
O Seinen é uma das demografias mais importantes do mundo do mangá, no qual vimos ser lançada uma enorme quantidade de obras de grande sucesso comercial: de Oshi no Ko a Lupin III.
Mas o que categoriza Seinen? Muitos no Ocidente pensam que sejam as características do mangá; contudo, no Japão é normalmente utilizada uma métrica bastante simples: mangás publicados em revistas ou plataformas destinadas ao público adulto.
E dentro dessas revistas, como a Weekly Young Jump ou a Big Comic Original, estrearam mangás que marcaram gerações e moldaram o mercado editorial japonês.
Para esta matéria, foram excluídos todos os mangás que em algum momento foram lançados em revistas shonen (já que parte do total de suas vendas foi influenciada por essa presença). Além disso, as vendas apresentadas aqui são estimadas de acordo com as cópias em circulação de cada série.
A seguir, apresentamos o ranking dos dez mangás seinen mais vendidos de todos os tempos.
10. Tokyo Ghoul (47 milhões de cópias em circulação)
Lançado entre 2011 e 2017 por Sui Ishida, na revista Weekly Young Jump, Tokyo Ghoul rapidamente se tornou um fenômeno mundial. Ambientado em uma Tóquio infestada por criaturas conhecidas como “ghouls”, acompanhamos um garoto (Ken Kaneki) que passa por uma transformação que para sempre colocará em xeque a sua própria humanidade.
A obra quebrou os limites da sua demografia, conquistando também um vasto público adolescente. Muitos até confundem, pensando que Tokyo Ghoul era lançado em uma revista shonen. Contudo, a obra, juntamente com Gantz e Kingdom, foi essencial para que a Weekly Young Jump se tornasse a maior revista seinen do mercado japonês.
A força de Tokyo Ghoul está justamente na fusão entre ação violenta e estudo psicológico dos personagens, que sempre apresentavam uma variedade de nuances que encantavam os leitores. Gostando ou não, é inegável que Sui Ishida marcou o mercado de mangás.
09. Kosaku Shima (47 milhões)
Publicado desde 1983 na Morning, revista seinen da Kodansha, Kosaku Shima é pouco conhecido no Ocidente, provavelmente por ser um mangá dos anos 80 que não traz batalhas, monstros, esportes ou cenas exageradamente dramáticas.
A obra acompanha a vida de Kosaku, um trabalhador comum que busca alcançar cargos de liderança em sua empresa. Unindo elementos realistas a tons romantizados, retrata a vida corporativa japonesa, ressoando com muitos leitores adultos.
Temas como a economia japonesa do pós-guerra, ética nos negócios, globalização e equilíbrio entre vida pessoal e profissional dão a Kosaku Shima uma relevância social que lhe garantiu grande longevidade. A capacidade do autor de renovar suas histórias em mais de 100 volumes lançados transformou Kosaku Shima em um dos mangás seinen mais vendidos da história.
08. Bad Boys (55 milhões)
Bad Boys, também conhecido como BADBOYS, publicado de 1988 a 1996 na Young King, tornou-se um dos mangás de delinquentes mais influentes da história. Mergulhando no universo dos yankii (delinquentes juvenis japoneses), a série dominou as ruas de Hiroshima nos anos 90.
Rivalidade, amizade, vingança e perdão são alguns dos temas que deixaram os leitores japoneses “vidrados” nesse mangá. E embora não seja tão conhecido internacionalmente, Bad Boys teve tanto sucesso no Japão que conquistou um lugar nesta lista exclusiva, sendo lembrado como um clássico do subgênero yankii.
07. Initial D (56 milhões)
“Deja vu, I’ve been in this place before” — quem não conhece um dos mangás de corrida mais icônicos da história? Publicado entre 1995 e 2013 na Weekly Young Magazine, Initial D conta a história de Takumi Fujiwara, um jovem entregador que descobre um talento natural para corridas de rua.
Com seu Toyota AE86 e uma quadrinização dinâmica, as corridas de drift tornaram-se espetáculos narrativos eletrizantes. Initial D não conquistou apenas o Japão, mas o mundo inteiro, tanto com seu anime de trilha sonora lendária quanto com seu mangá de altíssima qualidade. É leitura obrigatória para quem gosta de corridas — ou mesmo para quem não gosta.
06. Berserk (70 milhões)
Considerado por muitos o “melhor seinen de todos os tempos”, Berserk, de Kentaro Miura, é talvez o maior símbolo da demografia. Publicado desde 1989, o mangá narra a trágica história de Guts, um mercenário marcado por uma luta constante contra forças sobrenaturais.
A obra continua em publicação mesmo após a morte súbita do criador, em 2021. A profundidade dos personagens, o traço detalhado, as lutas épicas, a atmosfera sombria e as reflexões intensas levaram Berserk a vender mais de 70 milhões de cópias no mundo, quase entrando no TOP 5 dos mangás seinen mais vendidos.
05. Vagabond (82 milhões)
Takehiko Inoue é um autor venerado por pessoas de todas as idades e gêneros, e conquistou esse status lendário principalmente por duas obras: Slam Dunk (shonen) e Vagabond.
Publicado desde 1998 na revista Morning, Vagabond acompanha a trajetória de um espadachim do Japão feudal em sua busca para se tornar um dos homens mais emblemáticos da história (Miyamoto Musashi), o “mais forte sob o céu”. Com ilustrações de altíssimo nível – quase pictóricas – e profundidade psicológica dos personagens, Vagabond é um dos maiores clássicos já criados.
Mas a pergunta que não quer calar: será que um dia Vagabond sairá do hiato?
04. Kingdom (110 milhões)
Se você procura o seinen que mais vende atualmente, a resposta é Kingdom, de Yasuhisa Hara, publicado na Weekly Young Jump. A obra é um épico histórico, com batalhas colossais, retratando a China durante o período dos Reinos Combatentes.
A narrativa não busca ser fiel ao registro histórico, adotando diversas liberdades criativas tanto no enredo quanto nas batalhas. É justamente essa combinação, aliada a um roteiro de alta qualidade, que transformou Kingdom em um clássico moderno do seinen.
Mesmo com mais de 75 volumes, a leitura de Kingdom flui rapidamente, sendo altamente recomendada.
03. Oishinbo (135 milhões)
Publicado de 1983 a 2014 na revista Big Comic Spirit, Oishinbo, de Tetsu Kariya e Akira Hanasaki, é um fenômeno cultural único. O mangá acompanha um jornalista especializado em gastronomia que viaja pelo Japão explorando pratos e tradições culinárias.
Muito além do entretenimento, Oishinbo é considerado uma verdadeira enciclopédia da culinária japonesa. Seus volumes já foram utilizados em escolas e institutos de gastronomia, dada a riqueza de detalhes sobre técnicas, ingredientes e cultura alimentar.
Sem sombra de dúvida, Oishinbo é a prova de que o seinen pode conquistar públicos imensos mesmo com temáticas aparentemente “cotidianas”.
02. Crayon Shin-chan (148 milhões)
Quando muitos pensam em Crayon Shin-chan, imaginam uma obra infantil. Contudo, na verdade, trata-se do segundo seinen mais vendido da história. Lançado na revista adulta Manga Action e posteriormente na Manga Town, Crayon Shin-chan é um dos maiores marcos culturais do Japão.
Mas por que foi publicado como seinen? Simples: embora a arte pareça infantil, a comédia é carregada de duplo sentido, humor ácido, críticas sociais e referências sexuais (como os pais tentando ter relações sem acordar Shin-chan) que apenas adultos compreendem. Por isso, nos Estados Unidos, a série foi exibida no canal Adult Swim.
Sim, uma das maiores franquias do entretenimento nasceu de um mangá seinen, que, no entanto, também dialoga com o público infantil, mesmo não sendo o alvo principal.
01. Golgo 13 (300 milhões)
Publicado ininterruptamente desde 1968 na Big Comic, Golgo 13, de Takao Saito, é o mangá mais longevo ainda em circulação, com mais de 215 volumes lançados. A série acompanha Duke Togo, um assassino de aluguel frio e enigmático que atua em missões pelo mundo.
Como o mangá se manteve relevante por mais de cinco décadas? Graças a um protagonista carismático e um roteiro que mistura política internacional, conspirações, assassinatos e missões eletrizantes. Isso transformou Golgo 13 em um dos mangás mais importantes da história do Japão.
Com mais de 300 milhões de cópias vendidas – o dobro do segundo colocado! -, Golgo 13 não só é o seinen mais vendido de todos os tempos, como também o terceiro mangá mais vendido da história (atrás apenas de One Piece e Doraemon). Um verdadeiro monumento da cultura pop japonesa, símbolo máximo da demografia seinen.