Devido a imprevistos, o post da ToC passada da Magazine não pode ser publicado no tempo devido e sairia já desatualizado, então decidi fundir com a atual e fazer um post vendo em paralelo as duas, assim talvez algumas tendências e “blocos” sejam mais claros. Perdão pela demora!
O primeiro texto vou postar de forma inalterada de como foi escrito (antes da ToC 10 sair) e o segundo será olhando para a relação das duas! Ao final, falarei de Yowayowa Sensei como destaque, que recebeu página colorida nas duas edições. Sem mais delongas, a primeira parte abaixo (novamente lembrando, inalterada!):
- Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai (Primeiras Páginas Coloridas) Ch. 120
- Banjou no Orion Ch. 04
- Kakkou no linazuke Ch. 190
- Hajime no Ippo Ch. 1447
- Kanojo, Okarishimasu Ch. 315
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 164
- mo~tto! Senpai mo kōhai mo kanarazu shinu (Oneshot especial do autor Shoki Namae)
- Yowayowa Sensei (Página Colorida) Ch. 58
- Blue Lock Ch. 249
- Mayonaka Heart Tune Ch. 17
- Edens Zero Ch. 273
- Akabane Honeko no Bodyguard Ch. 66
- Ao no Miburo Ch. 111
- Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 80
- Mokushiroku no Yonkishi Ch. 136
- Soredemo, Shinpi no Beru o Nozoite Mitai!! (Oneshot especial do autor Shugoro Mochizuki)
- Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 124
- Jyushin no Katana Ch. 12
- Megami no Café Terrace Ch. 138
- Sentai Daishikkaku Ch. 126
- Shogi no Watanabe kun (Capítulo especial da Monthly Shonen Magazine)
- Brave Bell Ch. 31
- Mononoke no Ran Ch. 14
- Fumetsu no Anata e Ch. 184 – 4
Absents: Kanan sama ha Akumade Choroi Ch. 83, Gachiakuta Ch. 85, Ahiru no Sora Ch. 618 (Hiatus)
Após a rara capa de Shangri-la Frontier na edição anterior, voltamos a ter uma modelo na capa nessa. As primeiras páginas coloridas no entanto foram para Kuroiwa Medaka que… não anunciou nada demais, nem teve algum produto novo para promover. Até tem uma entrevista com um Youtuber japonês, o que é comum para a WSM e acho uma ideia interessante — essas entrevistas podem trazer leitores novos. Enfim, o mangá já está em estado de espera pelo anúncio de um anime, mas não foi dessa vez, embora essa posição seja boa para demonstrar a importância da série para a revista.
Em segundo na ToC, Banjou no Orion tem uma posição protocolar para mangá novo, é normal que apareçam mais para frente durante seus primeiros capítulos. Até o momento não vejo indicações da série furar a bolha, vários veteranos tem sofrido em conseguir vender suas séries para o público geral. Importante de falar que um dos capítulos especiais dessa semana é de uma série de comédia da Shonen Magazine mensal sobre shogi, então essa deve ter sido uma forma de tentar trazer esses leitores para Banjou no Orion também.
O bloco do terceiro ao sexto lugar da ToC são compostos todos por mangá populares e que são parte integral da revista. Em ordem e falando do tempo de vida de cada história: Kakkou no Iinazuke, que embora tenha caído muito em vendas do seu ápice, não parece estar caminhando para um final ainda; Hajime no Ippo, por anos num arco narrativo que não tem a mínima chance de ser o último; Kanojo Okarishimasu, possivelmente terminando seu arco atual em poucos capítulos considerando os eventos da história (impossível de dizer o quão próximo de um fim isso é); e Shangri-la Frontier, que pela quantidade de capítulos e arcos não adaptados da web novel, vai persistir por muitos anos na revista.
Após um oneshot, Yowayowa Sensei aparece no oitavo lugar com uma página colorida. Em nono na ToC, Blue Lock está na sua posição típica na “meiuca” da Magazine, é uma região quase fixa para o grande pilar. Décima posição de Mayonaka Heart Tune, que deve ter mais apoio que outros novatos porque mesmo com vendas abaixo dos 10 mil, ainda ficou muito a frente de seus “rivais” diretos nessa questão de vendas.
Edens Zero em décimo primeiro lugar está tendo um colapso em vendas mesmo, 15 mil em duas semanas, sendo que o volume anterior fez 16 mil numa só. É importante que o mangá se encerre com dignidade, ele ainda vende mais que algumas outras séries da revista, mas até Mashima deve ter noção de que pode criar algo mais popular.
Décima segunda posição é de Akabane Honeko que se especula por aí terá um filme em live action! Isso explica muito do apoio que vem recebendo tanto na revista quanto pela Kodansha em si (o mangá será lançado no Brasil, por exemplo) mesmo com vendas fracas. Vamos ter que esperar algumas semanas para a confirmação da notícia, mas seria uma inesperada boa surpresa para a série.
Do décimo terceiro ao décimo quinto da ToC em ordem: Ao no Miburo, a história focada no Shinsengumi vem sendo melhor posicionada desde que o marketing do anime começou; Seitokai ni mo ana wa aru, que já ando vendo alguns produtos oficiais licenciados sendo anunciados por aí pela ótima popularidade; e Mokushiroku no Yonkishi, que tem seu novo volume basicamente vendendo o mesmo no anterior, por volta 45 mil cópias — o anime não fez crescer, mas impede que perca vendas ao menos.
No décimo sétimo lugar, Amagami-san não tem muito para se falar de forma que até a conta oficial está em modo contagem regressiva para poder focar no anime. Já o décimo oitavo da ToC, Jyushin no Katana não apareceu no Shoseki na segunda semana de seu volume 1, é um resultado decepcionante, mas não fatal ainda já que obviamente deve ter vendido mais e a gente não vai saber desse total por enquanto, é caso de se esperar para ver como o editorial tratará o mangá mesmo.
O décimo nono da ToC é Megami no Café Terrace por uma mera questão de variedade de gênero e revezamento das posições das romcom estabelecidas. Sentai Daishikkaku em vigésimo parece ser mais uma questão a respeito da popularidade mais fraca do mangá, já que costuma ficar nesse pelotão de trás que raramente tem os battle de mais sucesso como Shangri-la Frontier.
Por fim o trio que fecha a ToC é: Brave Bell e Mononoke no Ran, os dois principais alvos do cancelamento pels suas fraquíssimas vendas e popularidade entre leitores da revista; e Fumetsu no Anata e, por uma questão normal editorial — até falaria das vendas do mangá, mas até elas são repetitivas, abaixo dos 20K, mas sem entrar numa grande zona de risco.
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Assim, agora é hora de falar da ToC 10! Vamos comparar com a anterior.
- Ao no Miburo (Primeiras páginas coloridas, pesquisa de popularidade anunciada) Ch. 112
- Kakkou no linazuke Ch. 191
- Mokushiroku no Yonkishi Ch. 137
- Megami no Café Terrace Ch. 139
- Blue Lock Ch. 250
- Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 81
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 165
- Yowayowa Sensei (Página Colorida) Ch. 59
- Edens Zero Ch. 274
- Mayonaka Heart Tune Ch. 18
- Banjou no Orion Ch. 05
- Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 125
- Akabane Honeko no Bodyguard Ch 67
- Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 121
- Sentai Daishikkaku Ch. 127
- Kanojo, Okarishimasu Ch. 316
- Shogi no Watanabe kun (Capítulo especial da Monthly Shonen Magazine)
- Jyushin no Katana Ch. 13
- Kanan sama ha Akumade Choroi Ch. 83
- Brave Bell Ch. 32
- Mononoke no Ran Ch. 15
- Fumetsu no anata e Ch. 183 – 1Ausências: Gachiakuta Ch. 85, Hajime no Ippo Ch. 1447, Ahiru no Sora Ch. 618 (Hiatus)
O primeiro lugar pós capa de Ao no Miburo é a grande diferença. Geralmente a série de samurai era posicionada mais ao fim da revista por sua baixa popularidade, mas a proximidade do anúncio do anime levou a receber colocações mais intermediárias e agora as primeiras páginas coloridas em meio à campanha de marketing multimídia para o anime, demonstrando o quanto adaptações ajudam na promoção interna.
Kakkou no Iinazuke variou pouco, posição alta outra vez já que faz parte do trio mais popular de romcom e essas obras sempre tem uma ou duas posições mais para frente. Mokushiroku no Yonkishi em terceiro na ToC após uma posição média é de novo prova dessa variedade, já que é um dos mangá mais populares da Magazine e tem um anime em exibição, mesmo que a adaptação tenha uma recepção fraca. Megami Café na quarta colocação depois de estar no bloco do fundão mostra aquilo que falei, duas das três romcom mais populares na frente e uma mais para trás — é algo que fazem com frequência, no caso Kanojo Okarishimasu ficou mais embaixo nessa edição.
Já a obra com mais potencial de mercado sem anime é Seitokai ni mo ana wa aru!, aparecendo em sexto lugar. De novo, a série aparece mais e mais vezes na primeira metade da revista por causa de sua popularidade, deixando para trás a posição mais “tradicional” de fim que gags costumam ter. Shangri-la Frontier em sétimo é outro mangá que quase nunca deixa a primeira metade da lineup, é o segundo mangá mais popular atualmente e tem anime em exibição — mas diferente da Jump, raramente aparece entre os três primeiros, o editorial deve considerar a excitante história de ação uma forma de dar um gás durante a leitura da revista.
Yowayowa Sensei tem exatamente a mesma posição com outra página colorida demonstrando que a Magazine dá espaço para séries ecchi, falarei mais sobre no destaque! Edens Zero em nono lugar, numa posição média de novo — o volume atual continua na tendência de ter uma redução de milhares de vendas, mas não parece ser problema quanto a revista. Mayonaka Heart Tune também repete sua décima posição, é promovido constantemente.
Banjou no Orion tem uma boa queda do segundo ao décimo primeiro lugar, mas é uma questão natural de mangá novo ser mais bem colocado que o seu normal e isso aos poucos ser reduzido. Aquela popularidade de Shigatsu wa Kimi ainda não é vista, mas arrisco a dizer que pode vender mais que Jyushin no Katana quando tiver um volume.
Amagami-san em décimo segundo costuma ter mais posições intermediárias ou mais ao fim do que o “top 3” de Kakkou, Megami Café e Kanojo Okarishimasu mesmo. Já o décimo terceiro lugar, Akabane Honeko, realmente vai ter a adaptação em filme live action que comentei antes! Não sei como o time de multimídia da Kodansha consegue negociar direitos tão bem, mas um mangá que vende por volta de 6 mil volumes por mês ter um filme é inesperado e explica o porquê do mangá ser tão promovido mesmo com vendas baixas.
Kuroiwa Medaka aparece em décimo quarto na ToC, mas está sendo promovido bastante recentemente como se vê pela liderança na edição anterior, o que só me faz pensar que um anúncio de anime não está longe. Sentai Daishikkaku no décimo quinto lugar quase nunca sai das partes mais ao fim da revista, baixas vendas e o ciclo principal de promoção de anime ainda está com Ao no Miburo mesmo que Sentai já esteja revelando dubladores até para seus personagens secundários.
Kanojo Okarishimasu em décimo sexto da linha é o que já falei ali antes, variação normal das romcom populares. Após outro capítulo especial (a Magazine ama shogi pelo visto), Jyushin no Katana repete o décimo oitavo lugar e parece se tornar figura repetida no fundão. Triste, mas justificado, o mangá realmente vai terminar abaixo de 4 mil para o volume 1 na Shoseki, mesmo que as vendas totais – as que não vemos em data – provavelmente adicionem umas centenas de cópias a mais.
Kanan-sama na décima nona posição teve uma semana de break para descansar o autor e volta agora. A Magazine tem uma rotação maior que a Jump para relaxar os autores, isso também permite que mais mangá sejam publicados ao mesmo tempo, diria que é uma boa medida! Já quanto ao mangá em si, posição normal já que costumam deixar Kanan-sama longe de Yowayowa Sensei pelos dois serem ecchi. Outro fato interessante a se trazer é que Kanan-sama tem uma conta com mais de 40 mil seguidores no Twitter, muito em decorrência de seu autor ter incríveis quase 500 mil seguidores por ser um artista de internet por muitos anos e isso pode explicar a força do título no digital, muito acima de suas vendas físicas.
O trio final é exatamente igual. Os prováveis cancelados Brave Bell e Mononoke no Ran (esse já no buraco mesmo sem um segundo volume sequer lançado) precedendo o final da ToC com Fumetsu no Anata e, sempre ali por questões narrativas.
Destaque:
Yowayowa Sensei
Vamos falar um pouco sobre gêneros de mangá para situar bem o papel dessa obra e como ela é vista. Primeiramente, é importante ressaltar que as convenções de gênero que temos do Ocidente são DIFERENTES das usadas no Japão em vários pontos: por exemplo, séries de batalha não só chamadas de “shonen” (a demografia), CGDCT (cute girls doing cute things/garotas fofas fazendo coisas fofas) não existe e obras definidas dessa forma são oficialmente chamadas apenas de nichijou (cotidiano), a divisão de mecha entre super robots (Gurren Lagann, Mazinger, etc) e real robot (Gundam, Macross, etc) é bem mais acentuada. Por que estou falando disso? O gênero que uso para definir Yowayowa Sensei é o ecchi, que NÃO existe no Japão!
Os gêneros oficialmente usados para definir o mangá são romcom e gag. O que pode fazer muitos a verem como parte do mesmo grupo das outras tantas romcom que dominam a Weekly Shonen Magazine. Só que isso é outro problema por si só quando se tenta entender a função de mercado da obra. Para explicar, darei um resumo básico da história e do seu foco.
Yowayowa Sensei basicamente significa algo como “a professora fraquinha”. A heroína título é a Hiwamura Hiyori, uma professora de Ensino Médio no seu primeiro ano de trabalho, ela é extremamente passional com seu trabalho e quer muito ajudar seus alunos, mas tem problemas para socializar, é fraca fisicamente e é facilmente enganada pelos outros. O protagonista Abikura Akihito, um de seus alunos, descobre isso e decide ajudar a professora a se aproximar dos demais estudantes.
Isso é a construção básica, mas as situações absurdas sempre acabam em roteiros que fazem Hiyori aparecer em cenas fanservice, muitas vezes em cosplay. Esse absurdismo se dá por todos os personagens secundários serem excêntricos e envolverem os protagonistas nessas situações que criam essas cenas.
O ponto principal para vender o mangá é realmente pelo fanservice (que só para deixar claro, é mais próximo de algo como To Love-ru Darkness, intensificando as cenas com o tempo) e a arte da autora Fukuchi Kamio. A mangaka entrou na indústria pela Shonen Champion, tendo algumas séries curtas lá desde que venceu um prêmio quando ainda era uma estudante de 16 anos, só que foi agora na Magazine que veio a ter um sucesso maior. A revista conseguiu trazê-la de uma rival de mercado e Yowayowa Sensei é pelo visto sua primeira série focada em fanservice, o que pode decepcionar quem não gosta desse tipo de mangá, mas mostra que os editores viram sua arte como promissora para o estilo e realmente é muito elogiada.
Mas é claro, só isso não garante a sobrevivência de um mangá, se não seria fácil revistas só trazerem os artistas mais elogiados para sucessos fáceis e não é o que acontece. Yowayowa Sensei é também um mangá gag, suas piadas precisam funcionar para que o leitor se divirta lendo também, não dá para só ter cenas de fanservice por 15 páginas. E a série consegue sim trabalhar seus personagens, todos são bem diferente um dos outros e tem elementos próprios que causam caos de formas distintas em capítulos diferentes. Ao mesmo tempo a obra tem um senso de progressão decente, com as relações dos personagens se desenvolvendo mesmo com a natureza de comédia da história.
Voltando ao “ecchi”. Sim, o termo é exclusivamente estrangeiro, mas é uma boa forma de definir o que diferencia a obra como parte da Weekly Shonen Magazine e seu ponto de venda no mercado. Enquanto as romcom como Kakkou no Iinazuke ou Megami Café focam no romance de um protagonista com várias heroínas e qual casal vai se formar ao fim da história, Yowayowa Sensei é mais próximo de Kanan-sama como obras que se destacam pela arte e situações fanservice — seu público alvo é atraído primariamente por isso e se mantêm com a boa mistura de humor e caracterização.
Gêneros são complicados. As outras comédias românticas também tem cenas mais apimentadas, mas não é incomum de ler um capítulo de Kanojo Okarishimasu sem nenhuma cena do tipo, o que é impensável para um mangá como Yowayowa Sensei. Isso mostra que mesmo com aspectos similares, são obras que a Magazine vê de forma diferente.
Inclusive o mangá é muito parecido em premissa com Erunowa, um ecchi de 2021 da Magazine que também era focado em fanservice e comédia com uma professora, mas acabou cancelado com 31 capítulos. Yowayowa Sensei executou uma idéia próxima de melhor maneira, o estilo da autora é mais único e “fofo”, quadrinização é mais interessante e os personagens mais bem introduzidos sempre com arcos próprios. Mostra que mesmo em gêneros vistos como mais simples, é preciso trabalho para se conseguir um hit.
Sei que o dito gênero “ecchi” não é popular com muitos e até no Japão é algo mais nicho, embora com alguns bons sucessos. Mas vendo como mercado, a Magazine quer ter obras do tipo porque sabe que podem vender para um público diferente que quer esse estilo especificamente. A razão de revistas terem vários gêneros distintos é expandir o seu apelo ao maior número possível de compradores. Mesmo que Yowayowa Sensei não seja um super hit de mercado, suas vendas e recepção interna demonstram que a autora está atingindo seus objetivos específicos e agradando os leitores que queria.