Olá pessoal, aqui é o Leonardo Nicolin, e nessa semana estarei substituindo o Lucca, que acabou sendo mordido pelo próprio cachorro. Sim, o cachorro decidiu realizar uma revolução dos bichos após o Lucca tentar cuidar da ferida dele e acabou mordendo sua mão, que agora está imobilizada.
Incapaz de escrever a TOC, restavam somente três opções: o DNSS escrever a matéria, mas ele tem uma raiva pela Magazine tão grande que a matéria seria excluída pelo Google por crime de ódio; o FelRib, que estava ocupado procurando emotes calientes para o Discord; e, assim, sobrou eu, que escrevia a Magazine antes do Lucca assumir.
TOC Weekly Shonen Magazine #48
1 – Kanojo, Okarishimasu (Capa, Página Colorida de Abertura e Novidade sobre o Visual Novel) Ch. 351
2 – Mokushiroku no Yonkishi Ch. 168
3 – Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 158
4 – Akabane Honeko no Bodyguard (Página Colorida, Aniversário de 2 anos) Ch. 100
5 – Banjou no Orion Ch. 36
6 – Sentai Daishikkaku Ch. 159
7 – Batchiri Scratch! Ch. 17
8 – Ao no Miburo Ch. 148
9 – Kakkou no linazuke Ch. 226
10 – Blue Lock Ch. 281
11 – Megami no Café Terrace Ch. 173
12 – Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 198
13 – Mayonaka Heart Tune Ch. 52
14 – Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 111
15 – GALAXIAS Ch. 10
16 – Irozuku Monochrome Ch. 11
17 – Kanan sama wa Akumade Choroi Ch. 117
18 – Hajime no Ippo Ch. 1475
19 – Yowayowa Sensei Ch. 95
20 – Love Forty Ch. 19
21 – Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 154
22 – Yumene Connect Ch. 10
Ausentes: Kaijin Fugeki Ch. 20, Gachiakuta Ch. 116
Indo para a TOC, quem abriu a revista dessa vez foi o divisivo Kanojo, Okarishimasu. Eu acredito que temos alguns títulos na revista que simbolizam bem a atual linha editorial da Magazine, no sentido “Rom-Com”, e justamente Kanojo, Okarishimasu é um desses. A obra já tem mais de 350 capítulos, é um dos mangás que mais vende na revista e ainda está para ganhar um Visual Novel, que deve agradar bastante aos leitores da obra.
E eu digo que Kanojo, Okarishimasu simboliza bem a revista, pois agrada justamente o público que gosta de obras mais voltadas para o romance, com protagonistas femininas bonitas em seu centro. Com o sucesso de Go-Toubun no Hanayome, a revista migrou quase naturalmente para uma linha editorial diferente. Se antes a Magazine apostava em mangás mais voltados para garotos, com heróis delinquentes, protagonistas fortes, personagens esportivos, que variavam entre heróis desviantes e exemplares, a partir dos anos 2010 começou a migrar para os garotos mais “otakus”, com uma personalidade mais nerd.
A revista passou, assim, nos últimos 8 anos, por uma grande mudança em sua própria identidade e público consumidor, mas sempre se mantendo muito fiel à demografia shonen, com pouca abertura para as garotas, diferente da tendência seguida pela maioria das outras revistas Shonen, como a Weekly Shonen Jump, Weekly Shonen Sunday e Shonen Gangan. Essa migração acabou se tornando uma estratégia eficaz para criar essa Line-Up destinada a esse novo grupo de adolescentes que antes a revista não atingia tão bem. Antes não atraía, pois nos anos 90 e 2000 eles eram minoria no Japão, mas, com o passar dos anos, foram aumentando em quantidade.
O jovem delinquente? Esse foi deixado de lado no mercado atual, já que eles não consomem mais mangás como consumiam nos anos 80 e 90 (além de terem diminuído em quantidade). Surgem, no lugar de obras como GTO, mangás como Go-Toubun no Hanayome e Kanojo, Okarishimasu que antes eram destinadas a um público minoritário da revista e agora são destinadas à maioria, transformando a Magazine na casa desses leitores. A Magazine também passou a entender bem mais os gostos do público que gosta de rom-com, especializando seus autores e editores no gênero, entregando obras perfeitamente construídas para esse público.
Em segundo lugar na TOC tivemos Mokushiroku no Yonkishi, continuação de Nanatsu no Taizai. A obra agrada tanto o público mais velho que ainda lê a revista por causa do autor quanto o jovem que gosta de Battle Shounen. O segundo lugar é importante justamente para promover o anime em exibição. Em terceiro lugar tivemos Amagami-san, que também conquistou a posição alta por causa do anime em exibição, mas, por incrível que pareça, não está tendo nenhum boost (até Mokushiroku no Yonkishi está tendo um boost maior). O começo complicado da obra acabou pesando demais no anime, e assim a grande aposta da Magazine não deu tão certo.
Em quarto lugar tivemos Akabane Honeko no Bodyguard, que está prestes a terminar. A obra passou longe de ser um grande sucesso em vendas, nunca superando 20 mil cópias por volume, tendo assim muita dificuldade em se estabelecer em um mercado competitivo. Contudo, não podemos considerar Akabane Honeko no Bodyguard um fracasso, já que teve um filme de sucesso que até aumentou suas vendas, além de ter sido licenciado por vários países. Eu acredito que, caso tivesse vendido acima de 30 mil cópias, duraria mais de 100 capítulos; contudo, mesmo assim, a série conseguiu ter um rendimento comercial que muitos autores sonham em ter.
Em quinto lugar tivemos Banjou no Orion, mangá de Shogi que continua tendo uma boa recepção. Constantemente, as revistas Shonen tentam emplacar obras de Go ou Shogi para ver se conseguem sucesso, mas a realidade é que, mesmo com a popularidade do esporte tendo alguns picos no Japão dependendo do período, a grandíssima maioria dessas obras acaba sendo destinada para um nicho que gosta de mangás mais parados OU que gosta do esporte. Banjou no Orion conseguiu uma boa recepção sendo uma obra de Shogi e se estabilizar na segunda maior revista Shonen, o que é simplesmente admirável. Lembrando que o autor é o veterano Naoshi Arakawa, criador de Your Lie in April.
Em sexto lugar tivemos Sentai Daishikkaku, que continua estável na revista e está entrando em um novo arco, que para alguns pode ser o último, para outros não. Em sétimo lugar tivemos Batchiri Scratch, que conquistou essa posição mais pela rotação contínua da revista: a Magazine é uma revista que gosta de rotacionar bastante sua Line-Up, colocando mangás não populares no começo e também mangás populares na última página, motivando os leitores a lerem toda a revista. É uma estratégia diferente da Weekly Shonen Jump, que prefere priorizar sempre os mangás mais populares, colocando-os mais frequentemente nas primeiras colocações e deixando os menos populares estacionados nas últimas.
Em oitavo lugar tivemos a obra histórica Ao no Miburo, que está com anime em exibição. Está tendo um resultado melhor que Amagami-San, mas muito inferior ao incrível boost de Blue Lock, por exemplo. É importante dizer que Ao no Miburo tem dificuldades em superar 10 mil cópias, o que, mesmo não sendo um resultado ruim para a Magazine, não é nada demais no mercado. Por isso, esse boost, por ser pouco (aparece ocasionalmente no TOP 500 diário), deve resultar em um aumento de vendas bem baixo. Em nono lugar tivemos o rom-com Kakkou no Iinazuke, que continua estável na revista.
Em décimo lugar tivemos Blue Lock, a obra polêmica da temporada. E vou aqui me preparar para ser o advogado do diabo e defender um determinado quesito do anime de Blue Lock: Eu sei que vocês esperavam que pelo menos o anime tivesse a qualidade mediana da primeira temporada, mas, na verdade, essa temporada parece mais um Power-Point criado pela sua professora de Artes. O motivo dessa queda de qualidade é o cronograma, que acabou sendo muito pesado para os animadores, que tiveram que apostar em técnicas rudimentares para entregar algum produto.
Contudo, Blue Lock é a terceira obra da temporada com maior boost, perdendo somente para Dandadan e Ao no Hako. E é nesse ponto que consigo defender o trabalho milagroso dos animadores, mesmo com condições de trabalho terríveis. Sabendo que não conseguiriam entregar um produto nem mesmo mediano, eles intensificaram os efeitos especiais e souberam realçar os elementos Fujoshi e a personalidade dos personagens, para continuar conquistando novos leitores e leitoras, mesmo com uma animação fraquíssima. Comercialmente, a obra acaba dando certo justamente pelo estúdio conhecer bem a obra e o seu público.
E muitas vezes a qualidade da animação não é o que define o sucesso de um anime; é importante, sim, conhecer o público consumidor da sua obra. É conhecendo ele bem que você poderá produzir um anime de sucesso (comercialmente falando). Quando o quesito é a “arte”, bem, infelizmente sabemos que muitos animes não são produzidos com o intento de serem objetos artísticos, mas sim produtos. O anime de Blue Lock, acima de tudo, é visto como um produto… um produto de grande sucesso. Aliás, Blue Lock é um dos poucos mangás da revista que dialoga com as mulheres.
Em décimo primeiro lugar tivemos a comédia romântica Megami no Café Terrace, que teve uma leve redução em vendas, mas nada demais. Diminuiu de mil cópias com um dia a mais em vendas, mas essa redução é normal para obras com mais de 150 capítulos e que encerraram a exibição do anime.
Em décimo segundo lugar tivemos o Battle-Shounen Shangri-La Frontier, que também está com um anime em exibição, mas sem nenhum boost – no geral, a temporada está cheia de obras da Magazine que estão recebendo boost bem pequenos ou inexistentes. De qualquer modo Shangri-La, adaptação de um Light Novel de sucesso, continua sendo um dos maiores sucessos do mercado shonen atualmente, vendendo acima de 100 mil cópias.
Em décimo terceiro lugar tivemos a comédia romântica Mayonaka Heart Tune, seguida pela comédia Seitokai ni mo ana wa aru!. Muitos pensam que, por Seitokai ser protagonizada por uma garota, também seja uma comédia romântica como Mayonaka ou Kakkou Iinazuke, o que não é o caso. Sim, talvez dentro da revista eles possam ter públicos similares, mas são duas propostas diferentes. Seitokai mesmo vai ganhar um livro de ilustração em breve, algo incomum para uma obra sem anime, mostrando assim como o mangá está conseguindo agradar bastante aos leitores da Weekly Shonen Magazine.
Em décimo quinto tivemos o Battle Shounen de aventura GALAXIAS, que, em uma situação rara, está na revista, já que, por causa da saúde do autor, está constantemente ausente. A obra vendeu muito mal em seu primeiro volume, abaixo de 5 mil cópias, mas mesmo assim isso não garante o seu cancelamento. O nível de tolerância da Magazine, assim como todas as revistas do mercado, tirando a Jump, é muito mais baixo, permitindo que mangás que vendem de 3 a 5 mil cópias restem vivos caso eles tenham uma utilidade na Line-Up. Mas qual seria a utilidade de Galaxias? Bem, vou explicar:
Quando eu ainda escrevia sobre a revista, expliquei um problema que a Magazine sofre constantemente: o seu ciclo vicioso. Quando Go-Toubun no Hanayome fez sucesso, isso estimulou mais autores e mais leitores a procurarem a Magazine para ler obras de comédia romântica – algo parecido com o que aconteceu com a Sunday nos anos 80 com Urusei Yatsura -. Esses novos leitores começaram a apoiar cada vez mais mangás de romance, e os mangás de outros gêneros começaram a ter menos sucesso, já que o público naturalmente não procurava essas obras. A equipe editorial também acabou se especializando mais em rom-com ou ecchi, melhorando cada vez mais a qualidade das obras desse gênero dentro da revista.
De qualquer modo, os editores até tentaram equilibrar lançando mais mangás de Battle Shounen, esporte, drama, mas nada disso dava certo, pois o público majoritário que passou a consumir a revista a partir de 2019 não estava mais interessado nesta tipologia de obras; queriam rom-com ou ecchi, nos quais a revista entregava obras boas desse gênero. E assim a partir de 2019 se formou um ciclo vicioso no qual somente as obras de romance ou ecchi vendem realmente bem, enquanto nos demais gêneros só vemos obras de IP já bem estabelecidas conseguindo vender bem (Shangri-La e Mokushiroku no Yonkishi).
Blue Lock e Galaxias, assim como os ausentes Kaijin Fugeki e Gachiakuta, tornam-se essenciais para que esse ciclo vicioso não acabe nichando demais a Magazine, já que ela deixaria de se comunicar com seu público tradicional (os famosos moleques delinquentes e esportivos), com o público masculino casual (que tende mais a comprar a Jump), com o público masculino mais cult (que tende a comprar a Sunday) e não conseguiria também comunicar-se com o público que mais compra mangás no Japão, que são as mulheres. A Magazine saiu dos anos 90 vendendo na mesma quantidade que a Weekly Shonen Jump, mas atualmente vende 1/3. Acreditem, os editores estão se esforçando bastante para alcançar essa variedade e recuperar o prestígio que a Magazine perdeu.
A Weekly Shonen Sunday justamente abandonou a linha da comédia romântica após os anos 80, investindo em novas obras nos anos 90 (o que acabou gerando Detective Conan) e depois em Battle Shounen nos anos 2000, o que acabou gerando Zatch Bell, Magi e muitos outros, pois a revista percebeu que estava nichada demais para conseguir competir com a Magazine e a Jump, que conseguiam agradar adolescentes masculinos de vários grupos sociais diferentes. Nos últimos dois anos, a Magazine vem se esforçando bastante para voltar a recuperar sua identidade original, na qual conseguia se comunicar muito bem com os vários adolescentes japoneses, não somente aqueles mais “otakus”, que são o público que ingressou a partir de 2018-19.
Galaxias assim é essencial para que a revista consiga ter uma Line-Up mais versátil, já nos últimos 5 anos todas as novas IPs de sucesso da revistas não foram bem versáteis, ficando mais no gênero que a revista já sabe trabalhar muito bem: Rom-com e ecchi. É necessário variedade nos sucessos para conseguir recuperar o espaço que lhe pertence: estar lado a lado em vendas com a Weekly Shonen Jump.
É inaceitável uma revista de tamanha importância histórica estar presa ao segundo lugar. A Weekly Shonen Magazine é muito maior que isso, e é necessário criar estratégias para que possa voltar a vender tanto quanto a Weekly Shonen Jump, recuperando inclusive o espaço perdido com o público jovem masculino.
Em décimo sexto lugar tivemos o ecchi Irozuku Monochrome, que é um dos principais lançamentos do ano da Magazine. A obra, que brinca com as tentações de uma freira, consegue entregar tanto um ecchi que agrada bastante o público adolescente masculino quanto uma comédia divertida. A obra vendeu 5 mil cópias no seu primeiro volume, mais que Galaxias e já está ganhando uma reimpressão, e eu acredito que seja justamente pela sua ótima capacidade de entregar conteúdos quentes para os adolescentes, público-alvo da revista.
Logo após, na décima sétima colocação, tivemos outro ecchi com comédia romântica, que é Kanan-sama wa Akumade Choroi, que está indo bem com o público.
Logo após, cercadas por ecchis, tivemos na décima oitava colocação Hajime no Ippo, que é um clássico de boxe, um dos melhores mangás dos anos 90. Com quase 1500 capítulos, Hajime no Ippo, assim como todas as séries de sua idade e quantidade absurda de volumes, tem dificuldade em conquistar o público mais jovem. Sabendo justamente disso, por um tempo a Magazine deixou a obra como exclusiva da mídia física, a qual tende a ser comprada mais pelo público mais velho. Atualmente, Hajime no Ippo é lançado em ambas as versões e continua sendo um sucesso.
Em décimo nono lugar tivemos o ecchi Yowayowa Sensei, que continua bem na revista. Logo após, na vigésima colocação, tivemos Love Forty, que, não se enganem pelo nome, não é uma comédia romântica, é um mangá de tênis que teve uma péssima recepção e deve ser cancelado cedo ou tarde. Se a revista continua encontrando rom-com e ecchi de sucesso, que entregam a qualidade que o público que gosta das obras pede, no quesito mangá de esporte, a Magazine se junta à Sunday e à Jump em só lançar obras ruins. O último mangá de “esporte” de sucesso da Magazine é Blue Lock, lançado há seis anos.
Concluindo, nas últimas duas colocações, mas sem estar ainda em risco de cancelamento, temos a comédia romântica Kuroiwa Medaka e, em último, o ecchi Yumene Connect.