Voltamos novamente para mais uma análise da Big Comic Original, segunda maior revista seinen do mercado, e a maior dedicada para o público acima de 30 anos. Venha conhecer dessa vez os mangás mais novos da Line-Up.
TOC Big Comic Original #23(2024)
1 – Cecil no Joou c62 (Página Colorida de Abertura)
2 – Hiromi Parte 2
3 – Sekai no Owari no Yōsai-ten c3
4 – Tasogare Ryuuseigun c693
5 – Tsuribaka Nisshi c1085
6 – Shinya Shokudou c398
7 – Maru Sankaku Shikaku c33
8 – Miwa-san Narisumasu c90
9 – Showa Tennou Monogatari c131
10 – Remu: a stray cat c21
11 – Back Home Blues c24
12 – Kango joshu no Nana-chan c694 e c695
13 – Chichi wo Okorasetai c16
14 – Hito no Tame ni Hataraku c14
15 – Dekakeoya Mangaka Yagai Katsudō oboechō c177
16 – Himiko c140
17 – Tetsu Bon c345
18 – Hyakunen Senryu c793
Agradecimentos a Hilbert Jun por ter disponilizado a TOC.
Na edição passada, apresentei para vocês os mangás mais históricos da revista, aqueles com mais de 130 capítulos. Nesta semana, vou me dedicar aos mangás mais novos, com menos de 130 capítulos. Vou apresentar cada um deles e discutir a importância que têm para a Line-Up da revista. Lembrando que a Big Comic Original é uma revista seinen, voltada principalmente para adultos acima de 30 anos, e conta com vários autores renomados no ambiente artístico, mesmo que nem sempre sejam comercialmente tão conhecidos.
Abrindo a revista, tivemos o capítulo 62 de Cecil no Joou, que lançará seu oitavo volume em janeiro. O mangá, escrito e desenhado pela veterana Ai Kozaki (que também publicou na própria Big Comic Original Asahi Nagu), é ambientado na Inglaterra de 1553. A história acompanha William Cecil, um jovem que sonha servir ao rei, mas, ao chegar ao castelo, percebe que a realidade é bem diferente do que imaginava.
Mangás históricos tendem a ter boa popularidade em revistas seinen voltadas para adultos. Para jovens adultos, o foco tende a ser mangás de ação, como Kingdom. No entanto, quanto mais velho o público, menos interesse há em obras de ação. É nesse contexto que mangás como Cecil no Joou surgem: com tramas políticas, questões pessoais e personagens complexos, entregando elementos novelescos em um contexto histórico.
Logo depois, na segunda colocação, tivemos a segunda e última parte de Hiromi, um One-Shot de Shuzou Oshimi (autor de Aku no Hana, Happiness e outros mangás). O encerramento foi bem emocionante, mas a aventura do autor na revista ainda não acabou. Ele retornará na primavera com a continuação de sua série de One-Shots intitulada “Zaiaku Yomikiri Series!?”, na qual explora os pecados de seu passado.
Na terceira colocação, tivemos o mangá mais novo da revista: Sekai no Owari no Yosai-ten, conhecido em inglês como World’s End Tailor. Essa série, com apenas três capítulos, conta a história de alfaiates vivendo em um mundo pós-apocalíptico.
Nunca tinha visto uma série focada na necessidade de roupas e indumentárias em um cenário assim, por isso acompanhar Sekai no Owari no Yosai-ten está sendo bem interessante. O roteirista tem um bom humor, e, mesmo com uma arte simples, ela é muito agradável. Histórias criativas assim fazem da Big Comic Original uma revista especial.
Embora seja historicamente uma revista seinen, a Big Comic Original atualmente tem muitas leitoras mulheres e conta com várias mangakás. Um exemplo é Akiko Higashimaru, autora de Maru Sankaku Shikaku. Veterana e muito respeitada, Akiko produziu clássicos shoujosei, como Kakukaku Shikajika e Kuragehime, pelos quais ganhou o prêmio Kodansha Awards de melhor mangá shoujo em 2025.
Sua série na Big Comic Original, Maru Sankaku Shikaku, é um mangá autobiográfico no qual a autora conta sua história de crescimento em Miyazaki durante a era Showa. A série conversa muito bem com o público da revista, composto majoritariamente por leitores acima de 30 anos, que acabam relembrando aspectos de sua infância enquanto leem a leve e bem escrita história de Akiko. É interessante como diferentes tipos de obras funcionam dependendo da revista, graças à demografia que cada uma atende.
Na oitava colocação, tivemos Miwa-san Narisumasu, também conhecido como The Great Pretender. A obra conta a história de Miwa Kubota, uma cinéfila e trabalhadora freelancer, que descobre que o ator que admira, Takashi Hakkai, está procurando uma governanta. Por acidente, ela é confundida com a verdadeira governanta e acaba assumindo o papel por engano. Trabalhando na casa de seu ídolo, Miwa vive um romance dos sonhos, até que a verdadeira governanta, Sakura Miwa, aparece e complica a situação. Agora, Miwa enfrenta as consequências de sua mentira e se pergunta se sua paixão pelo ídolo justifica seus atos.
O autor, Aoki Uhei, mesmo sendo relativamente jovem, tem um traço maduro que lembra os seinen clássicos. Além disso, é experiente, tendo lançado entre 2013 e 2014 Fringe-Man, uma obra de sucesso que ganhou um live-action em 2017. Nem todos os artistas da Big Comic Original são renomados, mas o fato de Uhei ter lançado uma obra bem-sucedida aumenta suas chances na revista, que sempre busca autores prestigiados entre adultos e críticos.
Em décimo lugar, tivemos Remu: A Stray Cat, que conta a história de uma mãe e uma filha sobreviventes de um grande desastre, que só desejam ficar juntas. No entanto, o sistema de tutela criado pelo governo ameaça separá-las, quando um advogado é designado tutor da mãe, que apresenta sinais de demência. Com intenções questionáveis, o verdadeiro objetivo do advogado é revelado, enquanto a filha busca proteger sua mãe e tomar decisões sobre seu futuro.
A série, escrita e desenhada pelo veterano Osamu Yamamoto (com mais de 40 anos de carreira), é uma história de crime e mistério, com apenas um volume lançado até agora. Remu: A Stray Cat adiciona bastante à Line-Up da revista. Yamamoto também é responsável pelo roteiro de Chichi wo Okorasetai, uma série que discute a relação profunda entre pai, filho e morte.
Na décima primeira colocação, tivemos Back Home Blues, um mangá de baseball que conta a história de Kanjiro Aozora, jogador profissional há 25 anos, com três filhos. Devido ao seu baixo rendimento, ele é transferido para o pior time do campeonato. Agora, Kanjiro precisa melhorar seu desempenho enquanto ajuda o time a sair da última colocação.
Mangás de esporte têm uma tradição de sucesso no Japão, especialmente os de baseball, o esporte mais popular do país. Assim, é natural que revistas seinen tentem lançar obras do gênero, mesmo que a alta concorrência leve muitos autores a adotarem abordagens mais criativas, como em Back Home Blues.
Na décima terceira colocação, tivemos Hito no Tame ni Hataraku, um mangá completamente diferente do esperado. A obra, que mais parece um grande rascunho, agrega bastante à identidade visual do mangá. O autor, vencedor do Shogakukan Newcomers Awards, traz nessa obra abstrata uma reflexão sobre o significado do “trabalho” no Japão moderno, questionando se a forma como os japoneses se relacionam com a vida e o trabalho é realmente correta.
Infelizmente, este foi o último capítulo de Hito no Tame ni Hataraku (pelo que entendi). Acho que agora é uma ótima oportunidade para eu ler todo o mangá, já que comecei a acompanhá-lo a partir do penúltimo capítulo. Enquanto muitos leitores são guiados pela arte shonen, eu gosto de obras com uma estética diferente, que desafiam o que é “certo” ou “errado”. Acho que minha leitura da semana será Chichi wo Okorasetai.