
O anúncio da batalha final de Sakamoto Days coloca a Jump ainda mais numa fase de transição. Com a geração de séries do começo da década acabando, a definição de uma nova guarda está ficando cada vez mais clara. O Nicolin estava ocupado essa semana e estou aqui de novo como o reserva para trazer a análise da TOC da Weekly Shonen Jump.
Madan no Ichi c44 (Página Colorida)
Shoumen no Muto (Página Colorida; 47 páginas; Oneshot de Itou)
Nue no Onmyouji c108 (Página Colorida)
Ping Pong c04
Weekly Shonen Jump #36-37 (04/08/2025):
Capa: Grupo (colaboração com Pokémon)
Himaten! começou modesto, mas suas vendas cresceram aos poucos ao longo dos volumes e devem ficar em torno dos 20 mil ao mês por volume, um resultado decente para o mercado. Não é algo imenso para a Jump, mas é um gênero a mais que a revista adiciona para sua linha, variedade é algo importante para uma revista semanal.
Com essa capa, podemos dizer que Himaten é uma série estabilizada no momento e manter esse patamar é sua missão para não ser cancelado em seu segundo ano.

Com o primeiro lugar da TOC que chamamos de “ranqueada”, Shinobigoto é outro que podemos dizer é considerado estabilizado pelos editores. Em situação simular, o mangá de ação também vende por volta dos 20 mil ao mês por volume e continua numa pequena crescente. As boas colocações recorrentes na TOC também apontam para uma série que agrada aos leitores semanais — um dos fatores mais importantes para que um mangá seja promovido pelos editores.
Agora vamos falar do Assunto da Semana: Sakamoto Days. A revista está anunciado que o mangá está em sua Batalha Final! O que isso significa exatamente? Bom, esse tipo de anúncio é feito para atrair atenção dos leitores, muitos que podem ter parado de ler recentemente ou estejam um pouco atrasados, de volta aos capítulos atuais.
Não significa que Sakamoto Days acabará em 4 capítulos, mas sim que está em seu arco final. Pelo andar da história, essa luta deve ter duelos entre vários heróis e vilões, então acredito que o fim da série venha perto do final desse ano de 2025 ou no seguinte, em 2026. Entretanto isso representa uma mudança de gerações.
Ao no Hako já havia anunciado que duraria “só mais um pouco” e Nige Jouzu está chegando ao final dos eventos históricos que conta, com proximidade de também um embate derradeiro. Essas séries representam praticamente o que já vemos como uma geração: a da pandemia, do final de 2019 até 2021. Junto de séries já encerradas como Mashle, Yozakura-san e Undead Unluck, foram as que moldaram a Weekly Shonen Jump do começo da década de 2020, uma época com grande queda em vendas para novatos, que não aproveitaram o boom de Kimetsu no Yaiba, Jujutsu Kaisen e Chainsaw-man.
Existem várias formas de se analisar essa mudança, sejam econômicas, advento do digital, a popularização dos vídeos curtos impactando outras formas de mídia. Mas o fato é que Sakamoto Days começou sem expectativa e após uma série de eventos como o rápido final de Chainsaw-man, a transferência de Black Clover para a GIGA, os finais naturais de Boku no Hero Academia e Jujutsu Kaisen, acabou tornando-se o segunda maior battle shonen da revista que é vista como quase sinônimo com o gênero.
As vendas não cresceram para 200 mil físicos ao mês nem com o anime, mas a importância do mangá para a Jump num mercado tão complicado foi o que garantiu que os editores a tratassem como a “segundo maior” da revista, mesmo com Ao no Hako e Kagurabachi superando em vendas mensais. No momento, é uma decisão inteligente que o autor Suzuki possa encerrar a história sem enrolação e em alta, antes de cair em vendas, ele é jovem e pode voltar com um novo trabalho — Sakamoto Days recebe um ótimo tratamento para ir se despedindo.

A página colorida em seguida representa bem a nova geração que será importante para a Jump na segunda metade da década. Madan no Ichi é figurinha carimbada nas primeiras colocações da TOC e nas páginas coloridas. Com prêmios e anime, tem tudo para vender acima dos 100 mil e, além disso, a autora é experiente em criar séries de longa duração. Os editores adorariam ter outro mangá popular por muitos anos e Ichi parece ser o trabalho ideal para isso.
Em terceiro lugar, também temos o outro pilar futuro: Kagurabachi. Na capa inclusive podemos ver Ichi e Kagurabachi dividindo espaço juntos. Não é por acaso, os editores tem noção de que essas são as duas séries que assumirão os postos deixados por Ao no Hako e Sakamoto Days.
Logo abaixo, o quarto colocado é Akane Banashi, que continuamos semana a semana perguntado: CADÊ O ANIME?! Essa demora definitivamente impactará muito no boost de vendas quando essa adaptação por fim chegar.
Em seu último capítulo “não ranqueado”, Harukaze Mound aparece mais para cima na TOC. É um sinal positivo de que seu primeiro ranking possa ser bom, um passo importante para sobreviver ao primeiro round de cancelamento. Vejo alguns comentários mais mornos em relação à história do mangá ser simples, mas no geral a recepção ainda tende mais para o positivo. Eu apostaria que passará da barreira dos 20 capítulos ao menos.
Após um oneshot, Elusive Samurai é o quinto lugar da semana. O mangá, que já é o mais longo de Yusei Matsui (Neuro e Ansatsu Kyoshitsu), é mais um que poderá deixar as páginas da Jump entre o fim de 2025 e começo de 2026.
Kaedegami aparece mais para cima, mas ainda precisará de mais algumas semanas para seu primeiro ranking. Os leitores tiveram certo receio de Chiyou, a heroína, ser escanteada com a aparição de sua forma mascote e é claro que, por enquanto, ela é o grande ponto de interesse deles. O primeiro arco pós-introdução vai começar e manter uma balança de ação e atenção para os dois personagens principais será essencial para que a autora matenha seus leitores — dessa leva, o mangá foi o mais lido online.
Em sexto lugar, Ao no Hako está um pouco mais baixo do que seu habitual, mas nada demais. O mangá de romance é importantíssimo para a Jump e embora a autora já tenha implicado que o fim não está tão longe, deve durar mais que Sakamoto e Nige Jouzu. Nenhum editor vai apressar a autora, então até as histórias dos personagens secundários devem ser exploradas à vontade até o final.
Ekiden Bros aparece sem ranking, mas está muito muito provavelmente já cancelado. Recepção terrível.

Página colorida para Nue no Onmyouji celebrando o começo da grande batalha de seu arco atual. O mangá não será nenhum pilar, mas ele aparece bem no meio da revista em questão de vendas e até suas posições na TOC flutuam bastante por isso. É uma daquelas adições funcionais para uma line-up da Jump, que sempre teve esse tipo de mangá “intermediário”.
Outro ainda sem ranking, Ping Pong continua recebendo muitos elogios online. É inegável que entre o pessoal que posta em fóruns e no Twitter, é o mangá mais bem recebido da leva. Isso contrasta com as baixas visualizações que o colocam mais perto de Ekiden Bros que Harukaze Mound e Kaedegami. Visualizações não definem muito, mas é relevante de saber já que Green Green Greens recentemente foi um mangá de esporte com ótima recepção online, mas poucos leitores, o que causou seu cancelamento. Esse é o cenário que Ping Pong precisa evitar.
O sétimo lugar é WITCH WATCH, que não citei como membro do grupo da era da pandemia, mas que certamente faz parte. A razão disso é que é mais provável que o fim da comédia chegue entre o fim de 2026 e começo de 2027, assim durando um pouco mais que seus irmãos de geração.

Pela segunda semana seguida entre os cinco últimos, Kiyoshi-kun começa a receber rankings mais baixos após meses de boas colocações. Esses resultados fazem mais sentido em relação às baixas vendas da série, que não cresceram muito mesmo com toda promoção. Isso significa que Kiyoshi será cancelado? Acredito que não esteja em consideração pelas próximas levas, é difícil de um mangá com uma capa recente ser cancelado assim. Mas definitivamente o futuro do mangá dependerá do status da revista, se mais novatos fizerem sucesso nas próximas duas levas, Kiyoshi fica em perigo de não chegar ao segundo aniversário.
Em nono na TOC, Boku to Roboco é mais um do começo dos 2020, mas seu status de gag e o fato de ser uma leitura casual que promove as outras séries da Jump o coloca em situação de quase intocável.
Antepenúltimo na TOC, Kill Ao é um caso estranho. Muitos apontam com certeza que o mangá está acabando, mas isso já aconteceu antes e a história continuou. Além disso, séries com mais de 100 capítulos quase sempre ganham uma adaptação em anime e Kill Ao ainda não anunciou uma. Diria que é a maior incógnita do momento na TOC.
Fechando a edição, as duas últimas colocações ficam para Tomoshibi no Otr e NICE PRISON. A recepção das duas séries foi ruim e ambos devem ser cancelados na próxima leva. A única dúvida apenas é se teremos uma leva de dois ou mais, implicando em um terceiro cancelamento fora do par óbvio.
A próxima edição da revista será a dupla, pois na seguinte não haverá Jump. Isso implica em capa de grupo e o tema da próxima será uma colaboração com Pokémon, com cada protagonista tendo um de parceiro. Gosto bastante da franquia, então estou animado de ver qual será o monstro de cada personagem [façam suas previsões!]. É capaz dessa edição vender até mais que o comum considerando o quanto o Japão ama a franquia Pokémon, mais colaborações do tipo podem ser uma esperta jogada do editorial para promover a Jump com os jovens. Ah, e claro, poderemos ver de novo a hierarquia de cada mangá na capa.Espero que tenham gostado e, para quem tiver interesse, chequem os demais artigos do site para saber mais das outras revistas como a Magazine e a Sunday!
