
O ano de 2025 começou, e todo mundo está esperando ansiosamente para saber: O que podemos esperar da Weekly Shonen Jump?
Em meados de 2024, tivemos uma grande mudança nos departamentos da Shueisha, com Yuu Saito assumindo o cargo de Editor-Chefe da Weekly Shonen Jump. O primeiro ano é sempre de adaptação, reorganização e avaliação da situação. É raro vermos grandes mudanças neste período. Contudo, é possível observarmos no segundo semestre uma identidade ainda maior de Saito, além de alterações nas posições na TOC.
Em 2024, houve a contratação de novos editores, além da transferência ou demissão de alguns colaboradores da gestão anterior. Por mais que muitos japoneses e ocidentais criticassem os editores da Era Nakano, não podemos dizer que essa mudança seja obrigatoriamente causada pela qualidade do trabalho deles. É normal a Weekly Shonen Jump abrir vagas para novos editores e demitir aqueles que não alcançaram bons resultados comerciais.
Contudo, é inegável que estamos vendo uma reformulação dentro do departamento da Weekly Shonen Jump (e também da Jump+) para se adequarem às exigências da Shueisha. Essa reformulação pode ocorrer tanto por resultados comerciais abaixo do esperado após a pandemia quanto simplesmente por causa de planejamentos futuros: ambas as razões são possíveis. Muitas dessas mudanças internas serão invisíveis, ou só as perceberemos nos anos seguintes, mas certamente já estão acontecendo.
Mas em termos de mangás e novos títulos, o que podemos esperar?
Já no primeiro semestre, devemos ver duas séries veteranas chegando ao fim: Yozakura-San, na edição #08, e Undead Unluck, entre as edições #09 e #11. Os dois mangás foram peças relevantes da revista nessa primeira parte da década, tornando-se obras de zona intermediária que ganharam anime. O anime de Yozakura-San conseguiu uma boa adaptação no Japão e acabou sendo renovado para uma segunda temporada. Enquanto isso, o anime de Undead Unluck aumentou o número de leitores internacionais da série, resultando em uma fanbase apaixonada.
Nenhum dos dois chegou perto de ser um grande fenômeno comercial, mas, por terem durado mais de quatro anos, entrarão no “Hall da Fama” da revista. Mesmo sem grandes vendas (Yozakura-San vende aproximadamente 40 mil cópias por mês, e Undead Unluck, cerca de 28 mil), são mais dois battle shounen que se encerram, ampliando o buraco deixado por Jujutsu Kaisen e Boku no Hero Academia.
Por isso, no primeiro semestre, devem estrear de cinco a sete novos mangás, sendo provavelmente três já agora em fevereiro. Os dois gêneros que enfrentam maior dificuldade atualmente na revista são os battle shounen e os de esporte. O battle shounen ainda conta com nomes de peso, como Madan no Ichi, Kagurabachi e Sakamoto Days, mas é necessário mais. É provável que ao menos um novo battle shounen seja lançado nesta primeira leva de 2025.
Já no quesito mangás de esporte, a situação é mais complicada: atualmente, não há nenhum do gênero na revista. O último foi Green Green Greens, lançado na edição #52 de 2023, há mais de um ano. Obras como Ao no Hako, mesmo tendo elementos de esporte, focam muito mais no romance, não atraindo leitores que buscam a adrenalina típica de histórias esportivas. Akane Banashi é listado pela Weekly Shonen Jump como um “mangá de esporte”, mas isso é mais uma estratégia de marketing do que uma verdade. Objetivamente, rakugo não é um esporte. Portanto, é inevitável que em 2025 vejamos ao menos um novo mangá esportivo.
VETERANOS E AUTORES NOVATOS
Tradicionalmente, na Weekly Shonen Jump, vemos mais autores novatos (sem sucessos prévios) lançando grandes mangás do que autores veteranos retornando com novos sucessos. Isso ocorre porque o sistema da revista e a constante mudança de público favorecem autores mais jovens. No entanto, os editores continuam apostando em veteranos: é possível que vejamos o retorno dos autores de obras como Jigokuraku, Nisekoi, Dr. STONE (desenhista), Yakusoku no Neverland (roteirista), Yuragi-Sou no Yuuna-San, Kokosei Kazoku, PSI Kusuo Saiki, Toriko, Mashle, entre outros.
Os autores de Kimetsu no Yaiba e Haikyuu!! podem retornar, mas, por enquanto, em entrevistas recentes, não demonstraram sinais de que estão trabalhando em novas séries. Não podemos descartar o retorno deles, mas também não é algo provável para 2025. O autor de Boku no Hero Academia já está trabalhando em seu próximo projeto, mas o período de desenvolvimento pode durar o tempo necessário, tornando improvável o retorno em 2025. Gege Akutami também já está estudando para sua próxima publicação, lendo livros para melhorar sua escrita e conhecimento. Atualmente, um autor veterano demora de três a seis anos para retornar à revista após concluir uma série de sucesso.
Autores sem nenhum sucesso até agora também podem aparecer. Os mais célebres são a dupla de Phantom Seer, os vencedores das GFC de 2022 e 2023 e, por fim, o autor de Tate Roll. Vale lembrar que, após o sucesso de um one-shot, o autor passa por várias avaliações, sendo necessário também que o projeto de série seja convincente. Assim, embora todos estejam trabalhando ativamente para lançar uma série, não há garantia de que conseguirão em 2025.
Mas quais séries correm risco de cancelamento em 2025?
Himaten, Exorcist no Kiyoshi-Kun, Shinobigoto, Hakutaku, Negai no Astro, Choujun! Chojo-Senpai, Kill Ao, Syd Craft e Nue no Onmyouji. Vamos comentar em grupos:
Hakutaku será com certeza cancelado, e Syd Craft ainda não apresenta dados suficientes para determinar sua situação.
Choujun! Chojo-Senpai, Himaten, Shinobigoto e Exorcist no Kiyoshi-Kun são mangás com menos de 1 ano de vida que venderam entre 10 e 20 mil cópias no primeiro volume. É um resultado considerado bom o suficiente para sobreviver à primeira leva de cancelamento do ano, mas precisam superar a marca de 20 mil cópias o quanto antes para não correr risco de cancelamento ao longo do ano de 2025 ou começo de 2026.
Também temos Negai no Astro, Kill Ao e Nue no Onmyouji, que vendem entre 20 e 30 mil cópias em 4 semanas. Enquanto os dois primeiros correm riscos reais de serem cancelados em 2025, dependendo de possíveis contratos para anime (Kill Ao) e do baixo rendimento das novas estreias para sobreviver, Nue no Onmyouji está um pouco mais confortável, embora não esteja completamente seguro. Acredita-se que os únicos mangás 100% seguros para 2025 sejam justamente aqueles que vendem acima de 30 mil cópias.
Não pensem que todos os últimos seis citados serão cancelados em 2025; certamente de dois a três deles conseguirão chegar vivos ao ano de 2026. Contudo, são os que enfrentam maior risco de cancelamento.
OBRAS EM LANÇAMENTO
Indo para as séries que já estão em lançamento e que não correm risco de deixar a revista em 2025, temos: One Piece, Sakamoto Days, Ao no Hako, Kagurabachi, Nige Jouzu no Wakagimi, Akane Banashi, Witch Watch, Madan no Ichi e Boku to Roboco. Agora vamos comentar o caso de cada um deles:
One Piece claramente está em um estado acima de todos esses. O mangá deve continuar tendo em 2025 entre 30 e 35 capítulos, não estando presente em cerca de 30 a 38% das edições do ano. Não podemos esperar tanto de One Piece em 2025, mas teremos a volta do anime em abril e, talvez, no último trimestre do ano, a segunda temporada do anime. Esse, no entanto, ainda é um grande “talvez”, já que as gravações estão sendo finalizadas e a pós-produção pode demorar bastante.
Sakamoto Days e Ao no Hako continuarão tendo seus animes em exibição, com respectivos boosts. A primeira temporada de Ao no Hako deve terminar junto com a primeira cour de Sakamoto Days em abril. Contudo, enquanto Ao no Hako só retornará em 2026, Sakamoto Days ainda terá outra cour em julho. Durante todo o ano de 2025, ambos devem ser colocados como os principais mangás da revista, sendo os pontos centrais do marketing.
Quem também será importante em 2025 por causa de seu anime é Witch Watch, criado por Shinohara, autor de SKET DANCE. A obra, que vende entre 38 e 42 mil cópias em 4 semanas, terá uma adaptação logo após o término de Sakamoto Days e Ao no Hako em abril. O objetivo dessa adaptação não é transformar Witch Watch em um grande pilar, mas consolidar a obra no imaginário do público, fortalecendo a parte intermediária da revista. Assim, Witch Watch, Boku to Roboco (que terá um filme em abril) e Nige Jouzu no Wakagimi (provavelmente com uma segunda temporada neste ano) se tornarão bons mangás de suporte.
Outro mangá que será ponto central do marketing é Kagurabachi, que, porém, só deve ganhar seu anime em 2026. O anúncio pode acontecer tanto no aniversário de dois anos quanto em dezembro, na próxima Jump Festa. Espera-se uma estabilização nas vendas de Kagurabachi, atualmente entre 130 e 160 mil cópias em 4 semanas. Apenas um grande acontecimento ou nova estratégia de marketing pode alterar essa situação.
Quem também pode ter um anúncio em 2025 é Akane Banashi, que pode a qualquer momento confirmar seu anime. Contudo, mesmo que seja anunciado neste ano, é improvável que estreie em 2025. Caso fosse estrear em abril ou setembro, o anúncio teria ocorrido na Jump Festa. Assim, a adaptação deve ficar apenas para 2026.
Concluindo, temos também Madan no Ichi, que teve uma boa estreia, esgotando em várias lojas na primeira semana. O mangá tem tudo para ser o maior sucesso de 2024, e os editores devem começar a divulgá-lo em massa, esperando superar a marca de 50 mil cópias já no segundo volume. O sucesso de Madan no Ichi chega em um bom momento, ocupando o espaço deixado em aberto por Boku no Hero Academia.
Ainda é necessário encontrar novos sucessos em 2025. A revista precisa urgentemente superar sua média histórica de dois sucessos por ano e começar a lançar três sucessos anuais nos próximos três anos para se recuperar do momento complicado que enfrenta. Não é simples, mas o esforço é necessário.
O ano de 2025 será focado em estabilizar as séries que estão na revista, reestruturar o departamento interno e procurar novos sucessos para se tornarem pilares entre 2026 e 2030.