Uma semana histórica, totalmente recheada de encerramentos e estreias. Quem está se despedindo, quem está chegando? Quem não foi embora ainda mas está arrumando as malas?
TOC Weekly Shonen Sunday #22-23 (24/04/2024)
Capa: Endo Sakura (Idol)
Hello Work Monsters c01 (Página Colorida de Abertura)
02 – Magic Kaito c39
03 – Sousou no Frieren c129
04 – Major 2nd c278
05 – Rock A Rock c04
06 – Ryuu to Ichigo c189
Utsuranin desu c05 (Página Colorida)
08 – Kimi wa 008 c297 (Encerramento)
09 – MAO C226
10 – Mikadono Sanshimai wa Angai, Choroi c112
11 – Komi-san wa, Komyushou desu c455
Last Karte c95 (Página Colorida de Encerramento)
13 – Tonikaku Kawaii c270
14 – Red Blue 107
15 – Maou-jou de Oyasumi c363
16 – Ogami Tsumiki Ki nichijou c23
17 – Mizuporo c23
18 – Maiko-san Chi no Makanai-san c300
19 – Aozakura: Bouei Daigakukou Monogatari c342
20 – Shibuya Near Family c93
21 – Te no Geka c43
22 – Tatari c48
23 – Shusseki Bangou 0-ban c27 (Encerramento)
24 – Tokachi Hitoribocchi Nōen c303
Ausentes: Detective Conan (hiato), Ad Astra Per Aspera (hiato).
Capa da Weekly Shonen Sunday #22-23
Saudações, caros leitores. Chegamos, para mais uma semana da nossa revista favorita, a Semanal Garoto Domingo. Essa é, sem dúvidas, uma das TOCs mais importantes do ano. Super recheada, totalmente atípica da fineza que estamos acostumados. Nela temos uma nova estreia, três encerramentos, quatro, se considerarmos o hiato de Kaito como um fim. Não lembro qual foi a última vez que algo parecido acontenceu. Três encerramentos de uma só vez. Tudo isso em uma edição sem praticamente nenhum ausente, somente Conan das principais histórias da revista está faltando. E é por isso que iremos, sem demoras, para a TOC.
Na primeira posição da revista, o terceiro estreante da nova leva, Hello Work Monsters. Mais um autor novato tentando sua sorte no impiedoso universo dos mangás, será que teremos aqui mais um novo sucesso? Por enquanto, a resposta precoce: Não. As primeiras impressões do mangá não são encantadoras, longe de ser negativa, Hello Work estreou de forma modesta, com um parcela curtindo a série, mas com um contraponto bem vocal de leitores que se queixaram de alguns aspectos do mangá. A arte do autor (principalmente os cenários, que são bem bleach-like, muito fundo branco), e a personalidade dos personagens principais foram as maiores reclamações dos leitores.
O mangá parece focar muito na interação e diálogos dos seus personagens, uma história que se assemelha de certa forma com Frieren e Dungeon Meshi, pelo menos aparentemente. Pode parecer tentador se inspirar em mangás do tipo, que vêm encontrando um enorme sucesso, mas existe um ponto fraco nessa abordagem, que é a dificuldade de se produzir uma narrativa forte o suficiente para sustentar esse mesmo interesse.
Existem certos tropos que são, naturalmente, mais simples e fáceis de se alcançar sucesso. É mais fácil construir um sucesso por meio de uma arte bonita, uma história com boas lutas, um romance simples, alguma comédia. São gêneros tradicionais, que encontram, historicamente, um maior sucesso dentro da revista. Agora, uma história inteiramente centrada no bate-papo, na conversinha e diálogos dos seus personagens exige uma capacidade de escrita muito mais refinada que o comum. Você não sobrevive sendo medíocre.
Exige muito mais bagagem e recurso, que nem sempre um mangaká novato possui. O autor vai ter que se esforçar bastante para conquistar o público relutante e rigoroso da Sunday, seu primeiro capítulo não foi uma má estreia, mas também não foi encantadora, e para uma história que busca abordar um estilo narrativo tão exigente, terá que entregar mais. Veremos nas próximas semanas se o segundo e terceiro capítulo serão capazes de reverter essa primeira impressão mista dos leitores.
Na segunda posição, Magic Kaito. Achei que o mangá iria entrar em hiato na edição passada, me confundi, peço perdão. Seu descanso começa nesta edição, seu retorno, sem previsões. Na terceira posição, Sousou no Frieren. Com seu 13º volume lançado, muitos bolsos japoneses foram furados, já que o mangá está se encaminhando para bater mais um recorde pessoal, superando seu melhor desempenho mensal. Rimei sem querer. Foram vendidas 366 213 cópias em 5 dias, o mangá vendeu em cinco dias mais do que Detective Conan vendeu em 12 dias. É o terceiro volume que supera as vendas de Conan, e superar Conan não é tarefa simples, algo que não acontecia na revista há muito tempo, e o que promete se repetir mais algumas vezes, enquanto o seu hype perdurar.
Major 2nd aparece na sequência, o lendário mangá se prepara para o lançamento do seu 28º volume no mês que vem. Prevejo uma página colorida para a história muito em breve. Rock A Rock se localiza na quinta colocação. O número de haters da série está caindo, mas isso não é uma boa notícia, já que o número de comentaristas, no geral, está caindo em conjunto. Evitaremos conclusões precipitadas, mas Rock A Rock não me parece muito promissor. Ryuu to Ichigo é avistado na sexta posição. Fazia muito tempo que o mangá não ficava tão ‘’baixo’’ assim na TOC. É o resultado de uma revista tão empanturrada.
Página Colorida de Utsuranin desu
Utsuranin desu recebe sua terceira página colorida, enquanto continua administrando muito bem o interesse de seus leitores. Cada capítulo que passa a recepção da história só melhora, o engajamento só cresce, e minha frustração pela falta de tradução do mangá só aumenta. Virei um fã do mangá sem nem ter lido ele ainda, mas se o próprio One (aquele One mesmo, só tem um) é fã do trabalho do autor, você sabe que ele é bom. (Aqui um Tweet antigo do One recomendando o One-shot do autor)
Na oitava posição, Kimi wa 008, com seu último capítulo. Após 6 longos anos, a história se despede da revista. Shun Matsuena é uma lenda viva da Sunday, e um legítimo viciado em mangás. Acho extremamente improvável manter esse rapaz longe por muito tempo. Seu encerramento me parece muito mais um até logo do que um simples adeus. Sem Kimi wa 008 na revista, a Sunday fica com um total de 0 ecchis. Um gênero cada vez mais decrépito e raro. A safadeza, infelizmente, tá acabando.
Novamente na 9º posição, MAO. Entrando em um novo arco e com seu novo volume batendo na porta, MAO segue sólido na posição central da revista. Mikadono Sanshimai wa Angai, Choroi vem na sequência. Mais uma vez, para a tristeza da humanidade, o mangá decaiu em vendas. 11 822 cópias vendidas nos seus primeiros 5 dias, o sonho dos 40 mil mensais está cada vez mais distante. Só um anime pode reacender a chama de Mikadono, mas com a segunda temporada de Yofukashi no Uta em produção, deve demorar bastante para sequer cogitarem a ideia.
Komi-san wa, Komyushou desu vem logo após, outro que vem enfrentando uma queda em suas vendas, essa muito mais intensa. Enquanto Mikadono perdeu em torno de 1-2 mil cópias, Komi-san teve uma queda de 15 mil cópias em relação ao seu último volume. A verdade é simples, boa parte dos leitores não tem mais saco para Komi-san.
Você não consegue administrar uma história como essa por tanto tempo. É possível se defender com o clássico argumento de que ”o mangá não é um romance, é uma comédia”. E eu concordo e sustento esse ponto, o mangá é de fato uma comédia, mas sendo ou não uma comédia, o romance sempre teve um papel importante no enredo, e a comédia já não é tão engraçada quanto um dia foi. Se o romance enjoa, a comédia não funciona, o que sobra?
Independente da perda (natural) de compradores, Komi-san segue sendo um dos maiores sucessos comerciais da revista, não vive mais seu prime, mas ainda se impõe sobre todo o resto. O terceiro mangá que se despede da revista surge, estamos falando dele, Last Karte. O encerramento abrupto e desolador da história finalmente se realiza, o fim de um dos mangás mais criativos e únicos da revista. Nunca saberemos as razões para seu fim, mas sabemos com bastante clareza de que não foi um cancelamento. O autor concluiu a história que queria contar, e isso deve bastar. Toda a sorte do mundo para ele, e que volte em uma próxima oportunidade para uma nova serialização, na própria Sunday, claro.
Página Colorida de Encerramento de Last Karte
Na décima terceira posição, Tonikaku Kawaii. Sem novidades para esse aqui. O mesmo serve para Red Blue, que também não possui novidades. A única coisa que gostaria de pontuar sobre Red Blue é uma certa negligência e equívoco cometido nas minhas análises sobre o mangá. Quem acompanha sabe que, sempre que possível, esculacho o desempenho pífio de Red Blue a cada volume lançado. Mas existe uma coisa que me escapa e que vou tentar investir mais do meu tempo pesquisando, que são os desempenhos online.
Red Blue desempenha porcamente nas vendas físicas, mas em contrapartida, é um mangá que recebe um excelente engajamento na sunday-webry (plataforma virtual da Sunday), e um mangá que se posiciona relativamente bem nos rankings das lojas digitais. Por mais que desempenhe muito mal ‘’fisicamente’’, Red Blue não performa tão mal ‘’virtualmente’’.
O que justifica o mangá não ter sido cancelado até hoje, suas boas posições e suas ocasionais páginas coloridas. Em certos casos, Oricon e Shoseki não entregam a história toda, assim como analisar somente as vendas não explica a história toda. Sempre importante lembrar, com o objetivo de definir o futuro de cada série, a TOC é sem dúvidas a melhor e mais preciosa ferramenta.
Maou-jou de Oyasumi está novamente no fundo da revista, na 15º posição. O que não deve surpreender ninguém. É uma comédia, recebendo o tratamento comédia. O que não gosto de ver é Ogami Tsumiki Ki nichijou na décima sexta posição, mas tudo bem, já que na próxima edição o mangá recebe uma página colorida de abertura, para comemorar o seu excelente desempenho no primeiro volume. Muitas semelhanças com o que se passa com o vizinho Kagurabachi. Seria Oshima (editor-chefe da Sunday) e Nakano (editor-chefe da Jump) parceiros no crime? Planejando juntamente suas pilantragens e sabotagens?
Voltando para a décima sétima posição, Mizuporo. Já não tenho muitas dúvidas sobre Mizuporo, a Sunday confia pouco na série, a revista espera pouco da série. É uma comédia, vai sobreviver por conta disso, mas, aparentemente, nada mais e nada menos do que um mangá tapa-buraco.
Na décima oitava posição, Maiko-san Chi no Makanai-san. Um absurdo a falta de página colorida para o mangá que está alçando a marca de 300 capítulos. A audácia e o desrespeito com uma das mais prestigiadas histórias da revista. Aozakura: Bouei Daigakukou Monogatari vem logo na sequência, o que não surpreende ninguém. O mesmo vale para Shibuya Near Family, todos em suas posições padrões, no fundo da revista, e seguros de todo o mal.
O convidado novo é Te no Geka, que surge no fundo da revista depois de inúmeras semanas no top 5 da revista. O mangá é o que menos vende na revista, e diferente de Red Blue que possui um bom desempenho online, não podemos dizer o mesmo para Te no Geka. Aliás, tudo que procuro sobre a série sempre aparece a mesma coisa, um pessoal que reclama das posições e página colorida da série. Já esbarrei com várias teorias malucas que explicam o sucesso interno do mangá, a principal é a de que quem escreve a história é ninguém menos do que Takenori Ichihara, ex diretor-chefe da Sunday, que saiu do cargo para se tornar mangaká.
Para muitos, só isso explica o mangá com as piores vendas e zero interesse do público receber tanto apoio interno, o bom e velho nepotismo. Obviamente, a chance disso ser verdade é minúscula, o que mantém o mistério ainda vivo. Por que diabos Te no Geka recebe tanto apoio? Talvez não fosse a hora certa de levantar a pergunta nesta edição, com o mangá no fundo da revista. Mas se na próxima edição ele voltar para o topo, o questionamento retorna.
Tatari é o antepenúltimo colocado da vez, e em uma edição tão cheia como essa, machuca mais ainda. Já é a quinta edição que o mangá se encontra no bottom 5 da revista, e se não fosse pelos inúmeros encerramentos, eu trataria Tatari como um possível cancelado. Mas devido ao cenário de calamidade e mil encerramentos, acho difícil Tatari terminar por enquanto.
Por fim, Shusseki Bangou 0-ban, no fundo da revista. O que não é novidade, o mangá do seu terceiro capítulo em diante já estava condenado, com comentários negativos por todo lado e pouca presença e interação sobre a história nas redes sociais e fóruns. Uma pena, não era uma história tão ruim a ponto de merecer tal tratamento. É esperar que o autor se recupere, e volte mais preparado, caso surja uma nova oportunidade.
Terminamos. Na próxima semana, folga para mim, já que esta é uma edição dupla, ela cobre a semana seguinte. Aguardo vocês daqui duas semanas, obrigado pela atenção. Fui-me.