É a hora de conhecer a fundo uma das revistas seinen mais bem respeitadas do Japão: a Young Animal, casa das séries Berserk e 3-Gatsu no Lion e que possui histórias riquíssimas lançadas quinzenalmente.
TOC Biweekly Young Animal #24-2024
Capa: Enako
1. Futari Ecchi (c888)
2. Kakkunaru Ue Wa (c34)
3. Yuuki Arumono Yori Chire (c66)
4. Nobunaga no Shinobi (c419)
5. 3-Gatsu no Lion (c210)
6. Pen to Wappa to Jijitsu-kon (Página colorida, c36)
7. Shiunji-ke no Kodomotachi (c41)
8. Love Shooting Star Crowwwpai (c05)
9. Kamakura-san wa Suki ga Ooi (capítulo especial, Young Animal Web)
10. Rock wa Lady no Tashina Mideshite (c45)
11. Shingeki no Eroko-san: Hen na Oneesan wa Danshikousei to Nakayoku Naritai (c56)
12. Watashi no Hatsukoi wa Hazukashisugite Dare ni mo Ienai (c14)
13. Shinemi no Rescue (Página colorida, c25)
14. Kasanegasane no Hatsukoi desu ga (c09)
15. Masugomi Miman (Serializado na Manga Park, reexibição do capítulo 1)
16. Out Reijou (c29)
17. Bokura no Natsu ga Saketeiku (c22)
Antes de iniciar a edição, gostaria de me introduzir a vocês. Na vida real, me chamo João Ricardo, mas vocês provavelmente me conhecem por Meow. Ficarei responsável pela TOC da Young Animal, uma revista que possui uma história recente, mas que possui mangás incríveis em seu repertório, e é uma das revistas seinen mais bem respeitadas do Japão.
Nesta edição, estarei comentando sobre a história da Young Animal, de como ela surgiu, como está atualmente e sobre metade dos mangás lançados nesta edição, que estão bem destacados na revista.
Para a próxima edição, comentarei sobre os mangás não comentados desta edição, e os que estarão presentes na próxima. A Young Animal possui uma grande line-up, com quase 30 mangás lançados, portanto, para não deixar o texto tão grande e cansativo, resolvi fazer essa divisão para tornar a leitura mais fluída.
Uma breve história da Young Animal
A história da Young Animal remonta do início dos anos 80, antes mesmo da revista ser lançada. Até aquele período, a Hakusensha, editora que foi fundada em dezembro de 1973 como uma divisão da Shueisha, tinha o foco na publicação em mangás para garotas – isto é, shoujos. Portanto, o carro chefe da empresa era as revistas Hana to Yume e a sua versão Bessatsu, Lala e Silky.
Entretanto, após a editora se tornar independente em 1981, ela resolveu entrar no mercado de mangás shonen, que já estava consolidado com as conhecidas Shonen Jump, Shonen Sunday e Shonen Magazine. No final de 1981, a Hakusensha estreia a revista mensal Shonen Jets, que durou menos de dois anos e foi encerrada em fevereiro de 1983, mas deixou uma marca simbólica para a editora, que passou a utilizar a marca Jets Comics para os mangás lançados nas próximas revistas, marca essa que só foi substituída em 2016, quando os mangás seinen da editora passaram a receber o selo Young Animal Comics.
Após esse breve experimento no mercado dos shonen, a Shonen Jets foi sucedida pela revista mensal ComiComi, trazendo os mangás da antecessora, mas também incorporando outros gêneros, o que foi o ponto de virada para que a editora passasse a focar no mercado de mangás para homens jovens, na faixa de 18 a 28 anos, que começava a se tornar um público atraente para as editoras investirem. ComiComi durou de março de 1983 até março de 1989, quando foi sucedida pela revista mensal Animal House, quando a editora finalmente consolida o foco no seinen e, no final de 1989, Berserk era lançado na revista, que seria o carro-chefe até maio de 1992, quando a revista substituída pela atual Young Animal. Outra marca que ficou nas mangás seinen por um tempo, foi o crocodilo, que foi o mascote e capa da Animal House.
Desde então, com 38.500 cópias em circulação atualmente, a Young Animal se tornou palco de grandes mangás seinen e de mangakás consolidados na demografia, como Kouji Mori (Holyland), Chica Umino (3-Gatsu no Lion), Katsu Aki (Futari Ecchi), e claro, Kentaro Miura, que foi responsável por lançar Berserk na revista e outras obras tais como Japan e Ourou em colaboração com Yoshiyuki Okamura, que tinha feito história na Shonen Jump com Hokuto no Ken.
Agora que a história da Young Animal foi contada, é hora de falar sobre a TOC, e aqui, um adendo: assim como outras revistas “Young”, quem decide a promoção, encerramento e a TOC em si é a própria equipe editorial, baseando-se nas vendas e na popularidade da série.
TOC
O primeiro mangá desta TOC é o segundo mangá mais antigo em atividade da revista, e que se tornou um clássico do gênero erotica e comédia: Futari Ecchi. A obra, criada pelo autor Katsu Aki e com 92 volumes lançados – seu último volume vendendo 6.442 cópias – conta a história de Makoto e Yura, um casal recém formado que não sabiam que ambos são virgens e se casam 3 meses após se conheceram. Juntos, eles exploram temas sobre sexualidade e sobre em ter a intimidade em um relacionamento, especialmente em momentos mais desafiadores e embaraçosos. Com uma abordagem leve, o mangá traz um cunho educativo sobre sexo, enquanto aprimoram a sua conexão conjugal.
Em quarto lugar, temos Nobunaga no Shinobi, que é coincidentemente o quarto mangá mais antigo em atividade da revista e que serve como um ponto de equilíbrio da revista, trazendo uma leitura mais leve e descontraída entre mangás com narrativas mais sérias, comédias românticas e adultos.
Ambientada no Período Sengoku (1477-1573), a história segue Chidori, uma pequena garota ninja que foi salva por ninguém mais que Oda Nobunaga de um afogamento em rio. Desde aquele dia, determinada em servir ao Nobunaga, ela parte de sua vila junto de Sukezou, que gosta dela, com esse objetivo. Criado pelo mangaká Naoki Shigeno, a comédia segue um formato 4-koma (ou “yonkoma”), que são mangás com páginas organizados por quatro quatros em um formato vertical. Com seu último volume vendendo 12.993 cópias, recomendo bastante essa leitura, pois ela traz uma leitura leve ao passo de uma história divertida do Período Sengoku.
Em quinto lugar, está nada mais que 3-Gatsu no Lion (ou “March comes like a Lion”), da renomada autora Chica Umino, que é um dos pilares da revista junto de Berserk, e que recebeu prêmios renomados da indústria de mangás, como o Grande Prêmio da Manga Taishou Award em 2011, o Grande Prêmio na Tezuka Osamu Cultural Prize em 2014 e o Grande Prêmio na Japan Media Arts Festival em 2021.
A obra, com 17 volumes lançados, segue a história de Rei Kiriyama, um jovem prodígio em Shogi que perdeu os pais muito cedo e, por isso, teve que se virar sozinho para poder conciliar os estudos e seu sonho de se tornar um jogador profissional de Shogi, apesar deste mundo ser mais complexo do que ele imagina. Junto de suas economias, ele vive sozinho em seu próprio apartamento e frequenta a residência das Kawamoto, onde a família o trata como se ele fizesse parte, apesar de sua relutância inicial em se aproximar delas.
Com capítulos lançados desde julho de 2007, a obra ganhou duas temporadas em anime, em 2016 e 2017, sendo bastante aclamadas, além de um mangá spin-off. O seu último volume vendeu incríveis 465.774 cópias, o que é um sucesso sem precedentes da revista e demonstra que, mesmo com volumes sendo anunciados de forma irregular, o mangá permanece como um dos pilares do mercado seinen atual. Essa é uma das leituras indispensáveis para qualquer leitor de mangá, pois ela traz questões do dia-a-dia junto dos desafios que Kiriyama precisou e precisa superar para alcançar o seu sonho de se tornar profissional em Shogi, além do relacionamento dele com as Kawamoto.
Em sexto lugar, temos Pen to Wappa to Jijitsu-kon, que se tornou um mangá popular na Young Animal. Por isso, recebeu duas páginas coloridas de forma consecutiva nas últimas edições, ganhando também apoio editorial para, quem sabe, receber uma adaptação em anime. Criado pela dupla Shinichi Sawaragi (encarregado pela história) e Gas San Tank (encarregado pela arte), a obra possui quatro volumes lançados.
Lançado em dezembro de 2022, o mangá conta a história de Eiji Kirisame, um dedicado detetive que, em uma cena de crime, encontra uma misteriosa garota, Tsugumi Kuchinashi, que não tem a habilidade de fala, mas possui a capacidade de desenhar em seu caderno. A partir dessa habilidade, Kirisame resolve o caso e recebe um pedido de casamento de Tsugumi. O mangá envolve casos que ambos vão solucionar, enquanto lidam com esse pedido inusitado. É uma leitura muito interessante de acompanhar, então recomendo darem uma chance ao mangá.
Em sétimo lugar, temos Shiunji-ke no Kodomotachi, um mangá lançado em fevereiro de 2022 que trouxe a Young Animal aos holofotes do mainstream, pelo seu mangaká: Reiji Miyajima, o criador de Kanojo, Okarishimasu, comédia romântica de sucesso da Shonen Magazine, além de Yukino Reiji, que dá suporte à arte do mangá. Atualmente, o mangá possui cinco volumes e um anime em produção que será lançado em 2025.
Com seu último volume alcançando 13.979 cópias, um número muito bom para uma revista seinen de uma editora fora do Big 3, a história é centrada na família Shiunji, composta por dois irmãos e cinco irmãs conhecidos por suas habilidades e beleza encantadora, características que chamam a atenção das pessoas. O irmão mais velho, Arata, vive um caos lidando com suas irmãs e seu desejo amoroso, enquanto tenta manter a união familiar. Entretanto, no aniversário de 15 anos de Kotono, a irmã mais nova, o pai da família revela um segredo que causa uma reviravolta: eles não são irmãos biológicos. Assim, a dinâmica do grupo muda repentinamente, trazendo à tona temas sobre laços familiares e convivência, enquanto a identidade da família é colocada à prova.
Em décimo lugar, está Rock wa Lady no Tashina Mideshite, outro mangá que recebeu bastante destaque na Young Animal, com direito a uma página colorida na edição 23 da revista, além de um anime em produção para a temporada de primavera de 2025 pela Bandai Namco Pictures, o mesmo estúdio responsável por Mairimashita! Iruma-kun. Atualmente, seu último volume vendeu 1.370 cópias, um resultado razoável, mas que entra em uma zona de risco. Esperamos que o anime possa dar o boost necessário para que o mangá se mantenha firme na revista.
Lançado em outubro de 2022 por Hiroshi Fukuda, a história se passa em uma escola para garotas que prezam pela cordialidade, intelecto e bons modos. Ririsa Suzunomiya, uma estudante recém-transferida e muito respeitada por suas colegas, conhece Otoha Kurogane, outra garota admirada na escola, que possui uma particularidade: após as aulas, ela vai para um prédio antigo da escola para tocar bateria. Suzunomiya, ao descobrir, lembra de seu passado com seu pai, quando costumava tocar guitarra em uma banda de rock que ele liderava. Assim, após uma batalha feroz entre ela e Kurogane, elas formam uma parceria que remonta aos tempos de sua infância.
E, por último, em décimo terceiro lugar, temos Shinemi no Rescue, que recebeu uma página colorida nesta edição em razão do lançamento de seu terceiro volume. A história centra em Kyounosuke, um novato bombeiro que possui a habilidade de ver fantasmas, mas tem dificuldades em lidar com seus companheiros devido a essa habilidade, que mantém em segredo, e sua determinação em salvar todas as vidas sem falhas. É outro mangá que vale conferir, pois aborda temas sobre a importância do trabalho em equipe e a culpa que os bombeiros carregam ao enfrentarem situações de sacrifício.