A estreia de uma grande velharia desconhecida, novidades sobre o anime de Darwin Jihen e o super sucesso de OMORI.
TOC Monthly Afternoon #01 – (25/11/2024)
Moyashimon+ c01 (Capa e página Colorida de Abertura)
02 – Blue Period c71
03 – Tengoku Daimakyou c68
04 – Leende Koku Monogatari c02
05 – Under 3 c122
06 – Dokudami no Hanasaku Koro c11
OMORI c06 (Página Colorida)
08 – Hellhound c29
09 – 7-nin no Nemuri Hime c61, c62 e c63
10 – Puu-Neko c246
Darwin Jihen c43 (Novidades sobre o anime)
12 – Vinland Saga c216
13 – Medalist c48
14 – Nami yo Kiitekure c105
15 – Issak c95
16 – Fragile c120
17 – Tengu no Daidokoro c32
18 – Toppuu GP c102
19 – Quartz no Oukoku c19
20 – Meimeimeishoku Seiiki c19
Soshite Hakka suru Wakusei (Serialização Kiss Comic)
Tsureneko: Maruru to Hachi (Serialização Comic Days)
23 – Kaettekita Karasuya Satoshi
Ausentes: Skip to Loafer, Mirai Rai Furai, Aono-kun ni Sawaritai kara Shinitai, Ookiku Furikabutte, Saihate no Serenade, Mugen no Juunin: Bakumatsu no Shou, Raise wa Tanin ga Ii (hiato), Historie (hiato), Bouken Erekitetou (hiato).
Saudações alvinegras, caros leitores. Estamos de volta para mais uma edição da poderosíssima Afternoon. Acabei devendo a análise passada, peço muito tardiamente perdão por isso. Final de ano, trabalho e faculdade, acaba que não me sobra muito tempo pra escrever coisa extra.
Fora que nunca é ‘’só escrever’’, uma pesquisa, mesmo que básica, é sempre obrigatória. Acompanhar as recepções, procurar pelas vendas, visualizações digitais, ler as histórias, tudo gasta um tempinho. Bem, acontece, vai continuar acontecendo, e enquanto não acontece de novo, bora logo pra TOC, porque chegou a hora de comentar a melhor revista de quadrinhos mensais do Japão.
Capa do último volume de Moyashimon (2014)
Na capa da revista e nas suas páginas iniciais, uma nova/velha estreia, Moyashimon+. O mangá é uma sequência direta de um velho sucesso da década passada, Moyasimon: Tales of Agriculture. Não sei quantos conhecem, eu mesmo só conhecia por nome, mas pesquisando um pouquinho sobre, descobri que a história tem um currículo bem digno. Não só venceu o prêmio de melhor mangá no Kodansha Awards de 2008 como também recebeu, no mesmo ano, a maior e mais prestigiada premiação de mangás, a Tezuka Osamu Cultural Prize, na categoria principal.
A história é sobre um protagonista universitário com a capacidade de enxergar bactérias ao olho nu, meio que numa amálgama de Gin no Saji e Hataraku Saibou, misturando biologia com ambientação universitária. O original foi traduzido por completo para o inglês, não li, mas pretendo.
Trata-se de uma história bem sucedida, mas de um sucesso alcançando 15 anos atrás, e a pergunta que nos fica é, o que será que sua sequência realizará 20 anos depois do seu lançamento original? Uma resposta que não teremos tão cedo.
Blue Period é o nosso segundo colocado, o carro chefe e a principal história da revista. Seu último volume foi lançado no final do mês de novembro, e conseguiu vender 42 585 cópias em 4 dias. Um resultado impressionante, que deve manter a série mais uma vez acima das 100 mil cópias mensais, assumindo a posição que antes era de Houseki no Kuni como o maior sucesso comercial da Afternoon.
Importante destacar o seguinte, no caso da Afternoon, as vendas dos volumes de cada história significam o mundo. Quando pensamos nas revistas semanais de maior sucesso (Jump, Magazine, Sunday) a maior parte ou pelo menos boa parte de seus rendimentos surgem da venda da própria revista. São revistas que vendem até 1.000.000 cópias por trimestre (Jump), já no pior dos melhores casos (Sunday) temos 130 mil cópias por trimestre, o que ainda é um número consideravelmente grande.
O mesmo não chega nem perto de acontecer com a Afternoon, que é uma revista que vende por volta de 23 mil cópias por trimestre, um número bem tímido. Isso significa dizer que todo mês a revista vende aproximadamente 7600 cópias, o que não é muito sustentável. Claro que esses números não levam em consideração vendas digitais e também não contabilizam outras plataformas de leituras que também geram receita, são generalizações e resumos grosseiros que servem para apontar uma simples constatação.
As vendas físicas que mais importam para a Afternoon não são a da sua revista, como é o caso para as principais revistas semanais, no caso da Afternoon, o que de fato conta são as vendas de cada mangá.
Vejamos Blue Period, o mangá rendeu para a revista em 4 dias um lucro que demoraria cerca de 5 meses e meio para ser alcançado. Creio que a conclusão tenha sido bem clara, vendas de volumes individuais importam muito para a revista, mais do que a própria revista, e por isso que grandes sucessos como Blue Period fazem a máquina funcionar.
Esse tipo de informação e muito mais você pode conferir no site da Japan Magazine Publishers Association (JMPA), apesar de ser completamente em japonês e pago. Não quer pagar pela informação, confie na minha palavra sem questionar e continue acompanhando o Analyseit. Também falamos bastante sobre vendas no nosso discord. Fim da propaganda.
Outra importante engrenagem que mantém tudo em ordem é Tengoku Daimakyou, mais um grande sucesso, tanto comercial quanto de crítica. São mais de 40 mil cópias por volume, que colocam a série como uma das principais histórias da revista. Season 2 jajá chega.
Página Colorida do Capítulo de estreia de Leende Koku Monogatari
Leende Koku Monogatari é o nosso quarto colocado, outro promissor estreante. A história é a adaptação de um livro de fantasia escrito por Ray Tasaki, super popular no Japão. Usugumo Nezu será o responsável por escrever e desenhar a história, contando também com a colaboração do artista Jiji, responsável pelo design de personagens.
A história descreve a jornada de uma jovem nobre, filha de um herói lendário que resolve se aventurar pelas terras amaldiçoadas de Leende. Lá, ela encontra um arqueiro misterioso e bonitão, tudo isso enquanto explora um mundo fascinante, cercado por conflitos. A sinopse é essa, não informa muito, mas diz o suficiente. Ação e aventura, mundo mágico, com um pouquinho de romance no meio.
Tenho vergonha de admitir que não li absolutamente nenhum mangá desta edição, novamente, faltou tempo. Por conta disso tenho que escrever da maneira que mais odeio, onde fico destrinchando vendas e garimpando recepções esparsas de cada história, ao invés de propriamente comentar a história.
Não li, não sei se é bom, mas reparei que traduziram o primeiro capítulo para o inglês, o que já me anima bastante. Folheando o capítulo, percebi uma arte bem bonita e uma apresentação de mundo interessante, só não sei se todo o resto é competente. Leio para a próxima análise, no próximo mês terei uma opinião mais concreta da história, pelo menos espero.
Na posição seguinte temos Under 3, a comédia da revista que não se destaca em nada e não atrapalha em nada. Na sequência temos Dokudami no Hanasaku Koro, um lançamento do começo do ano que ainda busca seu espaço. O mangá vem se preparando para o seu segundo volume, que sai no mês de dezembro. Por agora, não se sabe o que esperar dele.
O seu primeiro volume teve um desempenho pífio, 2 mil cópias na primeira semana. Vendeu mais que os cancelados – que foram cancelados porque venderam menos -, mas não são números que transmitem qualquer tipo de segurança para o mangá.
Página Colorida de OMORI
Na sétima posição e com mais uma página colorida, OMORI. Observando retroativamente o número de páginas coloridas e as capas recebidas posso perceber que o editorial da Afternoon sabia bem do potencial de OMORI.
A série conseguiu vender 7 619 cópias em apenas 4 dias, números que realmente impressionam. Não impressionam somente pelo o que vendeu, mas também pelo o que poderia ter vendido. A história apareceu na frente de Darwin Jihen no seu primeiro dia de vendas no ranking shoseki, onde foi perdendo posições ao longo da semana. Muito provavelmente o culpado foi o inimigo de sempre, o estoque-kun, que falhou de novo, já que a história precisou de reprints com menos de uma semana de venda.
OMORI não teve uma recepção grandiosa nem no Japão e nem no ocidente, então não sei dizer quanto de seu sucesso é resultado de novas pessoas conhecendo a série, e quanto é resultado por fãs que já conheciam o jogo e resolveram apoiar também sua adaptação.
Por agora, não tenho recursos para decifrar esse enigma, e também pouco me interesso por ele, mais vale observar o incrível início da série, que deve vender acima das 15 mil cópias no seu primeiro volume, algo que não vem sendo nada comum.
Na sequência temos outro exemplo perfeito de imenso potencial, Hellhound. Fora do círculo de grandes sucessos da revista, Hellhound é o menor nome que mais se destaca. A série com pouco mais de 2 anos de vida já consegue vender mais de 20 mil cópias por volume, números que crescem gradualmente. Certamente uma história para ficar de olho.
Em comparação, 7-nin no Nemuri Hime já não consegue reproduzir sucesso parecido. A série vende pouco mais de 5 mil cópias por volume, mas ainda consegue angariar um respeito contínuo do seu editorial, que mantém a história protegida dos perigos do cancelamento. Depois dela temos Puu-Neko, que é mais uma comédia curta que serve para aliviar os dramalhões que rodeiam a Afternoon.
Imagem promocional de Darwin Jihen
Darwin Jihen é o próximo da fila. A série conseguiu vender 13 669 cópias do seu oitavo volume em 4 dias, novamente, um resultado muito bom. Também revelou mais novidades sobre seu anime, estúdio, diretor e uma imagem promocional. Ainda não temos a data, nem os seiyūs envolvidos no projeto, mas pelo menos compartilharam algo.
Vinland Saga aparece na sua posição padrão, no décimo segundo lugar. A série entrou na sua reta final e deve se despedir da revista lá pro segundo semestre de 2025, ou até quem sabe no começo de 2026. Falta muito pouco para acabar, mas o bom é que todo ‘’pouco’’ dentro de uma revista mensal demora mais que só um pouco.
Falando em pouco, podemos falar de Medalist e do seu anime. Faltam apenas dois meses para seu lançamento, e boa parte do fandom já não tem expectativa nenhuma sobre ele, prevê uma desgraça completa, uma porcaria que não vai fazer jus ao mangá original. Se você se interessa e não acompanha o mangá ainda, não enxergo uma única razão para resolver começar pelo anime.
Pensando economicamente e menos como um fã da série, o cenário não é de terra arrasada. Longe desse ser a primeira adaptação ‘’ruim’’ e incondizente com o material original, caso seja de fato toda essa porcaria que estão antecipando, vai ser somente mais uma no meio de tantas outras falhas da indústria de animes.
Sabemos que uma adaptação artisticamente fraca em nada anula o potencial comercial de uma história, basta lembrar de um exemplo interno, o caso Blue Period, que não teve a melhor adaptação do mundo, mas ainda conseguiu dobrar suas vendas.
A exposição entregue para a história, e a possibilidade de que novas pessoas alcancem o mangá continua ali, intocada. Para quem já conhece, um crime contra a humanidade, para o desatento, uma nova história para acompanhar.
Da décima quarta até a décima oitava posição temos o grupão de veteranos, Nami yo Kiitekure, Issak e Fragile. Entre eles, Issak é o único de malas prontas. É o que menos vende entre os citados (8 mil cópias por mês), mas que se despede naturalmente por ter concluído sua história. É o segundo mangá histórico com encerramento marcado para o ano que vem. Chega de guerras na Afternoon.
Após o trio temos Tengu no Daidokoro, um slice of life simpático e acolhedor. A história costuma receber posições melhores, aparecendo no final da revista muito provavelmente por uma única questão de organização do que qualquer outra coisa. Depois dele temos o excelente Toppuu GP, um mangá sobre motos, motos e corrida de motos. Quem se interessa por automobilismo – e motos – deveria ler essa história.
Capa do volume #1 Meimeimeishoku Seiiki
Chegando já na zona da degola temos Quartz no Oukoku e Meimeimeishoku Seiiki, os dois cancelados. Avisei informalmente sobre o cancelamento dos dois há muito tempo, acho que foi lá pra edição de Junho ou Julho que mencionei sobre isso.
Não foi previsão nem nada, no caso de Meimeimeishoku Seiiki foi bem explícito, já que a autora publicava diariamente no seu twitter, justamente na época que ela não parava de reclamar da sua incapacidade e do cancelamento do mangá.
Foi complicado acompanhar a autoflagelação, toda hora se colocando pra baixo e desmerecendo a própria capacidade, a autora parece ser uma pessoa bem sensível, e isso reflete na própria história. Fico genuinamente feliz em ver uma melhora pessoal nas suas redes sociais, parece ter feito as pazes com o encerramento e conseguiu perceber que existem sim pessoas que se importam com suas histórias e reconhecem nela um legítimo talento.
Meimeimeishoku Seiiki é uma história excelente, super densa e sensível, que aborda temas como suícidio, depressão e acolhimento. Não recomendo para quem não suporta temas delicados, mas recomendo para aqueles que procuram um drama pesado tratado com bastante respeito. A história está sendo completamente traduzida para o inglês, indico com tranquilidade, mesmo com seu cancelamento, é uma obra bem concisa e redonda. Poderia ser mais, mas infelizmente acabou não sendo.
Quartz no Oukoku não passou por um drama parecido porque a artista já é bem estabelecida e deve trabalhar com muita coisa além de mangás, sua insegurança não foi igualmente comunicada nas redes sociais, um encerramento mais ‘’tranquilo’’. Independente da falta de drama, o cancelamento é semelhante, mais uma história que se despede na próxima semana.
Capa do Volume #3 de Quartz no Oukoku
Dos mangás presentes, terminamos. Nada mais a ser dito. Agora,gostaria também de mencionar brevemente duas ausências importantes, uma por escolha própria, e outra por uma suposta birra. Primeiro, Houseki no Kuni.
Houseki no Kuni encerrou-se no final de Abril, dois dias antes do meu aniversário. História incrível, todo mundo sabe, e quem discorda não leu ou é maluco. Caso ainda não conheça o mangá, busque imediatamente conhecer. Menciono ela não para destacar sua óbvia qualidade, não quero chover no molhado, mas como mencionei o funcionamento econômico da revista e a importância das vendas de histórias individuais, Houseki não poderia ser esquecido.
O mangá vendeu em somente 4 dias incríveis 92 728 cópias do seu último volume (contando edição especial e a edição normal). A história promete ficar muito próxima das 180 mil cópias mensais neste último volume, destacando ainda mais sua grandeza.
A maior qualidade da Afternoon é sempre essa, a capacidade invejável de conciliar sucessos de crítica com um enorme sucesso comercial. Não é uma revista que se contenta em produzir boas histórias de nicho, ela se preocupa mais com a produção de excelentes histórias, sempre conceituadas, e sempre de sucesso.
Capa do Volume #13 de Houseki no Kuni
O outro ausente, esse por um motivo diferente, é Raise wa Tanin ga Ii, também conhecido como Yakuza Fiance. A série está com seu anime em exibição, que não vem sendo a melhor adaptação do mundo, mas segue funcionando. O anime proporcionou um pequeno boost para a série, que constantemente aparece com seus volumes antigos no ranking diário do Shoseki. A pergunta misteriosa que sempre aparece é, quando o mangá volta? Porque entrou em hiato?
Não temos uma resposta clara, somente rumores, e rumores que surgem do absoluto nada, da cabeça de fãs malucos que não transmitem muita credibilidade. O rumor que circula é do desacordo entre a autora e a Kodansha, a respeito da adaptação do anime de Yakuza Fiance. Foi logo depois do anúncio do anime que a autora anunciou seu hiato no twitter, desde então não abriu mais a boca para comentar mais nada. Sumiço total.
Sabemos que não são problemas de saúde porque ela fez questão de esclarecer que não era sobre isso, e sabemos que não é problema com o roteiro da história, já que temos quase um ano de pausa, impossível ser problema de criatividade, ela teria dito algo sobre. Pode ser algum problema familiar, mas isso também poderia ser vagamente divulgado e todo mundo entenderia.
A explicação que sobra é do desencontro nos interesses e do desagrado da autora com seu anime, que não pode ser confirmado e que não tem um sustento real, puramente teoria da conspiração. O que temos é somente um mistério, de uma autora que resolveu sumir do mapa. Quando volta? Eu lá sei…
Por hoje, terminamos. Sempre um trabalho enorme comentar essa revista, e isso que eu não li e nem falei sobre as histórias diretamente, que dobraria o trabalho. De qualquer maneira, agradeço a atenção de todos e espero vocês na próxima, e na próxima que não está necessariamente tão próximo assim. A próxima depende sempre do interesse de vocês e do meu tempo livre. Creio que seja só isso, fui. Até a possível próxima vez.