
Como discutir as vendas de Gachiakuta com propriedade e contexto. E como as mudanças de mercado afetam revistas de mangá? Tudo isso e mais na nossa análise da segunda maior revista shonen do Japão, a Weekly Shonen Magazine. Começando pela TOC:
- Gachiakuta (Primeiras Páginas Coloridas) Ch. 149
- Kakkou no linazuke Ch. 266
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 236
- Kanan sama wa Akumade Choroi Ch. 155
- Ao no Miburo: Shinsengumi hen (Página Colorida) Ch. 67
- Kanojo, Okarishimasu Ch. 393
- Blue Lock Ch. 318
- Yowayowa Sensei Ch. 136
- Mokushiroku no Yonkishi Ch. 207
- Kurotsuki no Yaergnacht Ch. 20
- Sentai Daishikkaku Ch. 191
- Mayonaka Heart Tune Ch. 90
- Kaijin Fugeki Ch. 53
- Yumene Connect Ch. 50
- Kagari-ke no 8 Kyoudai (Página Colorida) Ch. 22
- Idolatry Ch. 09
- Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 145
- Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 193
- Megami no Café Terrace Ch. 211
- Dream ✰ Jumbo ✰ Girl Ch. 15
- Yashou no Kito Ch. 19
- Ikitagari no Werewolf Ch. 24
Ausências: Suruga Meteor Ch. 32, Banjou no Orion Ch. 73, Hajime no Ippo Ch. 1503, Ahiru no Sora Ch. 616 (Hiato)

Temos uma capa de idol, mas o papo mais importante de hoje é baseado na obra que ganha as primeiras páginas coloridas; Gachiakuta. Talvez pelo fato de ser um battle manga que ganhou atenção no Ocidente igual vários da Jump, existe muita discussão sobre suas vendas e no meio disso acredito que existam equívocos e pontos que ignoram o contexto, então acho que é um bom momento para falar disso, já que engloba a Magazine e demais revistas do mercado.
O primeiro ponto é simples: a Magazine NÃO é a Shonen Jump. Ou seja, não dá para se comparar exatamente o patamar de vendas baseados no que é comum para hits da Jump. Isso quer dizer que esses números são impossíveis de alcançar? Não, séries como Blue Lock na Magazine e Frieren na Sunday mostram que existe a chance sim de bater de frente. O problema é que é preciso considerar que a Jump tem mais de UM MILHÃO de leitores semanais só no físico, muito a mais dos 300 mil da Weekly Shonen Magazine — qualquer obra da Jump já sai na frente em vendas.
Porém é também importante ressaltar que existem culturas diferentes baseadas nas revistas e nas editoras delas. A Shonen Jump faz o acesso mais difícil para capítulos novos de sua revista principal, enquanto a Magazine oferece mais capítulos gratuitos e encoraja mais o uso do sistema de compra de pontos para leitura digital das séries individualmente; ou seja, sem precisar comprar a revista inteira. A Magazine Pocket tem mais de 5 milhões de usuários mensais e é uma competidora real da Jump+, portanto o sucesso de muitas obras pode vir por meio da leitura no aplicativo/plataforma virtual e não no método tradicional de compra de volumes físicos.
Gachiakuta especialmente ranqueia bem no site e é um dos mais vendidos da Magazine em formato digital. Suas vendas físicas então não representam a totalidade de seus leitores.
Na temporada, Gachiakuta não teve um dos maiores boosts, mas não foi tão mal. Ficando perto de Tougen Anki, podemos dizer que foram duas obras de boost médio no físico e que podemos ver um crescimento maior quando soubermos o número de cópias em circulação para saber o quanto vendas digitais e vendas internacionais afetaram a obra.
Então, sim, é errado falar que Gachiakuta “vende mal”. Ele não vende igual os maiores hits do mercado, mas não existem duas categorias: “super hit” e “fracasso”, mas várias camadas de importância para cada editora. Gachiakuta permite que a Shonen Magazine tenha um battle de sucesso bom para completar sua line-up. Seria o ideal ter mais battle que vendem na casa dos 100k ao menos? Óbvio, mas isso não é culpa de Gachiakuta e está se tornando algo difícil de realizar até para a Jump, enquanto o mercado diminui. Não podemos achar que estamos em 2010 para ignorar que o mundo mudou em vários quesitos com a piora da economia, crescimento do digital, mudança nos hábitos de consumidor que preferem anime a mangá, etc.
Essa semana, Gachiakuta ficou entre os quatro anime mais vistos da TV japonesa. Pode-se dizer que parte disso é por ter passado após o Mundial de Atletismo, que está ocorrendo no Japão esse ano, mas ainda assim o bom horário é reflexo da confiança e apoio do comitê de produção e da TV com Gachiakuta. O importante para uma empresa é a obra render lucro e o anime deve estar fazendo seu papel, inclusive a página colorida da semana celebra sua segunda cour.
Continuando a TOC, o vice é Kakkou no Iinazuke com o capítulo inicial de um novo arco para Hiro. Ou seja, ainda não estamos caminhando para um fim. De qualquer forma, o editorial achou que era relevante o suficiente para promover na semana. Hiro é uma das personagens mais populares, então pode ser uma forma de agradar esse público que é fã dela e a sentia mais escanteada recentemente.
Fechando o pódio temos Shangri-la Frontier em um capítulo ambientado na era do Bakumatsu com o Shinsengumi. Tema central do mangá Ao no Miburo aqui da revista. Provavelmente é uma coincidência do capítulo sair em semana com promoção da outra obra, mas ainda legal de destacar.
Quarto colocado, Kanan-sama continua sua tradição de receber postos mais altos que os outros do gênero na maioria das vezes. O mangá terá anime em 2026, então pode ser o caso de o promoveram mais por isso.
Página colorida para o quinto lugar, Ao no Miburo, para trazer informações da segunda temporada do anime. Começará em 20 de Dezembro, que seria uma data estranha, mas é pela última temporada de Boku no Hero Academia ter menos episódios que o comum.
Além disso, promoção para novo volume. Sinceramente, a obra é uma daquelas que mostrou a força de um anime, aonde fez mais sucesso com excelente audiência televisiva que como mangá, que vende poucas unidades por volume.
A sexta posição vai para Kanojo, Okarishimasu que já está com a QUINTA temporada de anime confirmada para o ano que vem. Além disso o mangá deve começar um arco focado em Mami, que não é muito explorada desde o fim do arco Hawaiians mais de ano atrás.
Blue Lock é o sétimo dessa TOC. Algo comum para o mangá pilar da Magazine, que preferem colocar mais perto do meio que da ponta, assim estimulando a leitura maior da revista. Muitos discutem que a Copa do Mundo U-20 pode ser o arco final, mas com o tamanho do arco e o seu ritmo, ainda seriam anos de Blue Lock, então não coloquem os cavalos na frente da carroça.
Em oitavo lugar temos Yowayowa Sensei. Falei anteriorment que Kanan-sama pode ser mais promovido pelo anime em 2026, mas Yowayowa Sensei deve ganhar seu anime no mesmo ano. Porém, deve vir depois, já que até agora não recebemos nem um teaser ou mais informações de sua adaptação.
Mokushiroku no Yonkishi é o nono do grid com um capítulo trazendo um velho conhecido dos fãs de volta. Sempre bom de relembrar que a função da obra é primariamente agradar seus leitores de longa data, cumprindo assim parte da função que muitos hits “envelhecidos” cumpre em várias revistas mercado afora.
Décima colocação para Kurotsuki no Yaergnacht que continua movendo montanhas. Posts da obra no Twitter continuam chegando na casa das 20 mil curtidas e é claro que existe uma fanbase digital grande além das boas vendas físicas da obra, que é a grande vencedora dos estreantes de 2025 da Magazine.
Sentai Daishikkaku é o décimo primeiro lugar em mais um capítulo das inúmeras batalhas do arco atual. Pode até ser o final, mas tem tanta gente brigando com tanta gente que é difícil de sequer chutar uma estimativa para seu encerramento.
A décima segunda posição é de Mayonaka Heart Tune, que ganhará as primeiras páginas coloridas da semana seguinte. Mais um movimento do apoio editorial à obra que tem grande potencial de mercado com seu anime. Além disso a narrativa passa por bom momento ao progredir os sentimentos dos personagens para refrescar o roteiro.
Em décimo terceiro na TOC, Kaijin Fugeki traz mais ação e expande a escala de seu arco atual, com uma grande batalha por vir.
Yumene Connect é o décimo quarto da vez, mas com boas notícias. Primeiramente, estará ganhando recomendação de Kentaro Yabuki, autor de To Love-ru!! Citei a inspiração óbvia do mangá várias vezes aqui, mas agora o próprio autor Sawada Kou afirmou que sua inspiração para virar mangaka foi To Love-ru, então é uma honra imensa para ele ganhar esse apoio do seu ídolo.
Além disso, como podem ver, Yumene está se mantendo longe do pelotão dos possíveis cancelados depois de alguns meses parado por lá. Dá para dizer que o mangá superou seu maior perigo e agora com novatos vendendo menos, vive estabilidade interna, que permtie maior apoio dos editores para o futuro próximo.
Kagari-ke ganha uma página colorida promocional para seu segundo volume em colocação relativamente baixa, décimo quinto. Para quem sabe, página colorida não é garantia de sucesso na Magazine, mas sim algo que a maioria das séries receberá quando tiver volumes para lançar.
Dito isso, o mangá tem pequenas notícias positivas. A campanha promocional na Magazine Pocket aumentou o número de interações com os capítulos da série ficando bem acima e mais elogiado que outros rivais, como Kito. Além disso o volume 2 ranqueou como 109 na Shoseki no seu primeiro dia, o anterior havia ficado em 156. Claro, as coisas mudam baseado nos lançamentos, mas a diferença é grande o suficiente para dizer que houve um pequeno crescimento. Será o suficiente? Provavelmente não, mas existe um grão de esperança dependendo de quantas obras serão canceladas na próxima leva.
Em décimo sexto lugar, temos Idolatry que continua com um forte engajamento para um novato. Ainda não entrou em campanha promocional na Magazine Pocket também, aonde pode crescer ainda mais.
A décima sétima colocação vai para Seitokai ni mo ana wa Aru! em rara aparição mais próximo do fim da revista. Algo normal, até Blue Lock já apareceu mais baixo, é apenas questão de rotação.
Kuroiwa Medaka é o décimo oitavo da edição em capítulo que de novo brinca com as expectativas de desenvolvimentos com o leitor. Continuo achando que a autora deveria ir por esse caminho para manter o público engajado e sem enjoar da narrativa. Torcemos.
Em contagem regressiva, Megami no Café Terrace aparece em décimo nono. É algo similar ao que aconteceu com Amagami-san quando teve seu fim anunciado, começando a aparecer com mais frequência em posições de menos destaque, que a revista prefere dar para obras que estarão ali por mais tempo. É algo normal, a Jump nem sequer dá capa para os capítulos finais de seus grandes sucessos, as revistas preferem focar no futuro. Mesmo assim, Megami Café ainda deve ganhar mais uma ou duas páginas coloridas, incluindo uma no capítulo final.
Antepenúltimo, não acredito que Dream Jumbo Girl precise se preocupar de estar mais para o fim dessa vez. Como sabem, o problema é virar figurinha carimbada no final da revista e não pequenas quedas de momento. Dream Jumbo Girl continua com uma excelente popularidade na Magazine Pocket e vendas físicas o suficiente para não correr risco no momento.
Penúltimo, Yashou no Kito sim está respirando por aparelhos. Nunca sai das últimas colocações e deve ser a obra menos comentada da leva recente apesar de seus impressionantes desenhos.
Ikitagari no Werewolf fecha a edição preparando uma grande batalha que pode ser a final. Junto de Kito, são os cancelamentos que são mais fáceis de prever e que, provavelmente, já foram decididos.
Não foi das edições mais bombásticas, mas espero que os pontos que fiz sobre Gachiakuta sejam levados em mente para o pessoal entender um pouco que o mercado é dinâmico e existem muitas realidades dentro dele, não só a do mainstream do mainstream. Até a próxima!