
Um ano caótico, inúmeras estreias, animes que se aproximam e o encerramento do colosso Vinland Saga.
TOC Monthly Afternoon #09 – (25/07/2025)
Capa: Wondance e Medalist
Shingetsu no Ban ni c01 (Página Colorida de Estreia)
02 – Wondance c69
03 – Tengoku Daimakyou c74
04 – Mojiponika! c03
05 – Nami yo Kiitekure c111
Medalist (Capítulo extra 3)
07 – Manga Lover c04
Vinland Saga c220 (Encerramento)
09 – Fragile c127
10 – Darwin Jihen c49
11 – Moyashimon+ c09
12 – Tengu no Daidokoro c39
13 – Dig It c04
14 – 7-nin no Nemuri Hime c82, c83 e c84
15 – Toppuu GP c110
16 – Mirai Rai Furai c09
17 – Kraken Mare c06
18 – Asayake Refrain c05
19 – Under 3 c139
20 – Hellhound c37
21 – Dokudami no Hanasaku Koro c17
22 – Puu-Neko c254
23 – Zach no Koi c07
Keikaku Teki Hankōki (Capítulo Promocional, vencedor do Shiki Award 2025)
Houkago Isekai Futari Tabi (Lançamento Good! Afternoon)
25 – Kaettekita Karasuya Satoshi
Ausentes: Blue Period, Ookiku Furikabutte, Skip to Loafer, Leende Koku Monogatari, Aono-kun ni Sawaritai kara Shinitai, OMORI, Suiheisen no Nella (hiato), Raise wa Tanin ga Ii (hiato), Historie (hiato), Bouken Erekitetou (hiato).
Olha só quem resolveu ressurgir depois de tanto tempo. Saudações Alvirrubras, queridos leitores. Sim, é isso mesmo, você não está maluco e isso não é uma simulação, estamos de volta para mais uma edição da raríssima Monthly Afternoon. Depois de meio ano longe do site, a revista ressuscita mais uma vez.
Para o marinheiro de primeira viagem, o que seria uma Afternoon? Para o mais experiente, o que significa esse confuso retorno? Vocês podem me perguntar. A justificativa se encontra na enorme disposição de tempo livre que vem me afetando, junto com os picos de energia aleatória que me acometem neste instante.
Por que não matar parte desse tempo livre escrevendo algumas palavras sobre a maior e mais prestigiada revista mensal de mangás de gente grande, de gente adulta e sabichona? Caso não conheça, acabará avistando inúmeros nomes conhecidos, se for mais experiente, vai refrescar a memória com uma versão mais atualizada de todas suas histórias.
Diferente das análises semanais da Sunday, os textos da Afternoon exigem quase o dobro do esforço, tanto pela extensão da revista quanto pela complexidade e escassez de informações sobre a mesma. Ou seja, dá trabalho, e esse trabalho precisa ser justificado de alguma maneira. Quase sempre, a justificativa é você, do outro lado da tela, que perde uma preciosa fração de tempo lendo aquilo que escrevo, acompanhando as novidades da edição, comentando, interagindo…
Logo, para que as edições aconteçam, eu preciso da esmola digna de todo escritor: o seu leitor, já que, sem ela, o texto se anula. Se eu estivesse com disposição para ficar escrevendo coisas que só eu mesmo leria, seria preferível começar um diário ou, quem sabe, enviar cartas para a ONU ou mensagens na DM da minha ex. Em conclusão, leiam os textos, ou eu sequestro a Afternoon por mais seis meses. Encerrado o monólogo, encerradas as chantagens, vamos para a TOC.
Página Colorida de Estreia de Shingetsu no Ban ni
Na primeira posição e com a única página colorida da edição, o mais novo membro da família Afternoon, Shingetsu no Ban ni. Escrito e desenhado por Akino Miyabi, a série marca seu quinto projeto, e o seu segundo em publicação. Miyabi é um rapaz experiente, contudo, de baixo renome, já que nenhum dos seus trabalhos conseguiu perdurar por muito tempo ou alcançar algum tipo de sucesso digno de destaque.
Desta vez, o autor se arrisca, publicando pela primeira vez em um ambiente novo com um mangá de esportes — isso, claro, se você considerar shogi um esporte. Não, não vamos debater o que é ou não é um esporte aqui. Quanto aos pormenores de sua história ou à recepção do público, não teremos nenhum deles tão cedo. Reunir comentários de leitores da Afternoon equivale a procurar uma agulha num palheiro, e tentar ler capítulos que não possuem sequer furigana excede minhas capacidades. Quando o primeiro volume lançar, saberemos sua recepção; quando resolverem traduzir, descobriremos se a história presta ou não. Por enquanto, Shingetsu permanecerá um mistério, assim como tantas outras histórias da revista.
Na segunda posição e na capa da revista novamente, temos o exuberante Wondance. Com um anime bem acomodado nas mãos da MADHOUSE, a história promete alavancar exponencialmente sua popularidade. A espera nunca foi tão curta, daqui dois meses teremos sua história animada, a constante promoção e as capas recorrentes provam que as expectativas não são modestas, e que Wondance tem todo o terreno bem planificado, para quem sabe, se tornar a nova grande potência comercial da revista.
Capa do Décimo Segundo Volume de Tengoku Daimakyou
Na terceira posição, encontramos um dos carros-chefe da revista: Tengoku Daimakyou. Com as eternas ausências (Yakuza Fiancé, Historie) e os grandes encerramentos (Houseki, Vinland), Tengoku assume ainda mais destaque como potência econômica da Afternoon.
Diferente de outras revistas, o número de cópias vendidas por edição na Afternoon é baixíssimo, sendo uma revista que depende muito mais das vendas de volumes encadernados do que das edições mensais em si — como geralmente é o caso das principais revistas semanais.
O lançamento de novas séries só se sustenta com a contínua manutenção de séries antigas, desse sucesso garantido, histórias consolidadas e de vendas estáveis, como é o caso de Tengoku.
Falando em novato, temos um dos muitos novos nomes da revista, a simpática e complexa série Mojiponika!. Escrito por Masaki Andou, autor do também simpático Yatogame-chan Kansatsu Nikki, Mojiponika é o verdadeiro filtro cultural do mais alto nível. Linguagem rebuscada, utilização de kanjis complexos e inúmeros jogos de palavra, a comédia brinca com os limites da gramática japonesa. Se não tiver com seu N2 em dia, é melhor correr.
Página padrão de Mojiponika!
Na quinta posição, temos um dos maiores idosos em serialização: Nami yo Kiitekure. A história, que superou os 11 anos de duração, segue na ativa e sem sinais claros de encerramento. A maior e principal obra de Hiroaki Samura é nada menos que Blade – A Lâmina do Imortal, serializada durante longos 19 anos — ou seja, histórias longas não intimidam em nada o seu autor.
Medalist aparece com um breve capítulo especial, dando continuidade ao seu segundo mês de hiato, mas retornará na próxima edição, do dia 25. Depois dele, temos mais um estreante: Manga Lover. O que não falta na indústria são mangás que contam histórias sobre a criação de mangás, e Manga Lover é mais um deles.
A peculiaridade em questão encontra-se na premissa da história, já que, desta vez, acompanhamos a vida de um editor que encontra uma escritora genial — e não a tradicional narrativa do garoto ou garota que sonha em se tornar um mangaká. Com o bom e velho dramalhão no qual a revista tanto se destaca, Manga Lover arrisca uma abordagem mais madura sobre o processo de criação de mangás, sem abandonar aquela fagulha de ‘romance de escritório’.
Na oitava posição, e pela última vez na revista, despedindo-se sem uma capa, página colorida ou qualquer tipo de grande anúncio ou glamour, Vinland Saga. O encerramento de Vinland acontecer com pouco alarde e de forma tão natural e inimportante, casa bem com a jornada do Thorfinn.
Longos vinte anos. Uma jornada iniciada na Weekly Shonen Magazine e encerrada na Afternoon. O lendário membro do “Big Three” do seinen, aquele que, na prática, foi o último sobrevivente, acaba sendo o primeiro a ter seu fim oficialmente decretado.
Vinland deixa um legado cultural tremendo para a comunidade de mangás e animes — muito maior para o público ocidental do que para o japonês. A história símbolo da antiviolência, do pensamento não bélico, da gloriosa jornada do jovem bodhisattva Thorfinn em sua tentativa falha de cooperação intercultural e não violenta com povos distintos. Vinland Saga, de temática poderosíssima e tocante, oferece sua tentativa de resposta para um mundo cada vez mais violento: às vezes, um tanto inocente demais; às vezes, utópica demais; mas sempre bem-intencionada.
O que fica, senhores, são as memórias. E as de Vinland, certamente, perdurarão por um bom tempo. Makoto Yukimura, descanse. Pois estaremos à sua espera.
Página de Abertura do Capítulo Final de Vinland Saga
Logo na sequência temos outro velhote, o drama médico Fragile. Sólido e com boas posições, seu trigésimo volume vendeu 16 479 cópias em 12 dias, o que mantém a série sem nenhuma preocupação. Depois dele temos Darwin Jihen, mais uma série com anime anunciado da revista e um dos maiores potenciais comerciais da Afternoon.
Nesse meio tempo sem análises, algumas informações sobre seu anime foram divulgadas. O estúdio é novo e o projeto marcará sua estreia, a Bellnox Films, subsidiária da Kadokawa, será a responsável, com Naokatsu Tsuda encabeçando a direção.
Na décima primeira posição temos a sequência de Moyashimon, o mangá também conhecido como Moyashimon+. Mesmo com 9 capítulos, o que é bastante para uma revista mensal, a série ainda não lançou seu primeiro volume, o motivo, não faço ideia, quem descobrir, compartilhe as informações.
Na décima segunda posição temos o slice of life doméstico de Tengu no Daidokoro, que em seu último volume, vendeu modestas 6 638 cópias em 2 semanas. O próximo novato já aparece na sequência, o novo mangá de vôlei Dig It. Nele, acompanhamos a carreira do jovem garoto Gaku, filho de um super astro do vôlei com dificuldades em seguir os passos do pai.
Negligenciado e desacreditado pelo próprio familiar, Gaku decide se libertar das amarras impostas por seu progenitor, distanciando-se e decidido a seguir a carreira de líbero. A série já tem seu primeiro volume planejado para o dia 22 deste mês. Com ele, teremos uma noção mais aproximada da recepção do mangá, que não está com pouca moral, já que Dig It será também a capa da próxima edição.
Capa do Primeiro Volume de Dig It
Na décima quarta posição temos o mangá da shonen magazine perdido na Afternoon, boa comédia romântica 7-nin no Nemuri Hime. Com baixas vendas e sem nenhuma perspectiva de melhora, a série sobrevive unicamente pela boa popularidade interna, que sustenta por completo sua manutenção.
Depois dele temos o excelente Toppuu GP, mangá de corridas de motos, escrito e desenhado por outra lenda do ramo, Kousuke Fujishima, escritor de Aa! Megami-sama! e também o character design da série Tales of.
Já adentrando a parte final temos o diferentão Mirai Rai Furai, que conta a história de uma estudante universitária chinesa. Seu primeiro volume não vendeu o suficiente para sequer aparecer nos rankings semanais do shoseki, o que certamente preocupa e deixa o mangá com um sinal de alerta para as próximas edições.
Trazendo a globalização para dentro da Afternoon, temos Kraken Mare, a série desenhada por um italiano e escrita por um francês. O sci-fi pós-apocalíptico da dupla lembra bastante um antigo conhecido da revista, Blame!, de Nihei Tsutomu; uma similaridade que pode atrair os leitores da revista. Sem data de lançamento para o primeiro volume, métricas que quantificam sua recepção são incertas.
Outro lançamento de 2025 que marca a total repaginada da revista é Asayake Refrain, mais uma história ‘’off-afternoon’’, na perspectiva de ser um trabalho que toda a dinâmica narrativa afasta a obra do clima dramático e pesado que a revista costuma carregar. Acompanhamos a jornada da jovem Kokoro, uma garota produtora de música, que sonha na criação da sua própria banda.
Kokoro, por um milagre dos céus, conquista o coração de uma V-tuber famosa, Riku, uma de suas maiores fãs, que propõe a ideia de formarem uma banda juntas. Temos em mãos uma espécie de Bocchi the Rock da Shopee: com um senso de ritmo meio apressado e pouco desenvolvimento, mas com um desenho bonito e charmoso o suficiente para sustentar a leitura.
A artista responsável pela história (Hikari Matsuda) é bastante ativa no Twitter e possui uma fanbase considerável, o que pode ajudar na popularidade inicial da série e nas vendas de seu primeiro volume — que ainda está longe, mas, a cada capítulo, fica mais perto do que antes.
Página Colorida de Estreia de Asayake Refrain
Under 3 é aquela comédia 4-koma que alivia os ânimos de uma revista tão centrada no drama do coração humano, é o biscoitinho da tarde pós trabalho. Com uma posição bem atípica e levemente preocupante temos Hellhound, um importante membro dos mangás ‘’não tão velho, não tão novo’’ da revista.
Seu último volume apresentou uma pequena queda em relação aos anteriores, o que pode – muito fragilmente – apontar para uma queda de popularidade da série, refletida na sua TOC. Pela falta de recorrência nesta constatação, não podemos concluir, por enquanto, absolutamente nada a respeito dessa queda, mas é importante também observar a alteração do status de Hellhound, que perde leitores pelo seu segundo volume consecutivo, e que figura em posições ruins onde antes não aparecia.
Um mangá que pode, não por coincidência, ajudar a inocentar Hellhound é Dokudami no Hanasaku Koro, que aparece em posição de baixo destaque, mesmo sendo uma das histórias mais promissoras da revista. Quinto colocado no Manga Taisho e terceiro lugar no Kono Manga Sugoi, a apreciação da série pelos críticos parece totalmente inegável.
O mesmo não pode ser dito para o público geral, já que seus volumes não conseguem superar a marca de 2 mil cópias vendidas ao longo da semana, apontando uma relevante discrepância entre seu apreço e sua real popularidade. Para os curiosos, a K-manga começou oficialmente a traduzir o mangá, facilitando imensamente a oportunidade de conhecer sua história.
Logo após temos Puu-Neko, que se aplica na mesma situação que Under 3, a breve comédia que alivia os humores. Se Under 3 é o biscoito, Puu-Neko é o chá.
Capa do Segundo Volume de Dokudami no Hanasaku Koro
Por último e não menos importante, Zach no Koi, o novo romance do vampirão apaixonado numa velhota. Posição cruel e triste, que assusta um pouco, mas que se justifica pelo caos em que a revista se encontra, com inúmeros lançamentos e grandes encerramentos. O fundo da revista seguirá, por algum tempo, em uma eterna rotação.
É sempre importante lembrar que em uma revista mensal as coisas demoram para acontecer, quando pensamos em histórias de 10 capítulos pensamos na verdade em histórias que beiram o primeiro ano de vida. Um mangá semanal trabalha com feedbacks semanais de seu público, um mangá mensal vive esse privilégio a cada quatro semanas.
Nisso, certas conclusões que aparentam ser precoces demais são na verdade decisivas para tentarmos acompanhar o ritmo da revista, que ao passo de ser lenta na sua publicação, imprime um ritmo muito mais exigente e veloz de suas histórias, que precisam se provar com mais emergência.
E é interessante observar essa contradição, porque se você pegar qualquer história da revista, vai sofrer para identificar esse senso de urgência dentro da sua narrativa, pelo contrário, boa parte delas vivem num marasmo enorme, com um ritmo bem tranquilo e cadenciado, mesmo com os problemas crônicos enfrentados por trabalhos mensais.
Reter o interesse do seu público ao longo do espaçamento de 30 dias não é uma tarefa simples, mas é um trabalho que boa parte dos autores da revista desempenham com maestria, e é o que demarca a Afternoon como uma revista tão prestigiada, casa da excelência.
Nisso, me despeço. Reitero também o pedido feito na introdução, caso gostem, caso se interessem pela revista, ou por alguma psicopatia que floresce na mente de vocês, gostem dos meus textos, apoiem ele de maneira singela, que é comentando, interagindo ou me xingando, que pelo menos assim, eu continuo escrevendo. Caso as análises da Afternoon voltem a ser um deserto de interações, eu pego meu camelo e parto para o oásis mais próximo. Aguardo vocês, quem sabe, na próxima. Fui-me.