
Após o lançamento do mangá de futebol Embers, a Weekly Shonen Jump estreou uma nova série chamada B no Seisen (em inglês “Star of Beethoven”), um mangá que conta a história de um jovem pianista japonês que acaba se encontrando com Beethoven. Contudo, mesmo sendo uma ideia criativa, o autor de B no Seisen está se aventurando em um dos gêneros mais difíceis de alcançar sucesso na Shonen Jump: mangás musicais.
Tivemos algumas tentativas neste século, mas quase todas acabaram fracassando. Algumas, como Bremen, Soul Catcher(S) e PPPPPP, até conseguiram completar um ano de publicação, mas foram canceladas antes de atingirem dois anos, demonstrando que o gênero é muito nichado para se firmar na maior revista de mangás do mundo. Será que B no Seisen conseguirá quebrar essa barreira? Bem, é o momento de analisarmos a recepção japonesa dos três primeiros capítulos.
Começando pelas visualizações no aplicativo Jump+, o primeiro capítulo obteve 120 mil visualizações, um resultado considerado fraco, mas não péssimo. Infelizmente, estar em uma leva de dois mangás após uma leva com apenas um destruiu completamente o hype tanto da estreia de Embers quanto da de B no Seisen, prejudicando bastante suas visualizações no geral. Além disso, sua arte chamou menos atenção do que o estilo mais moderno de seu companheiro de leva, Embers, resultando em números ainda mais baixos.
Para piorar, os capítulos seguintes sofreram quedas substanciais, com a série registrando menos de 85 mil visualizações em cada um, demonstrando que a retenção do público não é ideal. Embora as visualizações no Jump+ não determinem o sucesso de uma série — sendo mais relevante a quantidade de votos recebidos na votação do cartãozinho —, esse é um sinal que não pode ser ignorado de forma alguma.
O motivo pelo qual muitos leitores abandonaram o mangá se resume a dois fatores: para alguns, a ilustração foi considerada fraca; para outros, o pouco foco no protagonista tornou a história menos interessante. Vamos abordar primeiro a questão da ilustração. Acredito que um comentário resume bem a percepção do público, sem a necessidade de citar vários outros:
- “Não é que um bom desenho seja tudo, mas, mesmo assim… Isso aqui é no máximo nível da seção indie do Jump+” — Comentário da Jump Matome.
Com um traço considerado “simples” e “mal acabado”, além de quadros que não proporcionam uma leitura fluida, muitos leitores japoneses criticaram duramente a arte da série. Para eles, esse mangá simplesmente não tem o nível necessário para ser publicado em uma revista do porte da Weekly Shonen Jump. Algumas pessoas também desaprovaram o estilo do autor, classificando-o como “datado” em comentários na 5ch.
Certamente, críticas à qualidade da arte têm se tornado mais recorrentes na Weekly Shonen Jump, já que os editores estão mais dispostos a apostar em autores com traços menos refinados — como também foi o caso de Cycle Biyori. No entanto, essa estratégia aparentemente não está funcionando, levando os leitores japoneses a questionarem as escolhas editoriais da revista.
O segundo ponto mais criticado foi o protagonista. Enquanto Beethoven agradou a vários leitores (e pode ser a esperança de sucesso para a série), sua introdução e a dinâmica de equilíbrio com o protagonista geraram insatisfação, tanto por dar pouca atenção ao personagem central quanto por não desenvolver bem a relação entre os dois. Dessa forma, a interação entre os personagens não cativou o público como o autor provavelmente planejava, e as decisões narrativas resultaram em uma recepção morna.
Inclusive, até mesmo o clímax do primeiro capítulo foi alvo de críticas na Jump Matome, com leitores questionando a impossibilidade do “dueto com música desconhecida”. Alguns podem pensar: “Em um mangá no qual Beethoven retorna à vida, estão reclamando da impossibilidade de um dueto?”, mas isso também reflete um erro do autor, que falhou em suspender a descrença dos leitores na narrativa.
Apesar disso, a volta de Beethoven à vida, embora tenha incomodado algumas pessoas (não pela ideia em si, mas pela forma como foi apresentada), no geral chamou atenção pelo conceito criativo e pela personalidade do personagem. A premissa é o ponto mais forte do mangá, levando muitos leitores a imaginarem como a história poderia se desenvolver caso o autor consiga construir um roteiro bem estruturado.
“Seria tipo uma versão de Paripi Kōmei com Beethoven, né?
Se for assim, bem que vários mestres poderiam se reunir no Japão e começar a brigar através de seus discípulos.
Mas, de qualquer forma, já no primeiro capítulo o desenho está bem ruim… Mesmo se fosse publicado na GIGA, seria no máximo um nível mediano para baixo.” — Comentário na 5ch.
Por fim, acredito que os próprios conceitos do mangá colocaram o autor em uma posição bastante complicada: não é simples criar uma história que apresente imediatamente dois personagens importantes que precisam brilhar juntos, sendo um deles uma figura histórica transportada para o Japão moderno. Ao mesmo tempo, o desafio de transmitir a intensidade das canções através da ilustração torna essa missão ainda mais difícil. Até o terceiro capítulo, os leitores não se convenceram nem pela arte nem pelo roteiro.
“Reencarnar uma grande figura estrangeira da vida real no Japão moderno é algo difícil de lidar.
Expressar música através de ilustrações também é complicado, então acho que é uma obra que arrisca bastante.
Pessoalmente, não desgosto, mas não sei se será bem recebida.” — Comentário na 5ch.
B no Seisen não teve uma boa recepção, não alcançou números satisfatórios de visualizações e parece estar caminhando para o cancelamento. Eu diria que sua jornada ainda não terminou, pois a boa aceitação do personagem Beethoven pode acabar revertendo essa má recepção. No entanto, se tudo continuar no ritmo atual, é inegável que a série dará adeus a revista com dois ou três volumes (16 a 24 capítulos). Espero que não acontece, espero que reverta sua situação, mas agora está lutando contra as probabilidades.