Com o fim do ano de publicação da Weekly Shonen Magazine (a próxima edição é a número 1 do ano fiscal de 2025), resolvi dar uma variada e fazer um Q&A, o famoso Perguntas & Respostas, com o FelRib, nosso editor da Young Jump — leiam os artigos dele também –, para abordar questões pertinentes modernas à Magazine. Vamos seguir a ordem da TOC:
- Seitokai ni mo ana wa aru! (Primeiras Páginas Coloridas) Ch. 114
- Blue Lock Ch. 285
- Kakkou no linazuke Ch. 230
- Batchiri Scratch! Ch. 22
- Megami no Café Terrace Ch. 177
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 201
- Mayonaka Heart Tune Ch. 56
- Kaijin Fugeki Ch. 23
- Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 162
- Love Forty (Página Colorida) Ch. 22
- Kanojo, Okarishimasu Ch. 355
- Gachiakuta Ch. 118
- Irotsuku Monochrome Ch. 15
- GALAXIAS Ch. 13
- Shogi no Watanabe kun (Capítulo especial da Bessatsu Shonen Magazine)
- Fumetsu no Anata e Ch. 194 – 1
- Tonari no Seki Yoyogi – san (Oneshot)
- Yowayowa Sensei Ch. 99
- Ao no Miburo Ch. 152
- Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 157
- Mokushiroku no Yonkishi Ch. 171
- Yumene Connect Ch. 14
- Hajime no Ippo Ch. 1478
Ausências: Banjou no Orion Ch. 40, Kanan sama wa Akumade Choroi Ch. 121, Sentai Daishikkaku Ch. 163
Q. Seitokai ni mo ana wa aru! seria possivelmente a maior aposta da revista? O que esperar para o futuro da obra?
Pelas suas ótimas vendas, é inegável que Seitokai é a maior aposta para o futuro próximo da Magazine. Vendendo acima d0s 40 mil por volume ao mês, com possivelmente uma boa quantidade de cópias digitais, além de uma fanbase muito ativa — Seitokai tem tudo para ser uma galinha dos ovos de ouro da revista com um bom anime.
Esse é o futuro, um anime com boa produção é provável e pode elevar ainda mais o patamar de Seitokai em vendas e popularidade geral. O único problema seria talvez o público ocidental não ir tanto com a cara da série, que é uma comédia ecchi, mas ela é bem popular em fóruns chineses, assim lhe dando também um bom mercado internacional potencial.
Q. Blue Lock teve no ocidente uma recepção totalmente diferente para sua segunda temporada do que vemos no Japão, o que aconteceu?
A questão da recepção eu acho que é um pouco diferente do que se é falado por aí. Blue Lock ainda consegue bons resultados no Ocidente, acima da maioria das obras da temporada, mas é muito criticado nas redes sociais pela sua animação.
No Japão esse tipo de comentário existe também, mas é renegado a fóruns de nicho pela sua natureza mais crítica. Além disso, diria que aspectos como a dublagem são pontos mais relevantes lá do que no Ocidente, então tem gente que se satisfaz mais com outros aspectos, mesmo com animação fraca.
Q. Kakkou no linazuke eu sinceramente parei de ler muito tempo atrás, como ela está em questão de roteiro?
Eu diria que… na mesma? O mangá segue uma fórmula ainda revezando os arcos entre as heroínas. Existe uma progressão de roteiro, mas lento. Talvez 2025 possa guiar a série mais para seu final, já que várias das histórias ao menos parecem estar bem desenvolvidas agora.
Q. Batchiri Scratch! é uma que eu não sei nada sobre, me conte mais.
Batchiri Scratch é um mangá 4-koma, ou seja, com piadas em 4 quadros. É tipo uma tirinha de jornal, mas de várias páginas (geralmente umas 10, no caso de Batchiri). Conta a história de Mimosa, uma menina introvertida e estranha que adora rap e acaba parando num clube do gênero musical na sua escola com outras garotas “fofas”.
É basicamente um Bocchi the Rock com rap, mas não tão astuto quanto sua inspiração. Acho divertido, mas infelizmente os resultados estão tão ruins que não deve durar muito.
Q. Megami no Café Terrace é de um autor que eu adoro, o Koji Seo, temos esperança para uma terceira temporada?
Depois do anúncio de novas temporadas para Kanojo, Okarishimasu e Kakkou no Iinazuke que são obras que já passaram, muito, de seus ápices, acredito que tem total chance de Megami Café ganhar mais uma temporada. O mangá ainda vende bem e o autor, como visto pelo seu comentário, tem uma fanbase fiel que gosta de seguir seues trabalhos.
Q. Shangri-La Frontier conseguiu conquistar compradores em uma temporada que tinha Frieren e Apotecária, qual foi o diferencial que trouxe leitores novos?
Acho que os elogios feitos para Shangri-la Frontier são quase universais. É divertido, frenético, mas ainda consegue elaborar situações e lutas intrigantes.
O escritor é um grande fã de games e a forma com que ele escreve as batalhas desse mundo de MMO usa mecânicas de jogos melhor que em outras histórias do tipo. Ajuda também que o roteiro sempre trata o game como um game mesmo, não tem nada de estarem presos num jogo e isso ser uma questão de vida e morte. É um diferencial que permite que a obra seja divertida e relaxante até em momentos de batalha mais sérios.
Q. Mayonaka Heart Tune para os amantes de Gotoubun, o que ele tem de diferente, quais os seus melhores pontos?
O foco maior nas profissões específicas das heroínas, já que cada uma quer ser alguma coisa diferente: dubladora, cantora, vtuber e locutora. Ao longo da história alguns arcos são sobre essas carreiras e como as garotas se adaptam para elas.
Outro ponto positivo, que é o meu preferido inclusive, é a arte. Traços mais grossos e rostos bem expressivos deixam essa uma das leituras mais leves que faço semanalmente.
Q. Kaijin Fugeki teve um leve crescimento no volume 2, isso significa que a obra está tendo uma recepção boa?
Sim, porém é um crescimento um pouco abaixo do esperado após o volume 1 aparecer tantas vezes no ranking Shoseki. Inclusive até agora dá umas aparições por lá.
Acredito que pode ser o caso de crescimento mais gradual ao longo dos volumes, pela recepção positiva, mas não explosiva.
Q. Amagami san Chi no Enmusubi não está tendo números muito bons com o seu anime, o nível da adaptação foi abaixo do esperado?
A adaptação em si é de um nível decente. Nada muito grandioso como os anime de Make Heroine, Roshidere ou 100 Kanojo, mas de qualidade decente, boas dubladoras, etc. O problema parece ser mesmo no ritmo lento pelo começo mais clichê e o anime não ter acelerado isso — nesse caso dá pra falar que a adaptação talvez tivesse que ter mudado algumas coisas para se tornar mais popular.
Q. Love Forty, o que é isso, é série nova? Nunca ouvi falar.
É uma das séries da leva mais recente. Love Forty é um mangá de tênis, fortemente inspirado no hit Baby Steps, que também saia na revista.
Bem tradicional em estilo spokon, o mangá conta a história de um garoto que migra do shogi para o tênis, usando suas habilidades de estratégia do jogo de tabuleiro diretamente em partidas eletrizantes de tênis. O problema é, Love Forty é tão básico que os leitores não tiveram nem interesse de dar uma chance e o mangá é um zumbi esperando seu fim…
Q. Kanojo, Okarishimasu é a novela Brasileira da Magazine, quando você prevê que a obra termina?
2025 é o primeiro ano que é realmente possível de imaginar um final para Kanojo, Okarishimasu. O arco atual do mangá dá pintas de ser um dos últimos, mas é impossível prever o quanto o autor Reiji Miyajima pode esticar isso — todos sabemos o quanto ele ama capítulos aleatórios e o ritmo mais lento para a história.
Q. Gachiakuta é um queridinho do ocidente, seria ele um possibilidade da Magazine de crescer no mercado ocidental?
Tenho certeza que pensam em Gachiakuta dessa forma na Kodansha. Anúncios do anime vieram primeiro num evento americano, já levaram a autora para lá e o mangá é com certeza o mais popular da revista, dentre os sem anime, com os leitores ocidentais.
O anime da Bones será importante para firmar de vez Gachiakuta como um dos grandes battle do mercado internacional.
Q. Como está sendo o retorno do autor de Irozuku Monochrome?
Por enquanto bom. Os capítulos estão saindo sem atraso e sem a percepção de que o autor esteja com problemas de ritmo. Para quem não sabe, Atsushi Uchiyama já teve uma série encerrada na revista com “problemas de saúde” como um dos motivos, mas até agora Irozuku não demonstra sinais de problema.
Quanto às vendas, foram aceitáveis para um primeiro volume, pouco abaixo dos 6 mil. Precisa começar a crescer a partir do segundo.
Q. GALAXIAS acha que a série deveria ser transferida para o digital por ser tão inconstante?
Por enquanto não, o autor é jovem e ainda há esperanças dele se adaptar ao ritmo semanal. Estar na revista principal é a melhor forma de GALAXIAS poder crescer, então pelo momento é importante que continue aí já que o primeiro volume vendeu perto de Irozuku, mesmo com muito mais marketing e estoque.
Q. Fumetsu no Anata e, sendo parcial por um segundo, já não era para a série ter terminado devido a essa contante queda em vendas e leitores?
De um ponto de vista de mercado, provavelmente. A Jump já teria feito a autora encerrar ou acelerar o ritmo da história, algo meio similar ao que acontece com Undead Unluck.
A Magazine porém mantêm a obra por alguns motivos: é uma autora renomada que devem querer continuamente na revista, traz uma diversidade temática importante para uma revista que já tem tantas obras focadas numa demografia (jovens homens adultos), e também porque teve mais anime anunciado, mesmo que sem notícias por mais de um ano.
Q. Yowayowa Sensei anúncio de anime e nem tem 100 capítulos, quem você colocaria para as vozes dos personagens?
O importante para obras de público nicho e/ou otaku é ter um elenco de seiyuu que atraia seus fãs específicos. Para a Hiyori, a protagonista título do mangá, deixaria a Kouno Marika por ter dublado a personagem título num PV no canal da Magazine que conseguiu mais de 80 mil visualizações — número bem alto pro canal. Para o Abikura, o estudante sério e que é o tsukkomi do mangá (aquele que reage às piadas), iria com o Umeda Shuuichirou, que fez um papel parecido em Makeine e para a segunda heroína, a Mukubayashi, iria com a Waki Azumi por saber fazer vozes mais “bobas” como a dela e que teria já um número de fãs a seguindo.
Q. Ao no Miburo é uma boa obra para quem nunca viu um anime histórico antes?
Não diria que é a ideal pela sua qualidade de produção mais para baixo, mas é boa sim em questão de roteiro. É bem mais realista que a maioria e trata o período histórico com a brutalidade real do mesmo.
Q. Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai terá o seu anime em janeiro, podemos esperar um crescimento nas vendas?
Esse seria o ideal para tudo, porém a maioria não cresce de fato. Mas eu chutaria que tem mais chances de crescimento que Amagami-san pelo começo de Kuroiwa Medaka ser mais divertido e o ponto de vista da história ser de Mona, a heroína, assim gerando uma boa diferença para as outras romcom shonen do mercado atual no qual seguimos sempre o ponto de vista do garoto.
Q. Mokushiroku no Yonkishi vale a pena para quem não terminou e não gosta de Nanatsu?
Resposta sincera? Acho que não porque é uma continuação bem direta. O vilão foi construído em Nanatsu e as histórias se conectam bastante.
Por outro lado, se você terminou Nanatsu e não gostou, talvez vale a pena ver ou ler Mokushiroku no Yonkishi, porque tem muita gente que prefere a história dele em si. É mais consistente.
Q.Yumene Connect é uma obra que trás algo diferente, a WSJ por exemplo não tem uma obra ecchi assim, está valendo a pena para a revista?
Bom, é diferente em relação à Jump, mas na Magazine é comum termos obras ecchi. Nesse sentido, o gênero em si não tem nada de especial para destacar Yumene, mas sim sua boa execução. A recepção do mangá é a melhor da leva recente entre os novatos e suas vendas estão apenas abaixo de Kaijin Fugeki, de um veterano renomado.
Quanto ao diferencial do ecchi para a Magazine, eu acredito que o público que gosta do gênero realmente prefere a revista às rivais que não o oferecem. É só importante lembrar que é um dos nichos do mercado e que ainda é importante ter vários sucessos em vários gêneros diferentes.
Q. Hajime no Ippo nem existe o que perguntar, o mangá é um pilar central da revista, 100 milhões de cópias em circulação, existe alguma informação nova para a obra?
Infelizmente, eu diria que não em relação a projetos. Voltar com o anime é complicado pelo tamanho da obra e o fato dela já ter recebido várias temporadas no passado. Voltariam de onde parou? E um remake demoraria demais.
Dito isso, o George Morikawa é extremamente respeitado na indústria e é um dos porta vozes dos mangaka. Quem sabe aparece algum streaming disposto a pagar por várias temporadas de Ippo um dia?
Q. Banjou no Orion o mangá sobre shogi, mangás sobre jogos de tabuleiros são comuns na Magazine, eles dão certo?
Acredito que seja como qualquer gênero, dar certo ou errado depende da execução do autor. Mas um ponto positivo de histórias de shogi e outros jogos do tipo é que podem absorver elementos estruturais de spokon, como torneios, mas em narrativas mais introspectivas. Isso ajuda a focar mais em dramas pessoais e desenvolvimentos puxando por esse lado.
Uma das inspirações clara de Banjou no Orion é Sangatsu no Lion e o sucesso da obra é justamente tratar o drama e os personagens tão bem quanto as partidas. Então agrada sim os leitores da Magazine.
Q. Kanan sama wa Akumade Choroi onde a obra falhou para não ter uma adaptação anunciada ainda?
Eu não diria que falhou em nada, é mais uma questão de tempo e produção. Kanan pode até ter vendido direitos para um anime antes de Yowayowa, já que vende mais, mas seu anime pode estar numa fila de espera maior por questões como fila interna de estúdio, diretor ocupado, etc.
Q. Sentai Daishikkaku caso consiga um grande aumento de vendas na segunda temporada consegue uma terceira?
Provavelmente conseguiria porque o diretor é um fã da obra original e disse que deseja adaptar o mangá completo e o estúdio está usando Sentai Daishikkaku como forma de mostrar seu talento. O problema é conseguir crescer, é algo muito improvável nesse ponto, tanto para anime quanto o mangá.
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E essa foi a Magazine de 2024, senhoras e senhores. Obras estabelecidas se encerraram (adeus, Edens Zero e Akabane Honeko!), mas os sucessores ainda não deslancharam. 2025 será um ano importante para que esses novatos possam manter os leitores comprando a Shonen Magazine. Espero que tenham gostado (obrigado de novo ao FelRib) e… por favor, anunciem logo um anime de Seitokai!