Indicações da equipe!
Por Luís Garrido
Outra tradição dessa época além das festas de natal e ano novo são as listas de melhores do ano, dessa vez toda a equipe do Analyse It se juntou para indicar ao querido leitor obras que nos marcaram positivamente nos últimos 12 meses. Além de uma comemoração pelo começo de uma nova década (ou não dependendo o quão chato você for) esse post tem a intenção de mostrar outros colaboradores deste singelo blog que mesmo não aparecendo muito no decorrer do ano são indispensáveis para que o show continue.
Os parâmetros usados pelos colaboradores são simples: a “indicação do ano” é alguma obra que com os capítulos lançados no ano de 2019 deram ao colaborador uma experiência positiva que ele queira compartilhar, não precisa ser especificamente seu mangá favorito do ano, o principal é recomendar uma ótima leitura para os belos leitores deste blog. Além da recomendação principais poderão ser feitas até 2 menções honrosas que podem ser qualquer obra lida pelo colaborador no ano passado não importa qual seja seu ano original de publicação.
Sem mais delongas vamos as listas escritas pelos próprios colaboradores!
Son Claudio –
Moderador dos comentários
Menções honrosas
Houshin Engi
Em 2019 tive o prazer de ler muitas obras interessantes. Gin no Saji, Onanie Master Kurosawa, Koe no Katachi, Daiya no Ace, Prince of Tennis e REAL são alguns exemplos de leituras que iniciei este ano. Mas um mangá que me chamou muito a atenção este ano foi Houshin Engi, escrito e desenhado por Ryu Fujisaki, sendo lançado em 1996 até 2000 com 23 volumes lançados pela Weekly Shounen Jump.
A história se passa na China antiga (que no mangá é bem fantasiosa) e é baseada no livro chinês “Fengshen Yanyi”. Essa China é governada pela grande Dinastia Yin, que tem como líder o imperador Chuu Ou, que está impondo um governo totalmente opressor com os cidadãos plebeus e nobres da região. Tudo isso é na realidade culpa de sua esposa Dakki, uma Sennin (uma raça de seres místicos com capacidades sobre-humanas) que possui poderes capazes de controlar o imperador, assim fazendo todos os seus desejos e causando o caos e miséria no mundo dos humanos. Enquanto isso no mundo dos Sennins, o nosso protagonista Taikoubou recebe a missão de completar o “Projeto Houshin”, um pergaminho que contém vários nomes de espíritos que devem ser selados, sendo um deles o de Dakki. E assim começa a aventura de Taikoubou para completar o Projeto Houshin, derrotar Dakki e salvar a China.
Um dos pontos que eu mais gostei em Houshin Engi foi que a obra consegue ser diferente de muitos mangás Battle-Shounen na Shounen Jump. Taikoubou é oposto de muitos protagonistas da Jump como Son Goku, Luffy, Naruto, Kenshiro dentre vários outros (para mim, um dos únicos que chega perto de ser parecido ao Taikoubou é Senkuu de Dr.Stone). Taikoubou é inteligente, um grande estrategista e um personagem bastante imprevisível. Além do próprio protagonista, Houshin Engi traz um número vasto de personagens carismáticos e com personalidades e motivações diferentes, um dos grandes charmes do mangá.
Outro grande ponto positivo da obra é o fato do mangá contar uma ótima história bem coesa, cheia de reviravoltas, com bons conceitos, bons desenvolvimentos e um ainda trazer uma arte consistente em apenas 23 volumes. Algo que muitos Battle-Shounens de 30,40 ou até mesmo de 60 volumes não conseguem fazer. O autor consegue trabalhar muito bem os aspectos do mangá, fazendo-o assim ser uma obra bastante redonda sem a necessidade de ser estendida ou de ter tido a sensação de faltar algo na hora do encerramento.
Recomendo bastante a leitura do mangá de Houshin Engi. A obra teve 2 adaptações em anime, uma lançada em 1999 e a outra a mais recente em 2018, e na opinião daquele que vos escreve, ambos as adaptações não merecem ser vistas, pois a qualidade dos dois animes não chegam nem na metade da experiência que o mangá pode oferecer ao leitor. Houshin Engi é um grande achado na vasta livraria de clássicos da Jump, e é um mangá que merece muito mais reconhecimento do pouco que já tem.
Gokushufudou
Certamente um mangá com uma das ideias mais criativas que li no ano de 2019. Gokushudou conta a história de “Immortal Tatsu” (Tatsu, o Imortal em português) um lendário membro da Yakuza bastante temido por outras gangues, que após desaparecer por um bom tempo, retorna com uma nova profissão: ele é um dono de casa. Agora com o seu avental vestido, Tatsu desiste da violência e busca ganhar a vida honestamente como um marido.
E é assim que começa Gokushufudou, um mangá de comédia slice of life mostrando o dia a dia de Tatsu com tarefas comuns do nosso dia a dia. O que me fez gostar bastante do mangá foi a ideia de trazer um membro da Yakuza fazendo coisas bastante normais como lavar roupa, cozinhar e limpar a casa. Este recurso de um personagem nada normal viver situações completamente normais é bastante comum em obras de comédia, mas em Gokushufudou é muito bem feito e utilizado, trazendo assim vários capítulos bem engraçados.
Outro ponto que gostei de Gokushufudou é justamente o protagonista Tatsu. Um personagem de define o significado da palavra “homem” (homão para alguns), Tatsu tem uma boa personalidade e está disposto a tudo para fazer Miku (sua esposa) feliz, esta personagem na qual ele é muito agradecido. Por ser um personagem com uma maneira Yakuza de se pensar e ser, cria-se muitas situações hilárias ao seu redor, como por exemplo ir ao mercado e pedir para a atendente uma “coisa branca da boa, ela é fina e granulada” na tentativa de comprar uma farinha.
O mangá tem feito um sucesso bastante relativo no Japão, mesmo sendo de uma revista bastante desconhecida pelo grande público, a Kurange Bunch, Gokushufudou em 4 volumes lançados até o momento conseguiu bater a marca de 1.200.000 cópias em circulação, um número bastante invejável para alguns mangás em tão poucos volumes.
Recomendo a leitura de Gokushufudou, é uma leitura bastante good vibes que traz boas risadas para animar o seu dia. Uma coisa legal que aconteceu com o mangá em dezembro de 2019 foi o lançamento de um PV live action para promover a obra, e esse PV certamente é um dos PVs mais geniais já feitos para um mangá. É um pequeno vídeo de 4 minutos e 17 segundos que valerá muito a pena ser conferido.
Indicação do ano
Jujutsu Kaisen
O ano de 2019 foi um ano de agregação e fortalecimento de Jujutsu Kaisen dentro da lineup da Weekly Shonen Jump. Gege Akutami) atualmente está entregando capítulos interessantes, empolgantes e muito importantes para o futuro da obra. Como o arco Origin of Obedience (cap 55-64) e o arco de Flashback (cap 65-78), onde foram mostradas mais sobre a família do Megumi Fushiguro, o passado e as novas motivações de Satoru Gojou e Suguru Getou dentre vários outros aspectos que podem ser desenvolvidos mais futuramente no mangá. Atualmente, a obra se encontra no arco de Shibuya, que tem tudo para ser o arco mais importante e que vai ser o arco chave para muitos acontecimentos dentro do universo do mangá.
Além da boa qualidade de capítulos lançados esse ano, a obra teve um bom aumento em popularidade, a obra começou a ter uma média de vendas com 180k por volume (dados do volume 7), teve uma boa quantidade de páginas coloridas durante o ano, bateu a marca de 2.500.000 copias em circulação, e por fim, vendeu em 2019 no total de 1.571.697 volumes (de acordo com o Oricon), estando logo atrás de Black Clover (1.741.052) e Dr.Stone (1.821.993) sem ter um anime em exibição.
O anime de Jujutsu Kaisen pode aumentar ainda mais a popularidade do mangá. Com um bom staff, boa animação e uma boa divulgação, a obra pode ter grandes chances de se tornar um dos pilares da revista a longo prazo. A obra tem muito a oferecer para a Shueisha se for tratada com carinho, vide Kimetsu no Yaiba que conseguiu um grande status com a adaptação da Ufotable. Para mim, Jujutsu Kaisen é uma das obras Battle-Shounen mais promissoras desde Boku no Hero Academia, a obra tem tudo para ser o um dos grandes títulos da Jump por muitos anos, só vai depender das escolhas do editor-chefe e o anime que virá em 2020.
Paulo Raposo –
Escritor das análises da Jump Square
Menções honrosas
Blue Lock
Minha primeira menção honrosa das melhores obras do ano de 2019 fica por conta deste mangá da Weekly Shonen Magazine que li pelo mais absoluto acaso e, após leitura, posso dizer que é, simplesmente, uma obra impressionante e bem diferente do padrão – quando o assunto é mangás de esporte.
Escrito por Muneyuki Kaneshiro e ilustrado por Yuusuke Nomura, Blue Lock começou sua publicação na Weekly Shonen Magazine em agosto de 2018 e segue em publicação com vendas dentro do que se espera para séries relativamentes seguras da revista. É, basicamente, a série mediana de esporte dentro de uma revista que possui bastante mangás esportivos estáveis.
Contudo, é importante dizer que Blue Lock tem, em seu enredo, um charme único que torna tudo ainda mais interessante; afinal de contas a narrativa quebra muito daquele sentimento de companheirismo que as obras esportivas carregam consigo. Além de possuir personagens realmente interessantes para se explorar ao longo da trama.
A história gira em torno de Yoichi Isagi, um jogador de futebol sem muito destaque que é convocado para o projeto Blue Lock, que tem a intenção de criar o melhor atacante de todo Japão. Quando ele chega no local indicado descobre que, para alcançar seu objetivo, ele precisará passar por diversos desafios a fim de ser um jogador que visa apenas o instinto de vitória e de ser o herói necessário para a seleção nipônica ser a melhor do mundo.
O enredo, basicamente, é isso que está no parágrafo anterior, porém muito disso resume bastante toda forma como tudo se desenvolve ao longo dos capítulos, pois temos personagens que ganham um ritmo bem frenético e, de quebra, nos entrega personagens que se desenvolvem sem tanta pressa a medida que passamos a entender o quão complicado é criar um atacante “heroico”, porque para isso é necessário que os jogadores aprendam a depender de seus instintos e, com isso, liberarem seus monstros internos. Nosso protagonista é do tipo de personagem que segue a ideia de trabalho em grupo acima de tudo e, no decorrer da série, vemos que ele vai aprendendo a liberar esse monstro egoísta e sem escrúpulos que apenas anseia a vitória.
O roteiro é bem estruturado e vai desenvolvendo bem toda questão da Blue Lock, enquanto nos coloca a par de cada um dos meninos que convivem com o Isagi; tudo isso enquanto nos entrega boas partidas de futebol que realmente empolgam o leitor, nos fazendo simpatizar com os jogadores e com os adversários.
A grande sacada nesta obra é como todo o conceito mais clichê se quebra, porque sempre temos questão de trabalho em grupo e amizade quando o assunto é shonen esportivo. Todavia aqui, de nada adianta o trabalho em grupo, pois ele não produz o resultado esperado para a evolução das personagens e apenas enfraquece a possibilidade de conquista, por este motivo que eles precisam apenas se focar em serem individualistas e bons atacantes; o que, por si só, rende diversos momentos bem únicos e que vale a pena conferir.
Act-Age
Admito que Act-Age é meu xodó. O mangá que mais me surpreendeu em 2019 e, por muito pouco, não pegou o melhor do ano para mim; porém vocês irão entender melhor quando eu chegar no meu melhor de 2019.
Escrito por Tatsuya Matsuki e ilustrado por Shiro Usazaki, Act-Age é publicado desde janeiro de 2018 nas páginas da Weekly Shonen Jump e segue firme e forte no line-up da principal revista da Shueisha. Além disso, foi uma série que comecei a ler neste ano por conta da pura curiosidade pelo enredo, até porque não é todo dia que vemos um mangá focado na questão de atuação, além de ter um traço tão cativante quanto esta obra.
Um ponto que merece, e muito, destaque é que o elenco de personagens da série é extremamente fácil de simpatizar, a ponto de quando você menos esperar, você se ver apegado a cada um dos personagens da obra. Além disso, a narrativa também sabe trabalhar de um modo crescente que, a cada passo dado, sabe se posicionar bem e prende o leitor de uma forma que você não consegue parar de ler e, quando nota, já chegou acabou e apenas aguarda o próximo.
É importante mencionar que, acima de tudo, a série não é o padrão do que sai na Shonen Jump e, por este motivo, não acaba sendo o principal foco de muitas pessoas – eu incluso nesse bonde -, mas após ler tudo que havia sido publicado no começo do ano, simplesmente me peguei encantado pela série e apenas querendo indicá-la aos quatro ventos. Foi uma obra que merece todo destaque que vem recebendo e, honestamente, acredito que a tendência é que a série se torne ainda mais chamativa para quem procura um shonen fora do padrão.
Indicação do ano
Sousei no Onmyouji
Admito que 2019 li muitas coisas boas, porém nada se compara ao que o Sukeno entregou em Sousei no Onmyouji neste ano. Foi ao longo de 2019 que a obra conseguiu entregar uma sequência de capítulos excelentes, onde o autor demonstrou que possui coragem para matar personagens importantes se assim o roteiro pedir (ao contrário de outros autores shonen que só fingem matar personagens).
A obra manteve a qualidade constante ao longo do ano e, primeiramente, nos entregou um encerramento de arco bem competente e, após isso, nos entregou um início de arco bem promissor. No primeiro caso tivemos o encerramento do arco do Yuuto de uma forma bastante eficiente, onde temos personagens importantes saindo de cena, ao mesmo tempo que entregou uma luta final deveras empolgante e bem inesperado. Após a luta de fechamento do arco, tivemos revelações importantes da trama para, então, o encerrarmos.
Com essas revelações importantes, tivemos um time skip para, finalmente termos um novo arco que começou com toda pompa e empolgação para se consolidar, para mim, o melhor mangá que leio deste ano.
Um ponto interessante é que a obra teve um time skip total de seis anos (somando os dois times skip da série) e, ironicamente, coincide com o fato a série já ser publicada a seis anos nas páginas da SQ. Falando de modo mais análitico do que de fã, posso dizer que Sousei no Onmyouji é aquela típica obra que foi ofuscada por outras do mesmo segmento aliado a um anime que não ajudou tanto em sua popularidade, contudo é uma obra de altíssima qualidade que tem uma segurança dentro do line-up da Jump SQ (provavelmente permanecendo em publicação pelo tempo que o Sukeno quiser).
Mas dá para dizer, ademais, que a obra é indicada para todos que apreciam um shonen de qualidade e que consegue surpreender de diversas formas positivas.
Jussara Nunes –
Colaboradora
Menções honrosas
Hinomaru Zumou
Quando esta série começou, em 2014, foi paixão à primeira vista! Um mangá de esportes de luta, muito bem escrito, desenhado e tendo como tema o extremamente subestimado sumô. Eu adorei os personagens logo de cara!
O protagonista Ushio vive seu drama de ser baixinho demais para lutar sumô (um esporte onde os lutadores ultrapassam facilmente um metro e oitenta e cento e cinquenta quilos!), mas mesmo com um corpo pequeno ele tenta fazer o possível com o que a natureza lhe deu. O seu melhor amigo, Oozeki, esse sim com um corpo ideal para o sumô, mas que carece da determinação e vontade de aço necessária ao esporte foi outro personagem que eu adorei. Finalmente, Yuma, o ‘rival’ que não pode faltar em nenhum mangá de esportes – quer dizer, não tão rival assim, pois até este famoso clichê é inteligentemente modificado no decorrer do mangá – serve de contraponto e também de ‘orelha’ (aquele personagem que não sabe nada sobre o assunto e assume o papel do leitor, que provavelmente também não sabe nada sobre sumô) na saga.
Zumou tornou-se meu mangá favorito da Jump no seu primeiro ano, o segundo favorito em seu segundo ano e depois… bem, eu comecei a ficar meio entojada da série lá pela metade. O motivo é que, como todo mangá de esportes, Zumou tem um discurso de auto-ajuda embutido. Nada fora do normal, porém, aplicado ao sumô, soava muito exagerado e até ridículo. “Sumô cria caráter, sumô melhora a mente, melhora o corpo, sumô ajuda você a ter amigos e curar o câncer…” começou a cansar! E quando o mangá saiu da sua fase escolar e foi para a fase profissional, o começo meio capenga me fez abandonar a obra.
Mas, no final de 2018, eu resolvi retornar e foi a melhor decisão que eu teria tomado! Apesar de uns momentos mais chatinhos, Zumou voltou a ganhar fôlego e o torneio final foi uma saga que realmente valeu a pena ler! Gostei muito, MUITO! E, por isto, quando o mangá foi encerrado organicamente este ano eu fiquei triste.
Esta é uma obra que eu compraria com gosto de viesse no Brasil, embora as chances sejam praticamente nulas – mesmo a obra tendo anime e tal. Pois não apenas o sumô é um esporte quase desconhecido – e até mesmo ridicularizado – como esta série tem mais de vinte volumes e nem no Japão vendeu muito bem. Uma pena.
Espero que o seu autor, Kawada, retorne em breve com mais uma obra! Porque ele já provou que sabe desenhar muito bem e tem um roteiro bem conciso! Que venha seu próximo título – que, se for de sumô de novo, acompanho com prazer!
Kimetsu no Yaiba
Meu orgulho ‘hipster’ me permite dizer algo que muitos fãs de Demons Slayer hoje não podem: “Eu já curtia Kimetsu no Yaiba ANTES de ser modinha!”
Desde o primeiro capítulo aquele traço bonitinho, simples e limpinho já tinha chamado a minha atenção. Os protagonistas Tanjiro e Nezuko me encantaram desde o primeiro momento! Gostei do design de personagens, do estilo de narrativa e o roteiro, apesar de ser bem basicão, era eficiente e me prendeu por um bom tempo.
Entretanto eu comecei a ficar preocupada que o mangá pudesse ser cancelado a qualquer momento, pois suas vendas eram muito baixas. E, ao contrário de Zumou, que era um mangá de esportes e que, pelo seu viés tradicionalista, certamente receberia apoio editorial até o fim, Yaiba era apenas “mais um shonenzinho de batalha” que poderia ficar perdido no meio de tantos outros que desapareceram no limbo da Jump.
Para minha surpresa, o mangá resistiu! E sua história foi ficando mais legal, começou a crescer em vendas até, finalmente, ter o anime anunciado. E que anime FODA! Conseguiu superar o próprio mangá! E, para a felicidade geral dos hipsters que sempre acompanharam este título desde o começo, agora se tornou o mangá mais vendido do Japão este ano!
Não posso dizer que Yaiba melhorou muito em termos de roteiro em 2019, ele continuou mantendo o seu ritmo – embora um clímax esteja se avizinhando e, com isto, aumentando a ação frenética – e o hype do anime me fez adorar a obra ainda mais. Que bom que ela resistiu até hoje!
Este é o motivo pelo qual ele está no meu top 3 de 2019: pelo conjunto da obra e pelo esforço de sobreviver até aqui!
Indicação do ano
Boa Noite Punpun (lançado no Brasil entre 2018 e 2019)
Um dos títulos seinen mais elogiados no exterior e que demorou muito para aparecer por aqui. pelo menos, quando chegou, chegou com toda a pompa, arrancando elogios até daqueles que não curtem muito mangá.
Nesta história, acompanhamos a vida tragicamente normal de Punpun, menino de classe-média japonesa, fruto de um casamento malsucedido, mas que tem em seus preciosos amigos a força para ser feliz. Estudante do fundamental, tímido e inocente, sua vida não é muito diferente das outras crianças. Mas tudo começa a mudar quando ele se apaixona por Aiko, a sua nova colega de classe.
No princípio, parece que a história vai ser um drama de escolinha, um slice-of-life levinho e com toques de humor. Ledo engano! Aos poucos, o roteiro começa a escalonar para temas cada vez mais sombrios, como violência doméstica, fanatismo religioso, depressão e assassinato!
O que chama a atenção de qualquer um assim que tem o mangá nas mãos é o character design do protagonista. Punpun e sua família são retratados não como humanos (embora no mangá eles sejam humanos e todo mundo os vê desta forma!), mas como um bando de “patinhos” rabiscados por uma criança.
À medida que Punpun vai crescendo, sua visão de mundo vai se modificando. E, como todos os adolescente, suas emoções estão à flor da pele! Questões que, para nós, poderiam parecer simples de se resolver, para ele tem um peso e aflição muito maiores. Questões sentimentais – sobretudo em relação à família – são muito difíceis para o protagonista e parece que não melhoram muito com o tempo.
Sobre a arte, enquanto tempos “patinhos” rabiscados aqui e acolá, as figuras humanas e cenários são representados com um realismo incrível! Aliás, Inio Asano tem uma técnica fabulosa de fazer cenários, com mistura de fotografias, que faz tudo ficar foto realista e com traçado artístico ao mesmo tempo!
Punpun é, na minha opinião, o MELHOR mangá que eu já li até hoje! Não é apena só melhor do ano, mas de todos os anos!
A Jussara Nunes também é resenhista do blog Som, Fúria e Cultura, além de estar à frente do Tremor Studio.
Diego Felipe –
Moderador dos comentários e escritor das análises da Shounen Sunday e Shounen Magazine
Menção honrosa
Jujutsu Kaisen
Gege Akutami pode se considerar uma pessoa de sorte. Não é qualquer um que consegue lançar um mangá de sucesso logo de primeira – então, superficialmente falando, o sucesso de Jujutsu em quase dois anos de publicação já é uma tremenda façanha, ainda mais considerando que o mangá já tem anime anunciado.
Lá vai a sinopse: Yuji Itadori, um garoto com talento de sobra para o atletismo ou para atividades de muita força física, mas que está assumidamente mais interessado em fazer parte do clube de ocultismo de sua escola. Após a morte de seu avô, a vida dele muda para sempre quando o clube se depara com um amuleto amaldiçoado e também após conhecer Megumi, jovem de personalidade séria que revela ser um xamã, tendo como principal missão controlar ou eliminar os monstros das maldições que põem a vida de pessoas em risco.
Para salvar seus amigos do clube, Yuji acaba ingerindo um dos dedos de Sukuna, um demônio ancestral poderosíssimo que, apesar de morto, ameaça constantemente controlar Yuji e causar mais desgraças ao mundo ao redor. Felizmente Yuji ainda está no comando do próprio corpo – e é transferido para uma escola de Tokyo destinada a ensinar alunos a lidar com maldições, onde Megumi também é aluno.
Jujutsu não chega a ser uma obra com originalidade de sobra, uma vez que ainda podemos ver algumas características clássicas de mangás de battle shounen, como o deuteragonista soturno e sério, o mentor de personalidade enigmática ou a necessidade do protagonista em evoluir suas habilidades para enfrentar inimigos mais fortes (mesmo nesse caso já tendo um inimigo perigosíssimo no próprio corpo). Porém também não cai com tudo na armadilha da previsibilidade entediante e consegue entregar um material interessante e divertido, seja com cenas de ação ou terror muito bem desenhados, seja com uma condução boa o bastante para segurar os leitores. Também vale ressaltar a precisão do uso de cenas de violência, o que as torna mais relevantes para a narrativa e menos próximas de um fan service.
Mesmo não sendo um personagem com personalidade diferente das que já vimos em vários mangás da Weekly Shounen Jump, Yuji é um personagem simpático e adequado o bastante para ser o principal fio condutor da história. Outros personagens interessantes, como o já citado Megumi, a intensa Nobara (também estudante do colégio onde Yuji e Megumi estudam) e o misterioso professor Gojo, também ajudam a garantir que a história não fique enfadonha.
Indicação do ano
Spy x Family
Em quase 20 anos no mercado de mangás, a carreira de Tatsuya Endou não teve tanto alarde: a princípio foi assistente de Kanou Yasuhiro em mangás como Mx0 e Pretty Face, que tiveram rendimento mediano na Weekly Shounen Jump nos anos 2000. Depois passou a ser assistente de Yoshiyuki Nishi em Muhyo to Roji, que fez um sucesso considerável, mas não chegou a ser um pilar. Com o fim de Muhyo to Roji lançou mangás e one-shots na Jump Square, não chegando a causar impacto ou a manter um mangá por um prazo muito longo.
Foi aí que em 2019, depois de quase duas décadas sendo apenas mais um nome no mercado, enfim Tatsuya Endou entregaria uma obra que o tornasse relevante no mercado de mangás japonês… E esse lançamento seria justamente na plataforma digital da Jump+, acompanhando o crescente consumo de mangás em formato digital.
A história é centrada em três personagens: um espião habilidoso, uma jovem que leva uma vida dupla como uma assassina de aluguel e uma garotinha que esconde ser paranormal. Encarregado de uma nova missão para combater uma possível ameaça internacional, o espião precisa arranjar uma família de fachada para seguir adiante com a operação. Uma série de circunstâncias e interesses ocultos faz com que Anya (a criança) e Yor Briar (a jovem com vida dupla) passem a ser a sua família falsa agindo como filha e esposa, respectivamente. Cada um dos três esconde dos demais seus maiores segredos e tentam lidar com seus próprios conflitos internos.
Não é à toa que Spy x Family está fazendo tanto sucesso: para começar um mangá com temática de espionagem exige um roteiro criativo e afiado, uma vez que tal temática, embora tenha sido explorada à exaustão em obras ocidentais, surpreendentemente ainda não foi tão explorada assim no mundo dos mangás. A premissa já é algo que pode atrair a atenção de uma quantidade de muitos leitores curioso.
Mas ter somente uma premissa interessante não bastaria e é aí que entra também a qualidade narrativa: o mangá consegue cativar e entreter o público com um desenvolvimento fluido e ágil sem esquecer porém de valorizar o arco dos personagens ou os contextos apresentados, além de saber desenvolver em um ótimo timing os momentos de humor, drama e ação. Mesmo não sendo uma trama realista, também vale destacar as abordagens sutis a problemas sérios da vida real, tais como conflitos entre nações, os riscos da guerra, crimes de espionagem e terrorismo.
O traço do autor também é bem primoroso e rico em detalhes, seja na composição dos cenários, no design dos personagens ou no desenvolvimento das cenas. O carisma dos protagonistas também contribui bastante para o entretenimento dos leitores, pois ao mesmo tempo que não são personagens unidimensionais, também não são complicados de serem compreendidos, principalmente em momentos de insegurança ou reflexão causados pela dificuldade inicial de se adaptar a situação em que se encontram.
Lançado ainda em 2019, o êxito desse mangá veio muito rápido: em apenas três volumes se tornou um dos mangás mais bem-sucedidos do ano e o maior sucesso da Jump+ até agora. E a expectativa é que as coisas continuem maravilhosas para o mangá nos próximos anos… Não será surpreendente se a obra ganhar uma adaptação animada no futuro.
Leonardo Nicolin –
Criador do Analyse It, escritor das análises da Jump, ranking oricon, matérias especiais dentre outras, além de ser o acionista majoritário da Analyse It Corp.™
Menções honrosas
Boa Noite Punpun
Boa noite, Punpun… O que dizer sobre esse mangá? Muitos motivos podem nos “empurrar” a ler um novo mangá: a promessa de uma comédia acertada, cenas de ação eletrizantes, entender o motivo pelo qual uma série vende muito bem, a recomendação de um amigo caro, ou até mesmo o simples a caso. Eu encontrei Punpun pela pura casualidade: Enquanto eu caminhava, em 2011, em uma banca de revista italiana especializada em mangás, encontrei uma revista em quadrinhos bastante minimalista, que me chamou bastante atenção.
Se chamava “Buonanotte, Punpun”, eu sinceramente não gosto de traduções de nome, porém com essa obra consegui ignorar esse incomodo título. Decidi, por pura e simples curiosidade, comprar o mangá, e acabei entrando em uma grande montanha russa emocional que mudou o meu modo de ler um mangá. Oyasumi Punpun, série escrita e desenhada por Inio Asaso, conta a história do crescimento de um garoto, chamado de Punpun Punyama, porém, esse garoto, diferente de todos os outros seres humanos excluindo sua família, não adota uma anatomia humana; na verdade Punpun parece um boneco de pano em forma de pássaro.
Fui jogado, sem esperar, em uma obra cheia de alegorias e metáforas, que estavam prontas para “desbussolar” minhas concepções: Oyasumi Punpun é uma aventura na mente de uma criança com várias problemáticas psicológicas e com muitas inseguranças internas, que de certo modo, muitos de nós já passamos no nosso crescimento: Deste modo, vemos essa criança se tornar um adolescente, depois se tornar um adulto; e o vemos enfrentar questões como a sua própria sexualidade, a depressão, sua relação perturbada com sua família, e muitas outras questões, que SEMPRE são apresentadas de modo fluído e multifatorial; moralismo, certezas absolutas ou soluções “preta e branca”, não fazem parte do dicionário do autor, Inio Asaso. A obra se propõe a expor a nossa correlação com a sociedade de modo inteligente e nem um pouco simplicista.
E é justamente essa profundidade e realismo fantástico, que transforma a série em uma leitura tão prazerosa: Enquanto muitos mangás retratam o mundo de maneira pessimista ou otimista, Oyasumi Punpun tenta retratar nossa sociedade de modo honesto: Percebemos imediatamente, no primeiro volume, que Inio Asaso não está querendo empurrar uma verdade, mas sim apresentar suas visões sobre as problemáticas do mundo atual: A depravação, a perda da individualidade, a solidão em um mundo interconectado, a nossa necessidade de encontrar uma razão, um amor, um deus. A obra mostra como a nossa existência se resume, em todas as idades, a uma eterna procura por uma felicidade interna, uma paz de espírito, que acaba sendo negada a muitos pelos pilares moralistas e dolorosos que mantém, ainda, a sociedade moderna em pé. E o autor tenta, através dos olhos de Punpun, expor como tentamos encontrar o nosso lugar.
Oyasumi Punpun é uma curva, em um gráfico linear de calibração, é uma obra que para mim, é uma leitura obrigatória, seja para pessoas que sofrem de depressão, seja para pessoas que vivem sua vida ligeiramente.
“You know what i think, Punpun?
There’s a loneliness that’s part of human being, that you can never get rid of”
Sket Dance
A minha segunda recomendação é um mangá da Weekly Shonen Jump que conseguiu sobreviver vários anos, mesmo tendo um início muito complicado: SKET Dance. Escrito por Kenta Shinohara; essa série de comédia conta a história de três membros de um clube que tem como objetivo resolver qualquer problemática que apareça no colégio.
A série segue um esquema de “Sitcom”, no qual um grupo repetido de personagens em cada capítulo tem que enfrentar um novo desafio; sempre de maneira divertida e criativa. Porém o que diferença SKET Dance das demais comédias? Então, a série não sobreviveu 7 anos da revista por qualquer motivo. O autor consegue unir cenas hilárias com cenas emocionantes, que deixam qualquer leitor com o coração partido.
A comédia: a interação dos três personagens é fantástica, cada um tendo uma função específica no clube. Bossun, o protagonista da série é muito inteligente, aventuroso e tem uma incrível mira. Himeko é a força bruta do grupo e consegue vencer qualquer um na porrada e Switch, que se comunica somente com um sintetizador vocal, tende ser o pacificador do grupo. Além da ótima interação entre esses três, a série também apresenta personagens secundários hilários: O adolescente emo, a jovem que sonha em ser mangaká, a garota ocultista que parece uma assombração. Todos esses personagens procuram o clube SKET para resolver uma problemática, criando assim sketch extremamente divertidos
Porém como comentei, o autor sabe intercalar as cenas de comédias com arcos emocionais muito interessantes: por exemplo, um dos personagens principais, Switch tem um passado muito interessante, que explica o motivo pelo qual se deve comunicar através o sintetizador. O autor normalmente utiliza arcos de 4 a 8 capítulos para desenvolver essas questões mais dramáticas, enquanto os capítulos mais simples, voltados somente a comédia tendem a durar 1 ou 2 capítulos. É uma estratégia muito similar à aquela de Gintama, lembrando que Kenta foi um dos assistentes do autor de Gintama e ambos nutrem uma grande amizade. As duas séries inclusive já tiveram alguns crossovers.
SKET Dance para mim é uma das três melhores comédias já lançadas na revista, juntamente com KochiKame e Gintama, e para quem gosta de um ótimo Gag mangá, com piadas divertidas, com o timing correto, e com personagens diversificados e com uns backgrounds interessantes, SKET Dance se torna uma leitura obrigatória. É um dos clássicos da WSJ.
Indicação do ano
Kimetsu no Yaiba
Calma, Calma, a minha recomendação desse ano não é o primeiro lugar do TOP 30 (Ou será que é?). Eu pensei por vários momentos e decidi recomendar Kimetsu no Yaiba como a melhor “leitura de 2019”, pois após o seu anime, decidi reler toda a série e acabei não me decepcionando: continuo achando o início bastante lento, porém sabendo que a série dá uma guinada absurda depois de alguns capítulos consegui inclusive aproveitar esses capítulos da série que são bem mais “simples”.
Kimetsu no Yaiba é uma obra Shonen, que entrega vários elementos interessantes: um universo simples e bem articulado, personagens diversificados com personalidades interessantes, uma boa união entre cenas de ação e comédia, uma arte primitiva que consegue dar um toque especial ao mangá. Existem várias estratégias antigas, utilizadas em outros B-Shounen, que são corretamente reaproveitados na obra.
Eu acredito que Kimetsu no Yaiba é uma leitura necessária para quem quer ver uma obra que se propõe manter uma coesão em toda a sua narração, sem se perder em uma expansão exagerada de mundo, no qual o autor depois nem consegue mais gerir todos os elementos criados (vide Naruto e Gantz). Essa consciência dos limites da própria obra, com a capacidade de criar cenas emocionantes, de criar personagens profundos o suficiente ao ponto de criar uma empatia, que transforma Kimetsu no Yaiba no sucesso monstruoso que é (além da animação de altíssima qualidade, caso você não queira ler o mangá ao menos dê uma chance para o anime).
A série possui defeitos, é inegável, principalmente no seu ritmo (que sinceramente tem momentos que é realmente arrastado), porém eu realmente acredito que Kimetsu no Yaiba é um dos três melhores B-Shounen que temos no mercado atualmente.
Luís Garrido –
Moderador dos comentários, editor do podcast e escritor tapa buraco quando necessário
Menções honrosas
Mangás de Twitter
Como idealizador desta postagem acredito que deveria me sentir culpado ao fugir um pouco da proposta inicial, o que infelizmente não é nem um pouco o caso. Mesmo já lendo casualmente outras obras nesse formato 2019 foi o ano que me chafurdei neste universo de mangás publicados no twitter: obras geralmente de slice of life e comédia com capítulos rápidos de no máximo 4 páginas, os mangás desse “gênero” normalmente possuem uma premissa simples que sempre tem como objetivo retirar um sorriso do leitor no final de sua rápida leitura, seja pelo causo ser engraçado ou simplesmente fofo.
Com o mundo atual sempre nos cobrando mais velocidade, eficiência e comprometimento ler no meio da rotina um curto arco narrativo que você tem certeza de que sorrirá no final acabou se tornando algo até mesmo um pouco terapêutico para mim, momentos em que estava nervoso ou ansioso acabavam ficando mais leves depois de eu parar por 3 minutinhos para ler um gibi no celular. Porém o querido leitor não deve se enganar, é importante deixar claro que mesmo sendo histórias bem curtas com propostas simples e geralmente bobas não se pode desmerecer a habilidade de síntese desses autores, mesmo que os capítulos separadamente tenham geralmente como principal característica uma única punchline bons autores desse gênero sabem desenvolver relacionamentos e evoluir personagens de uma maneira concisa natural.
Para ajudar quem deseja começar a ler este tipo de obra indicarei uma das minhas favoritas, que é obviamente a obra que está estampando essa recomendação, Pseudo Harém conta a história de uma colegial que é uma ótima atriz e seu veterano quem ela nutre sentimentos. A história começa no clube de teatro com o veterano comentando para sua caloura como ele gostaria de ser popular ao menos uma vez na vida, a heroína então começa a interpretar de brincadeira vários estereótipos de garotas comuns em anime e mangá fingindo que estão apaixonadas por ele. Obviamente essa brincadeira acaba também sendo uma forma dela se aproximar dele e de certa forma treiná-la a confessar seus sentimentos sem ser de brincadeira.
Num primeiro momento é fácil sentir um pouco de aversão a sinopse, eu mesmo sou bem relutante com obras que possua qualquer característica de harém, mas já nos primeiros capítulos dá para perceber como o mangá se afasta muito das características desse gênero. Pra começo de conversa a obra não é nem mesmo um harém e quase todo capítulo possui apenas a dupla veterano e caloura interagindo, e essa é a parte que a obra brilha: a química desses personagens é simplesmente perfeita, toda interação deles é sempre bem balanceada entre uma simples brincadeira, um flerte ou um ato falho de um dos dois personagens. É muito divertido como a caloura tenta encantar seu veterano ao mesmo tempo que se esforça para ter coragem de revelar seus sentimentos, e o veterano que num primeiro momento está sempre levando tudo na brincadeira, mas também não é tão denso e passivo como tendemos achar.
Outro ponto muito legal que vale a pena ser mencionado é que Pseudo Harém tem uma tradução para o inglês sancionada pelo autor que é lançada no Twitter @elusive_taco que também acaba sendo minha principal fonte de mangás desse estilo, sejam eles traduzidos pelo perfil ou retuitado por ele.
Monogatari (Onigunsou)
Num primeiro momento é possível achar que estou falando das obras de Nishio Ishin que estão tendo sua adaptação para mangás feitas pelo já famoso Oh Great ou de algo tematicamente parecido, mas não, para mim Monogatari se assemelha muito a Kimetsu no Yaiba: uma obra com uma premissa relativamente simples, mas muito bem executada. A história acontece num mundo onde humanos coexistem tsukumogami, espíritos que dominam objetos antigos para ganharem forma, seguimos o humano Hyouma vivendo sobre o mesmo teto dessas várias criaturas as quais ele odeia com toda a sua força. No decorrer dos capítulos vamos descobrindo obviamente que o conflito entre tsukumogami e humanos não é algo tão preto no branco como parece ser além de vermos o protagonista começando a se tornar mais amigável com essas criaturas.
O que acabou mais se destacando em Monogatari para mim foi a criatividade do autor na hora das lutas, um tsukumogami pode ser criado de literalmente qualquer objeto seja ele uma espada, um pente de cabelo ou até mesmo um espelho; eu pessoalmente nunca imaginei que o poder de um pilão antropomorfizado poderia ser tão legal. Além disso também temos um elenco de personagem bem carismáticos: tanto os antagonistas quanto os protagonistas esbanjam personalidade.
A obra é lançada na Ultra Jump, a mesma revista de Jojo, No Guns Life, Gingitsune, Levius/Est e Ginga Eiyuu Densetsu; e mesmo não tendo vendas exorbitantes está mais que seguro a curto prazo. Infelizmente mesmo já possuindo 10 volumes publicados o mangá está sendo lentamente traduzido para o inglês, possuindo no momento que estou escrevendo essa matéria apenas 14 capítulos lançados, mesmo assim acredito ser uma leitura bem agradável que vale a pena ser colocado na sua lista de leituras.
Indicação do ano
Kaguya-sama: love is war
Em 2019 além de entregar o clímax da guerra entre amor e cérebro Kaguya-sama teve muitos outros pontos altos demonstrando que tem muito mais a oferecer do que seu título sugere. No lado dos protagonistas vemos o relacionamento deles evoluírem e surgirem problemas a serem abordados de uma maneira que só uma revista para um público mais velho conseguiria fazer, além é claro de muitos momentos bonitinhos entre esses dois pombinhos genialmente imbecis.
Outra coisa que diferencia a obra de outras de seu gênero é o quão profundo todo o seu elenco de personagens acaba sendo: não só os protagonistas acabam tendo algum tipo desenvolvimento, os coadjuvantes também vão crescendo superando e criando dramas novos no decorrer dos capítulos (menos a Fujiwara que continua sendo a mesma amável imbecil de sempre). Este ano também vimos um desenvolvimento muito grande do Ishigami, uma mudança de comportamento na Iino que pode acabar sendo um pouco preocupante além das já clássicas crises-existenciais-amorosas da Tsundere-senpai.
O autor Akasaka Aka sabe misturar muito bem dramas sérios de personagens e outros assuntos delicados numa comédia sem banalizá-los, sua habilidade nesses temas já era notada na sua obra anterior “Instant Bullet” mas fazê-lo tão bem num gênero como a comédia é necessária uma habilidade que poucos autores têm, sem contar os clássicos capítulos focados no humor que são sempre lindamente executados. Para que a obra continue no seu alto nível nessa nova fase iniciada em 2019 será necessário que o autor eleve as singularidades do mangá cada vez mais, eu pessoalmente estou esperando muito quais serão as próximas presepadas do Ishigami em sua pequena comédia romântica e os próximos passos do relacionamento entre a Kaguya e o Shironage. Além é claro da nova temporada do anime que estreará em abril onde fico na esperança de uma abertura que chegue ao menos aos pés de “Love Dramatic”.
Gostaram das recomendações? Do formato do post? Comente aí embaixo! Lembrando que o top 30 pessoal do Leonardo Nicolin começará a ser publicado em breve.