Mais uma edição da Weekly Shonen Magazine foi lançada e mais uma vez vamos analisá-la para entender o contexto de suas séries, novidades, etc. É uma edição mais leve, então ao fim vamos falar de alguém de peso mesmo: o destaque é de Edens Zero e o legado do histórico Hiro Mashima, além dos desafios que teve com o mangá. Mas para começar, aqui está a ToC:
- Seitokai ni mo ana wa aru! (Primeiras páginas coloridas) Ch. 83
- Blue Lock Ch. 254
- Kanan sama wa Akumade Choroi Ch. 87
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 169
- Yowayowa Sensei (Página Colorida) Ch. 63
- Hajime no Ippo Ch. 1450
- Kakkou no linazuke Ch. 195
- Fumetsu no Anata e Ch. 184 – 3
- Kanojo, Okarishimasu Ch. 320
- Banjou no Orion Ch. 08
- Gachiakuta Ch. 88
- Hatch Potch Panch (Capítulo especial da Magazine Pocket)
- Megami no Café Terrace Ch. 143
- Ao no Miburo Ch. 116
- Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 125
- Edens Zero Ch. 278
- Akabane Honeko no Bodyguard Ch. 71
- Mokushiroku no Yonkishi Ch. 141
- Jyushin no Katana Ch. 17
- Brave Bell Ch. 36
- Mononoke no Ran Ch. 18Ausências: Mayonaka Heart Tune Ch. 22, Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 128, Sentai Daishikkaku Ch. 131, Ahiru no Sora Ch. 618 (Hiato)
Após a capa com uma modelo, a parte de mangá da revista abre alas com seu mais novo sucesso: Seitokai ni mo Ana wa aru! Quem acompanha os textos da Magazine já sabe, Seitokai é o grande sucesso dos últimos anos por suas ótimas vendas e recepção crítica excelente. A série celebrou nessa edição 1 milhão de cópias em seis volumes e teve todo um tratamento especial com seis oneshots de artistas diferentes para tanto celebrar quanto continuar promovendo a comédia escolar. É o óbvio do óbvio falar que a Shonen Magazine precisa continuar promovendo um manga que já aparece entre seus mais vendidos mesmo estando muito longe ainda de uma adaptação em anime, mas é bom de ver que os editores respeitam essa noção simples e preparam já a série para se tornar possivelmente um pilar no futuro.
Mas o real pilar veio em segundo lugar dessa vez. Blue Lock continua seu reinado sem nenhum empecilho, o mangá vende três vezes mais que o segundo colocado e acaba de revelar um PV para seu novo filme em Abril — que tem tudo para ser um sucesso nas bilheterias japonesas. A terceira posição é de Kanan-sama, geralmente mais bem colocado o que é sempre uma boa forma de observar o quão mais, em relação às rivais, a Magazine se importa com séries num estilo mais ecchi.
Em quarto na ToC, Shangri-la Frontier. O segundo mangá mais popular atualmente da revista anunciou 7.5 milhões de cópias em circulação em 16 volumes! Um resultado excelente para uma serie com potencial para ganhar múltiplas continuações para seu anime.
Quinto lugar e página colorida de Yowayowa Sensei, um ecchi que tem ganhado muitas páginas coloridas. A mensagem editorial diz que é por popularidade, é algo que pode não significar nada, mas me faz pensar que os editores acreditam que o ápice desse mangá deve vir com um anime futuro mesmo,, já que é de mais apelo a um público otaku.
Agora um grupo especial para essa ToC e em ordem da sexta até a nona posição: Hajime no Ippo, Kakkou no Iinazuke, Fumetsu e Kanojo Okarishimasu. Todos entre os maiores sucessos atuais da revista, mas já passaram do seu ápice e não devem nunca mais chegar às vendas de antes. É aquilo porém, ainda são todos populares e estão seguros.
Décimo lugar de Banjou no Orion é decente para um mangá novo, apesar de ainda estar num período mais promocional antes de ter algum volume em circulação. É seguido de Gachiakuta em décimo primeiro, outro que pode alcançar seu ápice com um anime, mas ainda deve estar meio longe desse anúncio.
Depois de um capítulo de uma série da Magazine Pocket, Megami Café aparece em décimo terceiro lugar só por uma questão de espaçar com as outras romcom. Ao no Miburo também cai, em décimo quarto, mas que é mais representativo da sua popularidade real — o mangá vinha aparecendo bem mais na frente para promover seu anime prestes a lançar.
Décimo quinto na ToC, Kuroiwa Medaka realmente está passando por uma ligeira demora para o anúncio de uma adaptação, mas ainda mantenho a fé para 2024. E o décimo sexto Edens Zero embora decente em vendas para o padrão da revista, continua vivendo na sombra de Fairy Tail, leia o destaque para saber mais!
Akabane Honeko continua mais para baixo mesmo com seu filme, ficando dessa vez em décimo sétimo. Algumas imagens foram reveladas e ao menos os figurinos estão bem fieis ao mangá, é torcer para que seja sucesso e impulsione o trabalho original. O último sucesso na ToC da semana, Mokushiroku no Yonkishi pega um décimo oitavo lugar apenas por questão de variedade da revista já que é bom ter algo mais conhecido no fim depois de terem colocado quase todos os mangá mais populares bem na frente dessa vez.
Por fim, o trio realmente caminhando na corda bamba toma as últimas páginas dessa edição. Em ordem: Jyushin no Katana decepciona por não ter conseguido trazer quase nada de leitores das obras antigas da autora; Brave Bell contraria minhas previsões de cancelamento e receberá página colorida na próxima semana mesmo sem mostrar sinais de reação; e em último lugar, Mononoke no Ran, existindo quase sem fãs e provavelmente cancelado em poucos meses.
Destaque: Edens Zero
Talvez o nome mais famoso da Weekly Shonen Magazine no Ocidente seja o de Hiro Mashima. Na revista desde 1999, o mangaka deve sua fama principalmente pelo sucesso global do battle shonen de fantasia Fairy Tail, que tem uma circulação acima dos 70 milhões de cópias!
A série durou mais de 10 anos e com seu fim em 2017 foi essencial para que o editorial da revista preparasse a volta de Mashima com uma nova série o mais rápido possível. Um ano depois chegava Edens Zero, agora contando uma aventura sci-fi, um cenário diferente das obras anteriores do autor que eram mais focadas em fantasia.
Os dois primeiros volumes herderam leitores de Fairy Tail, vendendo mais de 100 mil cada em um mês, mas após isso um declínio rápido começou, com as vendas caindo a cada novo volume. Quando o anime estreou, a série já vendia por volta de 40 a 50 mil ao mês — metade do seu ápice anterior. O anime não mudou em nada essa tendência.
O que explica essa caída? A maioria das críticas japonesas ao mangá e também o anime são similares: o problema não é a história em si, mas os personagens são considerados como muito similares aos de Fairy Tail, em design e personalidade. Isso gera uma sensação de desgasto, afinal esses fãs já acompanharam a obra por uma década e queriam algo mais moderno.
Assim é justo dizer que Edens Zero sofre uma perda em vendas similar ao de mangás muito longos com muita bagagem para leitores novos. Sim, não é uma sequência, mas o seu comportamento em vendas é similar ao de casos como Boruto em relação a Naruto justamente pelas suas semelhanças com Fairy Tail.
Isso quer dizer que Edens Zero é um fracasso? Não! É sempre preciso lembrar que o MERCADO inteiro passa por uma queda em vendas e Edens Zero mesmo agora na faixa dos 15 a 20 mil por volume, ainda tem números decentes par a revista. A série não será cancelada, mas já está em um arco final e não parece ser mais prioridade dos editores que deixarão Mashima encerrar a história no seu ritmo.
O anime mesmo é capaz de não voltar mais. A Magazine mesmo está promovendo o anime de Fairy Tail 100 Years Quest, um mangá sequência direta do clássico apenas escrito por Mashima e com um desenhista diferente, mas que herdou basicamente o time inteiro de animação que cuidou de Edens Zero.
É entendível. 100 Years Quest sofre da síndrome de sequência também, mas vende 50 mil por volume. É mais popular que Edens Zero, assim implicando que os leitores tinham mais interesse em Fairy Tail em si do que uma obra que eles encaram como só “similar” numa análise superficial.
Mashima também tem um mangá mensal chamado Dead Rock, mas seu primeiro volume só vendeu pouco acima de 10 mil num mês. O nome do autor não está vendendo por si só, apesar de sua história gigantesca, e isso é algo que a Kodansha, uma editora que depende demais de seus veteranos, precisa entender.
Há espaço para mestres como Mashima, mas é difícil esperar que leitores que chegaram até a ler Rave não possam trocar o autor por séries novas como Shangri-la Frontier, afinal seriam quase 25 anos de leitura! Cada vez mais tempo é um fator importante num mercado que premia novidades mais do que qualquer coisa. É importante balancear o clássico com o inovador.