É o momento de comentarmos mais uma TOC da Big Original, dessa vez focando mais nas vendas dos mangás da revista. Lembrando que já apresentei em detalhe cada série e os autores nessas duas TOCs: 22 & 23, por isso nesta análise vou descrever rapidamente cada obra antes de comentar, sem entrar em detalhes.
TOC Big Comic original #01 (2025)
1 – Candy Box Creations c1 (Páginas Colorida de Abertura)
2 – Back Home Blues c26
3 – Tsuribaka Nisshi c1087
4 – Tasogare Ryuuseigun c695
Sutoikku banpaia (One-shot 40p)
5 – Maru Sankaku Shikaku c35
6 – Showa Tennou Monogatari c132
7 – Sekai no Owari no Yōsai-ten c4
8 – Miwa-san Narisumasu c92
9 – Kongo Joshu no Nana-chan c698 e c699
10 – Hito no Tame ni Hataraku (Capítulo sem numeração)
11 – Himiko c142
12 – Tetsu Bon c347
13 – Hyakunen Senryu c795
Agradecimento pela TOC: Hilbert_Jun
Abrindo a revista, tivemos o primeiro capítulo de Candy Box Creations, uma nova série que será lançada de modo irregular na Big Comic Original (pelo que entendi). O autor, que já trabalhou em um mangá de Mobile Suit Gundam, chega à revista com um capítulo que uniu Natal e ficção científica à la Star Wars, com direito a guerra espacial e investigação de um planeta. O seu traço combina bastante com o da Big Comic Original, sendo mais maduro e lembrando, de certo modo, os “Comics Americanos” (algo muito comum em traços inspirados nos Gekigas ou obras dos anos 70-80).
Como os capítulos serão bem raros (o próximo parece que será somente na primavera) e ainda não pude entender muito bem se será a continuação dessa história ou uma antologia, eu diria que Candy Box Creations não chega para ser uma obra importante na revista, mas sim um presente que veremos de 2 a 4 vezes no ano.
Em segundo lugar, tivemos Back Home Blues, um mangá de beisebol que não está conseguindo alcançar bons resultados comerciais, não entrando nem no TOP 500 mais vendidos do Ranking Oricon (ou seja, vendendo menos de 1.200 cópias semanais). Isso significa que será cancelado? Então, a Big Comic Original não é conhecida por ter muitos mangás que vendem bem, mesmo sendo a segunda revista seinen mais popular no mercado. O seu público, que tende a ser mais velho, prefere simplesmente comprar a revista, enquanto os volumes são mais comprados pelo público mais jovem (abaixo de 40 anos). Deste modo, uma má venda não indica um cancelamento certo, mas também não é uma boa notícia, obviamente.
O grande exemplo disso é a grande comédia Tsuribaka Nisshi, que tem uma grandíssima popularidade com os leitores da revista, sendo o KochiKame da Big Comic Original, mas também não consegue mais entrar no TOP 500. É um mangá com mais de 110 volumes, colecionado por poucas pessoas, mas quase todo mundo que lê a Big Comic Original dá uma lida nos capítulos divertidos da série, que lembram muito as comédias populares entre os anos 70 e 90.
Já o terceiro colocado, Tasogare Ryuuseigun, mangá que conta a história de pessoas acima de 40-50 anos que se apaixonam novamente, continua vendendo bem para os padrões da revista, mesmo estando longe do seu ápice. O volume 74 da série vendeu 5 mil cópias na primeira semana e mostra que, mesmo com um público mais velho e anos de duração, continua sendo um dos maiores sucessos da revista.
Quem acompanha somente a Weekly Shonen Jump pensa que 5 mil cópias é bem pouco, mas para o mercado de mangás, que tem mais de 15 mil obras em atividade (físicas e digitais), vender 5 mil cópias já te coloca entre os 10% mangás mais vendidos do mercado inteiro. Como a venda de corte da Weekly Shonen Jump é a maior do mercado (praticamente acima de 20 mil cópias após o terceiro volume), acabamos nos acostumando a achar que números que seriam altos em qualquer outra revista são baixos. Mas a realidade é que, tirando a Shonen Jump e Shonen Magazine, você consegue sobreviver muito bem vendendo 5 mil cópias. Essa quantidade torna um mangá um sucesso em quase todas as revistas.
Logo após, tivemos um One-Shot sensual que une erotismo, romance e sobrenatural, mantendo sempre um traço que lembra muito as obras dos anos 80 e 90 (em certos momentos me lembrou até mesmo Saint Seiya). Em quinto lugar, tivemos Maru Sankaku Shikaku, mangá autobiográfico da autora que conta sua infância durante o período Showa. O mangá, olhando rapidamente, parece infantil, mas logo você percebe que só parece, pois trata com leveza e inocência temáticas da infância daquela época.
As suas vendas no geral são boas para a revista, vendendo 2.500 cópias por volume. Essas vendas, mesmo colocando a obra entre os mais vendidos do mercado, não chegam a ser vendas de destaque, mas garantem a sobrevivência em qualquer revista seinen do mercado, tirando a Young Jump. Por isso, não dá para dizer que Maru Sankaku Shikaku não seja um sucesso, mesmo não sendo uma obra de destaque no mercado.
Agora você deve estar perguntando: o que define um sucesso? Eu diria que o sucesso de um mangá é definido pelo local no qual é lançado e pelas suas vendas. Circunstância e números. Se um mangá vende 5 mil cópias em uma revista de grandíssimo porte, ele não é um sucesso, pois sua plataforma permite alcançar muito mais leitores. Já em uma revista para um público mais velho, revista infantil ou revistas de médio-pequeno porte, vender 2 mil cópias torna o mangá um sucesso. Maru Sankaku Shikaku não tem vendas de destaque (para isso é preciso entrar no TOP 50 do Ranking Oricon, ou seja, vender acima de 10 mil cópias), mas ainda assim é um sucesso.
Em sexto lugar, tivemos Showa Tennou Monogatari, que consegue vender 26 mil cópias em 5 semanas, sendo assim o mangá de maior sucesso da revista. É também aquele que, na minha opinião, tem o traço que consegue trazer uma grande seriedade e agradar o público jovem adulto, por isso as altas vendas — lembrando mais os seinen dos anos 2000 e 2010 do que realmente os seinen dos anos 70 ou 80.
Para quem não conhece, Showa Tennou Monogatari conta a história do imperador do Japão durante a Segunda Guerra Mundial, discutindo todas as suas dúvidas e também os problemas que enfrentou durante esse período histórico. É uma obra amada pela crítica e também por aqueles que gostam de mangás mais históricos, com muitos diálogos e referências. Atualmente, é uma das minhas leituras preferidas.
Logo após, tivemos Sekai no Owari no Yōsai-ten, um dos mangás mais interessantes que estou lendo na Big Comic Original. Tem somente 4 capítulos, e não sei se se tornará um sucesso comercial (não consigo ter a recepção prévia, pois não é que o público mais velho fica na 2ch comentando sobre os mangás da Big Original), mas a obra tem me conquistado. Sekai no Owari no Yōsai-ten conta a história de um grupo de jovens alfaiates em um mundo pós-apocalíptico, discutindo a importância das vestimentas para a sobrevivência e o bem-estar da população.
Como o traço da série também me lembra bastante os seinen atuais (pós-2010), acaba sendo uma série que combina bastante com minha idade (abaixo dos 30 anos), e por isso me divirto bem mais. A tendência é que, com o passar dos anos, vejamos mais séries como Sekai no Owari no Yōsai-ten e Showa Tennou Monogatari, pois combinam mais com os gostos dos millennials, que estão, pouco a pouco, se tornando o público-alvo da revista.
Em oitavo lugar, tivemos Miwa-san Narisumasu, que vende 1.200 cópias. Em décimo lugar, tivemos Hito no Tame ni Hataraku, que eu disse que tinha acabado: foi um erro meu. A série não tem numeração e, ainda por cima, o capítulo passado encerrou um arco interno do personagem, o que me levou a interpretar que era a conclusão da série. Existem algumas séries na revista, como Hito no Tame, com mais de 300 capítulos, que estou acompanhando agora, mas não tive a possibilidade de ler os primeiros capítulos (no caso de Hito no Tame, por ser muito complicado achar os capítulos), então tento interpretar os acontecimentos com minha noção limitada da série.
Em décimo primeiro lugar, tivemos um mangá que ainda não apresentei: Himiko, escrito pelo novato no mundo dos mangás Richard Woo e desenhado por Mariko Nakamura, desenhista de Gal Boy!, um mangá de grande sucesso da Be Love. Mariko Nakamura normalmente trabalhou com joseis, mas sempre teve uma arte transversal que conseguia dialogar muito bem com todos os grupos, e seu talento é essencial para o sucesso de Himiko, que está sendo lançado na revista desde 2018.
Mas do que trata esse mangá? Ambientado no terceiro século depois de Cristo, durante o misterioso reinado de Himiko como rainha do reino de Yamatai, seguimos uma jovem garota que tenta sobreviver aos terrores e mistérios dessa época que atraí a curiosidade de muitos japoneses. Assim, a obra une questões históricas com elementos de terror, trazendo uma história única, emocionante e cheia de conspirações.
Em décimo segundo lugar, tivemos nosso querido mangá sobre trens Tetsu Bon, que vendeu 3.400 cópias por volume atualmente, também um bom resultado. A série continua, neste capítulo, seu desenvolvimento normal, e mesmo sendo constantemente classificada na zona mais baixa, Tetsu Bon não corre nenhum risco de cancelamento. Muito pelo contrário, é uma das grandes certezas da Big Comic Original.