
Um novo mangá de esporte estreia, tentando se tornar o primeiro Spokon de sucesso desde Haikyuu!!. Será que Embers tem o necessário para quebrar essa maldição? Vamos comentar tanto sobre isso quanto sobre a corajosa tentativa de apostar de novo em um mangá de música (B no Seisen) nessa análise da TOC #50 da Shonen Jump!
Weekly Shounen Jump #10 (03/02/2025):
Embers c01 (capa e páginas iniciais coloridas, 54 páginas, nova série de Kurumazaki Kei & Nishii Soutarou)
01 – Nige Jouzu no Wakagimi c189
02 – ONE PIECE c1138
03 – Ao no Hako c182
04 – Boku to Roboco c219
SAKAMOTO DAYS c199 (página central colorida)
05 – Exorcist no Kiyoshi-kun c30
06 – Shinobigoto c19
07 – Choujun! Choujou-senpai c48
Akane Banashi c144 (página central colorida)
08 – Madan no Ichi c20
09 – Kagurabachi c66
10 – Kill Ao c87
Syd Craft no Saishuu Suiri c10 (página central colorida)
11 – Himaten! c28
12 – Nue no Onmyouji c84
13 – Negai no Astro c39
14 – WITCH WATCH c188
15 – HAKUTAKU c18 (FIM)
Ausente: HUNTER×HUNTER c411 (hiato)
Weekly Shounen Jump #11 (10/02/2025):
- Capa e páginas iniciais coloridas: B no Seisen c01 (54 páginas, nova série de Hayashi Morihiro)
- Páginas centrais coloridas: Choujun! Choujou-senpai c49 (1º aniversário); Himaten! c29; Embers c02 (25 páginas)
- Páginas extras: Nue no Onmyouji c85 (23 páginas); Kill Ao c88 (23 páginas)
A partir deste ano, decidi que, em momentos específicos do ano, principalmente em edições em que as posições foram bem parecidas com as da semana passada, ao invés de comentar mangá por mangá, irei dedicar meu tempo para discutir uma questão específica da revista. O objetivo é trazer análises diferenciadas em momentos em que eu simplesmente repetiria as informações da semana passada.
Esta é uma dessas semanas em que acho perfeito comentar sobre a estreia de Embers e a crise dos mangás de esporte, também conhecidos como Spokon. Nos últimos anos, as revistas Shounen estão com muita dificuldade em encontrar mangás de esporte. O último entre as três principais revistas (Sunday, Jump e Magazine) é justamente Blue Lock, que muitos nem consideram um mangá de esporte. Sim, tivemos algumas obras que utilizam o esporte como elemento secundário, como Ao no Hako (Blue Box), e obras que utilizam elementos de competição para criar emoção, como Akane Banashi, mas nenhum mangá de esporte puro.
Enquanto isso, as revistas Seinen estão conseguindo encontrar alguns sucessos nesse período: Dogsred e Medalist são dois exemplos.

Ainda é um mistério o motivo exato pelo qual os mangás de esporte não estão vingando, mas algo que o Lucca comentou na última análise da Magazine (Revista de Blue Lock) é totalmente verdade: a qualidade não basta mais, é preciso algo a mais. O gênero saturou com várias obras de qualidade, e o público japonês não está mais interessado nas novas obras de futebol, beisebol, basquete e outros esportes populares.
Enquanto as velhas obras continuam vendendo bem e tendo uma boa renovação com o público jovem (como Slam Dunk), as novas não conseguem ter muito espaço nas revistas Shonen. A reação do público é sempre uma indiferença típica de quem já está cansado de ver os mesmos esquemas se repetindo ou simplesmente de quem não tem interesse algum por esporte. Até mesmo esportes mais físicos, como boxe, acabam sofrendo dessa inevitável saturação.
Ao ponto de Lucca eu adiciono também: Apelar para o público Fujoshi (O “Fantasma Fujoshi” que amedronta tantas pessoas) também não é suficiente. Quase todos os mangás de esportes da Weekly Shonen Jump lançados entre 2013 e 2024 tentaram isso, e todos eles deram errado. A qualidade e traço que agrada as fujoshi não rendem um mangá de esporte um sucesso.
Assim, as obras que conseguem explodir praticamente entram em duas categorias:
1 – Mangás de esporte Seinen. Nesse campo, essas obras continuam tendo grande sucesso. Dogsred, Medalist e Ao Ashi (que explodiu nos últimos anos, mesmo sendo mais antigo) são exemplos de títulos em revistas diferentes. O público que cresceu consumindo mangás de esporte e agora é adulto parece não sentir essa “fadiga” como o público mais jovem.
2 – Mangás Shounen que saem do esquema tradicional, adicionando elementos que até descaracterizam o Spokon (na visão de alguns), como aconteceu com Blue Lock. Essas obras subvertem a expectativa do público com elementos novos que não foram vistos antes. Criar um Battle Royale de futebol é algo inovador, mesmo que distancie a obra da concepção tradicional de Spokon.
Isso nos leva a crer que a questão não é simplesmente “já temos mangás de esporte bons no mercado”, pois, se fosse apenas isso, os mangás Seinen também estariam enfrentando dificuldades, o que acontece, mas em um grau muito menor. Além disso, mangás com esportes que não possuem grandes obras populares já lançadas, como Asumi Kakeru e Green Green Greens, teriam conseguido vingar um pouco mais. Contudo, esses também não deram certo. Podemos culpar talvez a qualidade deles, mas pelo menos um entre as revistas principais teria surgido nesses sete anos de seca.

Na próxima semana, teremos a estreia de B no Seisen, um mangá de drama e piano. É interessante ver a temática retornando após PPPPPP, mas temos que ver como será executada, já que mangás musicais sempre tiveram dificuldades em sobreviver na revista. Vários, como Bremen, Soul Catcher e PPPPPP, superaram a marca de um ano de vida, mas não conseguiram se manter vivos para ganhar um anime.
No geral, os editores escolheram dois gêneros que estão com bastante dificuldade na revista: esporte, no qual o último grande sucesso é Haikyuu!!, e dramas musicais, que historicamente enfrentam grande resistência do público. É uma leva, sem sombra de dúvida, corajosa, que mostra como Saito e toda a sua equipe estão dispostos a arriscar mais.
Indo para a TOC, vou comentar apenas três posições desta vez: Começando por Nige Jouzu no Wakagimi, que conquistou mais uma primeira colocação. O autor comentou algo interessante em uma semana: Os arcos com generais famosos recebem menos votos do que aqueles nos quais o protagonista está presente. Isso é algo esperado e lógico, mas mostra como a força do protagonista é importante para guiar uma história shonen. Mesmo que pensemos que alguns arcos mais centrados em personagens secundários sejam legais, aqueles que têm o protagonista tendem naturalmente a ter uma recepção mais calorosa, principalmente dos leitores casuais.
Outro mangá cuja posição eu gostaria de comentar é Witch Watch, no qual muitos estão desesperados pelas colocações baixas. É normal um mangá receber menos promoção antes do anime: Os editores estão dedicando mais espaço para obras que precisam de divulgação agora e não poderão receber tanto espaço quando for a vez de promover Witch Watch (inclusive dando posições altas na TOC). Nige Jouzu no Wakagimi passou pela mesma situação antes da estreia de seu anime.
Por isso, você, leitor de Witch Watch, não precisa se preocupar, pois isso é algo realmente muito comum.

Concluindo, tivemos o encerramento de Hakutaku, que teve uma péssima recepção, levando os editores a cancelá-lo para… não colocar nada no lugar. Essa estranha decisão acaba reforçando um pouco aquela minha teoria de que haviam planejado uma leva de três mangás, mas, em dezembro ou no começo de janeiro, tiveram que mudar os planos de última hora.
- A leva não começou na edição #09, logo após o término de Yozakura-San.
- A leva teve apenas dois mangás, seguida por uma leva de apenas um mangá (isso já aconteceu antes, mas não deixa de ser suspeito).
- Cancelaram três mangás, mas estrearam apenas dois.
Cheguei a duvidar da minha previsão de que Hakutaku seria cancelado nesta leva, mas acabei acertando mesmo assim. Então toda minha autocrítica da semana passada será retirada (brincadeira). De qualquer modo, se realmente haviam planejado uma leva de três mangás e algo aconteceu que impediu esse lançamento, eu acredito que era um battle shonen, possivelmente de um autor veterano.
Mas, como isso é apenas uma teoria minha, sem provas, devemos considerar que realmente planejaram uma leva de apenas dois mangás para esta semana. A questão é: Quantos mangás irão estrear na próxima leva? Eu acredito que deve ser entre dois e quatro, mas tem a bizarra possibilidade que eles lancem uma leva solitária de novo para ocupar a vaga de Hakutaku.
A situação entre quem irá ser cancelado em Março-Abril está confusa, com Choujun! Chojo-Senpai sendo o favorito para o cancelamento. A série irá receber apenas uma página colorida de aniversário ao invés de capa, que, na maioria das vezes, indica um cancelamento próximo. Mas “a maioria das vezes” não significa “sempre”. Tivemos casos como Yozakura-San, no qual a série não acabou sendo cancelada nos meses seguintes à ausência da capa de aniversário. Por isso, eu diria que é um indício forte, mas mesmo assim não uma certeza.
Outra série que talvez esteja correndo risco é Kill Ao, que teve o anúncio de “luta decisiva”. A questão é que nem sempre essa frase é usada para indicar a conclusão de um mangá: pode ser apenas os editores tentando atrair a atenção dos leitores. É preciso ter calma. Os mangás que serão cancelados na próxima leva estão totalmente em aberto, e só saberemos a resposta ao longo dos meses de fevereiro, março e, quem sabe, abril.
Chances de cancelamento (março-abril):
- 50% – Choujun! Chojo-Senpai
- 20% – Kill Ao
- 10% – Negai no Astro
- 10% – Shinobigoto
- 10% – Himaten
- 10% – Exorcist no Kiyoshi-Kun
- Restante: Abaixo de 10%
As chances vão aumentando ou diminuindo com a aproximação da leva.