Então, após dois anos de hiato, estamos de volta com uma das matérias mais queridas pelo público do Analyse It – Mesmo eu, que não sou fã de escrever TOPs (por isso quase não temos nenhum aqui no site), não consigo resistir ao TOP 30 dos melhores mangás do ano escolhido por mim, Leonardo Nicolin. Em 2021 e 2022, acompanhei muito poucos mangás, razão pela qual não pude criar essa classificação, mas em 2023, dediquei-me a recuperar o tempo perdido, e aqui estamos.
Os parâmetros utilizados serão sempre os mesmos: a qualidade da arte, a qualidade do roteiro e a progressão da história, sendo este último um dos fatores mais importantes normalmente. Por isso, darei prioridade aos mangás que entregaram pelo menos 160 páginas em 2023 ou concluíram sua história nesse ano. As regras para participação continuam as mesmas. Para os mangás dos quais temos acesso aos capítulos individuais, avaliarei apenas os lançados em 2023 – neste caso, não considerando os capítulos lançados em 2022. Para aqueles mangás que conseguimos ter acesso online somente após o lançamento do volume, como aconteceu com My Broken Mariko em 2020, avaliarei os volumes da série lançados em 2023.
O TOP 30, como é de tradição desde 2014, será dividido em três partes (TOP 30, TOP 20 e TOP 10). Lembrando e concluindo, vou comentar sobre as séries sem dar nenhum spoiler sobre os capítulos, abordando de modo geral a qualidade dos mangás. Sem mais delongas, vamos lá:
30 – Hanninmae no Koibito
Nada melhor do que abrir o TOP 30 com uma boa comédia romântica: “Blooming Love”. Inicialmente eu estava em dúvida entre “Hope You’re a Happy, Lemon” e “Hanninmae no Koibito”, também conhecido como “Blooming Love”, e eu tinha colocado no TOP 30 justamente a primeira opção, mas desde a publicação do ranking na sexta-feira, uma sensação de que tinha cometido um erro me dominou. Eu poderia montar um ranking de melhores mangás do ano sem Lemon, mas não podia montar um sem Blooming Love, que entregou uma relação espetacular entre os dois protagonistas.
O mangá conta a história de garoto com grandes habilidades em pintura que acaba se apaixonando por uma garota muito habilidosa em artesanato – e essa comédia romântica leve e muito divertida simplesmente conquistou meu coração nesse ano, deixando-me apaixonado pela relação cômica entre os dois protagonistas. É aquela leitura leve, que acaba melhorando uma jornada cansativa.
29 – Jujutsu Kaisen
Eu sei, “Jujutsu Kaisen” suscita muita controvérsia quando se trata de ser considerado um dos melhores mangás do ano, dada a quantidade de pessoas que expressam descontentamento com os capítulos recentes. Entretanto, serei honesto, estou realmente apreciando a leitura da série, apesar de reconhecer que ela ainda enfrenta alguns problemas sérios em sua narrativa, especialmente no que diz respeito à morte forçada de certos personagens. O que me conduziu a incluir Jujutsu Kaisen no TOP 30 são seus quadros dinâmicos e suas lutas criativas.
“Idiot Survivor” por si só, em minha opinião, elevou “Jujutsu Kaisen” à categoria dos trinta melhores do ano. Trata-se de uma luta criativa que me remeteu a “Bobobo-bo”, mas ao mesmo tempo conseguiu preservar a essência única de “Jujutsu Kaisen”, minha luta preferida de 2023. E de forma alguma posso negligenciar uma das batalhas mais cruciais da história da obra (que quem será no futuro não será classificada entre as mais importantes na história do mundo dos mangás), cujo desfecho deixou metade da internet furiosa e a outra metade simplesmente sem palavras. Apesar dos tropeços ao longo de sua jornada para o desfecho, os pontos altos de Jujutsu Kaisen são tão marcantes que não consigo deixar de reconhecer a série entre as 30 melhores do ano.
28 – Spy x Family
“Spy x Family” é um mangá de leitura agradável, no qual seguindo Loid, um espião que precisa criar uma família falsa para cumprir sua missão de enorme importância para sua nação. Na minha opinião, os pontos fortes de “Spy x Family” são dois: a comédia leve que permite a leitura a qualquer momento do dia e a interação única dos três personagens principais, que continuamente tentam ocultar suas habilidades ocultas.
No entanto, neste ano, esses dois elementos tornaram-se secundários. Embora a comédia estivesse presente, a ausência de Anya na maioria dos capítulos de 2023 não me agradou tanto. O mangá optou por focar mais na ação, que, apesar de ser boa, não é o motivo pelo qual eu leio “Spy x Family”. Assim, o arco “Mole Hunt” não me convenceu tanto quanto os arcos anteriores, embora a série ainda tenha mantido sua qualidade, justificando sua presença no TOP 30. A obra recuperou sua qualidade tradicional no segundo semestre de 2023, com os capítulos voltados para a escola. Mesmo que 2023 tenha sido um ano menos forte para a série, que sempre esteve entre as vinte melhores de 2021 e 2022 em minha opinião, estou confiante de que o arco atual a levará de volta ao TOP 20 em 2024.
27 – School Back
Normalmente, raramente uma nova série consegue ir além da primeira parte do TOP 30 – o motivo é que elas ainda estão desenvolvendo suas próprias histórias, portanto, não têm tempo suficiente para entregar algo verdadeiramente cativante -. Mas em um universo no qual temos centenas de mangás ao ano, acredito que estar no TOP 30 para uma série novata é simplesmente espetacular. “School Back” tem a qualidade necessária para estar entre os melhores do ano. O mangá narra a história da zeladora de uma escola de ensino médio japonês, Fushimo, que se esforça para ajudar os jovens a superar uma variedade de desafios.
“School Back” é daqueles mangás que não esperamos durante o ano, mas que chegam de surpresa com uma proposta simples e que convence logo nas primeiras páginas, principalmente devido ao carisma da protagonista, que eu simplesmente me apaixonei. O traço e a arte do autor são pontos altos da obra, apresentando quadros belíssimos e uma quadrinização moderna que realça as temáticas discutidas no roteiro. Recomendo a leitura para aqueles que desejam explorar uma nova série com poucos capítulos.
26 – Choujin X
Do mesmo criador de Tokyo Ghoul, “Choujin X” conta a história de Tokio, um jovem que, junto com seu amigo, tenta combater o crime em sua cidade. A vida de Tokio muda completamente quando ele consome uma droga que o transforma em uma criatura especial, um Choujin. Em 2023, “Choujin X” ganhou muitos pontos na categoria de “Progressão da História”, com um salto temporal muito interessante – e, mesmo que os últimos capítulos não tenham me surpreendido completamente, acredito que os capítulos antes e depois do salto foram de altíssima qualidade.
A sequência a partir do Capítulo 35, em que o protagonista reflete sobre sua vida, a escola e sua jornada, apresenta diálogos interessantes. O Capítulo 36, no qual vemos os personagens mostrando suas habilidades pós-salto temporal, conseguiu revitalizar significativamente um mangá que, mesmo não brilhando como Tokyo Ghoul, continua a entregar capítulos de boa qualidade. O ritmo mais lento de lançamento também nos permite apreciar mais a arte de Ishida, que, em minha opinião, é um dos melhores artistas da atualidade. “Choujin X” certamente merece estar entre os melhores do ano.
25 – Yofukashi no Uta
“Yofukashi no Uta” conta a história de Kou, um jovem que sofre de insônia. Sua vida muda ao encontrar Nazuna, que promete curar sua insônia; contudo, essa “cura” tem um preço que Kou não esperava. Em 2023, “Yofukashi no Uta” iniciou sua jornada para o encerramento, oficialmente anunciado apenas dois meses atrás. A série, que seguimos semanalmente aqui no site através das ótimas matérias da Weekly Shonen Sunday escritas pelo DNSS, sempre manteve uma atmosfera mais obscura, com o autor navegando inteligentemente entre momentos de comédia e drama. O que torna “Yofukashi no Uta” realmente especial é a interação romântica e melancólica entre os dois protagonistas.
Apesar de, na minha opinião, “Yofukashi no Uta” não estar mais em seu ápice de qualidade alcançado em 2021, realmente acredito que o autor está entregando excelentes capítulos finais, que deixam um nó na garganta. Cada quadro que mostra os dois juntos faz meu coração tremer um pouco. Sinceramente, espero uma conclusão feliz, após tudo que vimos na série, mas ainda está tudo em aberto. “Yofukukashi no Uta” continua sendo um dos melhores mangás do ano.
24 – JoJo’s Bizarre Adventure Part 9 – The JOJOLands
Outro mangá que estreou em 2023 e que merece um lugar neste TOP 30 é “JoJoLands”. No entanto, não o considero uma nova série propriamente dita, pois contém elementos familiares das partes anteriores, permitindo ao autor não introduzir completamente o universo e seu estilo narrativo. Ambientado no Havaí, nesta nona parte, seguimos Jodio Joestar, um jovem peculiar que busca enriquecer por meio da venda de substâncias ilegais.
O autor, Hirohiko Araki, começou esta parte com o capítulo mais extenso da história de JoJo e entregou tudo o que um leitor de JoJo aprecia: personagens peculiares, uma trama misteriosa, cenas de ação e androginia. Nos capítulos subsequentes, “JoJoLands” conseguiu manter sua qualidade, desenvolvendo tanto os personagens secundários quanto o principal. No entanto, devo admitir uma coisa; entre todas as mudanças de parte até agora, esta é aquela em que menos sinto uma alteração na atmosfera. Ainda sinto, de certo modo, que estou na Parte 8, mas com personagens diferentes. De qualquer modo, estou apreciando este início que pode ser o último capítulo de JoJo.
23 – Gachiakuta
Se há um Battle-Shounen que está atraindo muitos leitores no Ocidente, mas poucos no Japão, é certamente “Gachiakuta”, a nova série da Weekly Shonen Magazine, revista que cobrimos semanalmente através das incríveis matérias do Lucca. “Gachiakuta” conta a história de um jovem que, após ser acusado de um crime, é exilado de sua cidade, sendo jogado em um lixão habitado por perigosas criaturas.
Com uma arte espetacular, inspirada em Soul Eater, Urana Kei entrega para nós um dos Battle-Shounen mais bem desenhados da atualidade. Neste segundo ano de vida, “Gachiakuta” proporcionou exatamente o que eu esperava da série: quadros lindos, designs criativos, uma expansão do universo e também batalhas emocionantes – não espero da história uma revolução do gênero, mas sim capítulos de qualidade naquilo que se propõe, e “Gachiakuta” entregou isso!
22 – Akane Banashi
Chegou o momento de mostrar um outro mangá da nossa querida Weekly Shonen Jump. Akane Banashi é daqueles mangás que já no ano passado estaria no TOP 30, justamente por ter duas qualidades que eu admiro muito: 1 – Personagens carismáticos, 2 – História criativa. O mangá conta a história de Akane, uma jovem que sonha em se tornar uma Rakugou, uma modalidade artistica japonesa baseada em monologos humoristicos e históricos.
Esse segundo ano de Akane Banashi, de certo modo, é muito parecido com o segundo ano de Gachiakuta. É centrado na solidificação da arte do desenhista, que se tornou mais profissional e detalhada; na expansão do universo, no qual conhecemos mais sobre as competições de Rakugou, mais sobre os personagens secundários da obra e por fim também tivemos batalhas emocionantes, só que ao invés de ser com punhos e super-poderes, foram batalhas no tatame do Rakugou. Akane Banashi é uma das séries mais criativas e interessante do mercado atualmente, e eu não podia deixar de fora do meu TOP 30 do ano.
21 – Police in a Pod
“Hako Zume – Kouban Joshi no Gyakushuu”, também conhecido em inglês como “Police in a Pod”, é um mangá bem de nicho, mas que me surpreendeu bastante quando li pela primeira vez em 2022, depois da série ganhar o prêmio de “Melhor Mangá do Ano” na Kodansha Manga Awards. O mangá conta a história de Seiko Fuji, uma investigadora da polícia transferida para uma base no interior do Japão, tendo agora que se adaptar a uma nova realidade.
O mangá que une um humor adulto com casos policiais interessantes (desde os mais simples até os mais complexos, sempre dentro de uma realidade japonesa), consegue entregar algo que poucos mangás oferecem atualmente: uma visão feminina sobre trabalhar na polícia japonesa. A autora, que era uma policial, compartilha de certo modo sua experiência e faz denúncias enquanto também conta uma história divertida de se ler. Contudo, cuidado, mesmo que “Police in a Pod” tenha momentos engraçados e um humor bem único, também trata de temáticas mais sérias como suicídio, molestamento sexual e crimes hediondos. Certamente, em 2022, estaria entre o meu TOP 10; pelo fator surpresa, mas este ano, no qual vimos um maior desenvolvimento dos elementos já conhecidos, conquistou uma digna vigésima primeira colocação.