Um mês de poucas cores, uma estreia curiosa, cancelamentos à vista, e um intrigante e levemente polêmico mangá sobre inteligência artificial.
TOC Monthly Afternoon #11 – (25/09/2024)
Capa: Tengu no Daidokoro
Full Color – Suyasatoshi (Página Colorida de Abertura – Estreia)
02 – Tengu no Daidokoro c31
03 – Tengoku Daimakyou c67
04 – Skip to Loafer c64
05 – OMORI c04
06 – Medalist c48
07 – Dokudami no Hanasaku Koro c10
08 – Issak c93
09 – 7-nin no Nemuri Hime c55, c56 e c57
10 – Puu-Neko c244
11 – Hellhound c28
12 – Darwin Jihen c42
13 – Under 3 c120
14 – Fragile c119
15 – Nami yo Kiitekure c103
16 – Toppu GP c100
17 – Meimeimeishoku Seiiki c17
18 – Vinland Saga c214
19 – Mirai Rai Furai c06
20 – Quartz no Oukoku c18
Gaka to AI (One-shot tamanho família)
22 – Kaettekita Karasuya Satoshi
Ausentes: Blue Period, Aono-kun ni Sawaritai kara Shinitai, Ookiku Furikabutte, Saihate no Serenade, Mugen no Juunin: Bakumatsu no Shou, Raise wa Tanin ga Ii (hiato), Historie (hiato), Bouken Erekitetou (hiato).
Saudações, queridos leitores. O mês de setembro se aproxima do fim, e junto dele, mais uma edição da excelente Afternoon surge diante de nós. Preparados?
Uma das páginas Coloridas de Suyasatoshi
Na primeira posição, um caso bem bizarro e difícil de ser comentado, a ‘’estreia’’ de Suyasatoshi. O mangá é a segunda comédia 4-koma do artista Karasuya Satoshi, um mangaka de bastante respeito e renome dentro da Afternoon.
Karasuya Satoshi é uma lenda, mas uma lenda que jamais transpassou sua influência para o mainstream, e menos ainda para o ocidente, já que duvido muito que você tenha escutado falar de qualquer trabalho dele até hoje, o que deixa a discussão sobre seus trabalhos totalmente abstrata, então, vou parar por aqui. Não conheço suas obras, gostaria de conhecer, mas estou atualmente impossibilitado. De qualquer maneira, parabéns pela sua nova publicação!
Outro trabalho que se destaca nesta edição e tem pouco apelo popular é Tengu no Daidokoro. Até uns tempos atrás havia uma galera traduzindo o mangá, mas os scanlators resolveram pular fora e a história ficou abandonada desde então. Uma pena, porque do eu que li, gostei bastante. O mangá compõe a belíssima capa da revista em comemoração ao anúncio da segunda temporada de sua série live-action. Espero que, um dia, os bravos guerreiros da tradução recuperem essa divertida história.
Na terceira posição temos Tengoku Daimakyou, esse bem mais conhecido. O mangá recebe uma boa posição de destaque já em antecipação ao seu novo volume, que será lançado no mês que vem. Ou pelo menos deveria, já que o novo volume foi removido misteriosamente do cronograma de lançamentos da Kodansha, o que confundiu alguns leitores. Na revista falou que vai sair, no site ele sumiu, vai sair ou não vai sair esse volume novo? Não faço ideia.
Na próxima colocação temos o perfeito Skip to Loafer, com mais um excelente capítulo. Todo esse drama sobre o psicológico da Chieri vem sendo maravilhoso de se acompanhar, personagem mega interessante. Quero ver mais da Mitsumi metendo o bedelho na vida dela. Leiam Skip to Loafer, canalhas!
Logo na sequência temos OMORI, com outro capítulo caótico e confuso. Apesar dos problemas, acho que esse foi o melhor capítulo até agora. Devo ter me acostumado com o ritmo esquizofrênico do mangá, e agora que aceitei ele, as coisas se encaixam melhor. Seu primeiro volume tá longe pra caramba, e as opiniões japonesas sobre a história são esparsas demais, então não tem muito o que julgar nesse aspecto. Resta confiar nas minhas vagas impressões, e esperar pelo resto.
Na sexta posição temos Medalist, que agora precisa aguardar só mais um tiquinho, faltam curtos 3 meses para o início de seu anime. Janeiro tá logo ali, e caso você ainda não conheça a série, recomendo conhecer logo, pelo mangá, não pelo anime. Depois você pode acompanhar tudo de novo pela animação, e assim reclamar dela junto com os fãs da série, vai ser bem mais divertido. Dokudami no Hanasaku Koro é um dos muitos incontáveis, já que não possui tradução e possui pouco burburinho online.
Na oitava posição temos o segundo maior mangá de guerras europeias da revista, Issak. O mangá não é nem de longe uma das principais histórias da revista, mas vende bem o suficiente para se manter vivo por tanto tempo. A história parece estar – de acordo com alguns leitores – caminhando para sua reta final, podendo deixar a revista mais vazia do que ela já vem ficando ultimamente.
Capa do volume #3 de 7-nin no Nemuri Hime
Na sequência temos o penetra 7-nin no Nemuri Hime, com mais três capítulos lançados. A história continua com sua popularidade intacta, mesmo com seu último volume vendendo míseras 5 mil cópias. A tradução espanhola do mangá está completamente em dia com os capítulos atuais, então quem curte acompanhar uma comédia romântica bobinha e descompromissada aos moldes de Go-toubou, 7-nin no Nemuri Hime talvez seja uma boa pedida.
Na décima posição temos Puu-Neko, e ele podemos pular, já que é mais um 4-koma de comédia que só faz sentido para alguns poucos japoneses. Na sequência temos Hellhound, outro mangá desconhecido aqui no ocidente. Um dos principais novatos da revista, um que supera as 25 mil cópias mensais todo volume, e um dos maiores candidatos a receber um anime mais pra frente.
Darwin Jihen é o próximo da lista, outro que possui apenas a simples missão de aguardar o lançamento do seu anime. O próximo é Under 3, mais um mangá curtinho, sobre putaria e piadas sujas. Deve ser legal. Outro que – de acordo com quem acompanha – está na sua reta final é Fragile, um dos mangás mais velhos da revista.
Estou começando a ficar deprimido com a noção de que temos em mãos uma das edições com o menor número de séries não traduzidas, só percebi isso agora. Desesperador ficar falando sobre mangás que não posso ler, me ajuda, duolingo. É isso que dá um mês de tanta ausência, ainda mais sem os principais nomes da revista, o que resta é dor e agonia.
Nami yo Kiitekure até poderia me desafogar, a história do lendário Hiroaki Samura recebeu um bom anime e foi traduzido até o capítulo 80, mas depois disso, abandonaram por completo o mangá. Há alguma esperança para o pobre leitor monolíngue dessa revista?
Toppu GP aparece para jogar mais sal na ferida, outra excelente história com tradução descontinuada. Para comemorar sua marca de 100 capítulos o mangá ganhou um grande nada dentro da revista, uma total patifaria. Preferiram dar 5 páginas coloridas para um 4-koma maluco do que para a boa obra de Kousuke Fujishima. Isso sem mencionar que o mangá tá com seu último volume em lançamento (vendeu 5 456 cópias nos primeiros 3 dias), o que agrava mais ainda o crime.
Capa do volume #14 de Toppu GP
Na décima sétima posição com seu décimo sétimo capítulo, Meimeimeishoku Seiiki. O mangá já foi cancelado há algum tempo, e está só largando seus últimos capítulos dentro da revista. Não tenho certeza se acaba na próxima edição ou se acaba na próxima da próxima, mas a questão mesmo é que vai acabar, infelizmente.
Vinland Saga é o nosso próximo colocado, com um capítulo que lembrou bastante o Vinland Saga do velho testamento. Só guerra e matança sem nenhuma frase reflexiva nesse capítulo, o editorial ficou tão furioso com isso que decidiu jogar o mangá lá no fundo.
Na sequência temos mais um membro do grupo antiocidente, Mirai Rai Furai. O mangá não tem tradução e muito provavelmente nunca vai ter, já que é uma história mega específica sobre universitários chineses. O mangá não apareceu em nenhuma posição no ranking shoseki durante a estreia do seu primeiro volume, e o número de comentários mencionando o mangá é basicamente não-existente, então se o japonesinho médio não tá lendo, como que o resto do mundo vai ler?
Na última posição moral, temos Quartz no Oukoku, que muito provavelmente será cancelado daqui alguns meses. A Afternoon tá com uma rotação de mangás minúscula, 22 duas histórias para uma revista mensal é pouco demais. Ainda mais quando observamos que dessas, pelo menos 4 são mangás curtos. É preciso correr atrás de estrear novas séries, se não vão ter que ficar empanturrando a revista com vários one-shots.
E foi exatamente isso que fizeram este mês, colocando Gaka to AI no fundo da revista, um one-shot enorme de 250 páginas.
Capa do Volume único de Gaka to AI
Apesar do tamanho, acho que vale muito a pena buscar ler esse one-shot, super interessante e fiquei bem pensativo no final da leitura. O autor da obra (Yuki Kanba) publicou primeiro a história no seu twitter, alcançando um modesto sucesso, até que recebeu uma proposta da Kodansha, onde teve a oportunidade de publicar a mesma história no serviço online da empresa, o Comic Days.
Tudo isso lá pra 2023, um ano depois, onde cá estamos, o one-shot ressurge, dessa vez com uma honra ainda maior, publicado dentro da principal revista mensal da Kodansha. Pelo o nome você já consegue tirar parte da sinopse, o mangá trata de discutir a relação entre arte e inteligência artificial, e isso por si só é um tema bem interessante e bastante polêmico.
Você comprar os direitos de tal história e publicar ela em uma de suas maiores revistas é a mesma coisa que validar suas ideias, e acho bastante intrigante essa decisão por parte da Afternoon. Não quero entrar em detalhes e prefiro que os curiosos leiam a história, mas o mangá entrega uma resposta para o debate de IA x Artistas que se afasta um pouco do senso comum, ele prega uma ‘’coexistência’’ que na mente de muito artista está entre o indesejável e o inalcançável.
Me diverti lendo, e acho que além de ser uma excelente história, sua conclusão temática me parece bem honesta e coerente, e ver a revista aprovando esse tipo de narrativa demarca uma posição curiosa, que demonstra bastante coragem e personalidade, mesmo que você discorde completamente da solução entregue pela história. Mais uma vez, recomendo a leitura para os interessados, o mangá possui tradução para o inglês.
Terminamos, alcançamos o final da nossa jornada mensal. Aguardo vocês no mês que vem. Cuidem-se, e até a próxima.