Quando ser único é motivo de morte.
Esta nova leva de mangás da Jump está extremamente interessante, e um dos projetos que mais chamaram atenção foi Illegal Rare, do mesmo criador de um mangá de relativo sucesso, Nurarihyon no Mago, Hiroshi Shiibashi chega com a promessa se conseguir lançar dois sucessos, um feito que poucos autores neste grande universo de mangás conseguiram.
Tenho que assumir, eu não era um leitor fanático de Nurarihyon no Mago, muito pelo contrário, considerava-o um mangá somente bom, porém admiro a capacidade do autor em conseguir transforma-lo em um mangá de sucesso. Deste modo, fiquei curioso em saber como um autor que já conseguiu um bom destaque na mídia viria para o seu segundo mangá.
Por isso não tenho nenhum medo em dizer que comecei a ler Illegal Rare querendo ver se o autor tinha conseguido quebrar a barreira do “Único sucesso” e conseguido lançar um mangá criativo, inovador ou talvez, somente bom.
As primeiras 10 páginas foram mais de introdução, o autor preferiu nos apresentar dois personagens que seriam extremamente importantes para toda saga. Logo é deixado claro que o vampiro e personagem principal, Axl, é a pessoa mais rara da cidade, e por isso pode ser caçado pelos caçadores de raridades. E também é imediatamente exposto pelo autor o fato do vocalista do slikpnot Fukumen é um grande amigo de Axl, ao ponto de fazer piadinhas sobre ele se perder facilmente.
Em sí o mangá começa de forma bastante boba, nos entregando um pouco de humor pelo fato de Axl se perder, mas em meu caso pelo menos, não me despertou nenhum riso. Foi uma sequência de cenas bem sem graça e sem sal.
O mangá só começou a pegar ritmo de fato a partir do começo da investigação, onde Axl vai mostrando sua utilidade como grande detetive – Enquanto isso, Shiibashi vai demostrando que deu um grande salto na qualidade da sua arte desde o cancelamento de Mago.
Todo o clima bem obscuro da sala de “tortura” é fantástico… O autor consegue passar desconforto em nós, leitores, de maneira absurda. Lógico que ao mesmo tempo que ele demonstra dominar a técnica do chiaroscuro, Shiibashi falha um pouco no quesito transição das cores, o mangá não é muito gradativo, assim vai passando do claro ao escuro de forma rapidíssima… Melhor dizendo, o mangá utilizando muito pouco o sombreamento. Porém, isso não diminui a capacidade do autor em criar um ambiente dark (Um estilo que está em falta na Jump).
A investigação só ganha gás quando Axl descobre, através de um rastreamento histórico do sangue, que a menina que pediu ajuda é na verdade a irmã da sereia sequestrada… A partir daí, a história que tava bem fraquinha recebe um burst enorme em qualidade.
Somos jogados em um furacão de sentimento e drama… Vamos criando um ódio enorme sobre todos os caçadores pelo modo que eles tratam essas pessoas raras, como fossem simples mercadorias que podem ser mortas e vendidas a pedaço a qualquer momento.
A critica proposta por Shiibashi é interessante e bem atual – Podemos levar a dois caminhos, um mais ambientalista onde vemos muito humanos caçando especies em risco de extinção só para poder ter aquela raridade exposta em sua parede (Ou mesmo, no caso da Baleia no Japão, para vender a sua preciosa carne/óleo).
O segundo caminho que podemos levar a critica é a exclusão que a sociedade faz das pessoas diferentes, muito comum no japão, quando uma pessoa não se habitua a necessidades da sociedade é excluída por todos, até pelos familiares. Mesmo assim acredito que a primeira critica é a mais coesa com a realidade do mangá.
Axl finalmente descobre a localização da sereia e vai salva-la… Toda a cena de ação é bem frenética e sangrenta – O fato do autor adotar em Illegal Rare uma postura mais dark aumentou a sensação de que o mangá havia muitas cenas fortes e sanguinárias.
Mas tirando o fator “cenas sanguinária (Se fomos avaliar isso, Illegal Rare não é dos mangás mais sangrentos, temos muitos outros que abusam e fazem a festa com o sangue humano), a luta foi bem fraca… Sem nada de especial.
Aliás, não podemos considerar uma luta, na verdade foi Axl matando alguns humanos para finalmente alcançar a sereia e salva-la… Para que depois fazer um discurso prometendo caçar todos os caçadores de relíquias.
A cena dele a frente de todos os monitores é bem impactante e é o ponto mais alto do mangá – É o momento que finalmente entendemos qual será o proposito do herói nessa sua jornada que iremos acompanhar constantemente.
No final, Fukumen consegue abrir uma organização que defenderá os Rares, chamada Illegal Rare – Me colocando uma dúvida, o mangá adotará o sistema de vários pequenos arcos (Arcos que variam de 2 à 6 capítulos), onde a equipe Illegal Rare irá investigar um Rare e tentar salva-lo ou preferirá seguir um sistema de sagas mais longas, ao estilo One Piece atual, que duram 20/30 capítulos? Sinceramente, acredito que a primeira opção combina mais o mangá…
Minhas primeiras impressões sobre Illegal Rare são bem simples, o mangá tem um potencial enorme, um mundo vasto, cheio de criaturas… Um design de personagens e cenários bem darks, algo que não há na revista Jump e principalmente um apelo ao fujoshi.
Não posso dizer que Illegal Rare é fantástico, mas é um bom mangá que conseguiu me agradar nas suas 56 páginas divulgadas. Se será um sucesso? Eu sinceramente não consigo opinar, pois o que nos foi apresentou foi muito pouco e não passou nenhuma segurança que a história será foda!