Recentemente vi uma thread por aí falando dos hits das três principais revistas shonen (Jump, Magazine e Sunday) e percebi algumas concepções que não concordo bem que pelo visto estão espalhadas por aí, então a análise da ToC da Magazine dessa vez abordará um pouco disso, muito em torno da questão dos poucos sucessos battle recentes. Também falarei um pouco da estreia de Banjou no Orion e ao fim o destaque prometido de Jyushin no Kanata falando da recepção da série, agora chegando aos 10 capítulos. Vamos à ToC:
TOC Weekly Shonen Magazine #07 (17/01/2024).
- Kakkou no linazuke (Aniversário de quatro anos, Primeiras páginas coloridas) Ch. 188
- Akabane Honeko no Bodyguard Ch. 64
- Kuroiwa Medaka ni Watashi no Kawaii ga Tsujinai Ch. 119
- Seitokai ni mo ana wa aru! Ch. 78
- Banjouu no Orion (37 páginas) Ch. 02
- Yowayowa Sensei Ch. 56
- Fumetsu no Anata e Ch. 182 – 2
- Jyushin no Katana (Página colorida) Ch. 10
- Blue Lock Ch. 247
- Amagami san Chi no Enmusubi Ch. 122
- Edens Zero Ch. 271
- Kanojo, Okarishimasu Ch. 313
- Ao no Miburo Ch. 109
- Kanan sama ha Akumade Choroi Ch. 81
- Shangri-La Frontier ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su Ch. 162
- Mayonaka Heart Tune Ch. 15
- Mononoke no Ran Ch. 12
- Mokushiroku no Yonkishi Ch. 134
- Gachiakuta Ch. 83
- Senpai Kohai Kanarazu Shinu# (especial 4-koma)
- Megami no Café Terrace Ch. 136
- Hajime no Ippo Ch. 1445
- Sentai Daishikkaku Ch. 124
- Brave Bell Ch. 29Ausências: Ahiru no Sora Ch. 618 (Hiato)
O Nicolin postou no Twitter do Analyse It (vejam aqui!) sobre a questão das modelos nas capas das revistas de mangá, então confiram lá o texto completo. Mas a versão básica é que elas promovem mais vendas das revistas do que estampar uma das séries, e esse é novamente o caso da capa desta semana.
Agora, indo aos mangás mesmo, as primeiras páginas coloridas foram para Kakkou no Iinazuke, que ganhou uma bela spread comemorando seu quarto aniversário. Voltando ao que falei no começo do que li por aí, vejo que algumas pessoas culpam a promoção de séries que não gostam, como Kakkou e Kanojo Okarishimasu, pela falta de novos hits de battle. Mas não é bem assim. As séries mais populares da Magazine realmente são séries de ação: Blue Lock (eu sei que é esporte, mas a estrutura da história é bem a de mangá de ação também), Shangri-la Frontier, Ippo e Mokushiroku; esse último está bem perto em vendas das séries que vêm depois, que são as romcom estabelecidas como Kakkou, Kanojo Okarishimasu e Megami no Cafe Terrace, todas entre 50 a 40 mil vendas por volume mensal.
A questão é que todas essas mangás acima têm pelo menos 3 anos de publicação, ou seja, já passam anos sem uma história battle conseguir vender mais que as romcom até mais baixas em vendas físicas como Kuroiwa Medaka. Nesse sentido, é inevitável que os sucessos tenham promoções, animes, etc. Kakkou no Iinazuke está há quatro anos na revista gerando boas vendas e sendo uma mina de ouro para licenciamento; é merecido que seja celebrado pelos editores.
Em segundo lugar, Akabane Honeko está numa posição atípica, já que costuma aparecer mais para o final da lista. Quase nunca quero citar o que acontece num capítulo, mas esse é um caso que vale a pena comentar, pois é um clímax da história. Assim, a posição alta pode ter sido uma forma de promover um bom capítulo chave que possa atrair mais leitores.
Kuroiwa Medaka aparece em terceiro na ToC. No texto sobre Kakkou no Iinazuke, comentei especificamente sobre as vendas físicas de Kuroiwa Medaka. Por quê? Bom, foi anunciado que o mangá tem 1.2 milhões de cópias em circulação com 13 volumes, ou seja, uma média de mais de 90 mil por volume! Isso fica muito distante das vendas mensais da série, que ficam ali por volta dos 20 a 30 mil. Isso significa que pode haver realmente um grande número de leitores online, algo similar ao que falei de Kanan-sama em análises anteriores, quando seu número de circulação também ficou muito além do que se vê por vendas físicas.
Claro, isso não quer dizer que todo volume venda 90 mil; o primeiro deve ser o mais bem vendido, como é para a maioria dos mangás, já que muitos leitores só leem a primeira edição para saber se têm interesse ou não. Mas esse resultado é muito bom e pode implicar que realmente algumas séries ou gêneros são mais populares proporcionalmente no formato digital. Para acrescentar às notícias positivas,
A quarta posição de Seitokai ni mo Ana wa Aru é boa para relembrar que a ToC da Magazine é mais dinâmica e não próxima de um ranking de popularidade igual ao da Jump, mas é meio visível que a popularidade de Seitokai fez os editores a colocarem mais vezes na parte mais para frente da revista.
Em quinto na ToC, temos o segundo capítulo do novato Banjou no Orion. A estreia não parece ter chamado tanta atenção por enquanto, mesmo que o autor seja o de Shigatsu wa Kimi no Uso, mas muitos já compararam as duas histórias. O foco num protagonista tendo uma crise em seu amor pelo jogo shogi e a mudança causada por seu encontro fatídico com uma garota automaticamente geraram comparações, ainda mais com a arte típica (e bonita) do autor. A Magazine quer mesmo que essas comparações sejam feitas, então, nesse sentido, chamou a atenção pelo motivo que queriam. O capítulo 1 ter sido postado inteiro no Twitter oficial e mesmo assim não ter recebido muitos likes ou retweets é um sinal um pouco negativo, contudo, mas ainda terá tempo para crescer.
Em sexto lugar, Yowayowa-Sensei parece estar recebendo mais atenção do que o comum nas últimas semanas, mostrando que deve seguir segura por um bom tempo. Já em sétimo, temos um choque: Fumetsu no Anata e não está no fim da ToC! Isso acontece de vez em quando e é normal; no entanto, é bom variar às vezes para aquele leitor que nem sempre deve chegar até o fim da revista lembrar que Fumetsu existe.
Oitava posição e página colorida (belíssima) para o mangá de luta sobrenatural de espadachins, Jyushin no Kanata, que está tendo seu volume 1 bem promovido e que falarei mais sobre no destaque! Na nona colocação, Blue Lock pode ser representativo de algo também sobre a Magazine atual. O mangá costuma estar mais perto do meio na revista do que na frente habitualmente porque Blue Lock não precisa de promoção da Magazine, mas ele serve como uma boa promoção para o resto da revista. Ao estar ali no meio, o leitor precisa ao menos folhear outros mangás até chegar ao mais popular, isso também pode servir de gás para alguns leitores continuarem sua leitura já que nem todos os hits são concentrados na frente.
Amagami-san em décimo na ToC passa por mais uma semana sem informações novas de seu anime marcado para 2024, mas foi anunciado um stage para 24 de Março no evento Anime Japan, que reúne diversas franquias populares de anime e mangá e deve trazer novas informações sobre a adaptação finalmente! Edens Zero em décimo primeiro lugar segue a caminhada de seu arco final. O Twitter da série está bem inativo de uns meses para cá inclusive com poucos posts e sem muitas informações, o que me leva a acreditar que a franquia não é uma grande prioridade no momento.
Kanojo Okarishimasu é o décimo segundo da ToC e como já falei antes, existe como parte desse “segundo batalhão” de vendas da revista, mas penso se ainda terá mais temporadas em anime depois das três que teve, é improvável que a franquia volte a crescer, então talvez esse interesse diminua, mas é difícil de saber por enquanto. O décimo terceiro lugar da ToC, Ao no Miburo, sim tem um anime em produção, só que procurando comentários sobre por sites japoneses para ver se o interesse do mangá subiu, vi mais comentários confusos se perguntando porque um mangá “pequeno” (para o padrão das grandes revistas shonen) está para ganhar um anime. Ao menos vi elogios ao setor de multimídia da Kodansha que realmente está conseguindo o máximo possível de adaptação em anime.
Kanan-sama na décima quarta posição não faz parte do bloco romcom tradicional, mas sim dos ecchi com Yowayowa-sensei, mas ainda supera a maioria dos novatos de ação em vendas. Já Shangri-la Frontier, o décimo quinto da ToC, existe numa situação completamente diferente: é um dos grandes em vendas da Magazine atual e está tendo um anime de boa recepção. Vou usá-lo para contrariar um ponto que vi por aí, alguns dizem que a Sunday superou ou superará a Magazine por comparar as vendas e sucesso de Sousou no Frieren com seu “irmão” de temporada, Shangri-la Frontier.
Realmente Sousou Frieren vende muito mais e vai concorrer a mangá mais vendido de 2024, mas a Magazine ainda é muito maior como revista, já que tem uma circulação física de 358 mil para os 153 mil da Sunday: focar demais em venda de volumes apaga as outras tantas partes que fazem uma editora lucrar e, sim, vendas de revista ainda importam por serem semanais e isso gerar lucro constante. Conquistar 100 mil em volumes físicos é difícil e com o recente anúncio de que as vendas de Shangri-la Frontier chegaram às 6.5 milhões de cópias em circulação em 16 volumes, podemos ver como vendas de backlog (volumes anteriores) e digitais também estão indo bem para o mangá. É com merecimento que ganhará uma das raras CAPAS da Shonen Magazine para revistas na próxima edição, é total apoio editorial para seu pilar.
Décimo sexto lugar de Mayonaka Heart Tune que mesmo com vendas apenas decentes para um volume 1 tão promovido, não passa perigo e terá tempo para crescer. Diferente de Mononoke no Ran, décimo sétimo da ToC, e que basicamente só deve continuar até algum mangá novo estiver pronto para tomar seu lugar. Não dá para sobreviver com menos de 2 mil cópias num mês…
Mokushiroku no Yonkishi na décima oitava posição é o último grande sucesso em battle mangá da revista, mas é uma continuação de universo de um sucesso anterior e já está com 134 capítulos. Exemplifica bem a dificuldade de encontrar sucessos no gênero. A situação é parecida com a do décimo nono da ToC, Gachiakuta, que foi muito bem na votação do site e que pode sim crescer com um bom anime, ainda com a possibilidade de estar em produção mais rápido do que pensamos, considerando o quão cedo outros mangás como Ao no Miburo tiveram anúncios de anime. Fé no setor multimídia!
Abaixo de um oneshot, temos um trio de séries estabelecidas perto do fim da revista. Megami no Café Terrace, o vigésimo primeiro da ToC, ainda pode alcançar novos picos com vendas estáveis e a segunda temporada de seu anime já anunciada, colocando a série como uma das principais da revista em 2024. Já Hajime no Ippo é o tipo de mangá para o qual vendas não importam, embora ainda esteja no top 3 da Magazine atual, e só tem como expectativa ver se voltará a crescer melhor com o possível-inevitável retorno do protagonista Ippo aos ringues. Penúltimo lugar para Sentai Daishikkaku em fechamento do seu maior arco e que, diferente do que muitos pensavam, pelo visto realmente não era o final, com várias pontas, adversários e histórias para o mangá continuar enquanto espera seu anime (que também terá informações no evento Anime Japan)!
Brave Bell em último está numa situação similar de Mononoke no Ran com vendas baixas (por volta de 2 mil ao mês) que condenam o mangá a estar em espera para seu cancelamento.
Destaque
Jyushin no Katana
O novo mangá da autora Akimine Kamijyo (Samurai Deeper Kyo, Code Breaker) é mais uma tentativa da Magazine de conseguir outro mangá de ação de sucesso! SIM, a revista não só estreia romcoms, pois sabem que não podem criar um ambiente onde apenas elas sobrevivam, mas a popularidade é importante e novatos de ação estão sofrendo. Então resta apelar para os veteranos, autores que já têm fãs que os seguem pelo nome.
E o mangá está sendo muito bem promovido. Teve duas páginas coloridas, páginas ativas e engajadas em redes sociais, campanhas. Tudo isso sempre ressaltando Kyo e Code Breaker como os sucessos anteriores da autora: ambos os mangás tiveram promoções digitais e na Magazine Pocket. Code Breaker teve uma exibição gratuita de seu anime inteiro no Youtube e o bônus da compra de Jyushin no Katana é uma arte inédita colaborativa com Kyo e Code Breaker! Ufa, eles realmente apelaram para esse lado.
Isso significa sucesso? Não necessariamente, indica um super hit, mas ajuda bastante. Apesar de Edens Zero, por exemplo, vender muito menos que Fairy Tail, ainda é mais do que qualquer novato de ação consegue desde Shangri-la Frontier. Na situação atual, Jyushin no Katana ser um mangá do mesmo nível de popularidade de Edens Zero seria um sucesso para a revista apesar de tudo.
Entretanto, isso significa que a recepção do mangá vem muito dos fãs da autora. É bem positiva, pois é uma história com um clima mais old-school com poderes sobrenaturais, muitas lutas e um protagonista feito para ser “cool” aos leitores. Mas é isso, ele apela muito bem aos fãs da autora, e saber o que outros leitores pensam é difícil.
Ainda não temos os dados semanais das vendas, mas para uma estreia, Jyushin no Katana teve posições decentes no ranking diário da Shoseki (sem números de vendas, só o ranking), mas que podem indicar uma primeira semana de 3 a 4 mil volumes vendidos. É um bom primeiro passo para tentar se firmar na revista.
Também é positivo ver nas redes sociais que mais mulheres parecem interessadas no mangá. O protagonista atrai atenção pelo seu bom design e personalidade, e a história parece ter apelo tanto para garotos quanto para garotas, me remete até um pouco a Kimetsu com seus designs para todos os personagens e as técnicas sobrenaturais elementais parecendo com as que o Tanjiro usava. Essa demografia feminina pode estar em falta numa revista com tantas romcoms direcionadas a homens, e sabemos o quanto as mulheres são uma parcela enorme do público das séries da rival Jump. A Magazine precisa ter essa variedade demográfica.
Por fim, embora fale da crise dos battles, parece haver uma dificuldade geral para novas séries atualmente. Nas previsões positivas, Jyushin no Katana ainda terminará perto das vendas de outra obra recente de autor veterano, Mayonaka Heart Tune. Gêneros diferentes e resultados similares implicam um mercado difícil ou, ao menos, uma dificuldade do time editorial de gerar novos sucessos.