O Analyse It continua se expandindo, e desta vez trago a primeira (que espero que seja de muitas) Shoujo para o site, para assim comentarmos mensalmente uma das revistas mais clássicas e importantes do mercado japonês. Esta revista é a Ribon, um magazine mensal lançado desde 1955 no Japão. A Ribon irá receber o mesmo tratamento de todas as revistas mensais, como a Jump SQ, GFantasy e Afternoon, nas quais comentamos os principais acontecimentos da semana, e não exatamente todos os mangás lançados.
TOC Ribon #08 (Agosto 2024)
01 – Angel Matel c01 (Página Colorida de Abertura)
02 – Tonari wa Futsuu no Nijika-chan c06 (Capa e Página Colorida)
03 – Hatsu x Kon c61
04 – Honey Lemon Soda c103 (Página Colorida)
05 – Zessei no Akujo wa Maouji-sama ni Chouaisareru c18
06 – Ao ni Rakurai c23 (Página Colorida)
07 – Leo to Mikazuki (FIM)
08 – Ireisu House e Youkoso! c04
09 – Samezame! Jinbeezame ☆ Revive c10
10 – Kiss de Okoshite (Capítulo Extra)
11 – Baeru Koi Toka Shirimasen c14
12 – Hirotta Inui-kun to Koi wo suru c03 (Página Colorida)
13 – Boku no Koto Oshiete yo c13
14 – Animal Yokocho
15 – HIGH SCORE
16 – Zekkyou Gakkyuu Tensei c101
17 – Poppy Playtime: Forever (Página Colorida, Capítulo Especial)
18 – Hottoke nai yo Kujou-kun (Página Colorida)
19 – Kusatte mo, Hatsukoi. c19
20 – Majime ni Fumajime c05
21 – Koise yo Kinoko c88
Como o público ocidental não tem tanta familiaridade com a Line-Up da Ribon, por ter pouco contato com a demografia Shoujo, irei tentar introduzir todos os mangás em destaque de cada mês, para assim vocês se situarem sobre qual mangá estou comentando, mas também, e principalmente, talvez se interessarem em ler essas obras que têm grande qualidade, mas acabam sendo ignoradas por não receberem anime ou por parte do público ter preconceito com obras shoujo, descartando-as antes mesmo de ler o primeiro capítulo. Para você, peço mente aberta para assim conhecer esse lado do mercado que guarda várias obras incríveis.
Nesta edição da Ribon tivemos Kokichi estreando uma nova série: Angel Matel, que conta a história de uma jovem anjo que frequenta a “Escola de Anjos”. Seus problemas começam a surgir quando ela acaba sendo colocada juntamente com um aluno terrível apelidado “O Demônio”, mas mesmo brigando e tendo problemas com seu companheiro, ela começa a gostar dele um pouco. Angel Matel é, assim, uma história que une anjos, escolas e romance.
O autor(a) volta à revista em sua segunda serialização após sua obra precedente, Rututeru, não ter dado muito certo. Apostando em design de personagens parecidos, mas com uma temática diferente, agora Kokichi tenta conquistar novamente as leitoras da Ribon, principalmente aquelas mais jovens – crianças. Em 2019, somente 3,3% tinham mais de quinze anos, sendo a maioria deste modo entre 9 e 14 anos (principalmente entre 9 e 12 anos). Diferente das revistas Shonen, cuja grande maioria do público atualmente é acima de quinze anos, as revistas Shoujo de maior popularidade tendem a conversar mais com as meninas abaixo de 15 anos.
Então, para onde vão as garotas após completarem 15 anos? Normalmente vão para revistas como a Margaret e, sucessivamente, para a Bessatsu Margaret, que são as próximas que planejo trazer para o site. Essas revistas são dedicadas a leitoras de 12 a 17 anos, mas já também têm uma boa redação de leitoras acima de 18 anos, como acontece com as revistas Shonen. O público japonês, em geral, está restando cada vez mais em revistas Shoujo-Shonen justamente porque essas mesmas revistas estão apelando cada vez mais para o público mais velho para assim compensar as perdas de leitores causadas pela crise demográfica e também pela crise editorial, que já comentei em alguns dos meus vídeos do Youtube.
Logo após, em segundo lugar, tivemos Tonari wa Futsuu no Nijika-chan que estreou na posição #323 do dia 25 de junho do Ranking Oricon, mas por causa de sua baixa posição de estreia não conseguiu entrar no TOP 500 semanal. O resultado pode parecer ruim, mas é comum um mangá da Ribon não conseguir nem entrar no TOP 500 do seu primeiro dia em vendas, por isso a posição #323 de Tonari wa Futsuu no Nijika-chan é um bom resultado, nada de especial, mas provavelmente somada à boa recepção interna levou os editores a darem a CAPA para o mangá para promover esse primeiro volume.
O mangá conta a história de Aira, uma garota que é sempre protegida pelos meninos da sua sala por causa de sua linda aparência. Ela utiliza essa vantagem para continuar na zona de conforto e evitar qualquer problema, mas sua vida muda quando Nikija, uma pessoa (adolescente) que não segue as normas de gênero, se muda para sua casa. Nikija usa maquiagem e se veste como acha confortável. E assim começa uma dinâmica que mudará para sempre a vida de Aira.
Em quarto lugar tivemos o mangá mais conhecido pelo público comum: Honey Lemon Soda. De longe, este é o mangá mais conhecido na revista atualmente, já que tem mais de 12 milhões de cópias em circulação com 25 volumes lançados, recebeu um Live-Action em 2021 e receberá um anime produzido pela J.C. STAFF para janeiro de 2025. A autora que estreou no mercado em 2005, com esse anime finalmente verá um mangá sendo adaptado para um anime episódico e semanal. O máximo que tinha visto é seu mangá “Nagareboshi Lens” sendo adaptado para um OVA.
Mas do que se trata o maior sucesso da Ribon atualmente? Bem, Honey Lemon Soda é um mangá de romance… Mas isso acho que vocês imaginavam. A obra conta a história de Uka Ishimori, uma garota muito tímida que não consegue se enquadrar no seu colégio. Sua vida acaba mudando quando um garoto loiro, de personalidade fresca como um limão, aparece na sua vida, ajudando-a a se livrar de bullying. E assim, conhecê-lo acaba ajudando Uka a se tornar uma garota mais confiante e corajosa.
Em quinto lugar tivemos Zessei no Akujo wa Maouji-sama ni Chouaisareru que vendeu em seu quarto volume um pouco menos de 10 mil cópias, sendo assim um dos mais novos sucessos para o padrão atual da revista. O mangá não chega a ter as vendas de Honey Lemon Soda, mas mesmo assim são números ótimos. Revistas que não são a Shonen Jump, Jump SQ ou Shonen Magazine tendem a não ter uma LINE-UP na qual muitos mangás vendem acima de 5 mil cópias, normalmente são poucos, mas essas revistas encontram ocasionalmente mangás que atingem bons picos em vendas.
Ainda mais que Honey Lemon Soda, a história de Zessei no Akujo wa Maouji-sama é um PERFEITO gancho para levar o público mais jovem para sua “FASE SUCESSIVA”, que seria a revista quinzenal Margaret. Zessei une romance com elementos góticos, demônios com auras vampirescas e drama psicológico (sempre em um tom que respeite a idade das leitoras), e mesmo não tendo acesso à demografia dessa obra em específico, tenho a sensação de que ela agrada mais ao público mais velho… Contudo, é somente uma sensação, por isso não levem como algo FACTUAL.
Em sexto lugar tivemos Ao ni Rakurai que também recebeu página colorida nesta edição. A série está conseguindo vender em uma semana um pouco mais de 2 mil cópias, o que é um resultado que pode soar horrível, mas como eu disse nas minhas análises das revistas Shonen, são vocês que estão mal acostumados com os números. Este resultado alcançado por Ao ni Rakurai é bom, e a série está segura na revista.
Para quem está curioso, este mangá conta a história de Aozora, que é uma estudante do segundo ano do ensino médio que tem dificuldades em lidar com garotos. No entanto, a escola feminina onde estuda está se fundindo com uma escola de garotos nas proximidades! No dia da cerimônia de abertura, ela encontra Raikawa, um garoto rebelde e cheio de personalidade, no terraço… E esse encontro vai bagunçar a sua vida.
Em sétimo lugar tivemos Leo to Mikazuki que eu li na sua página escrito “最終回”, por isso “Saishūkai”, muito utilizado por séries de TV e também mangás para se referir ao “ÚLTIMO CAPÍTULO”, por isso eu acredito que este seja seu encerramento. A autora também não numerou o capítulo como aconteceu com os anteriores. Procurando em japonês, encontrei algumas pessoas comentando sobre este capítulo como o “ÚLTIMO”, por isso, após sete volumes (que se tornarão oito), Leo to Mikazuki chega ao seu FIM. A série durou quase 3 anos na revista, conseguindo durar um bom tempinho. Eu acredito que veremos em breve a autora retornando.
Pulando para a décima segunda colocação, tivemosa página colorida para Hirotta Inui-kun to Koi wo suru, que conta a história de uma garota que vive sozinha (pois seus pais estão no exterior), mas sua vida muda quando, após um incêndio, o atendente de uma loja passa a viver com ela. O mangá, que ainda não tem um volume lançado (por isso não sabemos a recepção), é um dos mais provocativos da Line-Up, mas mesmo assim não é nada pesado.
O nome em inglês é: “The Dog I Brought Home Gives Me Love Bites”, por isso, como vocês podem imaginar, o garoto que se tornou companheiro de casa da protagonista é muitas vezes visto como um “cachorro” e retratado assim. Essa provocação é sempre muito, mas muito sutil e leve. E até mesmo os momentos em que os garotos parecem sem camisa, é com uma arte que não rende nada sexualizado. Lembrando estamos em uma revista dedicada principalmente a PRÉ-ADOLESCENTES, por isso não esperem nada pesado. Contudo, com certeza Hirotta Inui-kun compõe a parte de mangás que servem de transição para a Margaret. Enquanto obras como Samezame! Jinbeezame ☆ Revive e Angel Matel são claramente para as leitoras que acabaram de ingressar no mundo dos mangás.
Concluindo a análise deste mês, que já está gigante, tivemos página colorida para “Poppy Playtime: Forever”, One-Shot de 8 páginas TOTALMENTE COLORIDAS escrito e desenhado por Emi Ishikawa, autora de Zekkyou Gakkyuu Tensei, obra em lançamento na Ribon desde 2008. Para quem não conhece, “Poppy Playtime: Forever” é uma modalidade de terror do jogo Roblox, muito popular entre as crianças e pré-adolescentes. Essa modalidade de Roblox é baseado no jogo de terror indie “Poppy Playtime”. Por isso, a Ribon decidiu realizar uma parceria com a empresa para assim publicar um One-Shot.
Essa decisão deve tanto atrair as leitoras da Ribon a jogar aquela modalidade (a autora, que é uma das mais respeitadas da revista, serve justamente para chamar atenção das leitoras), enquanto também deve atrair jogadoras e jogadores de Roblox para comprar esta edição, e quem sabe, alguns desses não passem a consumir algum mangá da revista. É uma situação Win-Win que traz vantagem para todo mundo.
Infelizmente vou ter que deixar para trás Hottoke nai yo Kujou-kun, por causa do número de linhas desta análise, mas teremos nos próximos meses a possibilidade de comentar todos os mangás da revista!
*Decidi utilizar o termo “LEITORAS” ao me referir ao público pela maioria ser mulheres lendo, mas claramente existem também homens que leem a Ribon e outras revistas Shojo. Um mangá e uma revista acolhem todos os gêneros, mesmo tendo um público-alvo.