Uma edição cheia de ausências e capítulos especiais marca essa semana de Shonen Magazine. Entretanto um retorno inesperado chega logo com anúncio da volta futura de Atsushi Uchiyama para a revista, o autor anteriormente teve sua série Koi ka Mahou ka Wakaranai cancelada por problemas de saúde, então é uma surpresa interessante. Não temos data para isso ainda, então vamos olhar para a ToC e analisar o que pode estar de partida. Ao fim, o destaque da semana serão as plataformas digitais com a Weekly Shonen Magazine: a Magazine Pocket e a Comic Days — o que são e como funcionam!
- Amagami san Chi no Enmusubi (Primeira páginas coloridas) Ch. 127
- Mokushiroku no Yonkishi Ch. 140
- Kanojo, Okarishimasu Ch. 319
- Yowayowa Sensei Ch. 62
- Akabane Honeko no Bodyguard Ch. 70
- Edens Zero Ch. 277
- Botchan to yōjinbō (Oneshot)
- Mayonaka Heart Tune Ch. 21
- Blue Lock Ch. 253
- Kakkou no linazuke Ch. 194
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 168
- Megami no Café Terrace Ch. 142
- Ao no Miburo Ch. 115
- Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 124
- Sentai Daishikkaku Ch. 130
- Brave Bell Ch. 35
- Kanan sama wa Akumade Choroi Ch. 86
- Shogi no Watanabe kun (Capítulo especial da Monthly Shonen Magazine)
- Gachiakuta Ch. 87
- Jyushin no Katana Ch. 16
- Yaotome x2 (Capítulo especial da Monthly Shonen Magazine)
- Fumetsu no Anata e Ch. 184 – 2Ausências: Banjou no Orion Ch. 08, Mononoke no Ran Ch. 18, Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 83, Hajime no Ippo Ch. 1450, Ahiru no Sora Ch. 618 (Hiatus)
Após uma capa com uma idol, a abertura dos mangá é de Amagami-san nessa semana. A comédia romântica como já falei várias vezes no site antes é uma das grandes apostas da revista para o futuro por suas ótimas vendas mesmo que por um autor novato. A página colorida tem junto o anúncio na revista dos dubladores principais do anime, com alguns comentários dos mesmos sobre a série, e também uma promoção do stage do anime no evento Anime Japan no fim de março, aonde devem anunciar finalmente a data de exibição da adaptação e provavelmente um bom trailer para fisgar novos fãs. O Twitter da franquia já começou campanhas promocionais, o trem do hype de Amagami-san está pronto para dar partida.
O segundo lugar é de Mokushiroku no Yonkishi, está no top 4 de vendas da revista e tem anime em exibição, é até obrigação aparecer em posições altas assim de vez em quando. Kanojo Okarishimasu aparece na terceira posição e quem está lendo o mangá em dia já sabe o quão difícil é de cravar uma estimativa para o final da história, mesmo que esteja acontecendo mais progresso no romance recentemente.
Um bom quarto posto para Yowayowa Sensei após ter ficado perto do fundão semana passada enquanto Kanan pegava as primeiras páginas coloridas, é rotação mesmo. Akabane Honeko pega uma quinta colocação fora de seu comum, mas agora com o filme do mangá anunciado deve ser mais comum vê-lo nessa parte de cima.
Edens Zero em sexto lugar é típico, não se tem muito para falar, todos sabem que a situação da série é segura e que está no arco final. Após um oneshot, Mayonaka Heart Tune é oitavo na ToC e único caso interessante de se falar de um mês morno de vendas, é o único que parece ter crescido de uma maneira ligeiramente significante, assim assegurando sua sobrevivência como mais uma romcom na faixa dos 10 mil por novo volume.
Nona de colocação de Blue Lock é outra padrão, é um pilar realmente no coração da Weekly Shonen Magazine ao quase sempre aparecer ali no meio, um Sol que todos orbitam em volta mesmo. Kakkou no Iinazuke na décima posição é um caso similar ao de Kanojo Okarishimasu de ser impossível de fazer previsões para um final, quem lê sabe o tanto que o mangá adora dar voltas inesperadas.
Algumas pessoas ficam decepcionadas com o boost “leve” do décimo primeiro da ToC, Shangri-la Frontier, mas dadas as situações do mercado e a dificuldade de battle shonen emplacarem, ainda vejo se manter acima dos 100 mil uma boa vitória e acredito numa segunda temporada do anime. Megami Café no décimo segundo lugar também faz esse papel louvável de segurar suas vendas com seu anime em meio a um mercado que quase tudo decai.
Não quero soar repetitivo e como alguém que enche o saco, então vamos torcer para o décimo terceiro da ToC, Ao no Miburo, conseguir um milagre com seu anime e reverter a caída de suas já baixas vendas — mas sério, vai precisar de muita torcida. Já Kuroiwa Medaka na décima quarta posição dessa vez se mantêm estável, com uma boa popularidade para uma romcom sem adaptação. Sentai Daishikkaku abaixo em décimo quinto só pode também torcer para que seu lançamento na Disney+ possa quebrar uma tendência do serviço impactar negativamente na popularidade de seus anime licenciados.
Agora se eu pudesse fazer uma aposta no próximo mangá a ser cancelado, seria no décimo sexto dessa edição: Brave Bell. O arco atual do mangá está apressando vários combates e já levando a uma batalha direta entre os protagonistas e o vilão, o cenário parece ter sido montado para um embate final e o mangá que não vende bem ao menos pode ter um final digno se ainda tiver alguns capítulos de vida na revista.
Kanan-sama contrasta de novo com Yowayowa-Sensei e fica dessa vez mais para o fim da revista em décimo sétimo lugar, os ecchi rotacionam muito em colocação. Após outro capítulo especial de Shogi no Watanabe-kun da Monthly Shonen Magazine (esse mangá tem dado muito as caras por aqui recentemente), vemos Gachiakuta como o décimo oitavo da ToC: nenhum temor pela vida do mangá, mas claramente não é prioridade até ter um anime mais próximo para sair, aí teve subir igual outros manga com adaptações chegando ou em exibição.
Antepenúltimo lugar de Jyushin no Katana, que continua preocupando com engajamento e vendas baixíssimas, o que implica em depender que mais séries sirvam de almofada para sua sobrevivência. Após outro capítulo especial, a edição termina de novo com Fumetsu no Anata E, o Rei do Fundão.
Destaque: Magazine Pocket
As pessoas conhecem a Jump+, o serviço digital de mangá da Shonen Jump, mas poucos conhecem seus semelhantes de outras editoras. Percebi interesse pelo tema e o tanto que falamos das tendências de mercado como a digitalização, então vamos falar dos serviços e aplicativos digitais da Kodansha: a Magazine Pocket e o Comic Days.
O que é Magazine Pocket? Chamada pelo nome aliterado “Magapoke”, é uma plataforma digital de mangá da LINHA Shonen Magazine, com todas as séries da revista principal, e também mangá das seguintes revistas shonen da Kadonsha também: Monthly Shonen Magazine, Bessatsu Shonen Magazine e Shonen Sirius. Além delas, a outra revista seinen Young Magazine — que possui um bom número de leitores também interessados na Weekly Shonen Magazine. Além disso a plataforma tem séries exclusivas digitais e algumas de maior apelo das outras revistas da Kodansha, como Skip to Loafer, que sai na prestigiada Afternoon.
Como se dá o funcionamento da Magazine Pocket? O serviço permite que usuários sem contas possam ler gratuitamente alguns mangás gratuitos e alguns capítulos de amostragem, geralmente os primeiros de um mangá. Entretanto para prosseguir a leitura é necessário que o usuário se registre e faça parte de um sistema de pontos para a leitura.
Esse sistema pode soar complexo. Cada capítulo disponível de mangá é PAGO na plataforma, mas esse pagamento é feito por um sistema de pontos. O usuário assim pode acumular pontos de várias maneiras: lendo capítulos promovidos pelo site (geralmente de mangá novos que querem promover), participando de campanhas comerciais, vendo propagandas, etc. Também é possível comprar pontos para a carteira digital trocando dinheiro real. Esses pontos então podem então ser usados para COMPRAR os capítulos individualmente. Além disso existem tickets diários que permitem que o leitor compre um capítulo por dia… parece difícil de ler vários capítulos, né?
Bom, isso é uma reclamação até dos usuários japoneses que dizem que o site distribui poucos pontos em comparação com outras plataformas online de mangá. Mas existe um ponto positivo nisso ao menos, os capítulos comprados ficam permanentemente vinculados à conta que os comprou, assim permitindo releituras — a maioria dos outros aplicativos japoneses só faz “aluguel” de capítulos.
Por fim, também é possível comprar a assinatura da Weekly Shonen Magazine por 1080 yen mensais, salvando 200 yen da compra física que sairia por volta de 1280 yen num mês. Não se enganem porém, a assinatura NÃO disponibiliza a leitura gratuita de todos os mangá da revista, você ainda precisa comprá-los. A assinatura lhe dá os capítulos novos à meia noite, além de disponibilizar os capítulos das sete revistas anteriores. As revistas compradas durante a assinatura ficam permanentemente na conta do usuário.
Entretanto existe outro serviço da Kodansha, o Comic Days que permite a leitura online de DEZESSETE revistas da editora pelo pagamento de 960 yen mensais e isso inclui a Weekly Shonen Magazine! Por que alguém preferiria a assinatura da Pocket então?
Vamos explicar o Comic Days primeiro para entender. É um serviço que abrange todas as publicações de mangá da editora Kodansha, isso inclui as revistas shonen, seinen, shojo. Várias séries dessas revistas não são disponíveis na Magazine Pocket, focada no shonen, e a plataforma da Comic Days promove mais mangás seinen e shojo mesmo.
Os mangá shonen tem um delay maior entre capítulos no Comic Days, ficando vários capítulos atrás mesmo tendo o mesmo sistema de pontos da Pocket. Alguns dos mangá digitais shonen também mal tem capítulos disponíveis lá. Outro diferencial é que no Comic Days é possível comprar os volumes digitalmente com os pontos — eles são caros, mas possuem todos os bônus típicos de um volume de mangá, como os extras. Isso não está à venda na Pocket.
Agora, voltando ao preço das assinaturas, por que alguém compraria a assinatura digital da Weekly Shonen Magazine por 1080 yen no lugar da Comic Days que oferece a mesma revista e mais dezesseis outras por 960 yen? É simples: as revistas expiram em quatro semanas no Comic Days, não dá para reler depois disso, enquanto a Pocket permite a releitura permanente de todos os produtos comprados pela conta.
Algumas pessoas simplesmente só querem ler a Weekly Shonen Magazine e nada mais, poder voltar para reler qualquer mangá na sua conta se torna um atrativo maior do que ter outras dezesseis revistas (por tempo limitado) que podem não interessar esse leitor.
O que isso demonstra? Que embora exista a confusão demográfica do mercado de mangá, as revistas semanais shonen ainda tem uma força descomunal em relação às demais publicações. Os atrativos da Shonen Magazine fazem com que leitores prefiram ficar e manter pontos na plataforma online shonen do que na que abrange todos os gêneros, mas menos atualizada em shonen.
Isso também explica como esses sistemas mais complexos de plataformas online não vão sempre ser preferência de leitores. Para acompanhar um mangá novo ainda é mais simples ir até uma loja ou encomendar pela Amazon os volumes completos do 1 ao atual, não precisar lidar com pontos, poder reler à vontade e ter todos os bônus dos volumes ainda torna o mercado físico atrativo em sentidos que o digital não alcançou.
A Kodansha entende a transformação do mercado e tenta assim com serviços distintos manter seu lucro por cima. Não me surpreenderia que eles tenham leitores que compram revistas e volumes físicos, mas também mantenham assinaturas tanto na Pocket quanto no Comic Days. O desafio de manter a relevância lutando contra redes sociais e outras mídias continua.