Enquanto uma nova série de exorcismo estreia (SIM, MAIS UMA!), utilizei da minha viagem para refletir um pouco sobre as posições.
WSJ#30 (24/06/2024):
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Enquanto eu não tinha acesso a nenhuma APP, por estar no aeroporto de Shanghai (estou voltando para a Itália depois da minha longa estádia no Japão), tive muito tempo para pensar sobre as posições e escrever sobre o que eu achava essa TOC. Trago para vocês assim uma análise um pouco maior do que o comum, e espero que ajude a vocês entenderem o motivo de várias dessas posições.
Em primeiro lugar na TOC tivemos uma grande surpresa: Boku to Roboco. Ocasionalmente, a série consegue um primeiro lugar, mas acho que essa é uma das mais especiais para o mangá, perdendo somente para a primeira vez que conquistou tal colocação. Você pode estar se perguntando o motivo de ser tão especial essa colocação, eu vou explicar:
Desde que estreou Choujun! Chojo-Senpai, várias pessoas comentaram que agora os editores iriam cancelar Boku to Roboco, como se não pudessem sobreviver dois mangás de comédia tradicional (ignorando uma Line-Up composta por 25% de mangás de exorcismo). Essa posição é uma mensagem editorial dizendo que pelo menos neste ano Boku to Roboco não irá a lugar nenhum, a obra está segura e ainda é amada pelos leitores da revista.
Em segundo lugar, tivemos One Piece, que atualmente está sempre na segunda colocação, com raras situações nas quais é colocada em primeiro lugar. Os editores estão evitando dar a primeira colocação para os pilares, para assim promover “O FUTURO” da revista. Mas essa estratégia é inteligente? Sim, muito.
No geral, distribuindo de modo mais heterogêneo possível os três pilares da revista, você ajuda na promoção dos mangás que estão entre eles. Deste modo, colocando Boku to Roboco entre One Piece e a nova série, você estimula mais gente a ler Boku to Roboco – não existe motivo para estimular o pessoal a ler One Piece, todo mundo já lê One Piece, mas existe toda a razão do mundo para estimular a leitura dos mangás que vendem menos.
É por isso que One Piece, Boku no Hero Academia e Jujutsu Kaisen quase não pegam mais a primeira colocação (e mesmo terminando não vão quase nunca pegar, tirando One Piece ocasionalmente), e pelo mesmo motivo eles nunca estão colocados juntos na TOC, para assim sempre colocarem algum mangá entre eles para ser promovido. Cada edição muda esse mangá que receberá a promoção.
Em terceiro lugar, tivemos Ao no Hako, que só está esperando o seu anime estrear. Na próxima edição, receberá uma página colorida para comemorar a boa recepção do seu novo arco e contará com a autora Miura respondendo algumas perguntas. Em quarto lugar, tivemos Sakamoto Days, que também só está esperando seu anime estrear, mas nesse caso, em janeiro. O vencedor da batalha de vendas dessa primeira semana acabou sendo Sakamoto Days, que vendeu 500 cópias a mais que Ao no Hako, mas a batalha não terminou, temos que ver se no mês, Sakamoto Days vai conseguir manter a liderança.
Em quinto lugar, tivemos Negai no Astro, que teve uma boa estreia, mas mesmo assim eu teria um pé atrás sobre uma boa recepção. Pelo que vejo nos fóruns, Negai no Astro ainda está gerando discussão, mas tem muita gente que está achando simplesmente mediano. Por isso, acredito que essas posições não sejam realmente por uma boa recepção (inclusive, nem colocaram essa mensagem na página colorida), mas sim para dar tempo para a série conquistar o público.
Em sexto lugar, tivemos Witch Watch, que deve receber o anúncio do seu anime na Jump Festa em dezembro. Eu tenho algo a comentar: não acredito que Witch Watch vá ser adaptado por um bom estúdio (e espero estar errado). Enquanto a Shonen Magazine encontrou ótimos estúdios para Shangri-La, para Gachiakuta (que anunciou seu anime produzido pela Bones) e para Sentai, a Weekly Shonen Jump entregou Sakamoto Days e Ao no Hako para um estúdio bom, mas levando em conta a popularidade dessas duas obras, acredito que poderia ter um estúdio melhor. Já Yozakura-San terminou com um estúdio horrível, mesmo vendendo mais que Gachiakuta.
É claro que não é o Onishi (chefe do departamento das expansões de mídias e das adaptações de anime da Shonen Jump) que é responsável unicamente pela escolha do estúdio – ele (e sua equipe) de fato não procura nunca um estúdio, mas sim olha as propostas das produtoras. A expansão de mídias da Shonen Jump, porém, é o departamento de mangás com mais força e mais independente de todos, já que é o único atualmente que tem uma voz independente da sua editora.
É claro que temos duas possibilidades: mesmo tendo obras mais populares, a Shonen Jump não está conseguindo vender essas obras às produtoras, por uma incapacidade de marketing do departamento comandado pelo Onishi. Ou, segunda possibilidade, eles recebem boas propostas, e por motivos desconhecidos a nós, estão escolhendo produtoras que acabam contratando estúdios subotimais. Não podemos saber qual é a possibilidade, mas a realidade é uma: a Shonen Magazine está entregando animes mais cedo e com melhores estúdios.
Em sétimo lugar, tivemos Choujun! Chojo-Senpai, que agora, após uma grande divulgação para o primeiro volume (como justo que seja, para assim criar hype), deve receber um tratamento parecido com aquele de Boku to Roboco: variar de posição continuamente, tendo momentos de alta e momentos de baixa. Em oitavo lugar, tivemos Nige Jouzu no Wakagimi, que deve receber na edição #31 a capa do seu anime – mesmo o trailer tendo cenas somente do primeiro capítulo, levando em conta a qualidade da CloverWorks, ainda tenho esperanças de uma boa adaptação.
Abrindo o Bottom 5, tivemos Kagurabachi, que pelo menos desta vez esteve acima de Kill Ao e Undead Unluck, como eu sempre peço. A situação de Kagurabachi continua estável, e não vejo suas posições mudando pelas próximas semanas (como já comentei várias vezes). Difícilmente veremos a série nas últimas colocações, mas também não a veremos no TOP 5. Kagurabachi deve assim continuar entre a zona intermediária e o Bottom 5 mesmo, contudo, sem correr risco de cancelamento.
Lembrando que tempo no Bottom 5, não é parâmetro para definir a chance de uma série ser cancelada. Um mangá pode passar anos no Bottom 5, como era JoJo, e nunca ser cancelada, por nunca estar estacionado nas últimas três colocações. O que leva um mangá a ser cancelado é estar entre as três ou duas PIORES MÉDIAS de posições nas últimas cinco ou seis edições quando chega a nova leva de cancelamento. E Kagurabachi (como Nue no Onmyouji) nunca corrreram risco de cancelamento.
Logo após, tivemos Kill Ao, na décima colocação. O mangá está piorando bastante a sua média, e sinceramente começa a entrar em uma zona de perigo. Não vejo sendo cancelado este ano, e como já comentei anteriormente, o autor ainda tem tempo para reverter essa queda na média, mas é inegável que a série está pouco a pouco perdendo seu protagonismo.
Em décimo primeiro lugar, tivemos Undead Unluck, que está caminhando para seu encerramento, podendo assim se encerrar em 2025 ou 2026. Claramente temos três mangás terminando: Yozakura-San, Boku no Hero Academia e Jujutsu Kaisen. Esses são os próximos que devem terminar naturalmente. Undead Unluck ainda tem uma estrada a percorrer, mas não vejo superando 2026. Por isso, eu consideraria Undead Unluck ou Witch Watch (dependendo do ritmo do autor, vejo o mangá terminando em 2026) aqueles com maior possibilidade de terminar em 2025-2026.
E Nige Jouzu no Wakagimi? Se conseguir ter um aumento de popularidade após o anime, deve também terminar em 2026, na minha opinião, mas digo isso baseado em como está prosseguindo a sua história. Caso não consiga, acredito que terá um encerramento precoce em 2025. Já Ao no Hako depende das decisões da autora, podendo terminar em 2026-2027, ou até mesmo durar ainda mais caso a autora queira expandir a série para novos rumos. Concluindo, Akane Banashi e Sakamoto Days ainda não mostram sinais de quanto a história pode terminar, por isso não é possível prever seu encerramento.
A realidade é que para 2027 a Line-Up da revista já deve ser completamente diferente daquela que estamos vendo hoje. Eu diria que podemos ver uma mudança que pode variar de 70% a 85% das séries presentes.
Em penúltimo lugar, tivemos Necromance, que teve uma das piores primeiras classificações possíveis. Não é que o mangá acabou sendo odiado, mas o público japonês achou completamente sem graça e sem sal, e muitos já droparam por completa falta de interesse na série. E não existe nada pior do que a indiferença… Talvez tenha: ser odiado como Dear Anemone, o último colocado.
Dear Anemone entregou capítulos ruins, simplesmente terríveis, que conseguiram anular a sua boa recepção já no segundo capítulo. Choveram críticas a tantos elementos, e quase todas elas foram justificáveis, pois realmente Dear Anemone não tinha a qualidade para ser serializado na revista. O mangá era muito, mas muito ruim. Espero, porém, que o autor pegue alguns anos para estudar melhor roteiro e também melhorar a clareza da sua arte, pois mesmo assim vejo um grande potencial.