
A primeira semana de vendas dos novos volumes chegou, o que está indo bem e o que está em risco? Além disso, para trazer variedade, uma rara edição com algumas análises mais pessoais sobre os rumos de cada história. Isso e mais na nossa análise da Weekly Shonen Magazine, a segunda maior revista shonen do Japão. Começando pela TOC:
- Dream ✰ Jumbo ✰ Girl (Primeiras Páginas Coloridas) Ch. 12
- Mayonaka Heart Tune Ch. 86
- Mokushiroku no Yonkishi Ch. 204
- Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 143
- Kakkou no linazuke Ch. 262
- Suruga Meteor Ch. 28
- Idolatry Ch. 05
- Sentai Daishikkaku Ch. 187
- Kanojo, Okarishimasu Ch. 389
- Yowayowa Sensei Ch. 132
- Blue Lock Ch. 314
- Noritai Hito (Oneshot)
- Kurotsuki no Yaergnacht Ch. 17
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 233
- Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 189
- Ao no Miburo: Shinsengumi hen Ch. 63
- Kaijin Fugeki Ch. 49
- Ikitagari no Werewolf (Página Colorida) Ch. 20
- Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 193
- Banjou no Orion Ch. 69
- Kanan sama wa Akumade Choroi Ch. 152
- Yumene Connect Ch. 46
- Kagari-ke no 8 Kyoudai Ch. 18
- Yashou no Kito Ch. 15
Ausências: Gachiakuta Ch. 147, Megami no Café Terrace Ch. 208, Hajime no Ippo Ch. 1501, Ahiru no Sora Ch. 616 (Hiato)

Com uma idol na capa, as primeiras páginas coloridas vão para Dream Jumbo Girl, que recebeu cores por duas semanas seguidas para promover o lançamento de seu primeiro volume. Além disso o mangá de comédia ganhou um PV dublado por Aoi Yuuki e Ayane Sakura, dois grandes nomes no Japão.
Mas como imaginei no artigo anterior, as vendas da primeira semana ficaram por volta dos 4 mil. É improvável que o manga consiga ranquear nas semanas seguintes, então é esse número que devemos ter para o mês, mesmo que aos poucos possa chegar aos 5 mil.
É um número decepcionante pelo esperado pela revista para um autor veterano e com certa fama. O mangá foi inclusive bem promovido como podem ver. Entretanto ele não furou a bolha e precisará crescer nos volumes seguintes na base do boca a boca, mesmo que pelos outros resultados fracos dos estreantes de 2025, não corra risco de momento.
Trazendo a opinião pessoal que citei no começo da matéria como algo diferente nessa semana (não será regular): é uma boa comédia. As piadas são divertidas e as personagens carismáticas, ele mantêm bem o apelo daquilo que deu certo em Kanojo mo Kanojo e com o tema de “riqueza” cria situações únicas nas quais as garotas torram o dinheiro que ganharam na loteria com bobagens. Diria que seu maior empecilho por enquanto é que não é uma romcom tradicional como o mangá anterior, então aqueles que liam por conta do gênero podem não ter se interessado tanto por uma comédia mais pura.
O vice da vez é Mayonaka Heart Tune que, como bem citado nos comentários da edição anterior, receberá informações novas de seu anime nessa semana. Isso aliado ao capítulo com um momento de destaque na história fez dessa uma boa semana para colocar o mangá em destaque.
A excelente arte e o protagonista mais assertivo são dois dos grandes destaques que fazem dessa uma das leituras mais divertidas semana a semana na Magazine. Mayonaka Heart Tune inclusive tem uma fanbase grande no Ocidente para uma romcom sem anime ainda — superando muitas obras mais populares no Japão, como Kuroiwa Medaka, Amagami-san, etc. Os aspectos que destaquei parecem ser razões dessa popularidade, e espero que a Kodansha e o comitê de produção saibam como maximizar o anime com o público estrangeiro.
Fechando o pódio temos Mokushiroku no Yonkishi, que ganha destaque por ser um capítulo de clímax também. Quem lê a obra a longo tempo está animado com o desenvolvimento.
O arco atual foi um torneio de grande qualidade pela quadrinização mais clássica de Nakaba. Existiu aquele sentimento de ler um Budokai Tenkaichi de Dragon Ball, é até triste pensar que esse arco está no seu fim.
Quanto às novidades da franquia, tivemos um novo trailer de Nanatsu no Taizai: Origins, um jogo free to play de ação para mobile, PC e console. O jogo tem totalmente a cara desses gacha open world e deve apelar para o mesmo público, aproveitando da popularidade da franquia na Ásia. O Ocidente também receberá o game.
O quarto lugar é Seitokai ni mo ana wa Aru. Toda vez que vejo mais produtos anunciados para esse mangá ainda sem adaptação fico pensando no seu potencial com uma… Fora isso, continua entregando capítulos bem episódicos, mas que mantêm um certo senso de progressão gradual leve. Fica num bom ponto entre sentir que as coisas se movem aos poucos, mas que também dá para ler casualmente como se fosse um tirinha de jornal.
A quinta colocação fica para Kakkou no Iinazuke, que teve uma ligeira queda nas vendas de seu volume anterior em relação ao novo. Não tão enorme (de 20k para 18k) e pode ser que as semanas seguintes recuperem, mas considerando o anime em exibição, não é dos resultados mais bonitos.
Pessoalmente tenho impressão às vezes que o mangá extraiu o suco de alguns personagens, ficando um pouco repetitivo. O lado comédia de uma romcom é tão importante quanto o romance, então as situações não podem parecer batidas. Talvez fosse interessante para que a autora começasse guiar o mangá rumo a um arco final para poder, quem sabe, voltar com uma série nova no futuro.
Dito isso, com as vendas recentes, mesmo Kakkou no Iinazuke com vendas muito aquém dos 100k que já chegou a vender ainda vende bem mais que a maioria dos novatos no mercado shonen, então não dá para culpar os editores que querem focar na manutenção do mangá na lineup.
A sexta posição vai para Suruga Meteor, que continua trabalhando seus personagens sem sentimento de pressa para chegar em partidas. O drama entre os personagens é um dos focos da leitura.
Suruga Meteor não reinventa a roda e segue a fórmula das spokon clássicas. Inclusive acho que é um dos motivos da obra ter vendido apenas 2 mil unidades de seu último volume. Contudo, isso ainda foi um crescimento de mil cópias em relação ao anterior e mesmo com números baixos, os editores continuam promovendo a obra, justificando com ela ser popular com os leitores da revista semanal.
Os editores tem noção de quantas séries estão acabando no futuro e o desempenho geral dos novatos, então se tiverem duas obras estabelecidas acabando e mais um três novatos indo pior que Suruga, eles não tem porque cancelar o mangá e preferem focar em tentar mais promoções em busca de uma nova spokon de sucesso.
O setimo lugar fica para Idolatry ainda com aquele boost inicial de estreante. Porém se o mangá continuar figurando entre os primeiros nos próximos capítulos, podemos estar vendo os primeiros sinais concretos de uma recepção positiva.
O volume de comentários nas redes sociais e na Pocket continua alto, existe um interesse em Idolatry e vários elogios às escolhas narrativas e seus personagens. Pessoalmente, em termos de escrita, o mangá é o meu lançamento preferido do ano na Magazine e esbanja uma estrutura bem planejada e uma protagonista interessante por suas nuances. Não fico surpreso de mais leitores terem tido a mesma reação mesmo que o teste real seja nas vendas de seu volume 1.
Em oitavo na TOC temos Sentai Daishikkaku. Parece estar um pouco acima do seu normal em promoção ao seu volume atual que basicamente vendeu o mesmo do anterior, ali perto dos 7.5 mil.
Gosto da narrativa e dos temas do mangá, mas também entendo que vários leitores não curtiram os arcos longos da série e foram aos poucos deixando de ler. Além disso a história nunca conseguiu convencer fãs de super sentai, algo que sempre prejudicou seu potencial de popularidade.
Nono do grid, Kanojo, Okarishimasu está naquele estado tão estável que não tem muito o que se falar. Vai bem para os níveis de mercado, vendendo perto dos 40 mil físicos por novo volume.
Assim como os fãs japoneses do mangá, senti que os últimos capítulos deram uma apaziguada na conclusão do arco anterior e voltamos a sentir um lento, mas existente senso de progressão.
O décimo da edição é Yowayowa Sensei com um capítulo que abre um novo arco mais longo. O mangá é nicho, mas com fanbase extremamente fiel, praticamente sem quedas ao longo da publicação. O motivo é simples: ele entrega o que promete. As situações de Yowayowa Sensei misturam bem a comédia e o ecchi com a “fofa” arte da autora.
Décimo primeiro da semana, Blue Lock entrega as páginas finais do mesmo capítulo da edição passada. Como sabemos por causa de Fumetsu, existe uma flexibilidade maior na Magazine para permitir que os autores lancem seus capítulos, mesmo que sejam picotados.
Não é o ideal para Blue Lock, que está num arco de bastante movimentação, mas é uma situação entendível para uma revista semanal.
Depois de um oneshot, vemos Kurotsuki no Yaergnacht como décimo terceiro colocado. O mangá entregou mais um capítulo que gerou burburinho muito positivo ao apresentar uma nova inimiga e terminar com uma situação sensual.
A dosagem dos dois aspectos diferentes é que está por trás do sucesso do mangá. Desde o primeiro capítulo senti que poderia ser um vencedor: arte de qualidade, designs marcantes e o autor tem noção de quando focar na ação e quando focar no sensual. A moralidade mais cinza com um humor mais escuro também dão uma identidade própria. Não vai agradar a todos obviamente, quem não gosta de ecchi não gostaria do mangá, mas um dos aspectos mais importantes para se sobreviver numa revista semanal é encontrar leitores que gostem do que você está fazendo e Yaergnacht fez isso maestralmente.
Shangri-la Frontier é o décimo quarto lugar em mais um capítulo de políticas de MMO. Falo isso tem algumas semanas, mas está mesmo nisso — e está bom! Embora Shangri-la Frontier seja famoso pela sua ação divertidíssima, o autor sabe como construir um mundo intrigante e uma rede de personagens conectados de várias formas.
Vendendo 77 mil cópias em uma semana para seu novo volume, Shangri-la Frontier continua em alta e vai escapando do fantasma do declínio que aflige tantos mangá shounen na atualidade, incluindo os grandes sucessos da Shonen Jump.
Décimo quinto na tabela, Kuroiwa Medaka continua com um ritmo normal e suas vendas do volume novo devem ser praticamente iguais ao do anterior. Esse período entre as temporadas do anime está me parecendo o mais lento da obra e gostaria de ver um movimento para mexer o status quo dos personagens, mas a popularidade digital não mente e o público continua interessado em Kuroiwa Medaka como está.
A décima sexta posição vai para as maquinarias políticas de Ao no Miburo. O mangá vai seguindo a história real do Shinsengumi e do período do Bakumatsu, com traições, violência, conspirações, etc. A narrativa continua naquele tom de novela histórica que o fez tão popular na TV. A segunda temporada começa no dia 20 de Dezembro, assumindo o horário de TV de Boku no Hero Academia.
O décimo sétimo da TOC é Kaijin Fugeki em um capítulo bem mais “Oh Great-iano” que os arcos passados. É bem mais bizarro e picante que os eventos anteriores da história, mas cria um gancho narrativo interessante.
De certa forma é uma das razões de gostar da leitura de Kaijin Fugeki. Oh Great claramente tem opiniões sobre diversos assuntos e temas que quer abordar, mas faz isso da forma menos direta possível por meio de eventos incríveis, batalhas de enorme escala e uma arte extravagante. Esse charme de Kaijin Fugeki é o mesmo com os leitores japoneses — seu novo volume vendeu quase 13 mil cópias na primeira semana e mantêm a média das vendas da série.
Página colorida mais para o fim da revista, Ikitagari no Werewolf é o décimo oitavo. Com as vendas mais baixas da revista inteira (nem sequer apareceu no Shoseki semanal para seu primeiro volume), Ikitagari será muito provavelmente cancelado.
Entretanto há de se dizer que a série tem um número estranhamente elevado de comentários na Magazine Pocket, mesmo não sendo comentado nas redes sociais. Algo de sua narrativa que mistura thriller com battle sobrenatural pode ter clicado com os leitores da plataforma. É uma obra claramente crua, algo que senti desde o começo, mas a sua energia é visível e mesmo um cancelamento pode implicar no autor voltar mais forte no futuro.
A décima nona posição é do penúltimo capítulo de Amagami-san. A forma que o autor guiou a conclusão do romance de cada garota não é das minhas preferidas, mas parece ter sido bem recebido pelos leitores. Falaremos mais semana que vem com a despedida da romcom.
Vigésimo lugar, Banjou no Orion aparece mais para baixo por questão de rotação. Fora isso, é interessante o quanto ele é descrito como romance. Embora exista isso sim no mangá, o foco maior sempre me parece mais nas partidas de shogi e nas interações dos personagens por causa delas.
Em vigésimo primeiro na edição, Kanan-sama continua com capítulos açucarados. Seria uma boa talvez um novo arco para matar tempo até 2026, ano do anime de Kanan. O povo parece estar curtindo como está porém, é outro daqueles com uma base fiel de leitores.
Antepenúltimo, Yumene Connect aparece com frequência como o “ecchi final” da revista por vender menos que as outras obras do gênero na lineup. Suas vendas o colocam acima das várias almofadas das levas recentes, então ainda não o vejo como candidato a um fim precoce.
O mangá em termos de situação e arte continua entregando tudo que se espera de um sucessor espiritual de To Love-ru, a questão é fazer com que esses leitores voltem a comprar um mangá do tipo.
Em penúltimo temos Kagari-ke. Infelizmente, é o segundo mangá que menos vende da Magazine e é muito difícil que sobreviva, simplesmente o seu público alvo talvez nem saiba de sua existência.
Os comentários que recebe são de maioria de um público feminino e mesmo com um roteiro com nuances interessantes, um mundo bem construído com personagens vivos e arte de alta qualidade, o mangá não consegue mais sair do fim da TOC. Talvez fosse um raro caso que uma transferência faz sentido, mas é bem mais provável que o mangá acabe.
Fechando a edição, temos Yashou no Kito. Com um mundo de fantasia com identidade visual própria e grandes planos para o futuro, é desapontante ver que o mangá muito provavelmente será cancelado. O primeiro volume vendeu só pouco mais que Kagari-ke a TOC já representa esses resultados.
O mangá nunca se recuperou da recepção do primeiro capítulo que foi criticado pela dificuldade de entendimento visual para a leitura.
No próximo artigo, a despedida das irmãs Amagami! Até lá.