Aqui estou eu de volta com o quadro no qual comento todos os capítulos desta semana, dando minha opinião e também classificando em ordem do pior para o melhor. Como são vinte mangás para serem avaliados, utilizarei a regra de reservar um ou dois parágrafos para cada mangá, para assim não precisar escrever uma tese de doutorado por semana, já que são entre 19 e 21 lançamentos semanais.
Já avisando que a grande maioria das análises terão spoilers dos acontecimentos, por isso, caso você não queira saber o que aconteceu, recomendo não ler o parágrafo relacionado ao mangá em questão. Também colocarei uma das páginas principais do vencedor desta semana, o que pode conter spoilers, então recomendo esta análise apenas para aqueles que já leram todos os capítulos da semana ou não se importam com spoilers.
Sem mais delongas, vamos aos capítulos:
- Yokai Buster Murakami
Nenhum músculo da minha boca se moveu lendo esse capítulo.
- Exorcist no Kiyoshi-Kun c11
Eu realmente quero gostar de Kiyoshi-kun, pois acho a arte do autor simplesmente espetacular: é uma mistura entre algo mais cartunesco com Soul Eater que me encanta. Mas o roteiro da história me incomoda bastante, pois é muito caótico. O autor não se dá ao trabalho de desenvolver os elementos que apresenta: temos constantemente Kiyoshi-kun aparecendo, destruindo tudo, o que quebra completamente a construção de tensão em relação ao que está acontecendo (o teste ou a ação do vilão), e então pulamos para outra situação não relacionada, onde acontece a mesma coisa.
Assim, a série parece um quebra-cabeça de três imagens diferentes que o autor até conecta em algumas peças, mas acaba formando um quadro completamente sem sentido. Continuarei torcendo para que Exorcist no Kiyoshi-Kun consiga encontrar sua estrada, pois a série tem qualidades que merecem ser admiradas (arte, design e carisma dos personagens), mas, por enquanto, a leitura não tem sido muito agradável para mim.
- Choujun! Chojo-Senpai c29
Complicado, realmente complicado. Como embaixador do Choujunismo, achei este um dos capítulos mais fracos de Choujun, que na minha opinião está lentamente perdendo algumas de suas características para agradar mais ao público infantil. A série trabalhava muito bem a personalidade moralmente duvidosa de Chojo, ao mesmo tempo que mostrava que ele era uma boa pessoa. No entanto, neste capítulo, eu esperava que Chojo tomasse ações mais duvidosas para obter a custódia do cachorro.
Mas parece que o autor decidiu, neste capítulo (como em outros), apresentar algo mais acessível também para crianças, com os dois personagens se comportando de maneira bem mais “light” do que realmente são. E, pior ainda, o encerramento trouxe uma mensagem que soou realmente boba. Choujun! Chojo-Senpai é uma das minhas comédias preferidas da revista, mas este capítulo pareceu mais uma versão Saikyou (para crianças) do que uma versão Shonen (para adolescentes-jovens).
- Kill Ao c68
Eu não odeio Kill Ao e nem achei este capítulo ruim, muito pelo contrário. É um capítulo de desenvolvimento no qual estamos conhecendo cada vez mais o antagonista deste arco, Hijiri, e também estamos vendo Ogami se esforçar para derrotá-lo. O autor está criando esse antagonismo entre Ogami, que se esforça para aprender a cavalgar bem, e Hijiri, que é simplesmente um herdeiro rico. Isso trará satisfação ao leitor quando Ogami vencer a competição. É uma estratégia inteligente, mas, ainda assim, o vilão em geral me soa muito chato e desinteressante. Pelo menos o quadro de Hijiri empalando as bolas de boliche foi muito bem desenhado.
- Nige Jouzu no Wakagimi (The Elusive Samurai) c171
Depois de uma sequência de capítulos que foram alguns dos melhores da série, Nige Jouzu no Wakagimi entrega mais um de transição, no qual vemos Nitta Yoshisada. Demos adeus desta vez ao Imperador Go-Daigo, em uma cena que poderia ter sido bastante dramática e poética, com até mesmo um quadro na modernidade. Contudo, o impacto foi menor devido ao desenvolvimento rápido dessa mesma cena. Talvez dedicar dois capítulos ao adeus de uma figura tão importante como Go-Daigo teria sido ideal.
Vamos ver como começará o próximo arco, que acredito que será o penúltimo da série. Estamos cada vez mais próximos da conclusão de Nige Jouzu no Wakagimi.
- Boku to Roboco c200
Eu gosto bastante de Boku to Roboco e acredito que atualmente seja uma das melhores séries em lançamento na revista, por conseguir trazer ótimas paródias todas as semanas. Este capítulo comemorando o número 200 teve uma “punchline” que me fez rir, mas no geral, o capítulo foi uma leitura bem neutra, com toda a questão do bento não me divertindo muito. Acredito que Boku to Roboco brilha mais quando faz paródias de outras séries ou acontecimentos reais.
- Nue no Onmyouji c65
Nue no Onmyouji encerra seu arco e introduz mais uma personagem ao time, agora Hakutaku. A conclusão foi bastante competente, com belas páginas desenhadas e boa tensão, mas acabou sendo bem previsível, seguindo os esquemas tradicionais de encerramento de arco. Por isso, não consigo classificar em uma posição mais alta. Estou ansioso para ver os próximos arcos de Nue, que estão cada vez mais grandiosos e bem desenhados, provando a incrível evolução do autor.
- Cycle Biyori c17
No geral, minha jornada lendo Cycle Biyori foi sem tempero. A série não era ruim, mas também não conseguia ser boa. Acredito que, pouco a pouco, irei esquecer que esse mangá esteve na revista, como já aconteceu com muitas séries lançadas antes de 2020. Contudo, este último capítulo de Cycle Biyori foi, na minha opinião, gostoso de ler, o segundo melhor da série.
O autor entregou uma conclusão satisfatória para os personagens e, melhor ainda, deu a sensação de que o mangá foi construído para durar exatamente esses dois volumes (17 capítulos). Certamente, o facilitador foi o fato de a história ser bem simples e poder ser encerrada a qualquer momento, mas não posso negar que gostei bastante da cena da garota abraçando a mãe e do “We’re Home” na última página.
- Madan no Ichi c01
Comentei minhas primeiras impressões de Madan no Ichi aqui, por isso recomendo que deem uma lida. Vou me dedicar mais a comentar sobre o que espero da série: ainda acredito muito no potencial do mangá, principalmente pela arte de Usazaki, que conseguirá aproveitar bastante as qualidades da roteirista Nishi. Já vi séries com um primeiro capítulo bem recebido fracassarem, como Dear Anemone, e também séries que tiveram um primeiro capítulo ruim se darem bem, como Nue no Onmyouji. Por isso, vamos esperar um pouco para tirar conclusões definitivas sobre a chance de sobrevivência.
É sempre positivo termos na revista mangás mais voltados para a fantasia, já que a maioria se passa em cenários modernos ou em versões alteradas da modernidade, como acontece com Kagurabachi ou Negai no Astro. Madan no Ichi é, portanto, uma boa adição para diversificar a revista no campo dos mangás de ação. Mantenho meu hype, mesmo com algumas ressalvas.
- Yozakura-San Chi no Daisakusen c241
Yozakura-San continua caminhando para seu encerramento, mostrando a “True Blooming” de todos os personagens, dando tempo para cada um brilhar. Esta batalha, mesmo com muitas páginas em branco (algo comum do autor, mas que às vezes me incomoda), conseguiu trazer uma luta bem diferente de todas as já vistas na série, além de um design interessante para o True Blooming de Nanao. É um bom capítulo, tanto artisticamente quanto em roteiro, embora esteja longe de ser um dos melhores de Yozakura-San.
- Undead Unluck c221
Depois de vários capítulos nos quais perdi o interesse em Undead Unluck, este conseguiu recuperá-lo: tivemos a conclusão da batalha contra Ruin, na qual Andy, de maneira criativa, prende o vilão em um purgatório de contínuo sofrimento de “má sorte” para que ele reflita sobre suas ações. Além disso, tivemos o “COMEÇO DO FIM”, no qual Andy anuncia que agora irão definitivamente atrás de Deus. Undead Unluck assim entrega um capítulo criativo, frenético e com uma ótima ponte para a saga que deve concluir a série. Quanto vai durar? Sabe, não me interessa como leitor (somente como analista de vendas), vou simplesmente tentar aproveitar o que o autor tem a oferecer.
- Negai no Astro c20
Quem nos acompanha no discord sabe que, quando Negai no Astro foi lançado, eu estava no Japão (voltei para a Itália), e estava ocupado com vários trabalhos e questões. Como eu não tinha muito tempo para ler os mangás da Weekly Shonen Jump, decidi abandonar Negai no Astro por três meses, pois achei os três primeiros capítulos desinteressantes. Desde que voltei, decidi recuperar os capítulos de Negai no Astro e devo dizer que a série está evoluindo muito, consolidando-se como uma narrativa interessante.
Este capítulo continua o crescimento do protagonista para se tornar o verdadeiro sucessor de seu pai, preparando o terreno para a batalha com Gido, que é o principal antagonista atualmente. O autor segue uma narrativa clássica shonen, mas apresentada de forma competente e impactante. Os quadros com metade do rosto, nos quais vemos o protagonista em comparação com o pai, são um dos elementos que elevam Negai no Astro. A série ainda tem muito a melhorar, mas saiu de uma obra desinteressante para algo que estou ansioso para continuar acompanhando.
- Witch Watch c170
Um clássico episódio de troca de corpos, no qual Nico e Kanshi acabam passando um dia no corpo um do outro. Quando vi que essa era a temática, comecei a pensar que Witch Watch estava ficando sem conteúdo para seus capítulos. No entanto, Shinohara conseguiu transformar o clichê em cenas engraçadas, principalmente na última página, que trouxe DUAS “punchlines” que me fizeram gargalhar. Assim, um capítulo que tinha tudo para ser banal e repetitivo conseguiu, na sua simplicidade, entregar boas piadas e algumas cenas divertidas. Witch Watch está longe de seu ápice, mas continua sendo uma boa leitura.
- Ao no Hako (Blue Box) c163
Ao no Hako era uma série que parecia não ter muito espaço para evoluir mais, então a autora, de forma inteligente, começou a desenvolver mais os personagens secundários. Agora estamos mergulhando completamente no drama deles – a quadra deixou de ser o ginásio e se tornou a escola inteira. De qualquer forma, este capítulo é funcional e gostoso de ler, já que pudemos ver as dificuldades de Kyo em ajudar Saki, e também vimos Hina se aproximando de Haruto, com direito a uma cena engraçada e um bom desenvolvimento de personagem para Haruto. É um bom capítulo.
- Sakamoto Days c181
Se vocês lerem minhas análises passadas, algo que sempre critiquei foi como Sakamoto Days muitas vezes pulava de uma cena de ação para outra, sem dar tempo para o leitor respirar um pouco. Acredito que os últimos capítulos, mesmo com cenas de ação, não foram tão intensos, e isso deu um impacto muito positivo ao mangá: o retorno triunfal de Boiled, o início de uma luta bem promissora e ainda tivemos a revelação da aparência de Fortune Teller, uma das personagens com um dos designs mais fofos de Sakamoto Days até agora. Este arco da Prisão JAA promete bastante.
- Himaten c09
Por enquanto, sou #TeamKanai, já que gosto bem mais da personalidade dela. Contudo, este capítulo conseguiu desenvolver de maneira única a relação entre Himari e Tenachi, pois, além de cenas mais “calientes” para os adolescentes enlouquecerem e votarem em massa na série, tivemos uma interação realmente curiosa. Quando Himari refletiu sobre o pedido a Tenachi, profissional da limpeza, para lavar até suas roupas íntimas, o que ele recusou por vergonha, o momento trouxe um aprofundamento dos personagens sem soar forçado ou ridículo, soando natural.
Ótimo capítulo de Himaten, que continua a melhorar e se desenvolver, sem precisar recorrer a estratégias narrativas pobres como um harém ou ecchi forçado. Não sei até quando isso continuará, mas por enquanto Himaten se mantém como um mangá bem interessante.
- Kagurabachi c48
Acredito que Kagurabachi está melhorando capítulo a capítulo. Este arco atual está se desenvolvendo como um dos melhores da série, e este capítulo é o exemplo da evolução que a série está passando. O autor poderia ter feito o novo personagem (que precisa ser defendido) simplesmente explicar sua história ou já partir para uma cena de ação, mas, de forma inteligente, transforma o capítulo em um “conto”, no qual conhecemos todos aqueles que o defendiam e foram mortos (ou derrotados) pelo novo vilão, que também tem uma apresentação estilosa.
Os quadros de Kagurabachi neste capítulo parecem câmeras, com o vilão caminhando de maneira descontraída pelo massacre que realizou, criando um contraste ótimo entre sua personalidade sádica e calma. Em cinco páginas, você entende tudo sobre ele. É inegável que Hokazono deu um grande salto de qualidade neste seu primeiro ano de serialização, embora ainda tenha alguns problemas na arte.
- One Piece c1125
Eu gosto bastante dos capítulos entre-arcos de One Piece, pois Oda consegue desenvolver todo o mundo que circunda a série (um mundo riquíssimo). Desta vez, não foi diferente, principalmente por termos visto uma cena rara em One Piece: a morte de um personagem. Figarland assume o lugar de Saturn, que termina sendo morto por Imu. Além de ser um quadro bem desenhado, também foi surpreendente.
O capítulo ainda termina com Dragon se preparando para entrar em ação, o que é simplesmente espetacular. Faz mais de 1.100 capítulos que esperamos o Dragon agir, então, pelo amor de Deus, Oda, coloque esse maldito em ação! De qualquer forma, estou ansioso para o próximo arco de One Piece, que espero que não seja curto e tenha uma duração parecida com o de Egghead.
- Akane Banashi c125
Simplesmente CALAFRIOS! Não é que a história tenha sido assustadora, mas a arte deste capítulo transformou essa narrativa em algo tão lindo de se ler que eu realmente senti CALAFRIOS. Quando o sorriso diabólico apareceu, minha mente disse: “É por isso que eu amo Akane-banashi”. Foi uma obra-prima toda a apresentação de Shiguma Arakawa. A dupla de autores conseguiu transmitir muito bem como o personagem é incrível no rakugo.
Eles fizeram isso ao escolher uma história de terror com grande tensão, e a arte conseguiu unir o tradicional ao moderno, com um cenário que lembra o Japão antigo, mas que, ao mesmo tempo, traz um detalhismo quando necessário, dando um grande contraste e impacto ao leitor. O capítulo 125 de Akane Banashi é o grande exemplo de como um grande roteirista e um grande artista juntos podem entregar um dos melhores capítulos do ano.