A Weekly Shonen Jump lança mediamente 48 edições ao ano, contudo, tem algumas edições que acabam entrando na história. Trago para vocês esse novo quadro no qual apresento para vocês algumas edições que marcaram a Weekly Shonen Jump, começando por uma edição do começo de Setembro, a número #40 de 2004, lançada 20 anos atrás. Edição no qual vimos a conclusão de Shaman King, a promoção de One Piece a “série lendária”, o retorno de WaqWaq do autor Hoshin Engi e muito mais.
Sem mais delongas, vamos ver a TOC:
TOC Weekly Shonen Jump #40 de 2004
WaqWaq c01 (Capa, Página Colorida de Abertura, Estreia)
01. Naruto c228
02. Bleach c146
ONE PIECE c334 (Página Colorida)
03. Death Note c36
04. Eyeshield 21 c102
05. Bobobo-bo Bo-bobo c171
Shaman King c284 (Página Colorida, FIM)
06. Gintama c35
07. Tennis no Oujis-sama c236
08. Katekyou Hitman Reborn c14
09. D.Gray Man c13
10. Ichigo 100% c122
11. KochiKame
12. Buso Renkin c52
13. Hunter x Hunter c221
14. Gedoh The Unidentified Mysterious Boy c24
15. Mr. Fullswing c149
16. Chijo Saisoku Seishun Takkyu Shonen Puyan c12
Pyu to Fuku! Jaguar c169
Ausente: Steel Ball Run (Preste a ser Transferido)
Um dos motivos para essa edição ser tão histórica começa justamente com a estreia de WaqWaq. Para muitos, pode parecer um mangá qualquer, mas a série é escrita e desenhada por Ryu Fujisaki, autor de Hoshin Engi. Quem segue minhas retrospectivas sabe o quanto essa obra de 1996 foi ESSENCIAL para a revista, já que durante um período de crise conseguiu se tornar a segunda/terceira série que melhor vendia na revista, entrando inclusive no TOP 20 mais vendidos do ano. Algumas pessoas até consideram a obra um pilar da época, mesmo que eu prefira classificá-la como um Semi-Pilar – na minha opinião, durante os anos de 1996 e 1997, tivemos somente Rurouni Kenshin como pilar.
Ryu Fujisaki acabou sendo um dos principais autores da segunda metade dos anos 90, mas também, como aconteceu com o autor de Rurouni Kenshin, amargou no começo dos anos 2000 um fracasso na Weekly Shonen Jump. Fujisaki lançou “Sakuratetsu Taiwahen”, que comentei na Retrospectiva de 2002, e acabou sendo cancelado com 2 volumes. WaqWaq, um Battle-Shounen de fantasia que lembrava muito Hoshin Engi, era o seu retorno à “FÓRMULA VENCEDORA” e tinha um grande hype ao redor da obra. Contudo, a recepção de WaqWaq acabou sendo inicialmente morna e depois evoluiu para negativa, levando a série a ser cancelada com 4 volumes.
Esse lançamento marca o encerramento do ciclo de Fujisaki na revista, que lança sua série seguinte na irmã mensal da Weekly Shonen Jump, a Jump SQ. Pode parecer uma conclusão triste, mas infelizmente é bem comum entre os autores veteranos que tentam uma segunda série de sucesso na revista. A grande maioria acaba lançando mangás que são cancelados antes mesmo de ganhar um anime.
Em primeiro lugar na TOC, tivemos Naruto, que não conquistou essa primeira colocação à toa: o mangá estava no ápice da batalha entre Naruto e Sasuke (antes do Shippuden). É justamente nesse capítulo que Sasuke, ao tentar matar Naruto, acaba acordando a Kyuubi, em uma das páginas mais épicas do mangá. A obra estava no clímax da sua primeira fase e, ao mesmo tempo, seu anime estava conseguindo ótimos resultados televisivos. Os editores sabiam disso, por isso classificaram Naruto no topo da revista. Logo após, na segunda colocação, tivemos Bleach, que ao mesmo tempo estava caminhando para a conclusão da segunda parte do arco Soul Society, que elevou a popularidade da série, também estava se preparando para o lançamento do seu anime, que iria estrear em menos de 1 mês (outubro de 2004).
Em quarto na ordem de leitura, mas não classificado no Ranking “Puro”, tivemos One Piece. Para muitos, pode parecer simplesmente uma página colorida para a série, mas é nesse momento que One Piece saiu de PILAR para se tornar LENDA DA REVISTA. Os editores decidem, nesse momento, parar de dar simples páginas coloridas para One Piece (com simples quero dizer aquelas no meio da revista), sendo essa a sua última, para, a partir de agora, pedir para Oda desenhar somente capas e páginas coloridas de abertura da revista. Se Oda desenhasse uma página colorida, ela precisava ter o máximo destaque na revista.
One Piece, que estava no começo do arco de Water 7, ganhou um “status” especial dado somente aos mangás de grande valor. Muitos acreditam que essa redução tenha sido por causa da saúde do autor, mas Oda na época ainda não tinha uma saúde tão fragilizada – One Piece estava em lançamento a 7 anos, contudo Oda na época ainda era muito jovem -. Acontece até hoje que mangás que acabam entrando no “HALL DA FAMA” da revista deixam de ganhar página colorida (ou ganham muito raramente) e passam ganhar somente Capa e Páginas Coloridas de Abertura. Normalmente esses mangás de “HALL DA FAMA” só voltam a ganhar páginas coloridas caso tenham uma queda de popularidade.
Voltando para a TOC, tivemos em terceiro lugar Death Note, que tinha estreado na primeira edição de 2004 (Edição #01 de 2004) e na altura do campeonato já tinha alcançado 1/3 da sua história. A sua popularidade era muito alta, assim os editores estavam constantemente colocando a obra nas primeiras colocações. Logo após, tivemos Eyeshield 21, que acabou sendo promovido ao mais importante mangá de esporte da revista com a queda de popularidade de Tennis no Ouji-Sama, que de 2000 até 2003 era um pilar da revista. O seu anime ainda não tinha estreado, mas como a estreia era prevista para abril de 2005, os editores já estavam preparando o terreno para o anime que levaria Eyeshield 21 ao estrelato.
Em quinto lugar tivemos Bobobo-bo, que estava sendo uma das comédias mais amadas da revista. Eu acredito que a série represente muito bem o ritmo FRENÉTICO que a Weekly Shonen Jump se encontrava, no qual a grande maioria dos mangás tinha algum elemento de luta, inclusive as comédias. Bobobo-bo assim era o “líder” desse grupo de mangás divertidos que uniam elementos de Battle-Shounen com piadas contínuas, como era o caso de Gintama e Gedoh (que se inspiravam muito em Bobobo-bo) e Katekyou Hitman Reborn, que tentava entregar uma comédia mais acessível para as idades mais jovens.
Cortando a TOC, tivemos Shaman King com sua página colorida e ENCERRAMENTO: mas não era um encerramento qualquer, a obra acabou sendo cancelada, tendo uma conclusão que chegava muito próximo ao “FOI TUDO UM SONHO”. O autor inicialmente declarou que estava satisfeito com a obra, mas anos depois decidiu dar continuidade a Shaman King, dando uma conclusão diferente. O motivo do cancelamento da série? Simplesmente suas vendas estavam caindo, o público não estava mais gostando do mangá, tendo poucos votos, e para concluir, os editores não tinham mais mangás para cancelar. Era cancelar Shaman King ou algum mangá popular.
A revista de 2004 é uma das mais CHEIAS DA HISTÓRIA, justamente pelo fato de os editores terem encontrado em 2004 quatro novos sucessos já no primeiro semestre: Death Note, Gintama, Katekyou Hitman Reborn e D. Gray Man. Todos esses novos mangás de sucesso obrigaram os editores a cancelarem alguns mangás de autores veteranos que estavam em decadência na popularidade. Primeiro sacrificaram Rookies e nessa edição acabaram sacrificando Shaman King. O autor, porém, mesmo assim retornou à revista com Jumbor em 2007, já que mesmo não gostando do cancelamento, sabia que tinha sido cancelado por parâmetros claros: era uma das séries menos votadas da revista.
Muitos se perguntam sobre a possibilidade de uma transfêrencia, mas já escrevi um artigo sobre como isso é bem improvável na revista uma transferência que não seja por problemas de saúde ou pedido do autor (que tem uma série popular) – na época era pior ainda, pois não tinham revista para qual transferir um mangá como Shaman King -. A solução poderia ser uma continuação, mas eu irei comentar mais disso no artigo do Patreon. A questão é que Shaman King levando a situação da época e sua queda em popularidade, cedo ou tarde seria cancelado.
Em sexto lugar tivemos Gintama, que estava agradando muito os leitores, mas estava no seu primeiro ano de vida, ainda tentando encontrar o TOM da sua comédia. Logo após, tivemos Tennis no Ouji-Sama, que ainda tinha boas posições e era bastante relevante para a revista, contudo, já tinha perdido para Bleach a vaga de pilar. Era raro na época ter três Battle-Shounen como pilares, mas em 2004 a mensagem já era bem CLARA: a Weekly Shonen Jump era uma revista de mangás de luta – o esporte, a comédia pura e outros gêneros eram secundários. Somente em 2012 a revista vai tentar recuperar a sua diversidade, após a saturação do estilo de Battle-Shounen predominante nos anos 90 e 2000.
Em nono e décimo lugar tivemos respectivamente Katekyou Hitman Reborn e D. Gray Man, que tinham acabado de estrear. Estavam sendo bem recepcionados, mas ainda era incerto quanto bem tinham sido realmente recepcionados. Em décimo lugar tivemos Ichigo 100%, que era o único ecchi presente na revista e também o único que se aproximava de uma comédia romântica: o gênero era visto como algo muito insignificante na revista, com Ichigo 100% recebendo somente a capa de aniversário e TRÊS, isso mesmo, somente TRÊS páginas coloridas durante todo o ano de 2004. Mas mesmo assim, a série estava completamente segura na revista.
Em décimo primeiro lugar tivemos KochiKame, que também era um pilar muito importante: nesse período no qual as comédias, para darem certo, precisavam de elementos de luta ou uniam esporte e comédia, praticamente KochiKame e Pyu to Jaguar eram as únicas comédias puras da revista. Os editores tratavam com luvas de ouro ambas, já que tinham uma grande popularidade: KochiKame era um clássico que conseguia vender muito bem, enquanto Pyu to Jaguar ia muito bem nas votações, mesmo sempre concluindo a revista, de acordo com o próprio autor. Em décimo segundo lugar tivemos Buso Renkin, que começava a ter sérios problemas de popularidade (decrescente), mas mesmo assim, por causa do nome do autor e também do começo popular, os editores estavam conseguindo negociar bons animes para a obra.
Em décimo terceiro lugar tivemos Hunter x Hunter, que sempre estava nas últimas colocações: a revista Weekly Shonen Jump normalmente colocava nas últimas colocações da TOC os mangás populares que não tinham um grande apelo com TODA A DEMOGRAFIA, por isso obras como Whistle!, Rookies e JoJo sempre frequentavam o Bottom 5, mesmo sendo muito populares (no caso de Whistle! bem menos popular em comparação aos outros dois). Hunter x Hunter tinha um apelo parecido, mas o motivo principal que levou os editores a classificarem no fundo continuamente era mesmo os contínuos hiatos da obra.
Em décimo quarto lugar tivemos Gedoh, do mesmo criador do sucesso Jigoku Sensei Nube (Hell Teacher Nube). O autor, nessa obra, uniu a sua comédia típicacom elementos também de comédias mais modernas, trazidas por Bobobo-bo. Contudo, Gedoh acabou não sendo muito bem recepcionado e estava com risco de cancelamento. Como aconteceu com Fujisaki em WaqWaq, novamente um autor veterano FALHOU em entregar uma segunda série de sucesso.
Em décimo quinto lugar tivemos Mr. FULLSWING, mangá de beisebol que trazia muitos elementos de comédia na sua narrativa exagerada. A obra estava na revista há três anos, mas começava a ter problemas de popularidade. Como não tinham conseguido negociar uma adaptação em anime para a obra, os editores começaram a colocar cada vez mais a série nas últimas colocações (sem risco de cancelamento). Outro mangá de esporte, dessa vez, Ping Pong, que estava mal, prestes a ser cancelado, era o novato Chijo Saisoku Seishun, que não tinha sido bem recepcionado. A obra unia Ping Pong com elementos de drama e aventura, mas em uma das revistas MAIS CONCORRIDAS da história, estava prestes a ser cancelada.
A realidade é que a Weekly Shonen Jump de 2004 não tinha uma grande variedade, mas era um sucesso enorme de público, e conseguiu fazer com que a revista voltasse a estar acima da Shonen Magazine e Shonen Sunday, que não estavam muito bem se atualizando aos padrões dos anos 2000. Investindo tanto em Battle-Shounen e mangás que uniam comédia e ação, deixando de lado as comédias puras e diminuindo a importância das obras de esporte, a Weekly Shonen Jump se estabeleceu como a maior revista Shonen dos anos 2000. Essa estratégia se manteve até o começo dos anos 2010, quando essa estratégia acabou se SATURANDO pelo excesso de mangás de luta dentro da Line-Up, levando a revista a voltar a investir em comédias e mangás diversificados.
GÊNEROS NA REVISTA (Seguindo a ordem da TOC):
Battle-Shounen (9): WaqWaq, Naruto, Bleach, One Piece, Shaman King, D.Gray-Man, Buso Renkin, Hunter x Hunter, Steel Ball Run
Ação-Comédia (4): Bobobo-bo Bo-bobo, Gintama, Katekyou Hitman Reborn e Gedoh
Comédia Pura (2): KochiKame e Pyu to Fuku! Jaguar
Esporte (4): Eyeshield 21, Tennis no Ouji-sama, Mr. Fullswing e Chijo Saisoku Seishun Takkyu Shonen Puyan
Drama (1): Death Note
Ecchi (1): Ichigo 100%
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