Em uma semana com poucos volumes no Oricon, com apenas quatro das séries em publicação da revista, ao menos temos uma das RARÍSSIMAS capas de mangá da Shonen Magazine celebrando o sucesso de Shangri-la Frontier, que de bônus teve uma entrevista de seu escritor Katarina e autor de Sword Art Online, Reki Kawahara Como é uma edição morna, deixo para o destaque no fim uma série polêmica: Kanojo Okarishimasu. Sei que muitos detestam, mas vou falar do porquê essa recepção no Ocidente não é correspondida pelo mercado doméstico japonês. Controverrso? Mas leiam de de cabeça aberta. Agora vamos para a ToC.
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su (Capa, Primeira Página Colorida)
Ch. 163 - Akabane Honeko no Bodyguard Ch. 65
- Megami no Café Terrace Ch. 137
- Hajime no Ippo Ch. 1446
- Banjou no Orion Ch. 03
- Sentai Daishikkaku Ch. 125
- Edens Zero Ch. 272
- Kakkou no linazuke Ch. 189
- Blue Lock Ch. 248
- Kanojo, Okarishimasu Ch. 314
- Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 79
- Ao no Miburo Ch. 110
- Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 123
- Mokushiroku no Yonkishi Ch. 135
- Kanan sama ha Akumade Choroi Ch. 82
- Yowayowa Sensei Ch. 57
- Mayonaka Heart Tune Ch. 16
- Gachiakuta Ch. 84
- Brave Bell Ch. 30
- Jyushin no Katana Ch. 11
- Mononoke no Ran Ch. 13
- Fumetsu no Anata e Ch. 182 – 3
Ausências: Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 120, Ahiru no Sora Ch. 618 (Hiatus)
Na capa uma mod-, não pera, é um mangá! Shangri-la Frontier conseguiu uma das raras capas destinadas a um mangá da revista, mostrando de novo como é visto como um grande sucesso para a Weekly Shonen Magazine atual. É aquele papo habitual da nossa coluna: volumes batendo 100 mil cópias num mês, anime bem recebido e que aumentou vendas, recepção ótima. Shangri-la Frontier merece demais uma capa dessas nesse momento que ainda está transmitindo a segunda cour do seu anime. Com sorte, a produção para uma segunda temporada já pode estar sendo negociada, vamos torcer!
A entrevista com o Reki Kawahara (Sword Art Online) também é algo que deve elevar a auto estima dos autores, trata-se de uma obra imensamente popular com um tema de jogos online também, é uma boa forma de promoção que foca na sinergia temática, ainda mais se tratando de Shangri-la Frontier que é adaptação também de uma web novel , escrita por Katarina que também trabalha no texto do mangá. É uma forma diferente de se achar um sucesso já que a Kodansha diretamente negociou pela obra, sem ela sequer se tornar numa Light Novel antes. São formas inéditas de se criar um hit, Shangri-la Frontier é um exemplo para uma indústria em busca de novas formas de se chegar aos hits.
Akabane Honeko em segundo lugar na ToC é provavelmente mesmo pelo momento da história, como falei no texto anterior. De novo, sem spoilers diretos e sem comentar do cap em si, é um ponto de clímax muito interessante e que os editores devem estar colocando ali por uma questão de mérito e promoção. Se acham que é bom, acham que pode atrair leitor.
Na terceira e quarta posição respectivamente: nessa edição, Megami Cafe é primeiro do “trio” de pelotão de frente das romcom (junto de Kanojo Okarishimasu e Kakkou no Iinazuke), as séries sempre se revezam ali na frente e são obviamente tratadas muito bem pelas suas boas vendas acima de 40 mil cópias físicas/mês atualmente; em seguida, Hajime no Ippo, a segunda série mais bem vendida da história da Magazine (atrás apenas do manga de detetive Kindaichi) e terceira que mais vende atualmente.
Banjou no Orion em quinto na ToC já que série nova vive no topo, similar com o sistema da Jump de ranquear mangá inédito com boas posições por sete capítulos. A recepção do mangá ainda não é grande, mas positiva entre leitores da Magazine e sinceramente, deve vender o suficiente para sobreviver só pelo autor veterano. Também é interessante de lembrar que a história está recendo uma publicação simultânea em inglês pelo K-Manga, o que parece estar acontecendo com todas as séries de mangaka veteranos.
Sexto lugar na ToC, Sentai Daishikkaku também teve uma posição mais alta por um momento climático em seu mangá, que termina um arco e já se prepara imediatamente para um novo. Já a sétima posição é de Edens Zero, vendendo 10 mil cópias na primeira semana de seu novo volume, 2 mil a menos que o anterior… É complicado já que nem estar num arco final foi o suficiente para estancar a perda de vendas do mangá. Não será cancelado contudo, o máximo que pode acontecer é talvez a história se apressar um pouco mais para acabar.
Em oitavo lugar temos Kakkou no Iinazuke seguido de Blue Lock em nono e Kanojo Okarishimasu em décimo. Três séries mais que estabelecidas e que são das mais lucrativas da Magazine, Blue Lock obviamente existindo em um patamar superior já que é a grande série atual — mas são posições comuns para o pelotão de frente. Falo mais de Kanojo Okarishimasu no destaque.
O décimo primeiro da ToC é Seitokai ni mo Ana wa aru, para falar de algo de novo sobre esse sucesso: o mangá recebe várias fanarts! Alguns podem não achar impressionante por estarem acostumados com a Jump, mas a maioria dos mangá sem anime da Magazine tem dificuldade de receberem comentários na internet, Seitokai em contrapartida é popular o suficiente para receber várias fanart –é claramente acima do padrão dos demais novatos não só em vendas. Já Ao no Miburo em décimo segundo não recebe muita atenção mesmo com o anime em produção e recebendo marketing, que inclusive é decente já que regularmente publica novas informações, artes, etc.
Amagami-san em décimo terceiro da ToC já falei antes, mas só deve ter informações do anime em março e terá um tempo morno até lá. No décimo quarto lugar, Mokushiroku no Yonkishi teve seu volume 15 vendendo 31 mil cópias na primeira semana, por volta de 2 mil a menos do lançamento anterior. É um pouco decepcionante por ser uma série com anime? Até é, mas ainda é o quarto mangá mais vendido da Magazine atual e não dá para descontar sua importância numa era tão difícil para novos battle shonen.
A dupla ecchi ficou juntinha dessa vez em décimo quinto e décimo sexto lugares: Kanan-sama e Yowayowa-sensei. Os dois atingem um público obviamente similar mais otaku e masculino, e que a Magazine obviamente quer que continuem lendo a revista já que a concorrência atualmente não oferece obras do tipo, ou ao menos tão populares quanto. Yowayowa-sensei inclusive ganhará duas páginas coloridas a partir da edição que vem.
Mayonaka Heart Tune aparece na décima sétima posição após seu volume 1 não ser um sucesso explosivo, mas sim um seguro primeiro passo para a permanência. Gachiakuta em décimo oitavo lugar vive em paz, não é um dos grandes hits da revista, mas com seus números de vendas bem acima de qualquer outro novato battle e o fato de ter algumas ações promocionais em lojas significa que vive de forma segura e só esperando por um possível anime.
Agora para os quatros do fundão: o décimo nono lugar de Brave Bell é só mais uma colocação baixa habitual para uma das séries que mais concorre a cancelamento da lineup. A vigésima posição não significa nada muito ruim para Jyushin no Katana que teve sua primeira semana de vendas com 3.600 cópias, mostrando que a estimativa do AnalyseIt acertou em cheio (obrigado Nicolin) e que dá uma segurança maior para sobrevivência já que ao menos só nisso supera Brave Bell por exemplo. Mononoke no Ran aparece em penúltimo na espera pelo seu fim com uma nova batch de mangás e em último Fumetsu no Anata e or questões de costume e deixarem a narrativa mais introspectiva para o fim.
Destaque: Kanojo Okarishimasu
O polêmico, controverso e tão discutido mangá da namorada de aluguel, Kanojo Okarishimasu. Pode ser o que for, mas é indubitavelmente um sucesso. Muita gente se pergunta o porquê disso já que a recepção da história é bem negativa nas redes sociais. Como explicar essa discrepância dos resultados japoneses para essa recepção ocidental? Vou separar em dois pontos, de lado comercial e narrativo. Por favor, leiam de mente aberta!
Não há discussão, Kanojo Okarishimasu é um sucesso grande da Shonen Magazine. Mais de 11 milhões de cópias em 33 volumes, três temporadas de um anime com boa produção, inúmeros produtos licenciados e líder do pelotão de frente das romcom da revista. Só não dá para falar que o mangá é o maior sucesso do gênero em anos na Magazine porque um tal de Gotoubun no Hanayome vendeu 20 milhões com apenas 14 volumes, mas ainda é uma das séries que deram a cara para essa era da revista.
Os números obviamente implicam uma recepção positiva, mas tem caído volume a volume, a ponto de hoje Kanojo Okarishimasu vender na faixa doss 40 a 50 mil, próximo de Kakkou no Iinazuke e Megami no Café Terrace. Isso implica que a direção da história afastou leitores? É uma questão mais complicada do que parece.
É natural que vendas caiam aos poucos, principalmente com séries longas. Imaginem que a cada volume alguns leitores fiquem para trás por inúmeras questões: perdeu o timing para compra, perdeu interesse na obra, problemas financeiros, migrou para o digital, preferiu comprar obras novas, etc. Esse leitor provavelmente não volta para o próximo volume também e assim vai. Até os grandes manga shonen de batalha costumam ter picos mais próximos do meio de suas publicações e não ao fim e é importante dizer que Kanojo Okarishimasu tem mais de 310 capítulos já.
Conectando nessa questão, vamos falar de recepção. A avaliação dos leitores.
Acho que existe uma grande diferença em expectativa entre o que o público ocidental e o japonês tem de comédias românticas. Um ponto muito criticado da história é a enrolação para o vai-ou-não-vai da relação do protagonista Kazuya e da heroína Chizuru, que em diversos pontos já poderiam ter se unido; entretanto essa dinâmica é um dos pontos que definem o gênero no Japão, o grande hit e influência maior do gênero Urusei Yatsura é mais sobre as desventuras dos personagens nessa busca romântica, a graça ali é vista como o trajeto e não o resultado final.
Falando em graça, o aspecto comédia das comédias romântica é mais importante para o público japonês também. Kazuya que é tão detestado por fãs ocidentais, é visto como um personagem engraçado pelos seus monólogos e ilusões — o fato de que ele não coloca esses pensamentos em prática é o suficiente para torná-lo um pateta engraçado e não um pateta detestável. As situações de confusão causadas por ele e demais personagens acabam sendo uma atração e não um desgosto.
Sei que alguns podem estar balançando a cabeça com isso. Mas é fácil de explicar, pegando a última novela das sete que acabou na Globo: Vai na Fé, são 179 episódios de 45 minutos. Se você apresentasse isso para um americano achariam uma quantidade absurda de episódios para um ano e o tipo de narrativa dessas novelas, com melodramas, confusões, vários núcleos de personagens, etc provavelmente pareceria só como enrolação exagerada para eles. Mas agrada ao público alvo da obra: o brasileiro que já criou expectativas de como o gênero funciona e gostam de suas características.
Não dá para generalizar um mercado inteiro, devem haver vários leitores japoneses que não gostam de Kanojo Okarishimasu também, mas o mercado NO GERAL é receptivo para a série, que mesmo nos volumes mais recentes tem avaliações positivas em basicamente todo site. Acredito sim até que o arco atual mais slice of life possa ter afastado leitores que queriam algo mais dinâmico e mais personagens sendo usados, mas o mangá no geral não é polêmico.
Para finalizar, o sucesso comercial é inegável, mas cada um tem direito a ter seu gosto. Um mercado gostar de algo não implica que eu precise (não gosto de várias obras populares pessoalmente), mas é interessante saber o porquê e como não é errado uma série popular receber um bom tratamento. Por fim, recomendo esse vídeo do dia a dia do autor do mangá Reiji Miyajima. Não gostar da obra é normal, mas mangakas são pessoas como outras qualquer. Deixem opiniões abaixo, se detestam ou gostam, enfim!