
Uma página colorida nos faz retomar de novo o papo das métricas de sucesso numa revista de mangá. Isso e muito mais na nossa análise da Weekly Shonen Magazine, a segunda maior revista shonen do Japão. Começando pela TOC:
- Kanojo, Okarishimasu (Primeiras Páginas Coloridas) Ch. 382
- Kaijin Fugeki Ch. 44
- Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 183
- Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 136
- Suruga Meteor (Página Colorida) Ch. 22
- Megami no Café Terrace Ch. 201
- Hajime no Ippo Ch. 1496
- Kanan sama wa Akumade Choroi Ch. 145
- Blue Lock Ch. 308
- Dream ✰ Jumbo ✰ Girl Ch. 04
- Banjou no Orion Ch. 63
- Kurotsuki no Yaergnacht Ch. 10
- Yashou no Kito Ch. 08
- Kakkou no linazuke Ch. 255
- Ao no Miburo: Shinsengumi hen Ch. 56
- Mokushiroku no Yonkishi Ch. 197
- Batchiri Scratch! Ch. 49
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 226
- Yowayowa Sensei Ch. 125
- Kagari-ke no 8 Kyoudai Ch. 12
- Mayonaka Heart Tune Ch. 81
- Sentai Daishikkaku Ch. 181
- Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 186
- Yumene Connect Ch. 39
Ausências: Ikitagari no Werewolf Ch. 15, Gachiakuta Ch. 141, Ahiru no Sora Ch. 616 (Hiato)

A capa vai para uma idol, mas as primeiras páginas coloridas de mangá são de Kanojo, Okarishimasu em celebração pela quarta temporada do anime, com transmissão iniciando no dia 4 de Julho. Além disso, o mangá está no clímax do seu arco atual do encontro.
Muitos tinham expectativas desse arco poder encaminhar a série para um final, mas pelo visto a aventura ainda continuará por mais tempo. O anime mesmo já tem essa cour de agora e mais uma confirmada para completar o arco Hawaiians.
Na página de divulgação temos também comentários de todos os dubladores principais da obra e informações dos grupos fazendo abertura (Claris em nova formação) e encerramento (Regal Lily). Também colocam novamente o staff, que traz de volta muitos dos nomes que fizeram as duas primeiras temporadas da série visualmente mais ambciosas que a terceira. Não é por acaso que voltaram, com alguns desses nomes falando abertamente nas redes sociais por anos que são fãs do mangá.
A série não está mais no seu ápice de popularidade e recebe críticas, mas é inegável que ela movimenta as massas de leitores e espectadores mais do que qualquer outra romcom atual e o editorial da Shonen Magazine tem noção da importância do mangá para sua lineup.
A vice liderança é de Kaijin Fugeki em capítulo highlight visual e que caminha o arco para um possível climax. Recebe destaque por isso, mas até parece uma forma de destacá-la num momento que o mangá não apareceu no Tsugimanga. É coincidência, mas também é de se pensar que a Kodansha deverá pensar em mais formas de exaltar ainda mais o mangá de batalha e fantasia, que já vende acima dos 20 mil ao mês.
Fechando o pódio temos Kuroiwa Medaka em capítulo que parece banal de primeira, mas que me assustou novamente ao ver o grande número de comentários na Magazine Pocket. Capítulos novos lá são pagos e mesmo assim o número é muito superior à maioria das séries com lançamentos gratuitos; existe um público digital que está disposto a pagar por Kuroiwa Medaka e não é por acaso que a revista dá tanto destaque para o mangá.
O quarto lugar é Seitokai ni mo Ana wa Aru por motivos óbvios de mangá popular e com perspectiva de crescimento (anime em produção com ótimos nomes no projeto) ganhar destaque.
Recebendo página colorida, Suruga Meteor é o quinto colocado promovendo seu segundo volume para o dia 16 de Julho e passando a seguinte informação: entre as séries novas, nos últimos 4 anos nenhuma outra nova série recebeu mais votos na cartelinha da TOC.
Sucesso? É complicado. Primeiramente, é uma informação muito específica e difícil de entender exatamente as suas abstrações. Por quanto tempo uma série é considerada “nova”? São mais votos para primeiro lugar ou um geral? São dados que não temos. A informação obviamente está correta, mas não sabemos como medir e como traduzir isso para a expectativa de sucesso.
Existe um contraste com as baixas vendas do volume 1, por volta dos 1500. Esse número é baixo a ponto de cancelamento; Irozuku Monochrome foi cancelado vendendo 4000 cópias ao mês. Entretanto, algo que o Nicolin fala aqui no site sobre a Jump vale para a Magazine também, é importante agradar os leitores da revista também já que essas diferenças em números são pequenas a ponto de não importar tanto para a editora. Se existem 250 mil leitores semanais (só no físico), os editores querem agradá-los de modo que continuem comprando a revista.
É uma das questões do famoso caso de Kiyoshi na Jump, que tem vendas baixas, mas é promovido como grande sucesso. São leitores semanais da revista que não fazem questão de comprar volumes? Essa dúvida fica para Suruga Meteor no momento também.
Porém é fato que “últimos 4 anos” inclui obras como Gachiakuta e Seitokai ni mo Ana wa Aru, então eu diria que é claro que em “popularidade geral” Suruga Meteor não é o mais popular dos últimos quatro anos, mas mobilizou maior talvez um número menor de leitores a votar nele. Seriam fãs hardcore? Leitores que querem o baseball na Magazine?
Podemos fazer essas questões, mas por enquanto é claro que os editores não desistiram do mangá. Sua TOC continua boa e até na Pocket o mangá tem recebido um volume de comentários maior que vários dos novatos, o que bizarramente contrasta com o quanto o mangá inexiste nas redes sociais. É um caso único e interessante para mostrar as diversas métricas diferentes que guiam uma revista shonen semanal como a Magazine: votos, vendas, visualizações online, etc. Caso o volume 2 tenha números baixos de novo, será que os editores começarão a ranquear a spokon mais abaixo? No momento, só dá para esperar para saber.
Megami no Café Terrace é o sexto lugar e parece ainda estar numa espécie de tour de despedida. Mas esse tipo de tour às vezes pode levar mais tempo do que esperamos. Fora isso, mais uma referência para Aquele Evento de Fuuka, também de Seo Kouji. Ele sabe como atrair atenção mesmo.
O sétimo colocado é Hajime no Ippo em um capítulo cheio do começo da luta de Sendo e Ricardo. Percebi que tinha um número maior de comentários na Magazine Pocket em relação aos outros capítulos pagos recentes, mas a diferença deles para os capítulos gratuitos é enorme!
O mistério foi resolvido rápido ao ler o comentário mais votado do capítulo atual: “Podem comprar esse, ele é um capítulo completo”. Ou seja, o sistema de compra de capítulos individuais faz com que muitos leitores não comprem Ippo por medo de ser um dos capítulos curtos, algo que se tornou comum de uns tempos para cá. Capítulos com a metade ou menos de páginas que o comum e que esses leitores preferem esperar para ler gratuitamente.
Muitos perguntam às vezes se Ippo não deveria vender mais volumes pelo seu status lendário na indústria, mas é claro que as opções cresceram e também as formas que as pessoas acessam a leitura. Pelo visto existe uma gama de leitores que está contente em ler a série gratuitamente online, só ficando algumas semanas atrasado (os capítulos novos são pagos por um número de semanas).
Com a piora da situação econômica média do público japonês, salvar um dinheiro se torna uma opção que mais escolhem. O dever do editorial é balancear o acesso, que gera mais repercussão e atrai mais leitores, e o lucro de cada obra.
O oitavo lugar fica para Kanan-sama, o ecchi com o melhor ranqueamento médio da TOC. Provavelmente agrada mais os leitores gerais da revista.
Blue Lock é o nono colocado em um capítulo que expande ainda mais os possíveis caminhos e arcos futuros do mangá. A obra é tão importante por ser uma das mais vendidas do mercado numa revista que cada vez mais sofre para vender volumes que a idéia dela durar por mais uns bons anos é bem crível.
Outro que pelo visto já está caindo naquilo de chamar muita atenção especificamente em capítulos gratuitos, Dream Jumbo Girl é o décimo da TOC.
A décima primeira posição fica para Banjou no Orion. Cada vez mais personagens são introduzidos e explorados, dando impressão de uma longa serialização para os próximos anos.
O décimo segundo lugar é Kurotsuki no Yaergnacht. O mangá teve seus capítulos de graça na semana na Magazine Pocket e foi o mais lido do site por todos esses dias, recebendo também muito mais comentários que os seus rivais de leva.
A grande dúvida no momento é se Yaergnacht pode quebrar o paradigma de Yumene que teve um ótimo começo nessa esfera de redes sociais e sites, mas não foi o sucesso esperado em vendas física. A natureza nicho da série obviamente deixa isso mais difícil, mas é importante de ressaltar que Yaergnacht também tem a parte battle. Será que 10K seria possível? Veremos… eu chutaria que não pela impressão inicial, acho que serão conservadores na expectativa, então notícias de reimpressão podem ser o caminho para descobrir a demanda real, isso se os leitores simplesmente não comprarem edições digitais.
Yashou no Kito é o décimo terceiro da TOC e ganhará página colorida para promover seu próximo arco. É algo um pouco inesperado por não ser uma promoção de volume. No momento é um sinal de confiança dos editores para a obra, que tem melhora na recepção, com os leitores gostando dos aspectos de construção de mundo e fantasia. O capítulo em si me lembrou bastante algo como Black Clover, mas puxando mais para o fantástico.
O décimo quarto do grid é Kakkou no Iinazuke, ainda naquela fila de espera para a promoção do anime. Semana que vem é a vez de Gachiakuta.
Ao no Miburo aparece na décima quinta posição, em mais um daqueles capítulos retratando eventos históricos de maneira mais realista.
Décimo sexto da edição, esse capítulo de Mokushiroku no Yonkishi lembrou o Dragon Ball clássico para vocês? Quem lê sabe o momento que estou falando. Esse arco inteiro de torneio é realmente um Budokai Tenkaichi moderno e com a capacidade artística do Nakaba de quadrinizar e retratar movimento, é algo nostálgico e incomum nas revistas shonen atuais.
Ah, finalmente o arco final de Batchiri Scratch, o décimo sétimo da semana. As garotas vão preparar sua última apresentação e temos a demonstração do desenvolvimento da protagonista. Batchiri Scratch pode até ter durado mais tempo por questão de sorte com o timing, mas o autor estará entregando um mangá que realmente parece completo e não cancelado.
Shangri-la Frontier, décimo oitavo lugar, aparece mais para baixo pela boa e velha questão da rotação da Magazine. A boa recepção dos capítulos atuais me dá uma certa esperança das vendas não caírem muito quanto os volumes passarem do fim do último arco de ação para o começo mais “lento” desse.
Décimo nono colocado, Yowayowa Sensei faz o habitual de colocação baixa seguida de anúncio de mais uma página colorida. A autora quase não tem pausas e consegue entregar arte de qualidade consistentemente, isso também é algo que as revistas shonen atuais estão desesperadas por, ainda mais com as constantes questões de saúde enfrentadas por vários mangaka populares.
Vigésimo da TOC, Kagari-ke também não teve um bom resultado na Shoseki, vendendo por volta de 1200 cópias. Certamente o mangá não venderá o suficiente para sabermos mais de seus resultados além dessa semana, mas realmente são números para cancelamento.
A questão é que Suruga Meteor está provando que os editores ainda olham para outras métricas e oferecem mais chances agora. O problema maior é que Kagari já está caindo pela TOC mesmo assim. Uma reação precisa vir rápido para o mangá, que está entregando bons capítulos, mas tem dificuldade em furar a bolha já que seu estilo de narrativa mais introspectiva e sentimental é tão diferente da maioria do que se tem nas revistas shonen atuais.
Mayonaka Heart Tune aparece como vigésimo primeiro dessa vez. É aquilo de rodar as obras pela revista, algo completamente normal.
O capítulo em si mostra as forças das personagens além do protagonista Yamabuki, um dos destaques do mangá. O elemento da voz na história realmente demonstra o quanto um anime pode ajudar bastante a ressaltar o apelo de MayoTun.
Antepenúltimo, Sentai Daishikkaku teve um final tanto melancólico para sua segunda temporada de anime: vendas não cresceram e os fãs já estabelecidos reclamaram bastante do ritmo da adaptação, que correu dois arcos em 12 episódios. Continua tendo pouca prioridade na revista, mas não deve ser cancelado.
Inesperado de estar em penúltimo pelo conteúdo do capítulo, Amagami-san entrega uma resolução grande para o romance e seus capítulos restantes devem ser mais focados em deixar os leitores curtirem esse momento. Pode ser que os editores só queriam que os leitores folheassem o resto da Magazine até ali, mas o capítulo final deve ganhar um grande destaque pelos anos de trabalho.
Em último, continuam as dúvidas em relação a Yumene Connect. A recepção piorou? A popularidade digital é tão maior em relação aos votos dos leitores da revista? Também existe a possibilidade da obra ser tão ecchi que até para os padrões da Magazine ela recebe o famoso “Tratamento To Love-ru”, que é o de colocar os mangás bem ecchi no fim independente de sua popularidade.
Semana que vem a revista dará destaque para Gachiakuta, como falei. O editorial deve estar louco torcendo pelo sucesso do anime, estaremos lá para conferir. Até a próxima.