E agora voltamos aqui com a Jump SQ, que, como todas as revistas mensais que comento, irei tratar somente das obras em destaque: aquelas que tiveram uma notícia importante, lançaram um novo volume em agosto e aquelas que ganharam página colorida nesta edição.
Abrindo a revista com uma bela página colorida dupla, tivemos Dark Gathering, que recebeu esse “presente” para divulgar o lançamento do seu mais novo volume. O mangá conta a história de Keitarou, um garoto que tem a habilidade especial de atrair espíritos e, por causa de sua experiência, recebe a tarefa de ser tutor. Ele deve ajudar uma garota chamada Yayoi, que possui a capacidade de ver claramente os espíritos e está à procura de um em especial.
Em segundo lugar, tivemos Kono Oto Tomare!, que recebeu a capa. A série lançou no mês passado seu trigésimo primeiro volume, que continuou vendendo muito bem para um mangá com mais de 10 anos de vida. Em um mês, o volume vendeu 50.097 cópias, uma quantidade similar às vendas de mangás como Owari no Seraph e superior às vendas de Sousei no Onmyouji. Isso coloca o drama musical e escolar entre os mangás mais vendidos da revista. Sei que para muitos esse não parece um resultado espetacular, mas pensem que a obra conseguiria sobreviver em qualquer revista do mercado com essas vendas, o que demonstra sua qualidade.
Oshi no Katachi
Em terceiro lugar, tivemos Gag Manga Biyori, que vendeu 8.167 cópias no volume lançado no mês passado. Pode parecer um resultado ruim, mas é, por exemplo, superior a várias séries da revista. A realidade é que, se um mangá vende mais de 5 mil cópias, ele já consegue sobreviver na Jump SQ (como em qualquer revista do mercado que não seja a Weekly Shonen Jump). Se vender entre 2 e 5 mil cópias, sua sobrevivência geralmente depende de não figurar entre os 500 mais baixos do Ranking Shoseki. De qualquer forma, Gag Manga Biyori é uma comédia tradicional que está na revista desde 2000 (quando ainda era a Monthly Shonen Jump), com 24 anos de vida. É simplesmente o KochiKame da Jump SQ.
Em sexto lugar, tivemos uma página colorida para Oshi no Katachi ni suru Shigoto, que lançou no dia 4 seu primeiro volume, que provavelmente não entrará no TOP 500 semanal – um resultado muito ruim. A obra apareceu na posição 344 no primeiro dia de vendas, e no segundo dia já não conseguiu entrar no TOP 500. Certamente, esse é um resultado abaixo do esperado para o padrão da revista, o que aumenta as chances de cancelamento da série.
Em décimo lugar, tivemos Sousei no Onmyouji, que, após 134 capítulos e quase 11 anos de serialização, chegou ao seu final natural. É assustador perceber que os “grandes nomes” da geração de 2009-2013 da Jump SQ estão começando a encerrar. Essa geração começou justamente um ano após o nascimento da revista, com Ao no Exorcist, e vimos vários mangás com temáticas sobrenaturais e uma estética artística parecida tendo sucesso. Certamente, os principais nomes dessa geração foram o já mencionado Ao no Exorcist (ausente nesta edição), Owari no Seraph (sobre vampiros) e Sousei no Onmyouji (sobre exorcismo).
Sousei no Onmyouji
Sousei no Onmyouji tinha tudo para alcançar um sucesso parecido com o de Ao no Exorcist e já estava sendo lançado ao redor do mundo quando seu anime foi ao ar. No entanto, infelizmente, ele sofreu do efeito “Black Clover”: a obra ganhou um anime justamente durante o período de transição dos “animes semanais de baixo custo” para os estúdios, produtoras e editores investindo em “animes de temporada com sakugas”. Assim, enquanto obras como Boku no Hero Academia e, mais tarde, Kimetsu no Yaiba vingaram, obras como Sousei no Onmyouji e Black Clover, que caíram nas mãos do estúdio Pierrot, enfrentaram grandes dificuldades para expandir sua popularidade.
O anime de Sousei no Onmyouji teve 50 episódios semanais, ficando no ar por um ano inteiro. Nesse período, a IP também ganhou um jogo, uma Light Novel e um mangá na Saikyou Jump, mostrando que tanto a Jump SQ quanto a Shueisha estavam investindo alto na obra, que, porém, nunca conseguiu explodir em vendas como Ao no Exorcist ou Owari no Seraph, ficando assim nas sombras desses dois. Após o término do anime, Sousei no Onmyouji continuou desenvolvendo sua história naturalmente e entregando o que seus leitores queriam ver. Contudo, suas vendas foram caindo.
Hoje, Sousei no Onmyouji termina como uma história competente que agradou a muitas pessoas (a obra ainda vende mais de 30 mil cópias por mês), mas sua popularidade está bem abaixo do que poderia ter alcançado. De qualquer forma, o mangá entrou para a história da Jump SQ e sempre será lembrado quando falarmos da revista. Estou ansioso pela próxima história do autor.
Gokurakugai
Em décimo terceiro lugar, tivemos Gokurakugai, que ganhou uma página colorida para promover o lançamento do quarto volume, que parece estar tendo um bom resultado comercial, com a possibilidade de vender mais que Boruto na sua primeira semana. A obra é a grande aposta da Jump SQ, e se não fosse a saúde do autor, estaria recebendo uma divulgação muito mais pesada do que recebe atualmente.
Em décimo quarto lugar, tivemos Phantom Buster, cujo volume lançado no mês passado vendeu 48.973 cópias, aproximando-se de Kono Oto Tomare. A obra se tornou viral no TikTok e acabou agradando bastante ao público fujoshi, que transformou este mangá no mais novo sucesso comercial da revista. Se continuar crescendo assim, em breve superará Kono Oto Tomare, Kemono no Jihen e Owari no Seraph, embora ainda esteja longe de séries como Rurouni Kenshin, Ao no Exorcist e World Trigger, que vendem acima de 150 mil cópias.
Mesmo com bons resultados comerciais, parece que os editores não pretendem, por enquanto, classificar Phantom Buster nas primeiras posições. O motivo? Pode ser uma estratégia temporária, mas também pode ser porque o público fujoshi tende a comprar os volumes, mas não a revista, o que mantém a popularidade de Phantom Buster mediana dentro da revista, mas muito alta nas lojas de mangás. Assim, promovem com páginas coloridas e divulgação nas lojas, mas mantêm a série em posições mais baixas na TOC.
Sensou Kyoushitsu
Em décimo sexto lugar, tivemos Sensou Kyoushitsu, que também lançará um novo volume. A série vende mal e não consegue superar a marca de 3 mil cópias vendidas por volume. No entanto, a revista está lançando vários mangás que não vendem nem 1.500 cópias (e não entram no TOP 500), por isso os editores avaliam a recepção interna do mangá, analisam suas vendas e percebem que vale a pena manter Sensou Kyoushitsu. A obra deve continuar até que haja uma queda brusca nas votações internas ou até que uma leva de novas séries de sucesso surja, o que parece não acontecer tão cedo.