Foi revelado pela Toyo Keizai, um dos jornais de negócios mais respeitados do Japão, que o mangá Kagurabachi, da Weekly Shonen Jump, terá como produtoras a CyberAgent e a Shochiku, e será produzido pelo estúdio CygamesPictures, estúdio responsável pela adaptação de Uma Musume Cinderella Gray e The Summer Hikaru Died. Por mais que seja um rumor, a confiabilidade da fonte é alta o suficiente para tornar esse rumor muito provável.
Contudo, muitas pessoas se surpreenderam com essa informação, já que esperavam que Kagurabachi fosse adaptado pelo Mappa, Ufotable ou outros estúdios mais conhecidos pelo público casual. A escolha da Cygames Pictures é muito boa, mas revela um movimento mais interessante do que uma simples seleção de estúdio.
Kagurabachi é uma das obras mais promissoras do mercado atualmente, tanto nacional quanto internacionalmente. O mangá já alcançou 1.3 milhões de cópias em circulação com 5 volumes lançados, um resultado superior a Jujutsu Kaisen quando tinha a mesma quantidade de volume. A obra escrita e desenhada por Takeru Hokazono é um dos fenômenos virais mais recentes da Weekly Shonen Jump, a maior revista de mangás do Japão.
Assim, não só a Weekly Shonen Jump está de olho na série, como também várias produtoras, estudiosos e amantes de animes estão atentos ao seu futuro. Era natural que uma grande produtora como a AniPlex assumisse a obra, mas quem acabou ganhando foram duas empresas que parecem estar trabalhando juntas para alcançar um objetivo em comum: o topo do mercado.
A CyberAgent, empresa japonesa de publicidade digital, já está bem presente no mundo dos jogos com a Cygames, conhecida mundialmente pelo lançamento de Granblue Fantasy e Uma Musume Pretty Derby, dois jogos mobile de sucesso viral no Japão. Mesmo tendo apenas 13 anos, a Cygames conseguiu agradar em cheio o público jovem japonês.
No mundo dos animes, a CyberAgent ainda está engatinhando, participando de modo minoritário em comitês de produção de vários títulos, incluindo Oshi no Ko. Seu grande trunfo é justamente a CygamesPictures, um estúdio que trabalha tanto com IPs originais da CyberAgent quanto com adaptações de mangás.
A CyberAgent também planeja transformar sua plataforma de streaming Abema TV em um gigante nacional e, quem sabe, internacional. Criada em 2015, a Abema TV é uma parceria entre a CyberAgent e a tradicional TV Asahi, que têm uma relação de colaboração sólida e vários contratos conjuntos.
Caso o rumor se confirme, como tudo indica, o alto investimento em Kagurabachi serve para expandir os horizontes da CyberAgent, que tem planos claros de se tornar uma das principais empresas do Japão na próxima década, alcançando vários setores digitais. A escolha da Cygames Pictures, que nunca trabalhou com uma obra da Shonen Jump, é natural, já que é o estúdio da empresa com a melhor estrutura para realizar uma boa adaptação.
A CyberAgent não está sozinha. Junto com ela está a Shochiku, que tem planos de voltar ao mercado com tudo. Fundada em 1895, a empresa produziu o PRIMEIRO FILME COLORIDO DO JAPÃO e inúmeros sucessos ao longo de mais de 100 anos de existência.
No mundo dos animes, a Shochiku já trabalhou em filmes como Cardcaptor Sakura, Mobile Suit Gundam, Ghost in the Shell, Fullmetal Alchemist, e muitos outros, tendo um impacto enorme no desenvolvimento cinematográfico japonês.
Em janeiro, a Shochiku assinou um contrato com a TBS Holding para expandir ainda mais sua presença no mercado. O objetivo é alcançar a mesma força que empresas como a Toei Animation têm no mercado global.
Não se sabe exatamente por que as duas empresas decidiram adaptar Kagurabachi, mas parece ser um movimento conjunto para assegurar um dos maiores sucessos da atualidade sem anime. Como venho avisando há meses, os anos de 2025, 2026 e talvez 2027 não terão muitas novas obras com grande potencial. Kagurabachi, sem dúvida, é a que tem maior potencial de vendas. Com a competição reduzida, adaptar Kagurabachi torna-se uma aposta inteligente para aumentar o reconhecimento dessas empresas, não só no Japão, mas globalmente.
Diferentemente de outros departamentos, a Weekly Shonen Jump possui um setor dedicado à expansão de mídias de suas obras, incluindo adaptações em anime. Por isso, é provável que tanto a Weekly Shonen Jump quanto a Shueisha acompanhem de perto a adaptação de Kagurabachi. Essa escolha estratégica visa garantir que tanto o investimento financeiro (que também contará com a Shueisha) quanto os aspectos produtivos sejam de alto nível. A principal preocupação é evitar problemas como os atrasos de Chainsaw Man ou as dificuldades de produção da segunda temporada de Jujutsu Kaisen.
Uma ação conjunta como essa permitiria uma melhor produção, resultando em menos polêmicas, mais capítulos e maior qualidade. Além disso a estrutura da CyberAgent permitiria futuras adaptações para jogos e a estrutura da Shochiku facilitaria adaptações para filmes, aumentando ainda mais o alcance da obra nas várias mídias. Contudo, a CyberAgent e a Shochiku provavelmente não terão liberdade total, o que torna incerto se o anime será exclusivo da Abema TV ou quanto a TBS Holding influenciará a adaptação.
Caso o rumor seja verdadeiro, também não sabemos se a produção já começou. Assim, a data de lançamento é uma incógnita, sendo mais provável para 2026 ou 2027. O anime ainda deve estar em pré-produção, já que a própria Cygames tem vários projetos agendados para 2025. Não podemos descartar uma estreia em outubro de 2025, mas continua sendo improvável. Também é cedo para especular sobre a equipe de produção. No entanto, o projeto de crescimento da CyberAgent e da Shochiku provavelmente fará com que Kagurabachi receba um grande investimento, aumentando as chances de contratarem bons profissionais e também criar uma boa estratégia de marketing.
Não é certo o sucesso, não é certo que terá uma boa qualidade, mas se for verdadeiro o rumor (e lembrem-se, ainda é um rumor, mesmo que a fonte seja confiável) as chances da parceria CyberAgent, Shochiku, Shueisha, Cygames Pictures e Weekly Shonen Jump resultar em um anime de grande investimento são alta. Kagurabachi, na minha opinião, estará em boas mãos.