
A estreia de dois gigantes da indústria, encerramentos dramáticos e a Sunday de volta ao topo. Cadê Frieren?
TOC Weekly Shonen Sunday #23 (06/05/2025)
Capa: Silver Mountain e Vampire-Idol Tagiru
Silver Mountain c01 (Página Colorida de Abertura e Estreia)
Vampire-Idol Tagiru c01 (Página Colorida de Abertura e Estreia)
03 – Mikadono Sanshimai wa Angai, Choroi c159
04 – Ogami Tsumiki to Kinichijou c69
05 – MAO c274
06 – Parashoppers c15
Kaiten no Albus c48 (Página Colorida)
08 – Ryuu to Ichigo c238
09 – Kaihen no Mahoutsukai c20
10 – Maou-jou de Oyasumi c399
Strand c32 (Página Colorida)
12 – Momose Akira no Hatsukoi Hatanchuu c36
13 – Shite no Hana: Nougakushi Haga Kotarou no Sakikata c23
14 – Sora e… c16
15 – Red Blue c150
16 – Utsuranin desu c52
17 – Tatari c92
18 – Mizuporo c64
19 – Te no Geka c84
20 – Mamono no Kuni c13
21 – Ichika Bachika c32
22 – Shibuya Near Family c129
23 – Tokachi Hitoribocchi Nōen c352
Ausentes: Detective Conan, Major 2nd, Tonikaku Kawaii (hiato), Aozakura: Bouei Daigakukou Monogatari (hiato), Sousou no Frieren (hiato) Magic Kaito (hiato), Ad Astra Per Aspera (hiato).
Saudações, queridos leitores. Estamos mais uma vez reunidos para uma nova edição da ardilosa Weekly Shonen Sunday — sim, estamos de volta, acredite se quiser. Lembro que encerrei a última análise com um pedido de desculpas pela falta de regularidade, seguido de uma promessa de maior comprometimento dali em diante.
De nada serviram as desculpas, e menos ainda a promessa, que se provou vazia, já que a última análise foi no mês passado, e nesse entretempo, duas edições foram perdidas. O que fazer? Há solução para tanta falta de organização e comprometimento?
Tem sim, eu culpo você, leitor paciente, pois o erro está em quem espera algo diferente do que vem sendo entregue. A irregularidade já se tornou tão regular que não existem mais surpresas nos atrasos e nas mil justificativas que tentam explicar o inexplicável. Meu legado está manchado, e o escritor que mais escreve para o site se tornou o maior vagabundo desorganizado. Entender isso é benéfico para todos.
Moral da história, tô enrolado, continuarei enrolado, não há soluções, e já me alonguei demais para quem sofre tanto para escrever as coisas. Bora logo pra TOC, porque essa promete.
Página Colorida de abertura de Silver Mountain
Na primeira posição da semana temos um SUPER novato, o poderoso Silver Mountain. Não só isso, mas revista está estreando não uma, mas DUAS novas histórias na edição #23. Se tivéssemos uma análise na semana passada, vocês saberiam que a revista preparou uma leva de quatro estreias, mas como não rolou, está aí a informação, em cima da hora.
Para falarmos de Silver Mountain, não podemos deixar de mencionar seu idealizador, Kazuhiro Fujita. Qualifico como demérito pessoal não conhecer esse nome: qualquer fã de quadrinhos japoneses — ainda mais um que acompanha a Sunday, uma revista de metidos a cult — precisa, por obrigação, pelo menos ter ouvido falar do autor em algum momento da vida.
Fujita foi o responsável pela criação de grandes clássicos como Ushio to Tora e Karakuri Circus, dois mega sucessos da década de 90. O jovem senhor de 60 anos já é um grande conhecido da casa e, ao lado de Rumiko, Aoyama, Kumeta, Mitsuda e Shimamoto — falaremos desse último na próxima posição —, vem para completar o panteão de velhos e perigosos.
Sobre sua história, pouco posso comentar, já que pela falta de tradução, ‘’li’’ ela por meio de gambiarras que me localizam muito turvamente sobre seu enredo, mas sem entender com profundidade porcaria nenhuma. Um velho é sequestrado por um Tengu maluco, que manda ele para um outro mundo, retirando alguns anos da sua vida e transformando o idoso em uma criança.
O velho é uma lenda das artes marciais, bom de briga pra caramba, e muito provavelmente foi por isso que o tengu resolveu sequestrar o coitado e forçá-lo a uma aventura maluca e fantasiosa por sua sobrevivência.
Considerando o histórico recente da Viz, seu investimento nas histórias da Sunday e o peso que o nome de Fujita carrega, é muito provável que a história seja traduzida, pelo menos para o inglês, já nas próximas semanas. Mas sério, olha o nível da arte que esse velhote é capaz de produzir – é simplesmente outro nível. Precisamos desse mangá traduzido para ONTEM.
Página dupla mais feia e básica de Silver Mountain
Observação: Essa seção do texto foi escrita na estreia do mangá onde não tínhamos sua tradução, agora, duas semanas depois, já temos dois capítulos traduzidos, inutilizando por completo boa parte do que foi escrito. Apagar e escrever coisa nova dá trabalho, e vocês sabem que eu quero evitar justamente todo tipo de esforço possível, então deixei assim mesmo. Na próxima edição eu comento os primeiros três capítulos da série.
Quanto à recepção do primeiro capítulo, temos em mãos um sucesso aterrador. Número de curtidas altíssimo, número de comentários altíssimo, um engajamento acima de qualquer estreia dos últimos dois anos — um sucesso incomparável a qualquer outro lançamento recente. O quanto disso se manterá nos próximos capítulos é o que mais interessa, e isso, por enquanto, não sabemos.
Na posição seguinte, temos mais uma estreia. Sim, a revista não aguentou de ansiedade e decidiu lançar logo duas novas séries numa única edição. O próximo nome da revista é Vampire-Idol Tagiru. O objetivo do editorial da Sunday não tem sido discreto: precisamos de novos sucessos, precisamos ressuscitar os OGs da revista, os “velhos e perigosos”, com Kazuhiko Shimamoto sendo mais um membro desse clube.
Shimamoto chegou a trabalhar com Shotaro Ishinomori — outra lenda incomparável (esse, infelizmente, já falecido) —, escreveu uma cacetada de mangás nos anos 80: beisebol, boxe, mahjong, samurais, guerras… ele ia escrevendo. Honō no Tenkōsei ficou conhecido como seu principal trabalho e obra de maior sucesso, outro mangá que é pura maluquice.
Você pode desconhecer o autor, pode não conhecer suas histórias, mas, sendo você um ignorante (ou não) da história dos mangás, isso não apaga o fato de que o homem é um veterano de respeito, um faixa-preta legítimo. Com essa seleção de velhotes respeitados na lineup atual, o quão bem suas histórias irão conversar com a nova geração? O desafio dos velhos escritores é sempre esse: conseguir escrever para novos leitores.
A criançada pouco se importa com seu legado e importância se o mangá novo do cara velho for uma tranqueira. No final, o que importa é a qualidade pela qualidade — e, por enquanto, podemos dizer que a situação não está tão ruim para Vampire-Idol. Pela falta de tradução, li o mangá como li Silver Mountain: entendendo menos do que deveria, mas captando o cerne da história. O mangá mantém a narrativa que solidificou a carreira de Shimamoto: seu humor absurdo e situações irreais tratadas com normalidade, quando não deveriam ser.
A trama começa com um grupo idol realizando seu showzinho num canto escuro da cidade. O protagonista, Chisoko, é um jovem cronicamente online — não larga o celular por nada. Ele vai tocando sua performance enquanto mexe no aparelho: tweetando, postando reels no Instagram, alimentando o foguinho no TikTok etc.
Página Colorida de Abertura de Vampire-Idol Tagiru
No meio do êxtase musical, um deslize ocorre, nosso protagonista resolve surfar sobre seu público, pulando nos braços da galera que estava acompanhando seu show. Nisso, ele redescobre uma informação que não deveria ter sido perdida, seu público está infestado de vampiros, que não perdem tempo e começam a abocanhar o rapaz em cada pedacinho do seu corpo.
A consequência disso não é a morte nem nada do tipo, ele só volta pro palco e segue seu show, mas agora, com um segredo obscuro, Chisoko se transformou em um vampiro. No meio desse realismo mágico onde maluquices acontecem e se naturalizam é que o capítulo termina.
Fechamos com o garoto, em parceria com sua manager — que descobriu o segredo logo de cara, já que a primeira coisa que o moleque tentou fazer foi mordê-la (a famosa e incontrolável sede de sangue vampiresca) —, tentando seguir a carreira enquanto esconder esse sombrio segredo.
A recepção do primeiro capítulo não foi nem perto de Silver Mountain, mas ainda assim, foi bem positiva, com o ritmo inconvencional e o humor sendo bem elogiado. Diferente de Silver Mountain, acho mais improvável esse daqui ser traduzido. Muita conversa e pouca porrada afasta qualquer ocidental, mas veremos, quem sabe não rola uma surpresa e adotam a série, coisa que eu duvido.
Com o anime batendo na porta, temos o terceiro colocado da semana: Mikadono Sanshimai wa Angai, Choroi. Já temos o elenco completo, já temos trailer, já temos data de lançamento – só falta paciência. Na temporada de verão, em julho, o show começa. Até lá, a série precisa manter a tranquilidade, ganhando algumas páginas coloridas no mês que vem e uma capa daqui a dois meses.
Na sequência, temos o pequeno gigante Ogami Tsumiki to Kinichijou. A série vem hibernando em novidades e páginas coloridas nas últimas semanas, abrindo espaço para quem precisa de mais atenção. Já super estabelecida e com vendas excelentes, ela vem recebendo menos holofotes gradualmente – tudo pelo bem-estar dos seus companheiros de revista.
Depois, temos MAO, da nossa querida mamãe Rumiko. Nada me poupa mais tempo nas análises do que encontrar MAO na revista. É o exemplo perfeito do imutável, o eterno marasmo de capítulos onde nada acontece – mas pelo menos você se diverte. Teremos novidades sobre suas vendas na próxima semana.
Em sexto lugar, Parashoppers. O mangá lançou seu primeiro volume em 16 de maio, e só teremos dados de vendas na próxima semana. As expectativas são modestas: o engajamento dos leitores (comentários por capítulo) é bom, mas nada extraordinário. Por outro lado, o interesse tupiniquim pela série não para de crescer. Fazia tempo que um novato não era traduzido para o português, estava quase perdendo as esperanças, mas parece que a Sunday ainda respira no coraçãozinho brasileiro.
Página Colorida de Kaiten no Albus
Com a terceira página colorida da edição, temos Kaiten no Albus – o protegido. Geralmente reclamo das páginas coloridas que a série recebe, mas esta se justifica. Além do novo volume em lançamento, o mangá trouxe um dos capítulos mais importantes da semana, direcionando a trama para um caminho fascinante. Isso explica o crescimento constante em vendas e popularidade.
Na quarta posição, Ryuu to Ichigo – que nunca mais ganhou páginas coloridas, apesar das boas colocações. A experiência de acompanhar um gorila enfrentando um engine de shogi extraterrestre é algo que só a Sunday pode oferecer. Dói na alma não poder acompanhar essa obra como deveria.
Depois dele avistamos Kaihen no Mahoutsukai, o novo sucesso de Yellow Tanabe. Talvez ‘’sucesso’’ seja exagero, mas é sempre melhor extrapolar para mais do que pra menos.
Seu primeiro volume vendeu 10.456 cópias em 13 dias – então sim, pelos padrões da humilde Sunday, qualifica-se como sucesso. O segundo volume chegou às lojas na última sexta-feira. Fico curioso para ver se essa “meta” de publicar por seasons afetará seu potencial de vendas a longo prazo ou se veremos crescimento no volume 2.
A cadência deliberada de Kaihen me cativa profundamente – tornou-se uma das minhas leituras favoritas do catálogo atual. Um mangá de ação e aventura que cura ansiedades, eliminando qualquer imediatismo narrativo para construir seu mundo e mistérios com extrema maestria. Leitura obrigatória tanto para fãs da revista quanto para apreciadores de boas histórias.
Na sequência, a comédia Maou-jou de Oyasumi, que se aproxima do marco de 400 capítulos. Atualmente em breve hiato, deverá retornar com página colorida comemorativa – ou pelo menos deveria.
Fechando com a última página colorida, o desesperado Strand. A série já está comercialmente falida, sem chances reais de recuperação. Sem popularidade, com leitores desinteressados e vendas pífias – e ainda assim, mais páginas coloridas. Uma mera formalidade, já que a obra assombra as lojas com mais um volume, enquanto a revista finge que ainda tem relevância.
Página Colorida do Incompreendido Strand
Logo após temos Momose Akira no Hatsukoi Hatanchuu, que se resguarda no meio da TOC em antecipação das futuras responsabilidades. Momose não para de receber reimpressões, não para de receber recomendações e não para de receber páginas coloridas, é a nova mina de ouro a ser explorada. A posição intermediária é a folga merecida antes que a série volte a ser requisitada.
Shite no Hana: Nougakushi Haga Kotarou no Sakikata, o mangá do nome extremamente e exageradamente grande é o próximo da fila. A série, sendo ela destinada somente para os leitores mais cultos da revista, acaba angariando pouquíssimas novidades ao longo das edições. Não se destaca particularmente em nenhum aspecto, mas entrega um grau de sofisticação e delicadeza por conta da sua temática artística que garante a série uma estabilidade sólida. Seu segundo volume já está no mercado, e acredito que suas vendas se manterão sem melhoras e sem pioras, perfeitamente estagnadas.
Na décima quarta posição achamos Sora e…, que por alguma razão não divulgou ainda seu primeiro volume, um claro indicativo da baixa popularidade da série; não existe nenhum senso de urgência ou prioridade para colocarem à venda um mangá que, muito provavelmente, não vai vender.
Na sequência vem Red Blue, que voltou às suas raízes, na parte traseira da revista. Foi-se live-action e suas novidades, agora o mangá já pode voltar à normalidade, posições baixas que não preocupam com sazonais páginas coloridas.
O macabro e divertido Utsuranin desu aparece na décima sexta posição. Se Utsuranin não for seu favorito, ele com certeza é o favorito do seu favorito. Na véspera do seu quarto volume, o mangá recebeu mais uma recomendação, da Misaki Takamatsu, autora de Skip to Loafer. Mais um artista de respeito reconhecendo as qualidades da série, não é um mangaká pé-rapado entregando recomendação pragmática, por pura obrigação e formalidades, mas sim o legítimo reconhecimento de um autor de qualidade reconhecendo um outro trabalho de valor. Respeitem isso!! Leiam Utsuranin!! Aprenda inglês, aprenda japonês!!
Na décima sétima posição, temos ele… filho da dor, alvo de covardias e injustiças, Tatari. Para essa semana, uma fatalidade, algo que ninguém achou possível, distante… É com imenso pesar que vos informo, na edição #25 do ano de 2025, o jovem Tatari estará nos deixando, para sempre…
Acreditamos que esse dia nunca fosse chegar, carregamos nossas vidas com uma naturalidade e despreocupação cotidiana, alheios a tudo aquilo que nos rodeava, crendo na eternidade daquela alegria, como se tudo fosse destinado a durar para sempre. Infelizmente, não foi assim, não tinha como ser assim, já que tudo aquilo que respira, um dia, cessa sua respiração. Obrigado por tudo, Tatari.
E continuando… bora pros homens gostosos e sarados, semi pelados de Mizuporo. Não temos muitas novidades para a série, por aqui, apenas a normalidade impera.
Depois dele temos outra despedida, a de Te no Geka. Quando eu desisti de cogitar encerramentos, o editorial decide jogar logo dois na nossa cara. E quem lembra das vezes que eu ajudei a divulgar a suposta fake news de Te no Geka, comentando que a série era escrita pelo ex-editor-chefe da Sunday, Takenori Ichihara. É exatamente isso – quem esteve disfarçado na maciota escrevendo Te no Geka é o ex-chefão da revista. Isso explica a longa sobrevivência do mangá que não tinha apoio do público, nem na recepção, nem nas vendas.
Capa do Volume #1 de Mamono no Kuni – Ficarei extremamente tristonho caso essa história não tenha seu devido tempo de vida…
O nepotismo em sua forma mais pura reinou por mais de dois anos, mas enfim, chegou a hora de dizer adeus. Logo após, o nome da vez é o de Mamono no Kuni. O mangá vive uma realidade triste: baixíssimo engajamento nos capítulos e comentários que não apoiam tanto a série, criticando mais sua arte e decisões do que qualquer outra coisa.
A estreia do seu primeiro volume já está acontecendo. Teremos uma resposta sobre suas vendas na semana que vem, mas já antecipo um desempenho bem ruim. Tradução da VIZ ou qualquer tipo de apoio ocidental de nada serve se a história não conseguir seu destaque em sua terra natal.
Outro amaldiçoado é Ichika Bachika, que segue na mesma situação de sempre, no corredor da morte. Se for para comentar algo positivo da série, vale uma menção honrosa para o fato de que vai ganhar uma musiquinha temática, produzida pelo cantor de Vocaloid Shishishishi, que é um grande fã da obra.
Já na reta final, onde posso finalmente descansar e começar as preparações para desligar meu computador, temos Shibuya Near Family seguido de Tokachi Hitoribocchi Nōen – duas comédias fundo de tabela que não afetam muito a organização das TOCs.
Senhoras e senhores, terminamos. Depois de muito sangue e suor eu finalmente consegui concluir mais um texto, palmas para mim. Não tenho nem mais fôlego para prolongar o encerramento, criar mais desculpas ou qualquer coisa do gênero, tudo que sobra é preguiça e sentimento de dever tardiamente cumprido. Aguardo vocês na próxima, e a próxima será quando a próxima chegar, nem antes e nem depois. Adeus, fui.