
Tapete vermelho para Mokushiroku no Yonkishi e a importância de Suzuki Nakaba! E com o ano chegando ao fim, a Magazine vai confirmando Yaergnacht como um dos maiores hits da demografia shonen em 2025. Tudo isso e mais na TOC da Weekly Shonen Magazine, a segunda maior revista shonen do Japão. Começando pela TOC:
- Mokushiroku no Yonkishi (Primeiras Páginas Coloridas) Ch. 210
- Megami no Café Terrace Ch. 214
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 239
- Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 148
- Kurotsuki no Yaergnacht (Página Colorida) Ch. 23
- Blue Lock Ch. 320
- Kanojo, Okarishimasu Ch. 396
- Kanan sama wa Akumade Choroi Ch. 158
- Banjou no Orion Ch. 75
- Mayonaka Heart Tune Ch. 92
- Ao no Miburo: Shinsengumi hen Ch. 70
- Kakkou no linazuke Ch. 269
- Gachiakuta Ch. 152
- Yowayowa Sensei Ch. 139
- Dream ✰ Jumbo ✰ Girl Ch. 18
- Kaijin Fugeki Ch. 55
- Yumene Connect Ch. 53
- Suruga Meteor Ch. 34
- Kagari-ke no 8 Kyoudai Ch. 24
- Hajime no Ippo Ch. 1504
- Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 196
- Idolatry Ch. 12
- Onko Saishin (Oneshot de Yoshida Ruka)
Ausências: Yashou no Kito Ch. 22, Ikitagari no Werewolf Ch. 27, Sentai Daishikkaku Ch. 194, Ahiru no Sora Ch. 616 (Hiato)

A capa é de novo de uma modelo, mas o primeiro mangá da edição é Mokushiroku no Yonkishi, promovendo o começo de um novo arco, o foco em Lancelot e o novo volume do mangá.
A página colorida deixa claro que os editores sabem que os fãs querem muito saber mais de Lancelot. É uma promoção inteligente para o tipo de mangá que é, com fãs ativos e de longa data, que querem saber revelações dos personagens e do mundo da história.
Muitos devem saber, mas Suzuki Nakaba surgiu na Jump com Rising Impact, mangá de golfe lançado em 1998. O autor durou um tempo lá, mas após alguns cancelamentos virou um andarilho. Publicou obras para a Shonen Sunday e a Shonen Champion, só vindo depois para a Shonen Magazine, tornando-se um dos raros autores a terem a honra de dizer que publicaram nas”Quatro Grandes Revistas Shonen Semanais”. Porém Nakaba firmou casa na Magazine após o sucesso colossal de Nanatsu no Taizai — já são 13 anos na revista.
Obviamente, empresas agem de acordo com seus interesses comerciais, então é normal que os editores queiram Nakaba na sua line-up considerando que seu mangá está entre os dez maiores da história da revista. Mas mesmo assim é inegável que o autor virou uma das faces da Magazine e é tratado como tal.
Mokushiroku no Yonkishi não vende tão bem quanto Nanatsu, mas ainda está no top 4 de vendas da revista e é tratado como um de seus pilares. A franquia tem apelo global como anime e o novo jogo Nanatsu no Taizai Origin foi um dos destaques principais na Tokyo Game Show, maior convenção de games do Japão.
Considerando o tanto que a Magazine se importa em manter autores veteranos, Nakaba tem tapate vermelho para continuar sua obra e carreira com todo apoio possível.
O vice da vez é também um daqueles movimentos para os seus autores. Megami no Café Terrace está para acabar, mas esse capítulo finalmente completa uma das tramas principais da obra e ganha grande destaque. Seo Kouji está na Magazine por mais de duas décadas e é exemplo da criação de raízes de autores de sucesso na revista.
Numa edição que colocou a maioria dos peso pesados na frente, Shangri-la Frontier completa o pódio. Além desse destaque, também ganhará as primeiras páginas coloridas da próxima semana pela ótima recepção do arco atual dos coelhos. O mangá continua vendendo num incrível ritmo e tem uma excelente adaptação que promete manter a obra nesse nível.
A grande “promessa de base” é o quarto lugar, Seitokai ni mo Ana wa Aru. Vendendo mais de 40 mil volumes físicos ao mês, a comédia que é um titã do digital terá como missão expandir ainda mais seu enorme sucesso com seu anime em 2026. A Magazine precisa de novatos de sucesso e SeitoAna é um dos maiores do mercado sem uma animação ainda.
E falando de promessas, está aqui Kurotsuki no Yaergnacht com mais uma página colorida. Dessa vez em celebração de ter “quase 100 mil cópias em circulação” em dois volumes. Provavelmente ficou acima dos 90 mil e o lançamento do volume já o colocaria facilmente acima dos 100 mil com o digital, então eles já resolveram adiantar o anúncio para a promoção da obra.
Em post recente no site (matéria de Chojo), o Nicolin comentou que a Magazine e a Sunday acharam ao menos uma nova série vendendo acima dos 20 mil nesse ano e a Jump não (Modulo é parte de Jujutsu Kaisen e não uma nova IP). E realmente, olhando por esse lado é possível de ver como Yaergnacht foi um achado num mercado em decadência; um mangá que vende nessa faixa e com um excelente digital. Levando em conta o mercado geral, Yaergnacht é um dos maiores lançamentos shonen do ano, ficando atrás apenas de Silver Mountain da Sunday — com a diferença sendo que essa obra é de Kazuhiro Fujita, um dos principais veteranos da Sunday.
Não tirando os méritos de Silver Mountain, mas achar novatos está cada vez mais difícil e Yaergnacht surgiu repentinamente como um sucesso inesperado. Claro, a revista publica toda obra acreditando que ela pode se tornar popular, mas é claro que eles não acharam que teriam um dos maiores shonen lançados em 2025, acima de qualquer lançamento da Shonen Jump, em um battle harem para um público mais nicho.
Nesse sentido, dá para ver a diferença entre os editorais. O nível de ecchi de Yaergnacht não apareceria na Jump moderna e, mesmo com boas vendas, é difícil de imaginar que a obra seria tratada como uma de suas principais para o futuro, mas é como a Magazine está trabalhando o mangá.
Claro, há um limite para o que uma obra mais nicho pode alcançar no mercado, mas o editor chefe Shintaro Kawakubo recentemente destacou que um de seus focos é criar um ambiente livre para a criação. É uma postura de menos controle do que os autores podem fazer e de apelar para mais nichos diferentes do que só buscar obras mainstream. Por um lado, isso ajudou a Magazine a encontrar Yaergnacht, mas por outro a maioria de seus lançamentos no ano fracassou e a falta de sucessos em achar novos battle tradicionais se tornará um problema para a presença deles na mídia e entre o público casual.
O sucesso de Yaergnacht dentro da demografia shonen mostra tanto bom oportunismo em tentar expandir o tipo de público que você atende (nesse caso o mais otaku), mas também como a fragmentação dos leitores de mangá em diferentes bolhas está impactando o mercado de forma que até a Shonen Jump está tendo lançamentos mais em linha de vendas com suas rivais, enquanto hits super mainstream parecem estar ficando cada vez mais raros para todos.
Na sexta colocação temos um dos Grandes Hits de Mercado mais recentes, Blue Lock. A popularidade do mangá segue em alta, apesar de provavelmente ter passado de seu pico. Dito isso, por ser um mangá de futebol, o boost da Copa do Mundo está para vir.
Kanojo, Okarishimasu é o sétimo lugar em semana que o mangá viralizou até no Japão por estar batendo o número de volumes de Dragon Ball. Alguns questionaram: “mas como pode durar tanto?” e o autor Reiji Miyajima respondeu que os personagens se movem de formas inesperadas, alongando a história.
É engraçado, mas comentários do tipo não são incomuns entre criadores/escritores. Existem tipos diferentes de escrita, e muitos grandes sucessos da história são assim. Obras que “tomaram forma própria” na cabeça do autor, que depois as colocou em papel. Não é algo sobrenatural, mas uma escrita mais instintiva.
Oitava posição para Kanan-sama que continua sendo o ecchi mais promovido da TOC, até porque é o com anime mais próximo de lançamento.
O nono da TOC é Banjou no Orion com mais um capítulo de aprofundamento das relações dos personagens. O sucesso enorme de Sangatsu no Lion, que está acabando, mostra que shogi é um tema que pode encantar o público ainda. Claro, temos que levar em conta a escrita de cada obra, mas vejo potencial para que um bom anime alavanque o patamar de Orion.
Mayonaka Heart Tune é o décimo lugar e, segundo o autor, está no meio do arco da viagem escolar, então ainda pode ter muita coisa para rolar. Já na área de mídias, o tanto que os seiyuu promovem o anime futuro de MayoTune é bem encorajante. Sendo uma história sobre vozes, é óbvio que é um aspecto importante e o time de produção e marketing do anime está tendo noção de apelar justamente para o público que se importa com isso. A conta do Igarashi no Twitter é basicamente um misto de promoções de MayoTune e Mattaku Saikin no Tantei, suas duas obras recentes com anime.
Ao no Miburo em mais um capítulo focado em Itou e nos movimentos que aos poucos enfraqueceram a existência do Shinsengumi é o décimo primeiro da vez.
Kakkou no Iinazuke é o décimo segundo colocado em um capítulo habitual, mas que deixou um pequeno cliffhanger que talvez possa começar uma subtrama nova?
Com sua segunda cour em anime começando, temos Gachiakuta na décima terceira colocação. A nova abertura dá um clima mais típico de um battle shonen que a primeira, que era um pouco mais experimental. Não sei se ajuda de algo, mas ao menos deixa claro para o público do anime que poderá curtir umas boas lutas. Enquanto isso o mangá começa a luta final de seu arco, que promete muito.
Décimo quarto do grid, Yowayowa Sensei tem um capítulo sem a titular Yowayowa Sensei de novo! Tirando isso, seu arco de viagem continua em andamento e chutaria, pelos rumores, que seu final pode coincidir com as primeiras informações reais de seu anime.
Dream Jumbo Girl é o décimo quinto lugar e ganhará página colorida por colaboração com o grupo musical JELEE. Criado para o anime Yoru no Kurage wa Oyogenai, JELEE é um projeto musical em estilo utaite/vtuber de internet que um grupo cria músicas e vídeos juntos ao redor de um personagem; no caso a voz aqui é da famosa seiyuu Rie Takahashi (Emilia em Rezero, Megumin em Konosuba, etc). É uma promoção grande para um mangá novo e que reforça o apoio editorial à comédia do veterano hiroyuki — se alguém achava que as vendas abaixo do esperado poderiam representar perigo à continuidade do mangá, os editores deixam claro que, por momento, ele não vai para lugar nenhum.
Décima sexta posição para Kaijin Fugeki que é outra série recente que consegue vender acima dos 20 mil físicos, assim colocando-o entre os maiores hits shonen de 2024 e 2025. O capítulo em si é chocante, para dizer o mínimo.
Yumene Connect, o décimo sétimo da TOC, continua rompendo limites do que pelo visto é aceitável numa revista shonen moderna. Os comentários de Kawakubo sobre a Magazine ser permissiva se fazem claro aqui. E tanto Yumene quanto Yaergnacht promovem seus volumes como versões com ainda menos censura.
A spokon de baseball, Suruga Meteor, aparece na décima oitava posição em capítulo que vem numa crescente na narrativa. Mas ainda não dá para ignorar o elefante que são suas baixas vendas, é ver até que ponto a Magazine dará chances de crescimento ou se os votos dos leitores semanais são realmente tão bons que isso é suficiente para justificar sua permanência e o quanto isso implicaria que futuras obras podem seguir um caminho similar agora que o mercado decaiu tanto em vendas.
Uma “baixa” posição celebrada pelos fãs do décimo nono da edição, Kagari-ke. Sim, não é uma maravilha, mas continua uma tendência do mangá não mergulhar de vez no fundão da TOC. Acaba passando uma impressão que apesar das vendas baixas, o drama de monstros pode ter escapado de um cancelamento nessa leva.
Por questões de rotatividade e ritmo de leitura, Hajime no Ippo é o vigésimo lugar. Considerando os problemas da Jump com breaks repentinos em One Piece e a Sunday não conseguindo publicar muitos capítulos de seus dois pilares, Conan e Frieren, as paradas mais regulares de Ippo não parecem tão ruins assim. São 36 anos de mangá semanal afinal.
Antepenúltimo, Kuroiwa Medaka é a última romcom da edição. Alguém precisa ser toda semana, então normal. O mangá ainda vende bem.
Acima apenas de um oneshot, Idolatry é o penúltimo e está vindo de uma sequência de posições não muito positivas na TOC, ficando pior nessa semana na qual Ikitagari no Werewolf e Yashou no Kito não estiveram presentes para aparecer abaixo. O mangá continua razoavelmente popular nas redes e na Magazine Pocket, mas as vendas devem mesmo ficar perto dos demais estreantes do ano que de Yaergnacht baseado nos rankings de pré-vendas.
Entretanto, o mangá receberá mais uma página colorida por popularidade e terá uma campanha promocional com 100 presentes. Um dos pontos que percebi desde que comecei a escrever as TOCs para o site é que o apoio editorial por meio de produtos e afins é um sinal positivo; como exemplo, o autor de Yumene Connect participou fazendo artes para promoções da revista, algo que o de Irozuku Monochrome não fez — mesmo com vendas similares, Yumene foi o que se manteve. O escritor de Idolatry também é um novato que, segundo ele mesmo, até poucos anos atrás não tinha experiência com fazer mangá, mas sim com jogar Idolm@ster, então ele não tem uma fanbase pré estabelecida e pode ser que os editores apostem mais num crescimento gradual da obra. As vendas vão definir.
Ficamos por aqui e espero logo estar sentindo uma nova leva de estreantes chegando para termos ainda mais do que falar. Recomendo lerem as matérias especiais lançadas hoje no site, tem bastante coisa legal. Até a próxima!