Foi anunciado que Hiroyuki Nakano será substituído por Yu Saito, ex-Deputy Editor-in-Chief da Weekly Shonen Jump. Essa mudança ocorre devido a uma reestruturação em curso na Shueisha, que também incluiu promoções na Shonen Jump + e em outras áreas, incluindo a Shueisha Games.
Embora Yu Saito não seja muito conhecido pelo público em geral, ele trabalhou como editor em várias obras, com quase 20 anos de experiência, contribuindo para a criação de Kuroko no Basket, Nisekoi e We Never Learn, além de ter sido editor de séries como World Trigger, Eyeshield 21, Hunter x Hunter, Gintama, entre outras. Ele também atuou como instrutor na “Jump Manga School” e, em 2018, tornou-se Vice-Diretor do “Character Business” na Shueisha, sendo promovido a Deputy Editor-in-Chief da Weekly Shonen Jump em 2020, participando ativamente das decisões da revista.
Antes de discutirmos a possível gestão de Yu Saito, devemos questionar: Qual era a abordagem de Nakano? Ele adotava uma postura de “não intervenção”; o antigo Editor-Chefe raramente criticava ou aconselhava seus subordinados, limitando-se a aprovar as séries que lhe eram apresentadas e ajudar a equipe a descobrir novos talentos. Nakano valorizava a liberdade total e o bem-estar dos autores, permitindo longas pausas, como vimos com Oda, Horikoshi e Gege Akutami, e a possibilidade de encerrar suas histórias quando desejavam, como aconteceu com Mashle e Kimetsu no Yaiba.
É importante lembrar que a Weekly Shonen Jump é liderada por um Editor-Chefe que coordena todo o departamento, composto geralmente por três equipes editoriais, cada uma liderada por um editor (Yu Saito, o novo Editor-Chefe, teoricamente nunca liderou uma equipe). Esses líderes de equipe são responsáveis por coordenar os editores, organizar as edições da Jump GIGA (onde as equipes alternam a responsabilidade por cada one-shot publicado) e selecionar os one-shots a serem apresentados para aprovação.
Quando menciono a aprovação das séries, Nakano e sua equipe (que incluía Saito, Honda e Koike, os editores mais experientes do departamento) recebiam, a cada rodada de cancelamento, vários “projetos de séries” dos líderes de equipe. Juntos, decidiam quais mangás seriam serializados (a decisão final cabendo a Nakano) e quais seriam cancelados. Primeiramente, os editores determinavam quantas novas séries seriam lançadas e, em seguida, avaliavam quais tinham a menor média de votação para possível cancelamento. Os mangás não aprovados poderiam ser:
1. Reenviados com pedidos de alterações para uma nova avaliação na próxima reunião.
2. Reformulados como one-shots para testar sua popularidade.
3. Descartados completamente, levando o autor-editor a trabalhar em novas ideias.
Além disso, Nakano enfatizou em entrevistas seu papel em desenvolver sistemas que atraíssem novos talentos para a revista, oferecendo as melhores remunerações do mercado e organizando concursos com prêmios substanciais. Trabalhar na Weekly Shonen Jump oferece estabilidade financeira superior à de outras revistas ou publicações online, o que representa uma vantagem significativa.
Diante desse contexto, é crucial observar como será a abordagem de Yu Saito. Ele manterá a política de não intervenção ou optará por influenciar o trabalho de seus subordinados? Essas respostas só serão conhecidas após ele assumir efetivamente o cargo na revista; inicialmente, os primeiros meses serão de adaptação, antes que quaisquer mudanças sejam implementadas. Minha expectativa é que Saito desenvolva mecanismos para contratar editores mais qualificados, o que naturalmente resultará em novos autores de maior qualidade. Além disso, espero que ele incentive seus editores oferecendo conselhos construtivos (algo que Nakano relutava em fazer), orientando os editores a estimularem os autores na criação de séries com novas temáticas.
Yu Saito é conhecido por seu conhecimento técnico em produção de mangá, tendo trabalhado em obras como Kuroko no Basket, Gintama, Hunter x Hunter, Nisekoi, Eyeshield 21, World Trigger, entre outras. Sua experiência o levou a argumentar que os autores não devem se prender à ideia de criar um “mangá típico da Jump”, mas sim explorar seus pontos fortes individuais. Ele enfatiza que o que um mangaká deseja e o que combina com ele nem sempre são a mesma coisa, tornando essencial que os editores ajudem os autores a encontrar seu estilo autêntico desde o início.
Yu Saito não é apenas um editor experiente, mas também um professor dedicado, escrevendo vários artigos sobre a produção de mangás e atuando como professor na “Jump Manga School”, onde instrui aspirantes a mangakás sobre como aprimorar suas habilidades. Sua abordagem de liderança na revista provavelmente seguirá uma metodologia orientada pelo ensino, em vez de um estilo ditatorial como o de Torishima.
Em relação ao TOC (Table of Contents), ele provavelmente manterá a política de avaliação e popularidade das séries. Não é esperado que ele salve mangás com base em preferências pessoais; sua prioridade será promover o que é melhor para a revista. Assim, mangás populares como Kagurabachi não devem correr riscos, enquanto aqueles com desempenho mais fraco, como Kill Ao, podem estar mais vulneráveis até 2025.
A realidade é que o Nakano já mantinha uma política de cancelamento igual as gestões precedentes, pois segue o sistema histórico criado pelo fundador da revista, Nagano, de “Supremacia do Voto”, por isso, todas as edições a Weekly Shonen Jump tem uma votação, e é cancelado somente aquele mangá os piores mangás nas votaç~eos semanais – atualmente temos somente a garantia que Necromance está indo mal, e esse certamente será cancelado. Cycle Biyori talvez também corra risco para a próxima leva -. Então, eu diria que nenhuma série popular corre risco de cancelamento, pois Yu Saito deve manter a política histórica da revista.
Ainda não há uma data exata para a transição de Yu Saito como Editor-Chefe, mas espera-se que a próxima leva já opere sob sua liderança.