
Fusai Naba retorna, agora na revista seinen “Cult”, a Big Comic Original.
Ficha:
Nome: Zatoichi Monogatari NOIR
Nome em Japonês: 座頭市物語ノワール
Roteiro: Fusai Naba
Arte: Fusai Naba
Editora: Shogakukan
Revista: Big Comic Original
Demografia: Seinen
Gênero: Histórico, Aventura, Samurai
Ano: 2025
Conheça Zatoichi NOIR:
Tales of Zatoichi Noir ou Zatoichi Monogatari NOIR é o mais recente mangá de Fusai Naba, considerado um dos autores mais promissores da Weekly Shonen Jump. Responsável por dois mangás bastante hypados, mas cancelados precocemente – Aliens Area e Necromance -, o autor parecia até então não conseguir transformar seu talento em longevidade editorial.
Apesar de sua reconhecida habilidade, Naba sempre esbarrava na dificuldade de construir narrativas mais densas, recaindo em clichês que acabavam por afastar os leitores — até agora. Com Zatoichi Noir, o jovem autor rompe com a demografia shonen e mergulha no universo seinen, explorando um dos gêneros mais clássicos da década passada: o jidai-geki.
O termo jidai-geki refere-se a dramas históricos ambientados no Período Edo (1603–1868), marcado pelo isolamento do Japão em relação ao mundo externo. Trata-se de um gênero que revisita tensões políticas e econômicas da época, em que agricultores, comerciantes, samurais e nobres coexistiam em um equilíbrio rígido, mas extremamente frágil.
Zatoichi Noir volta-se justamente para os derradeiros quarenta anos do Período Edo, quando a aparente estabilidade social começa a ruir e revoltas se espalham pelo país. A narrativa acompanha o “olhar” de Ichi, um samurai cego que, ao lado de seu cão Akira, percorre vilarejos devastados pela miséria. A tragédia central que molda a obra é a Grande Fome de Tenpō (1833–1837), um dos períodos mais sombrios da história japonesa, em que colheitas fracas, inflação e corrupção lançaram a população à beira da inanição.
A arte de Naba encaixa-se de forma precisa na proposta da série. O autor utiliza hashuras para acentuar a estética seinen e aposta no contraste entre áreas brancas e traços grossos, criando um efeito visual marcante. O resultado é um equilíbrio entre a sensibilidade lírica da obra, permeada por poesias, reflexões introspectivas e dilemas sociais, e a brutalidade das cenas de ação, recheadas de sangue, espadas e quadros de impacto épico.
Com apenas um capítulo, Naba entrega aquilo que havia sido prometido em Aliens Area e Necromance, mas que não se concretizou devido às limitações impostas pela demografia shonen.
Por fim, a inspiração de Naba é declaradamente direta: o lendário personagem Zatoichi, criado por Ken Shimozawa, que marcou presença em romances, séries de TV e mais de vinte filmes clássicos entre as décadas de 1960 e 1980. Assim, é possível que novos personagens desse universo épico ainda venham a surgir nas próximas páginas da obra.
Onde Ler ou Comprar?
O mangá não pode ser encontrado oficialmente nem em português e nem inglês, somente através de meios alternativos. Entretanto, para quem sabe japonês, a sua revista Big Comic Original disponibilizou o primeiro capítulo gratuitamente em japonês.