiu muito mais (Os ideias chegaram avassaladores aqui, estimulando muito os ativista contra escravidão).
Mas voltemos ao mangá, logo somos apresentados a família Sanson, uma das famílias mais odiadas e temidas da frança… Por motivos bem óbvios, eles eram o carrasco do rei, aquele que buscavam os que não pagavam impostos ou cometiam crimes para depois decapitá-los em praça pública.
Como vemos no mangá, por causa desta carreira que a família seguia, todos acreditavam que os familiares tinham ligação com o demônio (Não diretamente com deus, como a realeza gostava de afirmar) e por isso todos deviam se manter distante deles.
O design de Charles-Henry Sanson, o personagem principal e também o maior carrasco que já apareceu na França… Foi totalmente modificado pelo criador, Shinichi Sakamoto, para que assim ele soasse mais simpático aos leitores (E também um pouco mais penoso/feminino). Na verdade CH Sanson era gordo, com cabelos curtos e uma cara bem odiável (Levando em conta as pinturas da época que fizeram dele, lógico).
De qualquer modo foi uma mudança necessária, porque se ele seguisse a sua verdadeira forma, não passaria a elegância necessária para a ambientação – E também, todo o drama sobre ele não querer se tornar carrasco (E depois virar um dos maiores da história), perderia muito o efeito.
Aliás, a sequência do almoço e da tortura, foram muito bem desenhadas, um show a parte. O autor conseguiu nos entregar o clima dark necessário para temermos esta família – As suas aureas soam a morte, os seus olhares soam a morte e principalmente a suas falas soam a morte.
A cena de tortura é inquietante, você se contorce em vê-la – Mas ao mesmo tempo que ela é bastante inquietante, também é bonita em termo artístico, o modo que o autor conseguiu passar a dor do personagem é espetacular. As gradações também estão impecáveis.
No final, após todas essas torturas, descobrimos que CH Sanson (Charles-Henry Sanson) se torna, sim um grande executador (Para quem conhecia um pouco da história sobre a revolução francesa, logicamente, já sabia que isso iria acontecer).
O primeiro capítulo de Innocent é fantástico, muito bem desenhado e também desenvolvido – Os traços femininos podem incomodar alguns, mas para mim, pela grande qualidade na arte, isso se tornou praticamente nulo e não me incomodou.
Não conseguimos saber qual caminho o mangá seguirá, olhando somente esse primeiro capítulo, ele foi uma introdução do personagem, não introduziu de fato a história – Mas sim o personagem… Uma introdução de tirar o chapéu, assumo, mas que não dá ao leitor nenhuma ideia do que estar por vir.
Innocent é um mangá que merece ser lido, por aqueles que amam história e por aqueles não a odeiam, resumindo, por todos!