A Shonen Magazine está num período interessante, com vários anime novos preparados para estrear esse ano. Mas como a revista está por enquanto? Vamos falar disso com a ToC, comentar um pouco do possível impacto dessas adaptações e comentar um pouco sobre questões da identidade da revista e digitalização na área de destaque, focando dessa vez em Kanan-sama! Primeiramente a ToC:
- Kanan sama wa Akumade Choroi (Primeiras páginas coloridas) Ch. 85
- Ao no Miburo Ch. 114
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 167
- Banjou no Orion Ch. 07
- Kakkou no linazuke Ch. 193
- Edens Zero Ch. 276
- Gachiakuta Ch. 86
- Megami no Café Terrace (Página colorida) Ch. 141
- Blue Lock Ch. 252
- Hajime no Ippo Ch. 1449
- Sentai Daishikkaku (Página colorida) Ch. 129
- Mayonaka Heart Tune Ch. 20
- Akabane Honeko no Bodyguard Ch. 69
- Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 123
- Kanojo, Okarishimasu Ch. 318
- Mokushiroku no Yonkishi Ch. 139
- Yowayowa Sensei Ch. 61
- Mononoke no Ran (Página colorida) Ch. 17
- Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 126
- Brave Bell Ch. 34
- Jyushin no Katana Ch. 15
- Fumetsu no Anata e Ch. 184 – 1Ausências: Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 83, Ahiru no Sora Ch. 618 (Hiato)
A capa dessa vez foi para uma idol do popular grupo Sakurazaka 46, como podem ver a revista não foca exclusivamente em fãs de modelos, também de idols e outras celebridades. Enfim, indo aos mangás, as primeiras páginas coloridas são de Kanan-sama, o mangá ecchi está tendo boa performance em vendas e recepção forte com os leitores — falarei mais a fundo dele no destaque, então chequem lá!
O segundo lugar é de Ao no Miburo! Um mangá que sofre para vender 10 mil unidades no mês por novo volume recebe todo esse apoio por ter um anime em produção, isso mostra o quão importante adaptações são para a Kodansha, elas podem catapultar popularidade e fazer mangá se tornarem franquias lucrativas de merch e outras fontes de renda. Ao no Miburo dificilmente será um sucesso do tipo, mas não é impossível e eles estão certos em promover qualquer anime que a revista receba.
Terceira posição vai para Shangri-la Frontier, que não deve perder a posição de segundo mangá mais popular em vendas da revista por um bom tempo, a não ser que Seitokai ganhe um anime logo e um boost com isso. O anime de Shangri-la Frontier também está focando cada vez mais em arcos mais bem recebidos por leitores da obra original e novos fãs, tudo segue feliz para a série.
Quarto lugar de Banjou no Orion é ainda mais apoio para o autor veterano, o editorial deve acreditar muito que essa história tenha potencial com leitores, mas até agora não temos nada concreto quanto a isso pelas métricas de redes sociais. Isso não significa que não possa existir leitores “quietos”, como acontece por exemplo com Akane-banashi na Jump, não tão forte nas redes, mas com ótimas vendas para seus volumes.
Kakkou no Iinazuke aparece em quinto na ToC: é aquele mesmo papo de sempre, o mangá teve um pico muito alto e muito cedo e só decaiu depois, mas esse pico foi tão alto que até hoje se mantêm entre os mais vendidos da Magazine. Edens Zero logo abaixo em sexto é um caso ligeiramente similar de já ter passado do seu ápice e agora só caminha para um final sem muita promoção pela editora, mas sem risco de cancelamento também.
Gachiakuta tem uma colocação melhor do que o comum, dessa vez em sétimo. Os volumes do mangá também já não estão crescendo, mas diferente de Edens Zero, Gachiakuta é de uma autora nova e não teve anime ainda — seu ápice ainda pode estar por vir e a revista precisa se preparar para capitalizar nisso.
O oitavo lugar com página colorida fica com Megami Café, a romcom que logo pode se tornar a mais popular da revista já que terá uma segunda temporada nesse ano, enquanto seus “rivais” diretos Kanojo Okarishimasu e Kakkou no Iinazuke não crescem mais nem com anime.
Blue Lock em nono na ToC é o comum, como quem lê os textos aqui bem sabe, Blue Lock aparece regularmente ali no meio da revista. A razão? Não temos, mas dá para especular que é um bom ponto para o pilar central aparecer para encorajar que seus fãs que leiam ou ao menos folheiem mais séries da Magazine. Ao seu lado em décimo, Hajime no Ippo é o Pilar Histórico, aquele que não lidera em vendas atuais, mas totais e é ainda A Imagem da Weekly Shonen Magazine.
Décimo primeiro lugar com página colorida para Sentai Daishikkaku. Falei semana passada do anime ter data, mas deixei passar algumas informações, boas e negativas: a abertura será de Tatsuya Kitani, que fez músicas populares para Bleach e Jujutsu Kaisen — como se pode ver com Mashle, uma boa abertura pode impulsionar um anime; a distribuição porém será do Disney+, algo que limita demais o potencial de um anime tanto no mercado internacional quanto no japonês, comentários negativos a respeito do serviço são comuns no Twitter JP já que existe exclusividade de séries que vão para o Disney+, algo que é incomum para a indústria que foca em dar opções e tenta distribuir anime no maior número possível de plataformas; e por fim, akuparentemente o anime será lançado numa batch só de episódios, algo que ANIQUILA discussões semanais, uma cultura compartilhada de fãs de anime e que ajuda muito na popularidade pelas recomendações boca a boca. Sentai Daishikkaku já sofria com baixas vendas e agora até seu anime terá muita dificuldade de se popularizar, é uma infelicidade.
Mayonaka Heart Tune em décimo segundo na ToC cresce em vendas em seu segundo volume, passando das 8 mil vendas em duas semanas! Não falei muito das vendas de volumes desse mês ainda por elas estarem muito abaixo do padrão para quase tudo, acreditando que seja por uma questão de dias contados e feriado, então uma análise mais justa será feita quando a figura “real” aparecer. Contudo, Mayonaka Heart Tune já mostra crescimento e o apoio editorial se justificará com a segurança da romcom na linha da revista. É uma pequena, mas boa vitória.
Em décimo terceiro lugar, Akabane Honeko é outro mangá que viverá seguro com baixas vendas por causa de sua adaptação em live action. Enquanto isso o décimo quarto da ToC, Kuroiwa Medaka vende bem, mas não tem nada anunciado para anime ainda. E outro caso completamente diferente é o do décimo quinto lugar, Kanojo Okarishimasu, que já passou por todo seu crescimento, mas se mantêm entre as séries mais populares e continuará até o autor decidir terminar a história.
A décima sexta posição de Mokushiroku no Yonkishi é uma questão de variar posições de mangá populares da revista, mas ainda assim mostra que o foco principal dos battle atuais é de Shangri-la Frontier. Yowayowa Sensei em décimo sétimo lugar também é uma posição normal, o mangá ainda vende e é promovido mais que boa parte dos novatos, mesmo que agora provavelmente seja passado por Mayonaka Heart Tune.
Um estranho décimo oitavo posto de ToC, mas com página colorida de Mononoke no Ran. É uma página colorida para promover o volume 2 do mangá e não aparenta ser muito mais do que isso, as vendas vão de novo falhar em sequer ranquear no Shoseki e o cancelamento do mangá é só uma questão de vontade e tempo por parte dos editores.
Amagami-san começou a receber PVs do anime, mostrando já suas (ótimas) dubladoras e um pouco do anime. Ainda não teve um grande trailer todo animado e não recebeu data, mas isso deve começar logo depois de algumas semanas do início da próxima temporada de anime. Cada vez mais produtos são anunciados e a Magazine não pode desperdiçar a chance de promover um mangá com tanto potencial de se tornar um dos maiores em vendas da revista, portanto é torcer para não que não caiam de novo na armadilha do Disney+ exclusivo.
Brave Bell em antepenúltimo está num arco com tons de clímax e não me surpreenderia se tivesse logo um final meio corrido por causa de seus péssimos números. Jyushin no Katana em penúltimo é uma decepção por se tratar de uma autora veterana com sucessos em batalha, mas já despencou direto para esse fundão. E último lugar típico de Fumetsu no Anata e, um mangá que penso quanto tempo mais durará.
Destaque:
Kanan sama wa Akumade Choroi
Como falei no texto de Yowayowa-sensei antes, o gênero “ecchi” por si só não existe na terminologia de mercado japonês, mas a idéia do apelo de um mangá serem momentos e designs sensuais existe por décadas. Kanan-sama é uma comédia romântica que se encaixa nesse caso, sendo com Yowayowa um dos dois mangá da revistas que podem ser chamados de “ecchi” pela denominação ocidental..
Artista da série é nonco, que desenhava pequenos mangá online sobre Kantai Collection (Kancolle), um popular social game com elenco inteiramente de garotas. Anos depois, a Kodansha trouxe nonco para a Magazine Pocket para escrever Youkai Izakaya Nonbereke, um ecchi com elenco de garotas youkai. Pouco depois disso, nonco veio como uma forte aposta para a revista principal.
Kanan-sama é sua série da Magazine. É uma história simples, a heroína título da série Kanan é uma demônio que vive no mundo humano e um dia tenta tomar a alma de um garoto adolescente, só que confusões fazem com que ela faça um contrato com o menino que se apaixona por ela à primeira vista, assim ambos se tornam “namorados”. A piada é primariamente que Kanan vai aos poucos começando a gostar do rapaz, mas se recusa a admitir, uma típica tsundere.
É um mangá curto, geralmente com 8 páginas só, mas que por isso vai direto ao ponto: quase toda página terá ao menos uma piada de impacto ou cena fanservice. Menos diálogo e mais ação que as outras romcom da revista. Entretato isso não significa que não tenha roteiro, cada vez mais personagens do mundo de anjos e demônios são apresentados e a história tem até arcos narrativos de vários capítulos, mas sempre com essa estrutura de ter piadas e “sexy” em cada capítulo.
Diria que a maior diferença com Yowayowa-sensei é justamente isso. O outro mangá ecchi da Magazine tem um número bem maior de páginas (entre 15 a 16 geralmente), com foco muito maior em diálogos e piadas com “setups” mais elaborados ao longo do capítulo. Outro diferencial é o ponto de vista: em Yowayowa, o protagonista masculino apaixonado pela heroína é quem tem o ponto de vista, é um garoto sério que tenta se controlar nas situações fanservice que caem sobre ele. Já Kanan é o ponto de vista de sua série, isso muda muito a dinâmica da história, já que a vemos pensando e agindo mesmo que seja a heroína, boa parte do humor é pelo contraste de seus pensamentos internos sobre o quanto está se apaixonando enquanto suas ações tsundere não refletem isso — é algo que só o leitor vê.
Os dois mangá também representam parte da identidade da Weekly Shonen Magazine, uma revista que é vista como mais “extrema” ou mais ainda para público masculino que a Shonen Jump, mesmo com os sucessos recentes de Tokyo Revengers e Blue Lock com público feminino. Os ecchi da Magazine tem menos limites do que podem fazer que os da Jump e são mais promovidos pelos editores, assim fazendo parte da identidade da revista que se torna um ponto de venda único do mercado de revistas shonen em relação às principais rivais.
Kanan-sama também representa o processo de digitalização do mercado de mangá. Suas vendas físicas ficam por volta de 10 mil ao mês, mas entre 40 a 50 mil contando digital. Ou seja, é uma série que vende MUITO mais digitalmente que físico, mesmo sendo lançada numa revista tradicional.
Os motivos para isso podem ser: séries com foco em ecchi podem estar crescendo no digital mais que o padrão pela sua natureza, leitores podem se sentir mais confortáveis lendo em seus computadores, tablets ou celulares do que precisarem comprar numa loja ou pedir para um entregador; mas também pode ser algo que a Magazine até queria ao trazer nonco, artista que surgiu em plataformas sociais fazendo artes e manga online, inclusive foi primeiro para o serviço digital Magazine Pocket antes de chegar à revista física. nonco tem quase 500 mil seguidores no twitter e a Kodansha certamente sabia de sua força nessa área ao trazer para a editora, algo diferente do comum de mangaka que crescem já publicando no mercado físico por oneshots.
Kanan-sama será um mangá importante para essa nova era de Weekly Shonen Magazine e não deve demorar mais de um a dois anos para ganhar um anime. Séries mais ecchi oferecem algo que a Shonen Jump não anda trazendo r aos leitores, mas que ainda é popular com seu público no Japão e ao mesmo tempo a forte presença no digital é algo que todas as editoras querem, a Kodansha pode ter encontrado um sucesso que a ajude muito nesse período transformador do mercado de mangá.