Após alguns anos de ausência, o tradicional “TOP 30 – Melhores do Ano” do Analyse It retornou, desta vez com uma dinâmica totalmente nova. O ano de 2025 talvez não tenha sido um dos mais fortes no quesito novas obras, mas, ainda assim, contou com diversas séries veteranas que entregaram capítulos verdadeiramente espetaculares.
Por isso, a equipe do site, composta por Nicolin (criador do site), Lucca, FelRib, DNSS e Ghfrc, se reuniu para discutir quais mangás foram os melhores do ano, considerando apenas os capítulos lançados entre 01 de dezembro de 2024 e 30 de novembro de 2025 no Japão. Para algumas séries, também foram levados em consideração os volumes lançados nesse período, principalmente aquelas nas quais o acesso por capítulo é mais dificultado.
Cada integrante, com suas próprias especialidades, indicou mangás diferentes, e juntos conseguimos chegar a um TOP 30 capaz de englobar a diversidade de qualidade do mundo dos mangás, navegando por diversas revistas e múltiplos gêneros. Os quesitos principais foram: qualidade dos capítulos individuais, qualidade da quadrinização, desenvolvimento da arte e, por fim, a progressão e o desenvolvimento da história ao longo do ano. Mangás ausentes podem não ter sido lidos ou indicados por nenhum dos jurados.
Sem mais delongas, venha descobrir os melhores mangás de 2025 de acordo com a equipe do Analyse It.
30 – Mane Mane Nichi Nichi
Mane Mane Nichi Nichi é a mais nova obra de Souichirou Yamamoto, autor do lendário e pioneiro Takagi-san. Para o bem ou para o mal, Yamamoto dificilmente pode ser vendido como um autor de ‘’variedades’’, já que em todas suas obras, as dinâmicas da comédia romântica, junta da infalível ambientação escolar, moldam seu estilo de escrita há mais de uma década. Desta vez, o escritor se arrisca em uma história mais aberta para as sutilezas do mundo quase adulto de suas personagens; com um humor mais centrado no duplo sentido, na ignorância de adolescentes expostos a uma maturidade ainda precoce, de inocências travestidas de malícia. No disputado campo do Slice of Life,Mane Mane encontra pouca concorrência equiparável, entregando um 2025 constante e super divertido.
Texto: DNSS
29 – Majo to Youhei
Adaptação de uma light novel, Majo to Youhei conta a história de uma bruxa e um mercenário que após um encontro fatídico passam a viver aventuras juntos. É um roteiro tradicional de fantasia muito bem executado com coreografia de ação excelente, personagens com nuance e exploração de temas como preconceito e relações sociais.
Definitivamente o mangá de fantasia clássica que mais me agradou no ano por saber aonde fazer o clássico bem e aonde colocar seu tempero próprio, algo que não vejo acertarem o ponto assim com a frequência que Majo to Youhei faz.
Texto: Lucca
28 – Madan no Ichi
Quando lançado em 2024, Madan no Ichi surpreendeu os amantes de mangás pela surpreendemente parceria de autores: Osamu Nishi (Criadora de Iruma-Kun) e Shiro Usazaki (Criadora de Act-Age). O hype, logo veio a se tornar uma certeza de qualidade: Com protagonistas carismáticos, uma arte leve de se ler e cenas de ação grandiosas, Madan no Ichi se tornou o mangá do momento. O ano de 2025 serviu para expandir o universo apresentado: Vimos batalhas ainda mais épicas (com direito a três páginas duplas seguidas), a apresentação de mais personagens (que não são só mulheres), novos vilões e também novas magias. Mas para mim, a maior qualidade de Madan no Ichi continua sendo a sua quadrinização: Com uma leitura SUAVE e MÁGICA, as suas páginas são leves ao olho humano, mesmo quando entregam uma página carregada de ação e informação visual. É, para mim, visualmente uma das melhores quadrinização dos mangás semanais de 2025.
Texto: Leonardo Nicolin
27 – Medalist
Encontrar bons mangás de esporte segue sendo um eterno desafio para os amantes do gênero. Surpreende pouca gente, mas tivemos, novamente, mais um ano carente de boas novidades de qualidade; para compensar esse vácuo, nada mais natural do que recorrer aos velhos conhecidos, esses nunca decepcionam. Com a intensidade emocional típica da série e a quebra radical de personagens importantes rumo a novos horizontes, Medalist não parece cansar de entregar, sempre com uma enorme excelência, mais um ano impecável.
A baixa quantidade de capítulos e prolongação de certos arcos impedem a série de conquistar uma posição melhor, mas dentro de um mercado enxuto de boas histórias do tipo, Medalist reina soberano mais uma vez.
Texto: DNSS
26 – Akuyaku no Reijou no Naka no Hito
Uma excelente história shōjo de uma vilã que conheceu a sensação de ser amada pela primeira vez e a sensação de perder esse alguém, The One Within The Villainess terminou este ano e já tem confirmação de adaptação em anime. Em 2025, os capítulos finais mostram de forma satisfatória a antagonista da história sendo publicamente exposta de todos os seus crimes de forma ainda pior do que ela havia feito com a protagonista no início da obra. As expressões faciais exaltam a arte com a beleza de Remilia e as “Jojo faces” de Pina, sendo um tempero a mais nesse evento de exposição.
Após o climax, temos um epílogo doce com um reencontro que me emocionou. Sem dúvidas uma das minhas leituras favoritas do ano, mostrando que uma vilã que ama deve ser muito mais temida que sua versão que desconhecia o afeto.
Texto: Ghfrc
25 – Dream☆Jumbo☆Girl
A comédia acompanha a rotina de duas amigas que acabaram de ganhar 700 milhões de ienes na loteria, uma quantidade capaz de transformar a vida de qualquer um. A relação de ansiedade e apreensão da protagonista Chie enfrenta um contraste agonizante graças a impulsividade sem limites da sua amiga Kanae, que não mede esforços para gastar de maneira cada vez mais fútil toda sua fortuna. Dream☆Jumbo☆Girl é a obra de um autor amadurecido, um veterano que nunca teve medo de extrapolar no seu humor absurdo.
Com um cast de personagens carismáticos, seu senso infinito de escalonamento e de situações surreais que não cessa jamais de se expandir, Dream☆Jumbo conquistou uma posição certa entre uma das melhores comédias e estreias do ano.
Texto: DNSS
24 – Tower Dungeon
Para mim, Tsutomu Nihei é um dos melhores autores da atualidade, justamente por conseguir transmitir grande emoção mesmo com uma quadrinização mais minimalista. Em 2025, o autor continuou desenvolvendo tanto os personagens quanto o universo rico da série, adicionando ainda mais camadas, tanto macro quanto micro. Por exemplo, enquanto conhecemos ainda mais sobre os Necromances no capítulo 20, no seguinte vemos personagens revelando seus sentimentos, com diálogos que soam naturais e nem um pouco robóticos. O autor consegue, em poucas páginas, equilibrar muito bem a necessidade de exposição com a necessidade de envolvimento sentimental com a história. É uma leitura prazerosa que tenho todo mês na K Manga, que, para mim, é atualmente o melhor aplicativo de mangás disponível no Ocidente.
Texto: Leonardo Nicolin
23 – Chainsaw-man
Fujimoto nunca escondeu de fazer Chainsaw Man tanto a jornada pessoal de humanização de Denji quanto também um comentário sobre diversos conceitos vistos como “medos” da sociedade. Porém a parte 2 da obra nesse ano parece ter chegado ao ápice dessa mistura. A persistência de Denji em resistir ao mundo terrível que vive nunca foi tão forte, e os temas nunca foram mais bem integrados ao roteiro quanto ao que está sendo feito com o conceito da guerra e sua conexão com o quanto a cultura é influenciado pelo complexo militar industrial. Um battle shounen que diverte da forma mais simples possível, mas com sabor ainda mais refinado para quem quiser mastigar um pouco mais.
Texto: Lucca
22 – Shiretto Sugee Koto Itteru Gal. – Shiritsu Paranomaru Koukou no Nichijou –
Possivelmente a obra menos conhecida da lista, Paranomaru surgiu durante a pandemia como um canal de animações que conta a história de estudantes com poderes. Tada Hikaru, que tem o poder de brilhar, é o protagonista que fica narrando situações inusitadas geralmente causada pela dupla Gyaru que senta no fundo da classe. Mirai que pode ver o futuro e Shouko que pode viajar para outros universos paralelos. Embora tenham poderes tão fortes, só vivem se divertindo. O ano de 2025 começou muito forte para a série, com a Mirai se recusando a ver o futuro para saber o que aconteceria com a sua avó que está no hospital, e logo após esse arco, o mangá volta para sua comédia com a Mirai adotando o gato de Schrodinger.
Texto: FelRib
21 – Witch Watch
Kenta Shinohara explorou ao máximo seu livre arbítrio e capacidade criativa de navegar entre o maior número de mares possível. Na clássica metodologia herdada do seu mentor Hideaki Sorachi – autor de Gintama -, Shinohara buscou arranhar os limites daquilo que uma história pode almejar, tudo sem permitir a desvirtuação de seus alicerces. O encerramento de um dos arcos mais longos da série, a entrega de intensos arcos românticos, o início de um novo ciclo de ação, tudo isso, compondo um acumulado caótico, um montanha russa imparável que não cansa de entregar o maior nível de loucura e tensão possível para seus leitores. Se você procura por qualquer coisa em específico, seja ela qual for, é capaz de encontrá-las em Witch Watch.
Texto: DNSS
20 – Utsuranain desu
Para Utsuranain desu, não existe nada melhor do que a próxima semana, já que a série não cansa de elevar seu nível com o progresso dos capítulos. Considerada a quarta melhor história do ano na prestigiada premiação do Kono Manga Sugoi!, percebemos que nem a crítica ou o público geral se fazem de ignorante para o nível de qualidade entregue da série no seu ano mais importante até agora. Detentor de uma arte estilosa e de uma escrita engenhosa, o mangá que mescla horror e comédia, com uma incrível naturalidade, continua impondo seu excelente ritmo. Assustando de um lado, divertindo do outro, Utsuranain conquista seu merecido espaço entre as melhores histórias do ano.
Texto: DNSS
MENÇÃO HONROSA A QUADRINIZAÇÃO FLUÍDA DA LUTA:
The Four Knights of the Apocalypse
A obra esse ano desenvolveu o melhor arco da história até este momento, com um grande arco de torneio onde todos tem motivo para querer vencer. É muito interessante ver a dualidade entre Percival e Diodora, o filho odiado e o amado por Ironside, mas apenas um deles parece ter encontrado felicidade. Também há revelações importantes sobre alguns pecados da obra original, mas no fim a mensagem principal é a força que vem do amor. Indo além da história, esse arco traz a melhor qualidade de Nakaba Suzuki a tona, sua excelente quadrinização para lutas, me trazendo a nostalgia de ler os primeiros Budokai Tenkaichis de Dragon Ball. Não se vê uma qualidade tão absurda para desenhar lutas em outros mangás.
Texto: Ghfrc
19 – Blue Period
Este ano simplesmente tivemos o reencontro mais esperado da história dos mangás, e obviamente não estou falando de Luffy e Shanks (Talvez em 2030). Nosso protagonista Yatora Yaguchi fez uma colaboração com seus colegas do ensino médio e isso obviamente inclui Maru Mori, aquela que o inspirou a entrar no mundo das artes. Vemos uma escrita riquíssima desse reencontro, onde Yatora precisa encarar que em algum momento seus passos deixaram de ser o de alguém seguindo os rastros de outra pessoa, e que sua inspiração pode sempre ir por algum desvio inesperado enquanto você segue no caminho onde esperava reencontrá-la numa linha de chegada.
Texto: Ghfrc
18 – Noa-senpai wa Tomodabachi
A história acompanha o relacionamento do introvertido Rihito com sua veterena colega de trabalho Noa, uma mulher extremamente obsessiva, grudenta, chorona e perturbada mentalmente. Com a amolação de uma protagonista imparável na sua chatice, na paciência infindável de um colega que se mantém sempre na berlinda, Noa-senpai wa Tomodachi trabalha com muito bom humor e sutileza os limites daquilo que somos capazes de enfrentar para sustentarmos nossas relações sociais. Até que ponto conseguimos sair da nossa zona de conforto para nos expormos ao próximo, e até quando essa abertura consegue ser confortável o suficiente para a construção de algo realmente proveitoso. Noa é aquele seu gato que não para de te arranhar e rasgar suas coisas, mas que você não consegue deixar de amar.
Texto: DNSS
17 – Kagurabachi
Se formos além dos memes, além da divisão de “ódio” ou “amor” que existe ao redor da série, perceberemos que Kagurabachi possui qualidades que precisam ser realmente bem avaliadas. Para mim, a maior qualidade da série não é exatamente o seu roteiro, mesmo que todo o arco de “Sword Bearer” esteja entregando um bom desenvolvimento da personagem Iori Samura, mas sim a capacidade do autor de transmitir uma identidade visual única em suas batalhas. Inspiradas em Tarantino e com claras referências visuais aos mangás de samurai, Kagurabachi conseguiu dar um passo espetacular em sua arte no ano de 2025, entregando quadros que lembram cenas de cinema dentro das páginas do mangá. São poucos os mangás de ação que conseguem trazer tamanha imersão quanto Kagurabachi conseguiu em 2025. É incrível como um mangá inicialmente problemático, no qual cheguei a criticar duramente nos primeiros capítulos, conseguiu evoluir tanto ao longo do ano.
Como é dito pelo “fandom” de Kagurabachi foi: “ABSOLUTE CINEMA”.
Texto: Leonardo Nicolin
16 – 2.5D Seduction
“Por sermos humanos, nos machucamos, preenchemos as falhas uns dos outros e vivemos.” Para muitos que apenas olharam os primeiros volumes, 2.5D parece ser apenas uma obra ecchi. Mas a história mostra aos poucos o que os personagens do clube de mangá precisam passar em suas vidas, como solidão, excesso de responsabilidades e trauma. Esse ano final da obra fechou todas as pontas abertas que ainda haviam no universo da história, com algumas reviravoltas interessantes nos arcos do ano e um final adorável. 2.5D terminou como uma obra que ama a cultura otaku e mostra que você tem que ter orgulho das coisas que você ama.
Texto: FelRib
15 – Skip to Loafer
Muito mudou na obra desde que Mitsumi Iwakura saiu de sua terra natal, mas o conforto da leitura segue intocável. Este ano finalmente tivemos sua família a visitando em Tóquio e é emocionante ver o quão bem a protagonista conseguiu se adaptar a cidade e crescer como personagem. Entretanto a autora não cansa de nos surpreender com o desenvolvimento de Shousuke Shima que com cada vez menos problemas ou traumas para ocupar a mente, ele não está mais tendo desculpas para não começar a organizar seus sentimentos românticos. A jornada desse personagem me comove e me faz colocá-la entre as melhores leituras do ano.
Texto: Ghfrc
14 – Nue no Onmyouji
Já escrevi um texto inteiro sobre o apelo do mangá, mas não poderia deixar passar pela evolução imensa da obra nesse ano. A comédia está cada vez melhor com o elenco maior e com personalidades fortes, o romance ser parte dos power-ups do protagonista é uma idéia excelente, o mundo está sendo mais bem construído e as cenas de ação dos arcos de Suzaku e Soranaki tem uma quadrinização cheia de quadros que é mesmo assim fluída e eletrizante. Não posso negar meu lado otaku que ama tantos gêneros diferentes e Nue traz o cardápio completo quase toda semana.
Texto: Lucca
13 – Superstar wo Uttate.
Quando foi anunciado aqui na Itália, com o nome “La voce della Strada”, eu ainda não conhecia Superstar wo Uttate, contudo, assim que comprei o primeiro volume, percebi que estava lendo um dos mangás mais únicos da atualidade. Lançado no Japão pela Shokugakan, a obra segue a vida de Yukito Oji que após perder sua mãe e sua irmã elabora o seu luto através do Rap. E talvez a sua maior qualidade não seja simplesmente as “rimas”, mas como o autor consegue desenvolver com humor e ao mesmo tempo sentimento palpável a realidade das ruas de Osaka – enquanto conhecemos como os personagens tentam mudar a própria realidade através do rap -. Não tem glamurização, é a essência urbana moderna nas suas páginas. A obra exala identidade, sim, imperfeita, mas com ótimo “Flow”.
Texto: Leonardo Nicolin
12 – Amelia no Koukiteki Romance
Romances sobre uma garota “certinha” e um delinquente ou playboy não são raros. Mas o que esse shoujo faz de interessante é traçar um paralelo desse contraste com a criação de arte. Pelos olhos de uma fã de novels digitais, a obra explora a idealização do amor, a importância do “kink” e a balança entre o platônico e o físico com um tato raro de se ver.
É um romance tanto sobre o amor pela ficção quanto por aquele do seu lado e é difícil não se apaixonar junto.
Texto: Lucca
11 – Hikaru ga Shinda Natsu
No geral, o ano de Hikaru ga Shinda Natsu, também conhecico como “The Summer Hikaru Died” foi espetacular: Tivemos uma adaptação em anime de sucesso, e ainda por cima, também tivemos a história caminhando para sua conclusão (que terminará muito provavelmente em 2026), mas o destaque da série em 2025 aconteceu no primeiro semestre, quando “Hikaru” teve que lutar contra o “buraco”. Todo o arco acabou sendo cheio de informações que revelaram as bases das lendas da vila, mas também cheia de ação que frenética, que uniu terror psicologico, terror visual e superação pessoal. O mangá está fechando suas pontas e os personagens já estão bem mais adultos do que eram no começo da obra, assim Hukaru ga Shinda Natsu está caminhando genialmente para seu encerramento.
Texto: Leonardo Nicolin
MENÇÃO HONROSA – NOVO, MAS INCRÍVEL!
FUTARI BUS
Com pouco menos de 2 meses de vida, Futari Bus conseguiu conquistar corações com extrema rapidez. O que mais encanta é a sutileza que sua narrativa, visual e não visual, consegue transparecer para o leitor que embarca em seu micromundo. Acompanhamos a banal rotina de dois jovens do interior, que em direção a escola, encontram-se dentro do ônibus. Esse simples dia a dia pode parecer pouco interessante na mera descrição, mas como sempre, a execução é o que realmente importa, e numa mistura de intimidades, nervosismo infantil, laços construídos dentro do transporte público, temos tudo que é necessário para a produção de uma série cativante. Afinal, quem nunca quis conversar com aquela pessoa que você sempre encontra no ônibus. Não fosse pela baixa quantidade de capítulos, a série certamente estaria entre as melhores do ano, e pelo o que entrega, sua inclusão no ano que vem é garantida.
Texto: DNSS
10 – A Sign of Affection
Sem brincadeiras, para mim, A Sign of Affection é um dos melhores mangás de romance da atualidade. O mangá parte de uma premissa interessante (um romance com uma protagonista com deficiência auditiva, que se comunica principalmente por meio da linguagem de sinais e de texto), mas entrega para um romance complexo, com várias nuances que vão além do simples “amor juvenil”. Em 2025, vemos a rápida evolução da relação de Yuki com o outro personagem importante da trama (para evitar spoilers): eles não só estão morando juntos, como cada vez mais discursos sobre “planos futuros” começam a surgir. Ao mesmo tempo, Yuki ainda está tentando aprender a comunicar bem seus desejos e sentimentos, o que cria um desequilíbrio na relação. A autora, em 2025, deu mais um passo para que A Sign of Affection continue sua trajetória no desenvolvimento de um romance maduro, com camadas e, principalmente, que não precisa de dramas novelescos para transmitir uma emoção impecável.
Texto: Leonardo Nicolin
9 – Idolatry
Um reality show de idols que é infiltrado por uma fã louca disposta a criar os planos mais milaborantes para que sua favorita vença o prêmio. A premissa por si só é muito boa, mas Idolatry sabe como fazer com que o misto de loucura e genialidade da protagonista Junna a faça extremamente divertida de seguir. Os duelos quase-psicológicos no contexto idol trazem algo de único que me anima toda semana — “como essa menina que não sabe nem rebolar passará de fase numa prova de dança contra outras dezenas de celebridades experientes?”. Nada como um mangá que te faz virar a página para ter essas respostas.
Texto: Lucca
8 – Kono Oto Tomare!
Quando se trata de mangás, não há um gênero que seja tão díficil de representar quanto mangás de música, por isso, ser bom não é suficiente, apenas aqueles com excelência sobrevivem. Amyu, autora da obra citada, possui tal excelência, conseguindo emocionar em todos os capítulos do ano ao mostrar a apresentação dos protagonistas com uma arte belíssima que te faz entender o som de cada membro do colégio Tokise sem o leitor necessitar da audição. Foi uma longa jornada que provavelmente se encerrará ano que vem, então não há emoção maior do que vê-los conquistar o que no início parecia um sonho impossível.
Texto: Ghfrc
7 – Koisuru Lip Tint
Hoje em dia shoujos são praticamente ignorados por uma grande maioria em questão de tradução, com a Shueisha inclusa por não querer trazer oficialmente nenhuma obra da demografia no MangaPlus por exemplo. Resta então as scans para tentar popularizar uma obra. Koisuru Lip Tint poderia totalmente estar no applicativo deles, mas não está, esse foi o ano de colocar mais obras Seinens enquanto os fãs de Shoujo e Josei passam fome. Lip Tint eu não diria que é uma grande reviravolta para uma história assim, ela é simples, com a protagonista Ako sendo super carismática e alto astral, e Harumi, o interesse amoroso bonito, misterioso e que começa meio ríspido. A história é simples, com uma arte espectacular e maquiagem e estilização aparecendo em segundo plano. Em 2025 Ako e Harumi se conhecem melhor, mas ela toca em um assunto delicado e quase estraga a relação mentindo. A resolução porém é bem escrita e prova que comunicação é sempre importante!
Texto: FelRib
6 – Vinland Saga
Eu acredito que Vinland Saga é um mangá mal interpretado. Sim, é um dos maiores seinen em popularidade no Ocidente, mas, mesmo assim, muitos de seus leitores amam o mangá pelo motivo errado: gostam das lutas grandiosas, do sangue e da vingança, quando, na verdade, Vinland Saga é uma história sobre a humanização de uma criança criada em um ambiente desumano. E, ao longo da jornada na qual vimos Thorfinn crescer, isso se tornou cada vez mais claro e óbvio. Em 2025, vimos a conclusão dessa incrível jornada com um realismo tocante. O autor não decide criar um paraíso na Terra, uma fábula como se Thorfinn tivesse alcançado o “nirvana”, a terra de paz tão sonhada; isso seria incongruente com a própria realidade que a obra apresenta.
Em vez disso, ele opta por concluir com um realismo e, ao mesmo tempo, uma sensibilidade que conseguem resumir muito bem a mensagem principal da história: “a paz e a justiça não são algo que será alcançado de um dia para o outro, mas algo pelo qual todos os seres humanos precisam continuar lutando por toda a sua existência”. Uma mensagem importante em um período no qual a violência, a pena de morte e a guerra estão sendo cada vez mais normalizadas. Eu espero que Vinland Saga não seja lembrado somente como um Seinen de grandes batalhas sangrentas, mas como essas batalhas sangrentas nunca deveriam ser glorificadas.
Texto: Leonardo Nicolin
5 – City
Há muito tempo, havia um mangá de lutinha. Um dia ele se encerrou, e se manteve assim por muitas eras. Em algumas eras foi um mangá de adoração, mas em outras foi só um mangá qualquer. Apesar de sua opinião pública ter mudado ao longo do tempo, sua imagem se enraízou na região. E agora, a análise é sobre uma história que não tem nada a ver com esse mangá, mas sim sobre CITY, de Keiichi Arawi. Sim, desperdiçar todo esse parágrafo é uma amostra do humor inesperado que o autor conhecido por Nichijou é capaz.
A obra que havia acabado em 2021, voltou com o equivalente de 2 volumes de conteúdo após o anúncio de seu anime. Essa breve revisita a CITY trouxe novos personagens, desenvolvimentos inesperados para os antigos e um humor da qualidade que só a cidade pode nos proporcionar. Foi uma curta revisita, mas as loucuras, desventuras e risadas proporcionadas a mim foram suficiente para que eu colocasse entre os melhores capítulos do ano. Afinal, nada é mais CITY do que um capítulo se passando num novo continente onde quatro personagens jamais vistos são amaldiçoados por relíquias proibidas!
Texto: Ghfrc
4 – Ninja to Koroshiya no Futarigurashi
No ano de sua excelente adaptação em anime, o mangá de Ninkoro (abreviação) conseguiu superar seu nível já altíssimo de qualidade com arcos que elevam ainda mais os temas da obra. É como se o autor tivesse noção da atenção redobrada que recebeu e evoluiu ainda mais, tanto como escritor quanto artista.
Ninkoro é uma comédia dark sobre uma garota ninja fugindo da sua vila e sendo perseguida por outras ninjas, e sua nova amiga, uma assassina capaz de protegê-la. Juntas as duas banalizam a morte com o tom de comédia da obra. A questão é que ao mesmo tempo esse roteiro vai se transformando num drama sobre a importância de conexões sociais e emocionais, não importa o quão sombrio e cínico o mundo seja. Ninkoro é inventivo, ousado e profundo, mostrando como comédias podem ser as melhores reflexões da condição humana.
Texto: Lucca
3 – Uma Musume: Cinderella Gray
Oguri Cap é uma garota que adora correr, ela correu e correu enquanto ganhava prêmios importantes e o coração de fãs pelo país inteiro. A história dela é como um conto de fadas que motiva, você pode ir do nada para o sucesso. Ela fez muitas amigas, muitas rivais, porém são dez horas no relógio, elas pararam de correr e só sobrou ela. Oguri está carregando a responsabilidade de toda geração, ela precisa continuar competindo, ainda são onze horas, ela ainda tem tempo, ela ainda… O relógio bate meia noite, ela perdeu. Toda história tem seu fim, todo livro sua última palavra, todo jogo o seu apito final. E toda corrida, tem sua última volta. O ano de 2025 foi dedicado inteiramente para a realidade cruel que é a aposentadoria de atletas. Oguri esteve com a gente por cinco anos no mangá, um ano a mais do que a carreira do Oguri Cap real, que durou de 1987 a 1990. Despedidas são crueis, amargas, a gente não quer ver o final da história de personagens que amamos. Algo que Cinderella Gray sempre teve como um tema é o seu próprio nome: Cinderella, o conto de fadas que sempre acaba quando chega meia noite, e sim, o relógio já bateu o horário, tudo acabou.
Eu posso ter sido um pouco dramático, porém contar uma história de aposentadoria precisa ser feita com mais realismo. Todos os personagens aos poucos se dando conta de que é a reta final é doloroso, principalmente quando é a Oguri. “Se eu não posso correr, o que eu tenho?” lamenta ela, eis então que o técnico dá o suporte, se ela quiser correr, ela vai. Ela só precisa querer. Também preciso comentar das rivais lembrando Oguri sobre o que é importante: “Você não precisa carregar essa responsabilidade, você só precisa gostar de correr” Não tenho dúvidas de que este é um dos melhores anos finais para uma obra. As cortinas se fecham para ela, mas ela segue feliz. O nome dela é Oguri Cap, e ela adora correr.
Texto: FelRib
2 – Akane Banashi
Akane Banashi é um daqueles mangás que constantemente mostram que apenas grandes artistas conseguem subverter a fórmula shonen e entregar uma grande obra dentro dessa demografia. De fato, já no primeiro capítulo, a dupla se nega a apresentar uma história focada diretamente na protagonista Akane, que quase não aparece nas 50 páginas iniciais da obra. Eles decidem contar a origem de Akane por meio da história de como seu pai abandonou a modalidade artística do “Rakugo”, sua maior inspiração. É uma decisão extremamente arriscada, já que vai contra qualquer aula de “como fazer mangá”, mas que resultou em um dos melhores primeiros capítulos já escritos.
Em 2025, a coragem da dupla se expandiu ainda mais. Ao desenvolver a relação entre Akane e o professor Shōmei, passamos a compreender ainda mais nuances da arte do Rakugo, uma modalidade teatral única do Japão. Mas é principalmente nos eventos (incluindo o Isshokai que acabou de começar) que conseguimos ver a execução dessa arte – e que execução, meu amigo. Unindo arte tradicional japonesa, arte abstrata e a linguagem do mangá shonen, Akane Banashi entregou uma verdadeira aula de quão vasta pode ser a narrativa visual, até mesmo em uma obra semanal da Weekly Shonen Jump. Não existe nenhuma obra, dentro desse TOP 30, que esteja conseguindo entregar uma narrativa visual melhor do que Akane Banashi. Simplesmente não existe. Akane Banashi está caminhando para se tornar uma das obras de maior qualidade que já passaram pela história da revista.
Texto: Leonardo Nicolin
1 – Parashoppers
Parashoppers conta a história do colegial Amaragi Mitsuda, um jovem ordinário e extremamente otimista. Amaragi acaba tendo sua vida transformada ao se descobrir dentro de um jogo de vida ou morte, um battle-royale onde você pode comprar e vender poderes, tudo por meio de um aplicativo de celular. O que de fato conquista em Parashoppers não é seu enredo simples, mas a engenhosidade da sua narrativa no desenvolvimento de cada conflito. No melhor estilo Jojo Bizarre Adventures, acompanhamos a luta por sobrevivência de Amaragi e sua trupe, com a utilização de poderes cada vez mais excêntricos; controlar um único pedaço de palha, habilidade de causar câimbras, capacidade de criar pães de yakisoba, soltar melecas de fogo e outras maluquices. O leitor fica constantemente exposto a uma infinidade de possibilidades, dentro de uma criatividade imensurável na elaboração de cenários cada vez mais complexos e intensos, capazes de conciliar loucura com boa execução, sempre com uma maestria impecável.
Não tenho qualquer vergonha na hora de usar o maior número de hipérboles possíveis para destacar o nível de qualidade que sua história entregou ao longo de todo seu 2025, e não existe, hoje, entre os mangás de ação e aventura, uma história mais negligenciada pelo público geral do que Parashoppers. Seu primeiro lugar não aparece como algum tipo de acidente, mas como confirmação de um ano imaculado e de uma história que não cansa de surpreender. Para quem curte uma boa história de porrada, onde as consequências importam, com soluções encontradas no jogo mental ao invés da aplicação da maior força bruta disponível, você simplesmente não tem outra opção, Parashoppers, nosso melhor mangá do ano, é sua leitura obrigatória.
Texto: DNSS

















