Mais de setenta mangás estrearam na Weekly Shonen Jump nesta década, e muitos tiveram recepções diferentes: alguns foram mal recebidos, outros amados, alguns esquecidos, e há aqueles que entraram para a história pelo quanto foram odiados ou ignorados. Chegou o momento de apresentar os maiores fracassos da Jump entre 2020 e 2025, levando em consideração as baixas vendas, o número de capítulos e os comentários negativos na internet.
Vale lembrar que um mangá nem sempre fracassa por ser ruim, embora, na maioria das vezes, esse seja o caso. Sem mais delongas, vamos conhecer as obras mais criticadas pelos japoneses nos últimos anos.
Dear Anemone
Nada melhor do que começar com um mangá que, embora não esteja entre os cinco menos vendidos da década, se tornou uma das principais piadas da comunidade por sua “baixa qualidade”. Produzido por um ex-assistente de Horikoshi e cercado de grande expectativa, Dear Anemone estreou com boa recepção em seu primeiro capítulo, principalmente por prometer trazer terror à Weekly Shonen Jump, um gênero que raramente encontra espaço na revista.
Contudo, as críticas começaram logo no segundo capítulo. A história começou a se desviar para o battle shounen, desagradando quem esperava mais horror. Muitos leitores reclamaram da dificuldade em distinguir os personagens devido ao traço parecido, além de quadros confusos e mal organizados, que tornavam a leitura caótica, mesmo com a arte sendo tecnicamente competente.
O resultado foi uma enxurrada de piadas negativas a partir do terceiro capítulo (Muitos leitores até o capítulo 4 não sabia o nome do protagonista!!!), o que condenou Dear Anemone a ser um dos poucos mangás cancelados com menos de 18 capítulos entre 2020 e 2024, um período em que quase todas as séries ultrapassavam os vinte. De forma misteriosa, o autor apagou todas as informações sobre o mangá no Twitter antes mesmo do final da publicação, encerrando a série de modo ainda mais insatisfatório.
Embora tenha vendido mais do que outros títulos desta lista, o comportamento do autor e as piadas que cercaram seu cancelamento precoce transformaram Dear Anemone em um dos maiores fracassos da década.
Do Retry
O pobre Jun Kirarazaka poderia figurar nesta lista com dois mangás – Bone Collection e Do Retry. Embora Bone Collection tenha sido alvo de críticas, Do Retry, mangá de boxe ambientado no pós-guerra, gerou uma reação ainda mais negativa. O público foi tolerante no primeiro capítulo, principalmente por causa da sua ambientação rara nas obras atuais da Shonen Jump, mas, a partir do segundo, começaram as pedradas: críticas ao protagonista, à arte e à narrativa visual. Os personagens realizavam movimentos pouco naturais, o que causava estranheza entre os leitores japoneses. No geral, a obra foi considerada bizarra e amadora.
O resultado foi desastroso: Do Retry estreou na 295ª colocação do Ranking Shoseki, vendendo menos de 3 mil cópias em seu primeiro volume. Após os fracassos consecutivos de Bone Collection e Do Retry, o autor não retornou mais à Weekly Shonen Jump — pelo menos até o momento.
Nice Prison
Nenhuma lista de fracassos estaria completa sem as comédias odiadas pelo público. E realmente, Protect Me, Shugomaru! não foi o único tropeço: Nice Prison, de Tatsuya Suganuma, também falhou em conquistar os leitores. A história se passava em Nobana-shi Prison, uma cidade-prisão caótica onde a população era composta quase inteiramente por criminosos violentos e indisciplinados.
As piadas sem graça, a arte inconsistente e os personagens sem carisma resultaram no cancelamento da obra com apenas 19 capítulos, o equivalente a patéticos dois volumes. O primeiro volume estreou, assim como Do Retry, na 295ª posição do Ranking Shoseki, enquanto o segundo nem entrou no Top 500. O resultado consolidou Nice Prison como um dos maiores fracassos da década.
Bokura no Ketsumei
Lançado em uma leva que incluía Burn the Witch, Phantom Seer e Kokosei Kazoku, o mangá de vampiros Bokura no Ketsumei chamou atenção inicialmente. Sua temática sobrenatural e o one-shot bem recebido deram esperanças de que seria um sucesso. Contudo, bastaram três capítulos para o entusiasmo desaparecer.
Com uma introdução confusa, capítulos desconexos, arte instável e personagens irritantes, Bokura no Ketsumei logo passou a ser considerado um dos piores mangás da Jump. O relacionamento entre os irmãos protagonistas, que deveria soar “fofo”, acabou parecendo romântico e incômodo, aumentando ainda mais o desconforto dos leitores.
O resultado foi o cancelamento com apenas 18 capítulos, sendo amplamente considerado o pior mangá de 2020.
Hakutaku
Há muitas razões para um mangá ser cancelado (muitas mesmos, meus amigos) – e, no caso de Hakutaku, o problema foi justamente o oposto do esperado pelos leitores mais velhos. O mangá sobre programadores de jogos parecia ter saído direto dos anos 2000, tanto no traço quanto na colorização. Talvez pela idade do autor, que tem mais de trinta anos, a estética antiquada acabou afastando leitores, que chamaram a obra de “mangá com cara de velho”.
Quem leu também criticou os personagens secundários caricatos, a ausência de profundidade na discussão sobre desenvolvimento de jogos e, no geral, a história sem vida. Hakutaku foi cancelado com menos de 20 capítulos, estreando na 307ª posição do Ranking Shoseki.
Ice-Head Gill
Enquanto Tomoshibi no Oteru sobrevive por milagre ao cancelamento, o mangá de vikings Ice-Head Gill não teve a mesma sorte. O protagonista foi considerado sem carisma e genérico, uma versão barata do Gon, de Hunter x Hunter. Além disso, a ambientação nórdica não despertou interesse no público japonês, que classificou a obra como “mais um battle shounen qualquer”.
Curiosamente, Ice-Head Gill é provavelmente o menos odiado da lista — seu fracasso se deveu mais à indiferença do público do que à rejeição. Cancelado com apenas 20 capítulos, estreou na 321ª posição do Ranking Shoseki. Hoje, é lembrado apenas por um meme sobre o “machado” da Jump.
Time Paradox Ghostwriter
Hype! Amado no Ocidente! O “novo Bakuman”? Nada disso. Time Paradox Ghostwriter foi o mangá mais rapidamente cancelado da década, durando apenas 14 capítulos, nem o suficiente para completar seu segundo volume. A história acompanha um autor fracassado da Shonen Jump que encontra um mangá vindo do futuro – White Knight – e decide reproduzi-lo para alcançar o sucesso.
Apesar de ter boa recepção na MangaPlus e arte elogiada por leitores ocidentais, a obra foi detonada no Japão, acusada de fazer apologia ao plágio. Mesmo tentando corrigir a polêmica nos capítulos seguintes, o autor não conseguiu reverter a má impressão. O cancelamento foi inevitável.
Justo ou não, Time Paradox Ghostwriter é lembrado como um dos maiores fracassos da década.
Ichigoki’s Under Control!
Por fim, o maior fracasso da década: Ichigoki’s Under Control!. A comédia conta a história de Ichigoki, um estudante do ensino médio que sofre um acidente e é transformado em um ciborgue por sua amiga de infância, a cientista genial Misao. O corpo de Ichigoki só funciona quando Misao, agora miniaturizada dentro de seu cérebro, o controla como um robô.
Com humor nonsense e arte simplista, o mangá foi considerado o exemplo máximo do que não fazer em uma comédia. Quase nenhuma piada agradou ao público japonês. O timing e o estilo de humor estavam completamente fora do gosto dos leitores da Jump. O resultado? Vendas desastrosas, e a pior estreia do período, ocupando a 355ª posição no Ranking Semanal Shoseki de Vendas.







